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CAPÍTULO II: ANÁLISE DOCUMENTAL

2.4 Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN

Preocupados com a situação do ensino no Brasil e movidos pela boa repercussão que a nova LDB 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, estava causando, o MEC (Ministério da Educação e do Desporto) e a SEF (Secretaria de Educação Fundamental) oferece aos educadores, instituições formadoras de professores, escolas, instituições de pesquisas e editoras de todo o Brasil em 1997, um documento com a finalidade de apresentar linhas norteadoras para os currículos nacionais, os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental).

Como foram anunciados, estes documentos nasceram da necessidade de se reconstruir uma referência curricular nacional para o Ensino Fundamental, que pudesse servir de fundo para se levantar uma discussão e resultar em Propostas Regionais de Ensino, nos diferentes Estados e Municípios brasileiros. A intenção contida nos PCN era o de provocar debates a respeito da função da escola e reflexões sobre: o que, quando, como, e para que ensinar, de maneira a se aprender. As reflexões deveriam envolver não apenas as escolas, mas também pais, governo e sociedade.

Apresentam assim, um referencial, ou melhor, uma proposta detalhada em objetivos, conteúdos, avaliação e orientações didáticas, para cada uma das áreas curriculares: Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Artes, Educação Física, Ciências Naturais e Língua Estrangeira.

Além de uma proposta norteadora para estas áreas, os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) trazem como novidade a importância de discutir na escola e na sala de aula questões que estruturam a vida em sociedade como a Ética, o Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e Consumo ou outros temas que se mostrem relevantes, os ditos temas transversais, que devem permear todas as disciplinas, desde que haja a oportunidade e a necessidade.

A escolarização, a partir dos PCN (1997) é definida em ciclos, sendo que cada ciclo corresponde a dois anos de escolaridade no Ensino Fundamental, permitindo a flexibilização e uma autonomia parcial.

No Estado de São Paulo, a SE – Secretaria de Educação entendeu que o melhor seria compreender como Ciclo I, da 1ª a 4ª série do ensino fundamental, e, Ciclo II, da 5ª a 8ªsérie. Para o MEC, o desenvolvimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais vai ocorrer na medida em que cada escola os vivenciarem no cotidiano de suas aulas, e os inserirem nos Projetos Pedagógicos. Em linhas gerais, os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais se caracterizavam especialmente por:

* Apontar a necessidade de unir esforços entre as diferentes instâncias governamentais e da sociedade, para apoiar a escola na complexa tarefa educativa;

* Mostrar a importância da participação da comunidade na escola, de forma que, o conhecimento aprendido gere maior compreensão, integração e inserção no mundo; a prática escolar comprometida com a interdependência escola-sociedade e objetivava situar as pessoas como participantes da sociedade – cidadãos - desde o primeiro dia de sua escolaridade;

* Evidenciar a necessidade de um estudo contínuo, de forma a evidenciar nos alunos o compromisso e a responsabilidade com a própria aprendizagem;

* Explicitar a necessidade de que as crianças e jovens desse país desenvolvessem suas diferentes capacidades, enfatizando que a apropriação dos conhecimentos socialmente elaborados é base para a construção da cidadania e da sua identidade, e que todos são capazes de aprender e mostrar que a escola deve proporcionar ambientes de construção dos seus conhecimentos e de

desenvolvimento de suas inteligências, com suas múltiplas competências;

* Apontar a importância fundamental de que cada escola devia ter a clareza quanto ao seu projeto educativo, para que trabalhasse pela autonomia e que todos os atores envolvidos na escola se tornassem comprometidos com as metas propostas;

* Preocupava-se em ampliar a visão de mundo para além dos conceitos, inserindo procedimentos, atitudes e valores como conhecimentos tão relevantes quanto aos conceitos tradicionalmente abordados;

* Evidenciar a necessidade de tratar de temas sociais urgentes – chamados: Temas Transversais – no âmbito das diferentes áreas curriculares e no convívio escolar;

* Apontar a necessidade do desenvolvimento de trabalhos que contemplem o uso das tecnologias de comunicação e da informação, para que todos, alunos e professores, possam dela se apropriar, bem como criticá-las e/ou delas usufruir;

* Valorizar os trabalhos dos docentes como produtores, articuladores, planejadores das práticas educativas, e como mediadores do conhecimento socialmente produzido.

Além disso, esperava-se, que os professores ao aceitarem os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), como norteadores de suas práticas pedagógicas, pudessem também lidar com a diversidade existente entre seus alunos e seus conhecimentos “prévios”, como fonte de aprendizagem de convívio social e como meio para aprendizagem de conteúdos específicos.

Compreende-se que as políticas educacionais devem ser suficientemente diversificadas e concebidas, e os professores, como agentes de aplicação dessas políticas, teoricamente devem acompanhar e assimilar nas suas práticas pedagógicas as transformações que ocorrem no meio educacional.

Para que a educação não seja um fator suplementar da exclusão social, seus tempos e seus campos devem ser repensados, complementar-se e interpenetrar-se, de modo que, cada indivíduo, ao longo de sua vida, possa tirar o melhor proveito de um ambiente educativo em constante transformação. No caso dos PCN (1997), a proposta de reorganização curricular apoiou-se nos quatro pilares:

1- Aprender a conhecer, o que pressupõe saber selecionar, acessar e integrar os elementos de uma cultura geral, suficientemente extensa e

básica, com o trabalho em profundidade de alguns assuntos, com espírito investigativo e visão crítica, ou seja, aprender a aprender ao longo de toda a vida;

2- Aprender a fazer, que pressupõe desenvolver a competência do saber se relacionar em grupo, saber resolver problemas e adquirir uma qualificação profissional;

3- Aprender a viver com os outros, que consiste em desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, na realização de projetos comuns, preparando-se para gerir conflitos, fortalecendo a sua identidade e respeitando a dos outros, respeitando valores de pluralismo, de compreensão mútua e de busca pela Paz;

4- Aprender a ser, para melhor desenvolver sua personalidade e poder agir com autonomia, expressando opiniões e assumindo as responsabilidades pessoais.

Buscando atingir uma educação mais ampla, os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) pensaram uma ampliação para a área de Matemática, imaginando que toda a classe docente compreendesse essa intenção, propõe para o CICLO II do Ensino Fundamental:

1) O estudo dos recursos Estatísticos, como Tratamento de Informação; 2) No estudo dos Números e Operações, privilegia o desenvolvimento do

sentido numérico e a compreensão de diferentes significados das operações;

3) Em Álgebra, propõe novo enfoque apresentado-a incorporada aos demais blocos de conteúdos, privilegiando e desenvolvimento do pensamento algébrico e não o exercício mecânico do cálculo.

Propõe também que neste Ciclo, se ampliem os conceitos já trabalhados no Ciclo anterior, estabelecendo relações que os aproximem de novos conceitos. Traz como novidade, os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, na intenção que a classe docente se aproprie dessa idéia e entenda a diferença entre se trabalhar o conteúdo matemático de forma conceitual e quais os procedimentos que se utilizariam para isso igualmente importante, a atitude do aluno nesse processo.

E para a surpresa de muitos docentes de Matemática, que ainda desenvolvem uma prática pedagógica tradicional, sugere:

Os procedimentos de validação de estratégias e de resultados obtidos na resolução de problemas também são aprimorados neste Ciclo. Nesse contexto, a calculadora pode ser utilizada como recurso didático, tanto para que o aluno analise resultados que lhe são apresentados, como para controlar e corrigir sua própria produção (PCN, 1997, p.83)

A Equipe do MEC, que elaborou os PCN (1997), entende que, o ensino da Matemática deva ser articulado com outras áreas:

A constatação da sua importância apóia-se no fato de que a Matemática desempenha papel decisivo, pois permite resolver problemas na vida cotidiana, tem muitas aplicações no mundo do trabalho e funciona como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. (PCN, 1997, p.15).

Os Parâmetros Curriculares (1997) destacam que a Matemática está presente na vida de todas as pessoas em situações em que é preciso, por exemplo, quantificar, calcular, localizar um objeto no espaço, ler gráficos e mapas, fazer previsões. Mostram que é fundamental superar a aprendizagem centrada em procedimentos mecânicos, indicando a resolução de problemas como ponto de partida da atividade mecânica a ser desenvolvida em sala de aula.

O documento também propõe um ensino da Matemática que permita ao aluno compreender para se inserir no contexto de sua realidade o que torna necessária uma aprendizagem significativa, que cada dia mais se constitua em base para novos aprendizados.

A Matemática também faz parte da vida das pessoas como criação humana, ao mostrar que ela tem sido desenvolvida para dar respostas às necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e aqui, leva-se em conta a importância de se incorporar ao seu ensino os recursos das Tecnologias da Comunicação. (PCN – Vol. Introdução, 1997, p. 58).