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para a ação docente e avaliação

No documento Lições do Rio Grande - Volume 5 (páginas 65-71)

Os procedimentos didáticos que envolvem a aprendizagem devem ser orientados visan- do ao desenvolvimento de um conhecimento crítico, reflexivo, que desenvolva competên- cias a partir do uso das habilidades específi- cas antes mencionadas.

Dentre as competências gerais da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, aquela que está mais diretamente vincula- da aos procedimentos específicos da análise histórica é a Contextualização sociocultu- ral. Saber articular dados e informações às diferentes instâncias temporais e atribuir-lhes significado é uma competência de grande potencial formativo.

Para a disciplina de História, o trabalho com documentação primária mostra-se cru- cial, porque isso dá aos alunos a oportunida- de de participar diretamente na elaboração de conhecimento a respeito do passado e desenvolver as habilidades de organização, análise e reflexão.

É bem sabido o quanto, ao longo do sé- culo XX, o conceito de documento histórico foi sendo ampliado e problematizado. Além dos documentos oficiais escritos (certidões, tratados políticos, processos judiciais, tes- tamentos), os registros diretos do passado passaram a dizer respeito a todas as instân- cias do cotidiano (cartas pessoais, diários e cadernos de anotação, poesias, letras de músicas, grafites e inscrições) e a todas as formas de manifestação das atividades hu- manas. Ruas, praças, prédios públicos, tem- plos e monumentos são testemunhos vivos da cultura material das sociedades e contêm registros precisos das criações sociais e cul- turais. Além disso, os documentos poderão ser orais, sonoros (tradição oral, música) e iconográficos (pinturas em papel, tela ou parede; imagens fixas, como a fotografia; imagens em movimento, como a televisão e o cinema)12.

De modo geral, os conhecimentos históri- cos tornar-se-ão significativos para os alunos quando estiverem relacionados na prática ou em teoria às suas vivências e inserções histó- ricas. Por essa razão, é fundamental que ao longo das séries de estudo aprendam e apri- morem a capacidade de reconhecer costumes,

12 Carla PINSKY (org). Fontes históricas. São Paulo: Editora Contexto, 2005; Maria do Pilar A. VIEIRA. A pesquisa em história (Série princípios). São

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“certas” ou “erradas”. A avaliação deve ser, antes de tudo, um processo regulador da aprendizagem, orientador e reorientador do percurso escolar. Sua finalidade deve ser a de certificar aquisições realizadas pelos alunos, não apenas as de caráter cognitivo, mas também as competências e habilidades alcançadas.

Para avaliar o desenvolvimento das com- petências e habilidades, o professor deverá considerar os conhecimentos prévios trazi- dos pelos alunos para poder relacioná-los com as mudanças ocorridas no processo de aprendizagem. Será preciso levar em conta a ampliação das noções, conceitos, procedi- mentos, como conquistas dos alunos, com- parando o antes, o durante e o depois. É parte importante da avaliação diagnosticar a capacidade de iniciativa nas ações signifi- cativas para a aquisição de conhecimentos, como a seleção e a coleta de informações, a capacidade de discernimento na leitura, re- flexão e crítica dos textos e documentos, na proposição de alternativas de análise e in- terpretação das questões e problemas estu- dados, e na capacidade de expressão (oral, escrita) dos resultados alcançados.

Conclusão

O objetivo da disciplina de História é pro- porcionar condições e oferecer ferramentas conceituais para que os alunos possam com- preender de modo crítico a maneira pela qual a realidade social é construída, e o quanto a ação dos sujeitos resulta em diferentes mo- dos de percepção dessa realidade. Ao definir e estabelecer como objetivo a busca de com- petências, mediante o desenvolvimento de habilidades específicas, espera-se que a na- tureza relacional do saber histórico contribua efetivamente para a formação de indivíduos indagadores, criativos, participantes efetivos na sociedade.

valores e crenças de outros povos e de outras épocas; que consigam distinguir as formas de trabalho e de comunicação, as técnicas e as tecnologias de diferentes contextos históricos; que possam reconhecer que os sentidos e os significados para os acontecimentos históricos e cotidianos estão relacionados com a forma- ção social e intelectual dos indivíduos e com as possibilidades e os limites construídos nas consciências dos grupos sociais, sexuais, étni- cos e etários.

O papel do professor deixa de ser o de mero transmissor de informações e conteú- dos. É preciso considerar que vivemos numa sociedade marcada pela altíssima capacida- de de processar, armazenar e distribuir in- formações em tempo real, através de meios eletrônicos e digitais. Nessa sociedade infor- matizada, aos educadores, está reservado o papel imprescindível de seleção, organiza- ção e interpretação das informações, con- dição essencial para a inserção social dos indivíduos.

Faz parte do trabalho do professor saber estruturar uma proposta coerente de traba- lho com a realidade social na qual a escola em que atua está inserida, diagnosticar o que os alunos sabem e pensam sobre o tema de estudo, definir propostas de ensino, elencar e escolher atividades pedagógicas adequa- das e material didático pertinente para cada situação. Essas escolhas devem estar subor- dinadas a objetivos claramente estabelecidos e articulados com as vivências próprias do meio de que faz parte. Nesse caso, sua fun- ção passa a ser a de organizador do conhe- cimento, de orientador de atitudes positivas e dinâmicas dos alunos na busca de compe- tências e habilidades.

Na avaliação do processo de apren- dizagem, é fundamental que o professor consiga ir além dos limites das aferições aritméticas, das médias de acerto obtidas pelo cálculo entre respostas consideradas

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Disciplina de Geografia

A Geografia é, por natureza, uma ciên- cia interdisciplinar, abrangendo várias áreas do conhecimento e utilizando conceitos que envolvem a natureza e a sociedade em seus aspectos econômicos, populacionais, políti- cos; enfim, tudo aquilo que permita a leitura coerente do espaço geográfico. Entretanto, como nas demais disciplinas que compõem a área de Ciências Humanas e suas Tecnolo- gias, o envolvimento de vários docentes em ações multidisciplinares deve considerar as condições intelectuais e materiais do traba- lho dos professores e seu compromisso com a formação continuada e o entendimento dos fundamentos básicos das áreas do saber que se pretende integrar. Sem isso, essas ações resultarão na diluição da Geografia nos es- paços de outras disciplinas e num somató- rio de conceitos e conteúdos emaranhados aleatoriamente, sem qualquer sentido para a formação dos estudantes.

Em síntese, propõe-se que o aluno desen- volva competências e habilidades que lhe permitam compreender, com mais clareza, os diversos espaços que compõem o mundo, a partir de conceitos estruturantes da ciência geográfica, quais sejam, os de paisagem, lu- gar, território, territorialidade, redes, globa- lização, escala e ambiência. Tais conceitos balizarão o desenvolvimento das competên- cias de ler, escrever e resolver problemas, a serem desenvolvidas durante a educação bá- sica, afastando-se das visões tradicionais que dissociavam natureza e sociedade, desconsi- derando as múltiplas e complexas relações de interdependência que existem entre elas. A Geografia constitui-se, assim, em caminho que possibilita estabelecer relações constan- tes entre espaços mais próximos e espaços mais distantes e complexos. A compreensão dessa complexidade decorre da condição de representar o espaço geográfico. Para isso, não basta percebê-lo, sendo preciso interna- lizá-lo e processá-lo mentalmente. Também

faz parte dessa representação a capacidade de transformar em conhecimento as inúmeras informações que o mundo apresenta para, a partir delas, compreender a produção espa- cial.

Competências e habilidades

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