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1.7 Dom´ınios e Paredes de Dom´ınios Magn´eticos

1.7.2 Paredes de Dom´ınio

As paredes de dom´ınio representam a zona de transi¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos. Na regi˜ao da parede, a magnetiza¸c˜ao sai do estado em que se encontra num dado dom´ınio e aproxima-se gradualmente da orienta¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao do dom´ınio adjacente. As paredes de dom´ınio s˜ao primeiramente classificadas pelo ˆangulo formado entre os vetores que representam as magnetiza¸c˜oes dos dom´ınios adjacentes [5]. Os caso mais comuns s˜ao os das paredes de dom´ınio de 180◦, cujas magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes s˜ao opos-

tas e as paredes de 90◦, cujas magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes s˜ao perpendiculares,

representadas respectivamente na Figura 2.3.

Figura 1.23: Classifica¸c˜ao das paredes de dom´ınio com rela¸c˜ao ao ˆangulo de orienta¸c˜ao entre a magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes. a) Paredes de dom´ınio de 180◦ e b) Paredes de

dom´ınio de 90◦ [12].

As paredes de dom´ınios magn´eticos, al´em de serem classificadas com rela¸c˜ao ao ˆangulo de orienta¸c˜ao das magnetiza¸c˜ao de dom´ınios adjacentes, tamb´em podem ser classificadas com rela¸c˜ao ao padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos dentro da parede de dom´ınio. Dentro deste contexto, temos dois tipos de classifica¸c˜ao: as paredes de Bloch e as paredes de N´eel.

As paredes de Bloch [2][5] correspondem as paredes cujo padr˜ao de rota¸c˜ao dos momentos magn´eticos ocorre fora do plano dos dom´ınios magn´eticos adjacentes. J´a as paredes de N´eel [18] correspondem as paredes cujo padr˜ao de rota¸c˜ao dos momentos magn´eticos ocorre no mesmo plano dos dom´ınios magn´eticos adjacentes. As figuras 1.24 1.25 mostram o compor- tamento destes dois tipos de paredes.

O movimento das paredes de dom´ınios se d´a atrav´es do processo de minimiza¸c˜ao da energia livre magn´etica sobre a parede. A energia da parede de dom´ınio est´a associada a soma das energias de troca e de anisotropias de tal forma que a configura¸c˜ao da parede seja um m´ınimo. O interessante ´e que a mudan¸ca na parede de dom´ınio nem pode ser abruta demais ou suave demais, pois se a mudan¸ca da orienta¸c˜ao dos dom´ınios fosse abruta, a densidade de energia de troca seria m´axima e a densidade de energia de anisotropia seria m´ınima. J´a no caso da mudan¸ca na orienta¸c˜ao fosse muito suave, a densidade de energia de troca seria m´ınima e

Figura 1.24: Representa¸c˜ao da estrutura interna da parede de Bloch, onde o padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos ocorre para fora do plano dos dom´ınios adjacentes [19].

Figura 1.25: Representa¸c˜ao da estrutura interna da parede de N´eel, onde o padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos ocorre dentro do plano dos dom´ınios adjacentes [19].

a densidade de energia de anisotropia seria m´axima. Nenhum destes dois casos representa uma situa¸c˜ao de equ´ılibrio. Por isso, a espessura da parede de dom´ınio ´e tal que o balan¸co energ´etico ´e favor´avel a estabilidade do sistema. E por fim a estabilidade ´e obtida quando o estado de energia sobre uma parede de dom´ınio ´e m´ınimo.

Cap´ıtulo 2

Modelo Te´orico para a Magnetiza¸c˜ao

e o Processo de Minimiza¸c˜ao da

Energia

A partir de agora ser´a analisado como se d´a o processo de magnetiza¸c˜ao atrav´es da mi- nimiza¸c˜ao da energia livre magn´etica. Para isto, ser´a usado m´etodos anal´ıtico e num´erico de minimaza¸c˜ao de energia afim de construir as curvas de histerese para materiais que pos- suam anisotropias magnetocristalinas c´ubicas do tipo (100), (110) e uniaxial, no intuito de se testar o m´etodo.

2.1

Processo de Magnetiza¸c˜ao

Antes de descrever o m´etodo de calcular as curvas de histerese, se faz necess´ario entender o processo de magnetiza¸c˜ao, para poder construir um m´etodo que solucione o problema.

O processo de magnetiza¸c˜ao de um material ferromagn´etico consiste na evolu¸c˜ao da mag- netiza¸c˜ao quando este ´e submetido a presen¸ca de um campo magn´etico externo. Os dom´ınios magn´eticos e as paredes de dom´ınios se rearranjam `a medida que o campo tem seu valor mu- dado gradualmente. A cada novo valor, o sistema tende a estar em um estado de equil´ıbrio, que ´e identificado justamente quando se obt´em a minimiza¸c˜ao da energia [24][9].

J´a foi visto, um material ferromagn´etico, abaixo da sua temperatura de Curie mesmo apa- rentemente desmagnetizado, apresenta uma estrutura de dom´ınios. Inicialmente ´e aplicado um campo magn´etico externo sobre o material cuja magnetiza¸c˜ao inicial ´e nula. Assim, `a medida que ´e aumentado o valor do campo, alguns dom´ınios come¸cam a rotacionar na dire¸c˜ao do campo, devido `a energia Zeeman. Com isso, a magnetiza¸c˜ao sai do zero e passa aumentar junto com o campo at´e todos os dom´ınios estarem alinhados. A este estado de magnetiza¸c˜ao se denomina de satura¸c˜ao magn´etica. Ap´os o material estar saturado diminui-se o valor do campo magn´etico externo e com isso os dom´ınios come¸cam a se desordenar. Por´em, quando

o campo magn´etico ´e nulo, os dom´ınios ainda est˜ao parcialmente alinhados de tal forma que h´a uma magnetiza¸c˜ao, mesmo n˜ao havendo valor de campo. O ponto que em que a curva toca o eixo das ordenadas ´e conhecido como magnetiza¸c˜ao remanente. Quando se passa a inverter o sentido do campo, a magnetiza¸c˜ao de cada dom´ınio se desalinham at´e um ponto em que a magnetiza¸c˜ao total se torna nula mesmo na presen¸ca de um campo externo. A este ponto onde a curva toca o eixo das abscissas, o campo ´e chamado de campo coercivo. Ent˜ao a coercividade de um material representa a situa¸c˜ao em que um campo aplicado anula a magnetiza¸c˜ao deste, mesmo depois de magnetizado. `A medida que o campo tem seu valor aumentado no sentido oposto, os dom´ınios iram se alinhado at´e a magnetiza¸c˜ao do material saturar no sentido em que o campo se encontra. Quando o valor do campo ´e diminu´ıdo at´e inverter seu sentido, a magnetiza¸c˜ao segue por outro caminho, mas sim´etrico `a curva anterior at´e saturar novamente. A esta curva se d´a o nome de histerese e ela representa um fenˆomeno termodinˆamico irrevers´ıvel [9][11][21][24]. A Figura 2.1 representa a curva de histerese de um material ferromagn´etico na presen¸ca de campo e com estrutura de dom´ınios esquematizandos para representar os respectivos estados dos pontos acima descritos.

Figura 2.1: O esquema acima mostra como a magnetiza¸c˜ao de um material magn´etico varia em fun¸c˜ao da intensidade do campo ferromagn´etico aplicado sobre ele [20].

Histerese ´e uma palavra grega que significa “to lag behind”, ou seja, aquilo que ´e deixado para tr´as. No caso da curva da Figura 2.1, quando o campo ´e aplicado na situa¸c˜ao em que o material se encontra desmagnetizado at´e a satura¸c˜ao e volta nos mesmos valores de campo at´e zero, o material n˜ao segue o mesmo caminho. Al´em do mais, este permanece magnetizado quando o campo passa a ser nulo novamente, ou seja, houve uma energia perdida neste processo. Toda a energia que se perde em todo o processo na forma de calor ´e numericamente igual `a ´area dentro da curva M versus H, o que caracteriza este como um processo irrevers´ıvel [21]. Hoje a histerese ´e uma palavra que est´a ligada a qualquer processo que tem uma perda de energia ou irreversibilidade no ciclo. No caso acima, se tem o caso de uma histerese magn´etica.

A largura da curva de histerese na Figura 2.2 representa a coercividade do material. ela pode ser larga, o que caracteriza um material duro, ou seja, ´e necess´ario valores alto de campo magn´etico para poder saturar o material, j´a quando essa abertura ´e mais estreita, o material ´e dito macio, devido a sua satura¸c˜ao ser atingida para valores bem menores de campo, ou seja, um material dito duro tem um campo coercivo relativamente alto, j´a um material ´e dito macio se este tem um campo coercivo relativamente baixo [24].

Figura 2.2: Curvas de histereses magn´eticas t´ıpicas: a) de um material magn´etico duro e b) de um material magn´etico macio.