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Efeito nernst anômalo em Materiais com anisotropia magnetocristalina (110)

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE F´ISICA TE ´

ORICA E EXPERIMENTAL

Disserta¸c˜ao de Mestrado

Efeito Nernst Anˆ

omalo em Materiais

com Anisotropia Magnetocristalina

(110)

Por

Jos´

e Crisanto da Costa Neto

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE F´ISICA TE ´

ORICA E EXPERIMENTAL

Efeito Nernst Anˆ

omalo em Materiais

com Anisotropia Magnetocristalina

(110)

Jos´e Crisanto da Costa Neto

Orientador: Prof. Carlos Chesman de Ara´ujo Feitosa

Disserta¸c˜ao apresentada ao Departamento de F´ısica Te´orica e Experimental da Universidade Fe-deral do Rio Grande do Norte como parte do re-quisito para obten¸c˜ao do grau de Mestre em F´ısica.

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE F´ISICA TE ´

ORICA E EXPERIMENTAL

A Comiss˜ao Examinadora, abaixo assinada, aprova a disserta¸c˜ao:

Efeito Nernst Anˆ

omalo em Materiais

com Anisotropia Magnetocristalina

(110)

Elaborada por:

Jos´

e Crisanto da Costa Neto

Como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de

MESTRE EM F´ISICA

Comiss˜

ao Examinadora

———————————————————————

Prof. Dr. Carlos Chesman de Ara´ujo Feitosa - Presidente (Orientador), UFRN

———————————————————————

Prof. Dr. Claudionor Gomes Bezerra - Examinador Interno, UFRN

———————————————————————

Prof. Dr. Edson Passamani Caetano - Examinador Externo, UFES

(4)

Agradecimentos

Agrade¸co primeiramente `a for¸ca maior que criou todo este universo que tentamos entender.

Agrade¸co aos meus pais, Evaniel Medeiros da Costa e Geizer Estevam do Amaral, ao meu irm˜ao Isaac Medeiros do Amaral Costa e ao meu avˆo Jos´e Crisanto da Costa, por tudo.

Agrade¸co `a Jonir Oaiana Crisanto da Cunha, pelo companheirismo, paciˆencia e carinho a todo momento.

Agrade¸co ao professor Carlos Chesman, pela orienta¸c˜ao e paciˆencia na produ¸c˜ao deste trabalho.

Agrade¸co ao professor Claudionor Bezerra e ao professor Edson Passamani, por aceitarem participar da banca e pelas orienta¸c˜oes para melhorar ainda mais este trabalho.

Agrade¸co aos meus amigos, Tib´erio Alves, Pierre Niau, Zayra S´atiro e Ricardo Borges, pelas discuss˜oes e divers˜oes proporcionadas nestes dois anos de mestrado.

Agrade¸co aos professores Luciano Rodrigues, Madras Gandhi, Dory H´elio e Brady, pela forma¸c˜ao acadˆemica no mestrado.

Agrade¸co a todos que formam o DFTE, em especial `a nossa secret´aria Celina por toda paciˆencia e informa¸c˜oes dadas em todo processo burocr´atico e ao coordenador professor Jos´e Renan, por seu trabalho em manter o alto n´ıvel da p´os-gradua¸c˜ao em F´ısica.

Agrade¸co aos meus familiares.

(5)

Resumo

Quando um material ferromagn´etico ´e submetido a um gradiente de temperatura e a um campo magn´etico surge o chamado efeito Nernst-Anˆomalo, medido atrav´es da voltagem que surge na amostra magn´etica. Este efeito atualmente vem sendo investigado em materiais para aplica¸c˜ao em spintrˆonica e caloritrˆonica [1]. Atualmente, os materiais chamados de Heusler s˜ao os mais promissores para essa nova ´area de pesquisa. Neste trabalho, investigamos as curvas de voltagem associadas ao efeito Nernst-Anˆomalo com anisotropia magneto-cristalina, em termos da voltagem versus campo magn´etico aplicado e da voltagem versus ˆangulo planar. Analisamos trˆes tipos de anisotropias: c´ubica (100), que apresenta simetria C4, uniaxial que ´e do tipo C2 e a c´ubica (110), que tamb´em ´e do tipo C2. O objetivo foi comprovar que o uso da anisotropia c´ubica (110) ´e equivalente a anisotropia (100) adicionada de uma uniaxial. Especificamente, quando a constante de anisotropia uniaxial ´e considerada grande, cerca de 40% da constante de anisotropia c´ubica (110), e o seu eixo f´acil est´a a 90◦ do eixo f´acil da

(6)

Abstract

When a ferromagnetic material is exposed to a temperature gradient and a magnetic field, the anomalous Nernst effect (ANE) appears, which is measured by a voltage on the magnetic sample. This effect has presently been investigated in materials for application in spintronic and caloritronics [1]. Currently, called Heusler materials are the most promising for the new area of research. In this study, we investigated the voltage curves associated to the (ANE) with magneto-crystalline anisotropy, in terms of voltage versus magnetic field and voltage versus angle planar. We investigated three kind of anisotropy, the cubic anisotropy (100) which has C4 (four-fold) symmetry, uniaxial anisotropy and cubic (110) anisotropy where both exhibit C2 symmetry. The goal is to prove that the use of anisotropy (110) is equivalent to the (100) anisotropy plus uniaxial, specifically when the constant of uniaxial anisotropy is considered large, almost 40% of the constant of cubic (110) anisotropy, and the easy axis it’s at 90◦ the easy axis of (100). The results demonstrate that full equivalence and produces

(7)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Energia Magn´etica 3

1.1 Materiais Ferromagn´eticos . . . 3

1.2 Energia de Troca . . . 8

1.3 Energia Zeeman . . . 9

1.4 Energia de Anisotropia Magnetocristalina . . . 11

1.4.1 Simetria C´ubica . . . 13

1.4.2 Simetria Tetragonal e Simetria Hexagonal . . . 14

1.4.3 Comportamento da Anisotropia Magnetocristalina para cristais c´ubicos 16 1.4.4 Anisotropia Uniaxial . . . 25

1.5 Energia de Anisotropia de Forma . . . 26

1.6 Energia de Anisotropia Magnetoel´astica . . . 30

1.7 Dom´ınios e Paredes de Dom´ınios Magn´eticos . . . 32

1.7.1 Dom´ınios Magn´eticos . . . 32

1.7.2 Paredes de Dom´ınio . . . 34

2 Modelo Te´orico para a Magnetiza¸c˜ao e o Processo de Minimiza¸c˜ao da Energia 36 2.1 Processo de Magnetiza¸c˜ao . . . 36

2.2 M´etodo de Minimiza¸c˜ao . . . 38

2.3 Curvas de magnetiza¸c˜ao . . . 43

2.3.1 Curvas de Magnetiza¸c˜ao da Anisotropia Uniaxial . . . 43

2.3.2 Curvas de Magnetiza¸c˜ao da Anisotropia C´ubica (100) . . . 47

2.3.3 Curvas de Magnetiza¸c˜ao da Anisotropia C´ubica (110) . . . 52

3 Resultados e Discuss˜oes 55 3.1 Efeitos Termoel´etricos . . . 55

3.2 Curvas de magnetiza¸c˜ao para oCo2F eAl e o Efeito Nernst Anˆomalo . . . 59

3.2.1 Materiais Heusler . . . 59

3.2.2 O efeito Nernst anˆomalo e o material Heusler Co2F eAl . . . 60

(8)
(9)

Lista de Figuras

1.1 Ilustra¸c˜ao do campo molecular [21]. . . 4 1.2 Gr´afico da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao para o ferro, n´ıquel e o cobalto em

fun¸c˜ao da temperatura [7]. . . 6 1.3 Representa¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos; a) material com um ´unico dom´ınio

ou monodom´ınio; b) material com dois dom´ınios magn´eticos, sendo sua mag-netiza¸c˜ao externa nula; c) uma estrutura com mais dom´ınios e de intensidades distintas [8]. . . 7 1.4 a) Representa¸c˜ao do comportamento ferromagn´etico devido aJ(|~ri−~rj|)>0.

b) Representa¸c˜ao do caso antiferromagn´etico devido a J(|~ri−~rj|)<0. . . . 9

1.5 Representa¸c˜ao dos vetores magnetiza¸c˜ao e campo magn´etico em coordenadas esf´ericas. . . 10 1.6 Representa¸c˜ao dos cossenos diretores e da dire¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao[13]. . . . 12 1.7 S . . . 15 1.8 A esquerda ´e mostrada a superf´ıcie de energia representando os eixos de f´acil

e de dif´ıcil magnetiza¸c˜ao para simetria c´ubica com K1 > 0, este ´e o caso do bcc-Fe. A direita ´e mostrado a mesma representa¸c˜ao mas para K1 < 0, ´e o caso do fcc-Ni [13]. . . 17 1.9 Dependˆencia da magnetiza¸c˜ao com o campo externo aplicado H~ ao longo de

diferentes eixos dos cristais de Fe(figura a)) e Ni(figura b)) [15]. . . 18 1.10 Esquema mostrando o crescimento de um filme de um material com simetria

c´ubica na dire¸c˜ao [100]. . . 19 1.11 Esquema mostrando o crescimento de um filme de um material com simetria

c´ubica na dire¸c˜ao [110]. . . 19 1.12 Esquema mostrando o crescimento de um filme de um material com simetria

c´ubica na dire¸c˜ao [111]. . . 19 1.13 Esquema mostrando o filme localizado no plano xz. . . 20 1.14 Comportamento angular da energia magnetocristalina para a dire¸c˜ao de

cres-cimento (010). . . 21 1.15 Representa¸c˜ao do plano (110) e os dois sistemas com linha e sem linha, ligados

aos eixos do filme e do cristal respectivamente. . . 22 1.16 Comportamento angular da energia magnetocristalina (110). . . 24 1.17 Representa¸c˜ao do plano (111) e os dois sistemas com linha e sem linha, ligados

(10)

1.18 Gr´afico da energia de anisotropia uniaxial com o ˆangulo θ para K positivo. . 26 1.19 Representa¸c˜ao dos dipolos magn´eticos que surgem no material e o campo

desmagnetizante [12]. . . 27 1.20 Valores da magnetostric¸c˜ao de satura¸c˜ao de alguns materiais [7]. . . 31 1.21 Gr´afico da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura, o ponto

onde a curva toca o eixo T corresponde a temperatura de Curie. . . 33 1.22 Exemplo de estruturas de dom´ınios magn´eticos cuja resultante ´e uma

magne-tiza¸c˜ao nula [2]. . . 33 1.23 Classifica¸c˜ao das paredes de dom´ınio com rela¸c˜ao ao ˆangulo de orienta¸c˜ao

entre a magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes. a) Paredes de dom´ınio de 180◦ e b) Paredes de dom´ınio de 90◦ [12]. . . . 34

1.24 Representa¸c˜ao da estrutura interna da parede de Bloch, onde o padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos ocorre para fora do plano dos dom´ınios ad-jacentes [19]. . . 35 1.25 Representa¸c˜ao da estrutura interna da parede de N´eel, onde o padr˜ao de

rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos ocorre dentro do plano dos dom´ınios adja-centes [19]. . . 35

2.1 O esquema acima mostra como a magnetiza¸c˜ao de um material magn´etico varia em fun¸c˜ao da intensidade do campo ferromagn´etico aplicado sobre ele [20]. . . 37 2.2 Curvas de histereses magn´eticas t´ıpicas: a) de um material magn´etico duro e

b) de um material magn´etico macio. . . 38 2.3 Esquema do conceito da teoria de campo m´edio,: a Figura a) ´e um sistema

com N part´ıculas e a Figura b) represemta a troca da intera¸c˜ao de todas as part´ıculas pelo potencial m´edio representado por um ´unica part´ıcula [22]. . . 39 2.4 Gr´afico da densidade de energia em fun¸c˜ao do ˆangulo para um valor de campo

magn´etico aplicado. . . 40 2.5 Esquema para descrever o comportamento da evolu¸c˜ao do m´ınimo de energia

para alguns valores de campo (a-g) e a curva de histerese com os pontos de cada m´ınimo representada em (h) . . . 41 2.6 Curvas de magnetiza¸c˜ao de um material que possui uma anisotropia

mag-netocristalina uniaxial para os valores de θH = 0◦, θH = 45◦, θH = 60◦ e

θH = 90◦. . . 45

2.7 Curvas de magnetiza¸c˜ao da anisotropia magnetocristalina uniaxial variando o campo de anisotropia para os ˆangulos a) θH = 90◦ e b) θH = 0◦. . . 46

2.8 Comportamento da magnetiza¸c˜ao remanente com rela¸c˜ao ao ˆangulo de aplica¸c˜ao do campo magn´etico para a anisotropia uniaxial. . . 47 2.9 Curvas de magnetiza¸c˜ao da anisotropia magnetocristalina (100) para os

valo-res de θH = 0◦, θH = 30◦,θH = 45◦ eθH = 90◦. . . 48

(11)

2.11 Comportamento da magnetiza¸c˜ao remanente em fun¸c˜ao do ˆangulo de aplica¸c˜ao do campo magn´etico para um material com anisotropia (100). O gr´afico inse-rido sugere que a magnetiza¸c˜ao remanente possui a mesma simetria C4 que a anisotropia. . . 52 2.12 Comportamento das curvas de magnetiza¸c˜ao para um material com

anisotro-pia magnetocristalina c´ubica (110) paraθH = 0◦, θH = 35◦ e θH = 90◦. . . . 53

2.13 Comportamento das curvas de magnetiza¸c˜ao para um material com aniso-tropia magnetocristalina c´ubica (110), para θH = 0◦, variando o campo de

anisotropia. . . 54 2.14 Comportamento da magnetiza¸c˜ao remanente com rela¸c˜ao ao ˆangulo de aplica¸c˜ao

do campo magn´etico para a anisotropia (110). . . 54

3.1 Ilustra¸c˜ao de um metal A colocado entre os metais B, para observar o efeito Seebeck. . . 56 3.2 Ilustra¸c˜ao de um circuito el´etrico formado por uma fonte de diferen¸ca de

potencial e um termopar. . . 57 3.3 Ilustra¸c˜ao de um material submetido a um campo magn´etico na dire¸c˜ao z e

um gradiente de temperatura na dire¸c˜ao y produzindo uma corrente el´etrica na dire¸c˜ao x, mostrando o efeito Nernst. . . 58 3.4 Disposi¸c˜ao dos elementos X, Y e Z que constituem os materiais Heusler na

tabela peri´odida [29]. . . 60 3.5 a) Estrutura cristalina de umfull-Heusler; b) Estrutura cristalina de um half

-Heusler [30]. . . 60 3.6 a)O laser de d´ıodo produz um gradiente de temperatura local perpendicular ao

plano do filme nanom´etrico de Co2F eAl(CFA). A voltagem VEN A, que surge

devido ao efeito Nernst anˆomalo, depende da magnetiza¸c˜ao M~ na posi¸c˜ao (x,y); b) Voltagem determinada entre os contatos 2 e 4 da placa Hall como fun¸c˜ao da posi¸c˜ao do laser (x, y) e do campo magn´etico externo [1]. . . 62 3.7 a) Valor m´edio da voltagem VEN A no Co2F eAl na regi˜ao delimitada pelos

contatos da placa Hall mostrado no centro da figura como fun¸c˜ao do campo magn´etico paraα= 0◦,α= 45eα= 90(triˆangulos, quadrados, circulos); b)

VEN Aem fun¸c˜ao do ˆanguloαparaµ0H = 100mT (quadrados) eµ0H = 20mT (circulos) [1]. . . 63 3.8 Curvas de magnetiza¸c˜ao do filme nanom´etrico Co2F eAl para 0◦, 45◦ e 90◦.

Note que as curvas para 0◦ e 90s˜ao diferentes, o que indica que a simetria

do material n˜ao ´e C4 [33]. . . 64 3.9 a) Comportamento da densidade de energia para a anisotropia c´ubica 100

mais uma uniaxial paraH110 = 0.2kOe. b) Comportamento da densidade de energia para a anisotropia c´ubica (110) para H110= 0.2kOe. . . 66 3.10 Simula¸c˜ao da voltagem VEN A para a anisotropia c´ubica (100) mais uniaxial

(12)

3.11 Simula¸c˜ao da voltagem VEN A para a anisotropia c´ubica (110) para comparar

com os resultados do efeito Nernst anˆomalo para oCo2F eAl. . . 67 3.12 Simula¸c˜ao da voltagem VEN A para a anisotropia c´ubica (100) mais uniaxial,

considerandoH100 = 78H110 e Hu = 18H110. . . 68 3.13 Simula¸c˜ao da voltagemVEN A para: a) a anisotropia c´ubica (110) para 0◦, 35◦,

45◦ e 90. b) a anisotropia c´ubica (100) mais uniaxial para 0, 35, 45e 90. 68

3.14 Simula¸c˜ao da curva de magnetiza¸c˜ao para: a) Anisotropia c´ubica (100) mais uniaxial para compara¸c˜ao com os resultados experimentais obtidos na figura acima para o CFA. b) Anisotropia c´ubica (110) para compara¸c˜ao com os resultados experimentais obtidos na figura acima para o CFA . . . 69 3.15 Simula¸c˜ao da curva de magnetiza¸c˜ao para anisotropia c´ubica (100) mais

(13)

Introdu¸c˜

ao

O estudo sobre filmes magn´eticos vem gerado interesse na comunidade cient´ıfica h´a pouco mais de 60 anos devido `a sua alta aplica¸c˜ao na tecnologia. A forma como estes materiais agem frente a um campo magn´etico, temperatura, e a varia¸c˜ao de tantas propriedades, abre espa¸cos nunca antes vistos para nossa sociedade moderna. Do ponto de vista da F´ısica, o in´ıcio de toda esta jornada se dar no entendimento da magnetiza¸c˜ao destes materiais. O fato da magnetiza¸c˜ao estar inicialmente nula em alguns materiais e rapidamente chegar a um estado de satura¸c˜ao magn´etica pela simples aplica¸c˜ao de um pequeno campo magn´etico externo vem gerando fasc´ınio. Devido a isso muitas teorias para compreender este tipo de comportamento foram criadas [2] [3].

O conhecimento dos fenˆomenos magn´eticos remonta a Gr´ecia antiga [4]. Os primeiros rela-tos a esse respeito, mas sem nenhum car´ater cient´ıfico, datam do ano de 800 AC, onde gregos tinha o conhecimento de um material conhecido como magnetita (proveniente da prov´ıncia da magn´esia), capaz de atrair outras rochas. Com advento do m´etodo cient´ıfico no fim da idade m´edia, o magnetismo passou a ser tratado do ponto de vista mais experimental. O ano de 1600 ´e considerado o in´ıcio do magnetismo com a publica¸c˜ao do tratadoDe magnete, escrito por William Gilbert (15441603), onde analisa os fenˆomenos do magnetismo e da eletricidade. No ano de 1820 o f´ısico Hans Christian Oersted (17771851) descobre, por meio de uma experiˆencia, a produ¸c˜ao de um campo magn´etico a partir de uma corrente el´etrica. A descri¸c˜ao do magnetismo por meio de equa¸c˜oes matem´aticas foi constru´ıda prin-cipalmente por Andr´e Marie Amp´ere (17751836). Amp´ere tamb´em prop˜oe o modelo de ´ım˜as permanentes em termos de correntes el´etricas moleculares e sua formula¸c˜ao permitiu o estudo da eletrodinˆamica independente da eletrost´atica. Em 1831 Michael Faraday descobre a produ¸c˜ao de uma for¸ca eletromotriz por meio da varia¸c˜ao temporal do fluxo magn´etico, que ´e descrita atrav´es da lei de indu¸c˜ao eletromagn´etica. Todas as leis que envolvem a eletricidade e o magnetismo s˜ao escritas na forma de equa¸c˜oes no tratado publicado por Ja-mes Clerck Maxwell (18311879) no ano de 1873, chamado deA treatise on Eletricity and Magnetism. Neste trabalho J.C. Maxwell unifica tamb´em o eletromagnetismo aos fenˆomenos ´opticos, descrevendo a radia¸c˜ao como uma onda eletromagn´etica.

(14)

os fatos experimentais relacionados ao magnetismo da mat´eria remonta ao in´ıcio do s´eculo

XIX, cuja proposta ´e de que a estrutura dos materiais magn´eticos consistia de pequenos ´ım˜as elementares, de forma semelhante a sua composi¸c˜ao formada por ´atomos e mol´eculas. O modelo dos ´ım˜as elementares explicava bem alguns fatos experimentais. Por exemplo, o fenˆomeno de satura¸c˜ao magn´etica poderia ser entendido como o estado em que todos os ´ım˜as elementares est˜ao orientados na mesma dire¸c˜ao. Por´em, este conceito ainda era muito simples para grande variedade de comportamentos que os materiais apresentavam, tais como a mudan¸ca da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao com a temperatura ou mesmo o fato de alguns materiais a temperatura ambiente estarem magnetizados e outros n˜ao, sem a presen¸ca de um campo magn´etico externo. No fim, os fenˆomenos do magnetismo s´o puderam ser compreendidos com o advento da Mecˆanica Quˆantica [4].

Esta disserta¸c˜ao est´a dividida em quatro cap´ıtulos. No primeiro cap´ıtulo ´e feita uma revis˜ao sobre o modelo proposto por Weiss a partir do paramagnetismo de Langevin, para explicar o ferromagnetismo. Tamb´em ´e feita uma descri¸c˜ao sobre os termos que comp˜oem a energia magn´etica total, com maior enfoque na energia de anisotropia magnetocristalina. No segundo cap´ıtulo h´a uma breve revis˜ao sobre o processo da histerese e ´e apresentada a forma de como foi constru´ıda a simula¸c˜ao computacional, para obten¸c˜ao das curvas de magnetiza¸c˜ao a partir da minimiza¸c˜ao da energia, al´em de mostrar algumas propriedades atrav´es das equa¸c˜oes. S˜ao simuladas as curvas de magnetiza¸c˜ao para as anisotropias c´ubicas (100), (110) e a anisotropia uniaxial e ´e analisado como as curvas se comportam frente a mudan¸ca de alguns parˆametros, tais como, o campo de anisotropia. O objetivo principal est´a descrito no terceiro cap´ıtulo, onde ser´a analisado o efeito Nernst anˆomalo para o filme nanom´etrico

(15)

Cap´ıtulo 1

Energia Magn´

etica

1.1

Materiais Ferromagn´

eticos

A resposta da mat´eria `a presen¸ca de um campo magn´etico excitante ou mesmo o fato desta possuir ou n˜ao uma magnetiza¸c˜ao permanente encontra-se diretamente relacionada `as propriedades particulares de cada material a se considerar. Desta forma, os materiais magn´eticos podem ser dividos em trˆes grandes classes, s˜ao elas:

- Materiais diamagn´eticos est˜ao relacionados ao fato de surgir um campo no interior da amostra no sentido contr´ario ao do campo externo. Alguns deles s˜ao o cobre, a prata e o chumbo.

- Materiaisparamagn´eticosest˜ao associados ao fato de surgir um campo no interior da amos-tra, no mesmo sentido do campo externo e s˜ao caracterizados por possu´ırem uma pequena magnetiza¸c˜ao quando colocados na presen¸ca de um campo magn´etico externo. Materiais deste tipo s˜ao fracamente atra´ıdos por ´ım˜as, alguns deles s˜ao o alum´ınio, o sulfato de cobre e o magn´esio.

- Materiaisferromagn´eticostamb´em est˜ao associados ao fato de surgir um campo no interior do material no mesmo sentido que o campo externo e s˜ao caracterizados por possu´ırem uma alta magnetiza¸c˜ao e podem estar magnetizados sem a presen¸ca de um campo magn´etico. Materiais deste tipo s˜ao altamente atra´ıdos por ´ım˜as. S˜ao eles, o ferro, o cobalto e o n´ıquel.

(16)

Para explicar o caso de materiais ferromagn´eticos, no ano de 1907 Pierre Weiss (18651940) sugeriu que a desordem provocada pela agita¸c˜ao t´ermica poderia ser minimizada devido a existˆencia de um campo molecular. O campo molecular foi postulado como uma intera¸c˜ao m´utua entre os el´etrons que tenderia a alinhar os seus ´ım˜as elementares (ver Figura 1.1), ou seja, al´em do campo magn´etico, surge outro campo no interior do material devido a conex˜ao entre os ´ım˜as elementares do material. A temperatura de Curie corresponde ao ponto onde um material ferromagn´etico perde toda sua capacidade de magnetiza¸c˜ao e se torna paramagn´etico. Com isso, abaixo desta temperatura, o campo molecular proposto por Weiss ´e superior `a flutua¸c˜ao t´ermica da amostra e o material se comporta como um ferromagneto. J´a na situa¸c˜ao de temperaturas superiores `a temperatura de Curie, o efeito da flutua¸c˜ao t´ermica ´e superior ao efeito do campo molecular e desta forma, o material se comporta como um paramagneto. A equa¸c˜ao abaixo mostra este ponto de transi¸c˜ao entre as fases ferromagn´etica e paramagn´etica,

kTC =µBHCM, (1.1)

onde o lado esquerdo da Equa¸c˜ao 1.1 representa a energia associada `a agita¸c˜ao t´ermica e o lado direto a energia associada ao campo molecular, sendo k a constante de Boltzman,

TC a temperatura de Curie,µB o magn´eton de Bohr e HCM o campo molecular.

Figura 1.1: Ilustra¸c˜ao do campo molecular [21].

A teoria de Weiss funciona como uma extens˜ao da teoria cl´assica do paramagnetismo de Langevin. Weiss investigou matematicamente como se comportava um conjunto de ´atomos, cada um possuindo um momento magn´eticoµA, sobre a influˆencia de uma campo magn´etico

(17)

representa a rela¸c˜ao entre cada momento magn´etico e o campo ´e

H=X

i

µAi Hcosθ, (1.2)

onde θ ´e o ˆangulo entre cada momento magn´etico µA e o campo H. Como o sistema

est´a sujeito `a agita¸c˜ao t´ermica, os m´etodos da mecˆanica estat´ıstica sugerem que em uma temperatura T, a distribui¸c˜ao dos momentos magn´eticos est´a associada a seguinte fun¸c˜ao de parti¸c˜ao [17]

Z =Xe−kTH =X

eµAHkTcosθ. (1.3)

Na primeira formula¸c˜ao de Langevin s˜ao feitas duas considera¸c˜oes: (1) os momentos magn´eticos est˜ao sujeitos `a agita¸c˜ao t´ermica e podem se orientar em qualquer dire¸c˜ao com rela¸c˜ao ao campo, (2) estes momentos est˜ao distanciados de modo a nenhum sofrer a in-fluˆencia um dos outros. Com o advento da teoria quˆantica, a primeira considera¸c˜ao ´e al-terada, pois as dire¸c˜oes se tornam limitadas devido ao principio de exclus˜ao de Pauli. No caso mais simples s´o pode haver duas orienta¸c˜oes, sendo uma paralela e outra antiparalela a dire¸c˜ao do campo. Com isso, a equa¸c˜ao de Langevin fica [17]

M M0

= tanhµAH

kT . (1.4)

Pode-se observar que esta formula¸c˜ao implica que mesmo para o campo mais alto atingido em um laborat´orio, mas ainda sobre a influˆencia da temperatura ambiente, a magnetiza¸c˜ao atingir´a apenas uma fra¸c˜ao do valor finalM0. Neste intervalo a magnetiza¸c˜ao ´e proporcional ao campo. O problema ´e que se o campo magn´etico externo for nulo, magnetiza¸c˜ao se torna nula, por isso o nome paramagnetismo de Langevin, pois ele n˜ao explica o caso dos materiais ferromagn´eticos que podem possuir magnetiza¸c˜ao diferente de zero abaixo da temperatura de Curie sem estarem na presen¸ca de um campo magn´etico externo.

A solu¸c˜ao deste problema surge quando Weiss substitui na equa¸c˜ao de Langevin o campo

H, por um novo campo H+N M, onde a quantidade N M representa o campo molecular e N ´e a constante de campo molecular. Com esta ideia, os momentos magn´eticos dos ´ım˜as elementares sofrem influˆencia um dos outros, indo de encontro com a teoria de Langevin. Substituindo o novo campo H+N M na equa¸c˜ao 1.4, a equa¸c˜ao de Langevin se torna

M M0

= tanhµA(H+N M)

kT . (1.5)

Fazendo H= 0 e Θ = µAN M0

k se chega a seguinte equa¸c˜ao:

(18)

Agora, pode-se observar que quando o campo magn´etico externo ´e nulo, um material ferro-magn´etico permanece magnetizado. A equa¸c˜ao 1.6 leva a conclus˜ao de que quando o campo ´e igual a zero, a magnetiza¸c˜ao se comporta igualmente para todos os materiais, j´a que temos uma fun¸c˜ao de M

M0 e

T

Θ.

Com isso, os materiais ferromagn´eticos s˜ao caracterizados por terem a sua magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao dependente da temperatura MS(T). Um material ferromagn´etico torna-se

espontaneamente magnetizado abaixo de uma temperatura cr´ıtica chamada de temperatura de Curie e devido a este comportamento tem-se que para qualquer temperatura abaixo de Θ =TC, a magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao apresenta um valor bem definido mesmo sem a presen¸ca

de um campo magn´etico externo aplicado. A figura 1.1 mostra a varia¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao MS(T) com rela¸c˜ao a temperatura, para o ferro, o n´ıquel e o cobalto. Para

temperaturas acima da temperatura de Curie, que ´e uma constante de cada material, todos os materiais apresentam um comportamento paramagn´etico.

Figura 1.2: Gr´afico da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao para o ferro, n´ıquel e o cobalto em fun¸c˜ao da temperatura [7].

(19)

De acordo com o modelo de Weiss, um peda¸co de ferro n˜ao poderia de forma alguma estar desmagnetizado `a temperatura ambiente, mas ainda sim observamos este fenˆomeno na natureza. Para contornar este impasse, Weiss considerou que as amostras reais dos materiais ferromagn´eticos, quando est˜ao abaixo da temperatura de Curie, s˜ao compostas por peque-nas regi˜oes magnetizadas em alguma dire¸c˜ao, mas de alguma forma a soma destas pequepeque-nas regi˜oes no final resulta em uma magnetiza¸c˜ao externa nula. Este ´e um conceito muito im-portante no entendimento da estrutura dos materiais magn´eticos, conhecido como dom´ınios magn´eticos [5]. A figura 1.22 mostra uma representa¸c˜ao destes dom´ınios magn´eticos.

Figura 1.3: Representa¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos; a) material com um ´unico dom´ınio ou monodom´ınio; b) material com dois dom´ınios magn´eticos, sendo sua magnetiza¸c˜ao externa nula; c) uma estrutura com mais dom´ınios e de intensidades distintas [8].

Weiss conseguiu explicar grande parte dos fenˆomenos relacionados ao ferromagnetismo com o conceito de campo molecular e da estrutura de dom´ınios, por´em ele n˜ao conseguiu explicar a origem f´ısica destes termos por meio de for¸cas atˆomicas. A explica¸c˜ao do campo molecular foi dada por Werner Heisenberg (19011976) no ano de 1926 atrav´es do conceito de energia de troca e a explica¸c˜ao da origem dos dom´ınios s´o foi dada por Lev Davidovich Landau (19081968) e Evgeny Mikhailovich Lifshitz (19151985) no ano de 1935, por meio do entendimento dos v´arios termos que comp˜oem a energia total de um sistema magn´etico.

(20)

forma [2][5][7] [9]

ET =

Z

V

(etroca+eZ+eani+ema+eme)dV, (1.7)

o pr´oximo passo ser´a dar continuidade a cada energia citada para entender como o pro-cesso da minimiza¸c˜ao da energia afeta a magnetiza¸c˜ao de um material ferromagn´etico, com uma maior ˆenfase na energia de anisotropia magnetocristalina que ´e o foco deste trabalho.

1.2

Energia de Troca

Umas das mais importantes intera¸c˜oes que surgem nos materiais magn´eticos ´e conhecida por energia de troca, pois ´e ela a respons´avel pelo ordenamento ferromagn´etico do material, ou seja, ela quem comanda o ferromagnetismo e ´e a origem do campo molecular proposto por Weiss [9][10]. Este tipo de energia tamb´em ´e conhecida como energia de exchange e surge a partir de diferentes causas, tais como, a intera¸c˜ao eletrost´atica, a intera¸c˜ao dos spins dos el´etrons atrav´es do princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli e a anti-simetria da fun¸c˜ao de onda, j´a que se trata de f´ermions. Para um conjunto de ´atomos numa dada rede que comp˜oem o material, considerando as fun¸c˜oes de onda dos el´etrons localizados em s´ıtios vizinhos representados pelos vetores posi¸c˜ao ~ri, e~rj e seus respectivos momentos angulares de spin S~(~ri), e S~(~rj)

medidos em m´ultiplos de ~, a densidade de energia de troca pode ser escrita na seguinte

forma

etroca=−

X

J(|~ri−~rj|)S~(~ri)·S~(~rj) (1.8)

onde J(|~ri−~rj|) ´e a integral de troca e ´e dada por

J(|~ri−~rj|) =

Z

ψ∗a(~r1)ψb∗(~r2)Hψa(~r1)ψb(~r2)dV1dV2, (1.9) onde ψa(~r1) e ψb(~r2) representam as fun¸c˜oes de onda dos el´etrons vizinhos e H ´e o

hamilto-niano do sistema. A integral de troca decai rapidamente (na forma r12 devido ao potencial

coulombiano) para altos valores de |~ri −~rj|, por isso est´a intera¸c˜ao afeta mais fortemente

os primeiros vizinhos e corresponde a uma soma em todos os ´atomos da rede [13]. O sinal da integral de troca ´e quem vai ser o determinante se um dado material tem um ordena-mento magn´etico do tipo ferromagn´etico, ou antiferromagn´etico, para o caso ferromagn´etico

J(|~ri −~rj|) >0 e antiferromagn´etico J(|~ri −~rj|) < 0. De todo modo, o estado m´ınimo de

energia acontece quando os momentos angulares de spin dos el´etrons adjacentes s˜ao paralelos no caso ferromagn´etico e antiparalelos no caso antiferromagn´etico.

(21)

Figura 1.4: a) Representa¸c˜ao do comportamento ferromagn´etico devido a J(|~ri−~rj|) > 0.

b) Representa¸c˜ao do caso antiferromagn´etico devido a J(|~ri−~rj|)<0.

~

S(~ri) seja substitu´ıdo pela vari´avel cont´ınua de magnetiza¸c˜ao M~, desta forma a densidade

de energia de troca pode ser dada na seguinte forma [5]

etroca =A

3

X

i=1

(Mi(~r))2, (1.10)

onde A ´e a constante de troca obtida a partir da deriva¸c˜ao de J(|~ri −~rj|) e Mi s˜ao as

componentes da magnetiza¸c˜ao M~ [5].

1.3

Energia Zeeman

Como j´a foi visto, os materiais estudados neste trabalho s˜ao filmes nanom´etricos cuja estru-tura magn´etica consiste de dom´ınios magn´eticos com diferentes orienta¸c˜oes de magnetiza¸c˜ao, a soma de todos estes termos geram no final um vetor que vai identificar o comportamento da magnetiza¸c˜ao do material na presen¸ca de um campo magn´etico externo. Quando ´e apli-cado um campo magn´etico externo, surge uma intera¸c˜ao entre o vetor magnetiza¸c˜ao M~ e o campoH~ semelhante `a intera¸c˜ao do campo magn´etico com um dipolo [21], que faz com que a magnetiza¸c˜ao tenda a se alinhar com o campo. A energia associada a este tipo de intera¸c˜ao ´e conhecida como energia Zeeman e pode ser descrita atrav´es da integral envolvendo o produto escalar [7][11]

Ez =−

Z

V

~

M ·HdV.~ (1.11)

Neste trabalho o que ter´a maior importˆancia ´e a densidade de energia Zeeman, ou seja, nos c´alculos de minimiza¸c˜ao estaremos dividindo pelas dimens˜oes da amostra, com isso a densidade de energia Zeeman ´e dada por

(22)

o sinal negativo na equa¸c˜ao 1.12 indica que o m´ınimo de energia se da quando os vetores magnetiza¸c˜ao e campo magn´etico est˜ao paralelos, ou seja, isto indica o fato da magnetiza¸c˜ao tentar se alinhar com o campo.

Expressando a magnetiza¸c˜ao e o campo magn´etico em coordenadas esf´ericas, pois no estudo das anisotropias que ser´a feito mais adiante essas express˜oes ser˜ao ´uteis:

~

M =MS(sinθcosφxˆ+ sinθsinφyˆ+ cosθzˆ) (1.13)

e

~

H =H(sinθHcosφHxˆ+ sinθHsinφHyˆ+ cosθHzˆ), (1.14)

Figura 1.5: Representa¸c˜ao dos vetores magnetiza¸c˜ao e campo magn´etico em coordenadas esf´ericas.

ondeMS representa a magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao do material eH ´e a intensidade do campo

magn´etico externo aplicado. Substituindo estes vetores na densidade de energia Zeeman (equa¸c˜ao 1.12) obt´em-se

(23)

como o termo da energia de anisotropia de forma que ser´a tratada na pr´oxima se¸c˜ao faz com que a magnetiza¸c˜ao fique no plano do filme caso o campo seja aplicado neste plano e supondo que o filme esteja localizado no planoxz, ent˜ao isto implicar´a em φH = 0, como

consequˆencia do que foi afirmado acima, φ = 0. Desta forma obt´em-se nesta situa¸c˜ao a seguinte express˜ao para densidade de energia Zeeman:

ez =−MSHcos(θ−θH). (1.16)

1.4

Energia de Anisotropia Magnetocristalina

No estudo te´orico de materiais magn´eticos uma das formas de energia que tem maior relevˆancia est´a associada a rede cristalina do material. O termo anisotropia est´a relacionado ao quanto uma propriedade f´ısica depende da dire¸c˜ao espacial que esta ´e analisada. No caso de filmes nanom´etricos, a magnetiza¸c˜ao na, maioria das vezes, vai se comporta de forma distinta dependendo da dire¸c˜ao do espa¸co em que se aplica o campo magn´etico. Todos os materiais magn´eticos possuem uma estrutura cristalina bem definida e quando a energia interna do sistema, associada `a magnetiza¸c˜ao do material, depende do eixo cristalogr´afico tem-se uma anisotropia magneto-cristalina.

Este tipo de energia est´a relacionada `a intera¸c˜ao spin-´orbita dos el´etrons ligados aos ´atomos que formam a estrutura cristalina. Por isso, a dependˆencia com a rede, onde no processo de magnetiza¸c˜ao h´a o surgimento de eixos f´aceis de magnetiza¸c˜ao e eixos duros de magnetiza¸c˜ao, cujos nomes j´a indicam o fato do material ferromagn´etico se magnetizar facilmente ou n˜ao, simplesmente com a mudan¸ca da dire¸c˜ao do campo magn´etico externo aplicado.

Devido a dependˆencia deste termo de energia estar associado a rede do cristal, surgem comportamentos distintos para cada estrutura, seja ela c´ubica, hexagonal, tetragonal. H´a algumas formas distintas na literatura para se encontrar a express˜ao matem´atica que repre-sente esta energia de anisotropia, algumas delas se baseiam nas opera¸c˜oes de simetria do grupo ligado a cada rede cristalina. Isto acontece devido ao fato de algumas exigˆencias que a magnetiza¸c˜ao tem que satisfazer, tais como, ser invariante atrav´es de uma transforma¸c˜ao que leve eixos cristalogr´aficos aos seus equivalentes [por exemplo os eixos (100) e (100)], por´em todas as formas no final estar˜ao ligadas a expans˜ao da energia em potˆencias das componentes da magnetiza¸c˜ao M~. Estas componentes que tamb´em indicam a dire¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao

~

m= |MM~~| ´e dada em termos dos cossenos diretores αi m~ = (α1, α2, α3)(ver Figura 1.6): Escrevendo em termos de coordenadas esf´ericas tem-se

α1 = sinθcosφ

α2 = sinθsinφ

(24)

Figura 1.6: Representa¸c˜ao dos cossenos diretores e da dire¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao[13].

onde satisfazem a seguinte rela¸c˜ao:

α21 +α22 +α23 = 1. (1.18)

Com isso, pode-se escrever a energia de anisotropia magnetocristalina com a seguinte ex-pans˜ao [13]

Eani=E0+

X

i

biαi+

X

ij

bijαiαj +

X

ijk

bijkαiαjαk (1.19)

+X

ijkl

bijklαiαjαkαl+O(α5),

os termos de quinta ordem O(α5) tem uma dependˆencia muito pequena em α. Por isto, a s´erie pode ser truncada a partir deste termo.

Como j´a citado no presente texto, umas das opera¸c˜oes de simetria que esta express˜ao deve ter ´e que n˜ao existe diferen¸ca nos valores de energia entre eixos equivalentes, ou visto de outra forma n˜ao h´a diferen¸ca entre sistemas que simplesmente possuem magnetiza¸c˜oes opostas. Isto pode ser descrito como segue abaixo[13]

Eani(M~) =Eani(−M~), (1.20)

o que implica em

(25)

Com esta condi¸c˜ao se faz necess´ario fazer uma an´alise na paridade da fun¸c˜ao, que n˜ao pode apresentar comportamento de uma fun¸c˜ao ´ımpar. Seguindo este passo, todos os termos de ordem ´ımpar da expans˜ao em s´erie devem ser desconsiderados. Com isto, pode-se escrever a seguinte express˜ao geral para representar a energia magnetocristalina

Eani=E0+

X

ij

bijαiαj +

X

ijkl

bijklαiαjαkαl, (1.22)

Com esta express˜ao, pode-se analisar cada rede cristalina poss´ıvel e o tipo de anisotropia. Por exemplo, no caso da rede c´ubica pode haver v´arios tipos de anisotropia, identificados a partir de qual seja o eixo f´acil: ´e o caso das anisotropias (100) e (110), que ser˜ao estudadas neste trabalho. O pr´oximo passo ser´a a partir da Equa¸c˜ao 1.22, escrever sua forma para a uma estrutura que possua simetria c´ubica, tetragonal e hexagonal e por fim falar de um tipo espec´ıfico, que ´e a uniaxial.

1.4.1

Simetria C´

ubica

No caso da simetria c´ubica e usando a condi¸c˜aoE(αi) = E(−αi), os termos cruzadosαiαj

que aparecem na Equa¸c˜ao 1.22 devem desaparecer, ou seja, bij = 0. Os valores do ´ındice

para i = 1,2,3 s˜ao indistingu´ıveis para simetria c´ubica. Ou seja, b11 = b22 = b33. Sendo assim, usando a rela¸c˜ao dada por 1.18, o termo de segunda ordem fica

X

ij

bijαiαj =b11(α21+α22+α23) = b11. (1.23) Para o termo de quarta ordem a indistinguibilidade parai, implicar´a emb1111 =b2222 =b3333, e b1122 = b1133 = b2233, mas pra cada termo neste caso tem-se uma repeti¸c˜ao, por exemplo para b1122

b1122 =b2211 =b1212 =b1221 =b2112 =b2121, ligado a cada termo deste tem-se α2

1α22, o que implica que este est´a aparecendo 6 vezes na expans˜ao, o mesmo racioc´ınio serve para b1133 e b2233, que pode ser calculado como uma combina¸c˜ao simples de 4 elementos agrupados 2 a 2. Com isso, o termo de quarta ordem ´e dado por

X

ijkl

bijklαiαjαkαl=b1111(α41+α42+α43) + 6b1122(α21α22+α21α23 +α22α23), (1.24) usando a rela¸c˜ao dos cossenos diretores abaixo

(26)

e calculando o segundo lado da equa¸c˜ao

1 = α41+α42+α43+ 2(α21α22+α21α23 +α22α23), (1.26) obt´em-se

α14 +α24+α34 = 12(α21α22+α21α32+α22α23), (1.27) substituindo em (1.24), tem-se que

X

ijkl

bijklαiαjαkαl =b1111+ (6b1122−2b1111)(α21α22 +α21α32+α22α23), (1.28) finalmente adicionando os dois termos, pode-se escrever a express˜ao para energia magne-tocristalina de uma rede c´ubica, que ter´a a seguinte forma

Ecubic

ani =E0+b11+b1111+ (6b1122−2b1111)(α21α22+α21α23+α22α23), (1.29) escrevendo K0 =E0+b11+b1111 e K1 = 6b1122−2b1111, tem-se que

Eanicubic =K1+K2(α21α22+α12α23+α22α23), (1.30) que ´e a forma mais usada na literatura para representar a energia magnetocristalina de uma rede cristalina com simetria c´ubica, onde os coeficientes K0 e K1 s˜ao as constantes de anisotropia magnetocristalina. Esta express˜ao foi obtida pela primeira vez pelo f´ısico russo Akulov no ano de 1929 [7].

1.4.2

Simetria Tetragonal e Simetria Hexagonal

Para o caso em que o sistema possui uma rede cristalina tetragonal, a diferen¸ca entre ele e o sistema c´ubico est´a apenas no caso de que a indistinguibilidade que antes era nos ´ındices 1,2 e 3, se reduz para os ´ındices 1 e 2. Ent˜ao, seguindo estas condi¸c˜oes, pode-se encontrar (ser˜ao omitidas as contas, por esse tipo de sistema n˜ao ser o foco deste trabalho, caso queria saber mais sobre este tipo de simetria olhar na referˆencia [13]) a partir da express˜ao (1.22) o seguinte resultado:

Etetra

ani =K0+K1α

2

(27)

Caso o sistema possua uma rede cristalina hexagonal, realizando c´alculos an´alogos aos dos dois sistemas anteriores, obt´em-se a seguinte express˜ao [13]

Ehex

ani =K0 +K1(α21+α22) +K2(α21+α22)2 (1.32) +K3(α21+α22)3+K4(α21−α22)(α41−14α12α22+α42),

´

E interessante notar que os sistemas tetragonal e hexagonal apresentam alguns termos com simetria cil´ındrica, ou seja, a dependˆencia da energia se dar somente atrav´es do ˆangulo θ

entre a magnetiza¸c˜ao e a dire¸c˜ao do eixo z [14]. Isto ´e propriedade da anisotropia magneto-cristalina conhecida como anisotropia uniaxial que ser´a analisada posteriormente.

Figura 1.7: S

(28)

De modo geral, pode-se ver que todas as express˜oes possuem coeficientes K′s que

repre-sentam as constantes de anisotropia do material. Alguns resultados bastantes aceitos na literatura ´e que [13]:

• Estas constantes dependem do material e da temperatura em que o mesmo se encontra.

• As experiˆencias demonstram que algumas dessas constantes, por exemplo (K1 e K2), j´a produzem uma boa concordˆancia entre o te´orico e o experimental.

• O sinal e a raz˜ao entre as constantes determinam os eixos de f´acil magnetiza¸c˜ao ou preferenciais, ou seja, as dire¸c˜oes da rede cristalina onde a magnetiza¸c˜ao se alinha facilmente com o campo magn´etico externo. Ser´a mostrado neste trabalho que estes eixos podem ser identificados atrav´es do processo de minimiza¸c˜ao da energia.

Na tabela abaixo s˜ao mostradas as constantes de anisotropia magnetocristalinaK1 eK2 para o Ferro, N´ıquel, e o Cobalto h´a uma temperatura de 4.2 Kelvin [13].

1.4.3

Comportamento da Anisotropia Magnetocristalina para

cris-tais c´

ubicos

(29)

Figura 1.8: A esquerda ´e mostrada a superf´ıcie de energia representando os eixos de f´acil e de dif´ıcil magnetiza¸c˜ao para simetria c´ubica com K1 >0, este ´e o caso do bcc-Fe. A direita ´e mostrado a mesma representa¸c˜ao mas paraK1 <0, ´e o caso do fcc-Ni [13].

(30)

Figura 1.9: Dependˆencia da magnetiza¸c˜ao com o campo externo aplicado H~ ao longo de diferentes eixos dos cristais de Fe(figura a)) e Ni(figura b)) [15].

Dire¸c˜ao de crescimento

Antes de analisar o comportamento de cada anisotropia se faz necess´ario definir o que ´e a dire¸c˜ao de crescimento para um filme nanom´etrico ferromagn´etico. Todo filme nanom´etrico ferromagn´etico ´e crescido em um substrato sobre um plano cristalino, a dire¸c˜ao de cresci-mento ´e a dire¸c˜ao perpendicular ao plano cristalino que este material ´e crescido. Por exemplo, a dire¸c˜ao [100] ´e perpendicular ao plano cristalino (100) e a dire¸c˜ao [110] ´e perpendicular ao plano cristalino (110). Quando um material ´e crescido, os seus ´atomos s˜ao lan¸cados de ma-neira igual e organizada sobre algum plano cristalino do substrato, isto ir´a definir a dire¸c˜ao de crescimento.

(31)

Figura 1.10: Esquema mostrando o crescimento de um filme de um material com simetria c´ubica na dire¸c˜ao [100].

Figura 1.11: Esquema mostrando o crescimento de um filme de um material com simetria c´ubica na dire¸c˜ao [110].

(32)

Os trˆes gr´aficos ilustram teoricamente est´a ideia para as dire¸c˜oes de crescimento [100],[110] e [111].

Anisotropia (100)

Agora pode-se escrever a Equa¸c˜ao (1.30) para cada dire¸c˜ao de crescimento espec´ıfica da simetria c´ubica. Como j´a foi, visto a energia foi dada em fun¸c˜ao dos cossenos diretores, ou seja, esta express˜ao est´a no final das contas em fun¸c˜ao dos eixos do cristal. Devido a isso, quando se calcula o caso (100) os eixos do filme est˜ao na mesma dire¸c˜ao dos eixos do cristal, mas no caso (110) e (111) o sistema muda e a express˜ao precisa passar por uma transforma¸c˜ao para o novo sistema de eixos. No caso da dire¸c˜ao de crescimento (100), pode-se escrever

α1 = sinθcosφ α2 = sinθsinφ α3 = cosθ (1.33) substituindo em (1.30) obt´em-se (o termo K0 ser´a omitido, j´a que n˜ao possui dependˆencia angular e a energia ´e medida atrav´es de varia¸c˜oes.)

Eanicubic =K1(sin4θcos2φsin2φ+ sin2θcos2θcos2φ+ sin2θcos2θsin φ

). (1.34)

Nos casos que ser˜ao analisados, devido ao termo de anisotropia de forma, quando um campo magn´etico externo ´e aplicado no plano do filme, a magnetiza¸c˜ao tende a ficar no plano do filme. Na Figura 1.13 tem-se a representa¸c˜ao de um filme localizado no plano xz

(33)

No caso da Figura 1.13, pode-se ver que o ˆanguloφ= 0 eθ´e o ˆangulo entre a magnetiza¸c˜ao e o eixo z. Usando estas condi¸c˜oes e algumas identidades trigonom´etricas, a express˜ao final, que representa o comportamento da energia magnetocristalina para um filme nanom´etrico com simetria c´ubica (100) situado no plano xz(dire¸c˜ao de crescimento [010])[16], ´e dada por:

Eanicubic =

K1 4 sin

2(2θ). (1.35)

O gr´afico 1.14 representa com comportamento desta energia em fun¸c˜ao do ˆangulo θ.

Figura 1.14: Comportamento angular da energia magnetocristalina para a dire¸c˜ao de cres-cimento (010).

A partir da Figura 1.14, pode-se ver quem s˜ao os eixos f´aceis e duros a partir dos pontos cr´ıticos. Se para um dado ˆangulo a energia possui um m´ınimo, isto indica um eixo f´acil e no caso de m´aximo tem-se um eixo duro. Assim pode-se ver que os eixos f´aceis correspondem aos ˆangulos θ = 0◦, θ = 90, θ = 180e θ = 270, enquanto os eixos duros correspondem a

θ = 45◦, θ= 135, θ = 225eθ = 315.

Anisotropia (110)

(34)

Figura 1.15: Representa¸c˜ao do plano (110) e os dois sistemas com linha e sem linha, ligados aos eixos do filme e do cristal respectivamente.

O objetivo principal aqui ´e escrever a Equa¸c˜ao 1.30 no sistema sem linha e reescrever no sistema com linha. Para isso, se faz necess´ario escrever a rela¸c˜ao entres os dois sistemas usando as componentes da magnetiza¸c˜ao M~ escritas com rela¸c˜ao aos eixos do cristal e aos eixos do filme.

Primeiramente escrevendo o vetor unit´ario ˆM que representa a dire¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao como ˆM =α1xˆ+α2yˆ+α3zˆe tamb´em como ˆM =α1′xˆ′+α2′yˆ′+α′3zˆ′. Tanto o conjunto ˆx,ˆye ˆ

z, quanto o conjunto ˆx′, ˆye ˆz, s˜ao ambos bases ortogonais. Escrevendo o vetor ˆM na base

do sistema sem linha e utilizando a defini¸c˜ao de cosseno diretor e as transforma¸c˜oes dadas na Figura 1.15, pode-se encontrar as seguintes rela¸c˜oes:

α1′ = ˆx′ ·Mˆ = ˆz·(α1xˆ+α2yˆ+α3zˆ) =α3 (1.36)

α′2 = ˆy·Mˆ = 1

2(α1+α2)

α′3 = ˆz′·Mˆ = √1

2(−α1+α2).

(35)

α′

3, obt´em-se

α1 = 1

2(α

2−α′3) (1.37)

α2 = 1

2(α

2+α′3)

α3 =α′1.

Usando as rela¸c˜oes acima e substituindo na Equa¸c˜ao 1.30, encontra-se a express˜ao para energia de anisotropia magnetocristalina c´ubica (110) em termos do sistema com linha li-gado aos eixos do filme,

Eanicubic =K1

α′ 24 4 + α′ 34 4 +α

12α3′2−

α′

22α′32 2

.

(1.38)

Escrevendo os cossenos diretores e colocando o fato de que magnetiza¸c˜ao n˜ao sai do plano do filme, com φ = 0 obt´em-se, o seguinte resultado:

Eanicubic =

K1 4 (cos

4θ+ sin2(2θ)). (1.39)

Na Figura 1.16 mostra-se da dependˆencia angular da anisotropia c´ubica para o caso do

cres-cimento [110].

Assim como no caso anterior, pode-se ver que os eixos f´aceis correspondem a θ′ = 90e

θ′ = 90, os eixos intermedi´arios a θ= 0e θ= 180e os eixos duros em θ′ ∼= 35e

(36)

Figura 1.16: Comportamento angular da energia magnetocristalina (110).

Anisotropia (111)

Neste trabalho n˜ao iremos trabalhar com a dire¸c˜ao (111), mas por quest˜ao de completeza, daremos uma breve descri¸c˜ao da energia anisotr´opica para esta dire¸c˜ao. Na Figura 1.17 mostra-se os vetores unit´arios que representam o novo sistema de coordenadas (x′, y, z).

Da mesma forma que foi calculado para a dire¸c˜ao (110), encontra-se uma rela¸c˜ao entre os cossenos diretos dos dois sistemas (com linha e sem linha) e em seguida faz-se uma transforma¸c˜ao inversa para achar as seguintes rela¸c˜oes:

α1 =− 1 √ 2α ′ 1 + 1 √ 3α ′ 2+ 1 √ 6α ′ 3 (1.40)

α2 = 1 √ 2α ′ 1 + 1 √ 3α ′ 2+ 1 √

6α′

3

α3 = 1 √ 3α ′ 2− r 2 3α ′ 3,

usando estas rela¸c˜oes e substituindo na Equa¸c˜ao (1.30) tem-se que

Eanicubic =K1

α′ 14 4 + α′ 24 3 + α′ 34 4 + 1 2α ′

12α′32−

2α′12α′2α′3+

2 3 α

2α′23

!

. (1.41)

Como j´a foi visto a magnetiza¸c˜ao n˜ao sai da regi˜ao do plano do filme, ent˜ao φ′ = 0,α

1 = sinθ′,α

(37)

Figura 1.17: Representa¸c˜ao do plano (111) e os dois sistemas com linha e sem linha, ligados aos eixos do filme e do cristal respectivamente.

tem-se

Eanicubic=

K1

4 . (1.42)

O plano (111) possui um alta simetria. Com isso, todas as dire¸c˜oes neste plano tˆem o mesmo valor de energia de anisotropia c´ubica. A equa¸c˜ao (1.42) sugere este efeito j´a que n˜ao tem nenhuma dependˆencia angular. Com isso, chega-se a conclus˜ao que um sistema com este tipo de simetria n˜ao possui eixos f´aceis, intermedi´arios ou duros.

1.4.4

Anisotropia Uniaxial

Para finalizar toda esta discuss˜ao sobre anisotropia magnetocristalina, falta falar de um tipo que tamb´em ser´a estudado neste trabalho. Nos casos anteriores, pode ser notado que quando foi analisada as anisotropias ligadas a uma simetria tetragonal ou hexagonal, havia o surgimento de um ´unico eixo preferencial e a isto se denomina de comportamento de uma anisotropia dita uniaxial (depende de um ´unico eixo). Nesta se¸c˜ao, se falar´a diretamente deste tipo de anisotropia.

(38)

portanto s´o h´a um ´unico eixo f´acil e consequentemente um eixo duro. Como j´a foi dito, este ´e o caso mais simples de anisotropia, pois sua dependˆencia est´a associada somente ao ˆangulo

θ entre a dire¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao e o eixo f´acil. A equa¸c˜ao que define est´a forma de energia ´e usualmente dada em termos do seno do ˆanguloθ, como [7]:

Eaniuni =Ksin2θ, (1.43)

onde K ´e a constante de anisotropia efetiva uniaxial.

Algo que deve ser mencionado aqui ´e que quando foi afirmado queθ´e o ˆangulo entre o eixo f´acil e a magnetiza¸c˜ao, est´a impl´ıcito que a constante K sempre ´e positiva, pois analisando a equa¸c˜ao acima com K positivo vˆe-se que a energia Euni

ani ´e m´ınima em θ = 0◦, que ´e

comportamento de eixo f´acil (a origem est´a situada no eixo f´acil). SeK fosse negativo seria um eixo duro, ent˜ao no geral o ˆangulo θ est´a localizado entre o eixo seja ele duro ou f´acil, quem vai indicar qual tipo eixo ser´a ´e o valor de K. No caso deste trabalho, K sempre ´e positivo. Com isso tem-se m´ınimo al´em de θ = 0◦ tamb´em em θ = 180◦ e um eixo duro ou de dif´ıcil magnetiza¸c˜ao em θ = 90◦(na anisotropia uniaxial sempre o eixo duro e f´acil est˜ao

defasados em 90◦) como est´a representado na Figura 1.18:

Figura 1.18: Gr´afico da energia de anisotropia uniaxial com o ˆangulo θ para K positivo.

1.5

Energia de Anisotropia de Forma

Na se¸c˜ao anterior para poder escrever uma equa¸c˜ao mais simples para a densidade de ener-gia Zeeman, foi mencionado a enerener-gia de anisotropia de forma, cuja contribui¸c˜ao ´e fazer com que a magnetiza¸c˜ao permane¸ca no plano do filme, quando o campo magn´etico externo ´e apli-cado neste plano. Este tipo de intera¸c˜ao tem sua origem na energia magnetost´atica, atrav´es da cria¸c˜ao de uma campo desmagnetizante H~D. Este, por sua vez, ´e originado a partir da

(39)

´e representada pela seguinte equa¸c˜ao [11]

σ= ˆn·(M~1−M~2), (1.44)

onde M~1 e M~2 representam as magnetiza¸c˜oes de dois meios distintos, separados por uma interface com vetor normal ˆn e densidade superficial de carga magn´etica σ. Fisicamente, o que ocorre ´e o surgimento de dipolos magn´eticos, que podem representados por pequenos ´ım˜as (como mostrado na Figura 1.5) em todo o material. Dentro do material todo polo norte ´e compensado por um polo sul adjacente. Por´em, quando chegamos `a superf´ıcie, n˜ao h´a mais dipolos para compensar. Por exemplo, polos nortes, surgem livres na superf´ıcie. S˜ao estes polos induzidos que criam o campo desmagnetizante [7].

(40)

A energia magnetost´atica ´e dada atrav´es da seguinte rela¸c˜ao entre a magnetiza¸c˜ao e o campo desmagnetizante [11] [21]

Ema=−

1 2

Z

~

M ·H~ddV, (1.45)

est´a integral ´e calculada sobre todo o volume da amostra magn´etica e o 12 ´e um fator que corrige o fato de a integral contar duas vezes o conte´udo energ´etico. Na maioria dos casos as geometrias envolvidas complica a solu¸c˜ao desta integral, mas h´a casos em que as simetrias envolvidas facilitam. Um destes casos ´e justamente o do plano infinito que representa o filme nanom´etrico de interesse para a este trabalho. H´a tamb´em outros casos como o do elipsoide, o da esfera e o do cilindro infinitamente longo.

O campo desmagnetizante como o pr´oprio nome indica age como um campo que tende a eliminar a magnetiza¸c˜ao do material, e sua equa¸c˜ao ´e dada na seguinte forma

~ Hd=−

N ·M ,~ (1.46)

onde N↔ ´e o tensor desmagnetizante cujas componentes v˜ao estar ligadas `a geometria e si-metrias do material. Com isso substituindo esta express˜ao do campo desmagnetizante na equa¸c˜ao da energia magnetost´atica tem-se que

Ema=

1 2

Z

~

M·N↔·M dV,~ (1.47) Logo, a densidade de energia magnetost´atica ´e dada por [13]

ema =

1 2M~·

N ·M .~ (1.48)

A partir de agora ser´a analisado o que acontece no caso do elipsoide, da esfera, do cilindro. Por ´ultimo, o caso de maior interesse que ´e do plano infinito.

No caso do elipsoide, se os seus eixos coincidirem com os eixos do sistema de coordenadas, o tra¸co da matriz que representa o tensor N↔´e dado por

tr(N↔) = 4π. (1.49)

(41)

que a magnetiza¸c˜ao faz com os semi-eixos do elipsoide. Por fim, o tensor N↔ ´e dado pela seguinte matriz[13] ↔ N=  

N1 0 0

0 N2 0

0 0 N3

,

usando estes resultados na densidade de energia magnetost´atica (Equa¸c˜ao 1.48), obt´em-se o seguinte resultado

ema =

1 2M

2

S(N1α12+N2α22+N3α23). (1.50) Nos demais casos haver´a somente uma mudan¸ca na forma do tensor. Por exemplo, no caso da esfera o tensor N↔´e dado por

N=

3 0 0

0 43π 0 0 0 4π

3

e a densidade de energia magnetost´atica se torna

ema =

4 3πM

2

S(α21 +α22 +α23). (1.51) Pela condi¸c˜ao de normaliza¸c˜ao dos cossenos diretores tem-se que α2

1 +α22 +α23 = 1 e como consequˆencia surge a seguinte express˜ao para uma esfera

ema =

4 3πM

2

S. (1.52)

Para um cilindro infinitamente longo, o tensor N↔ ´e dado por

N=

2π 0 0 0 2π 0

0 0 0

e a densidade de energia magnetost´atica ´e dada por

ema =

1 2M

2

S2π(sin2θsin2φ+ sin2θcosφ), (1.53)

colocando sin2θ em evidˆencia, tem-se

(42)

Finalmente para o caso de um plano infinito que se estende por todo planoxy o tensor desmagnetizante N↔ ´e dado por

N=

0 0 0

0 0 0

0 0 4π

,

o que tem como resultado a seguinte energia magnetost´atica

ema = 2πMS2cos2θ. (1.55)

Com isso se obt´em um importante resultado para o caso de filmes nanom´etricos que ser˜ao abordado neste trabalho [13]. Primeiro, pelo fato da densidade de energia magnetost´atica depender diretamente deM2

S, este termo predomina sobre todos os outros termos de energia.

Outro resultado de grande utilidade para o presente trabalho ´e com rela¸c˜ao ao m´ınimo da energia magnetost´atica, que como pode-se ver acontece em θ = π

2, ou seja, a magnetiza¸c˜ao de um filme fino tende a se orientar em alguma dire¸c˜ao no plano do filme.

1.6

Energia de Anisotropia Magnetoel´

astica

A intera¸c˜ao spin-´orbita, que gera a anisotropia magnetocristalina e explica grande parte do ferromagnetismo, pode produzir na rede do cristal algumas deforma¸c˜oes. Estas deforma¸c˜oes, por sua vez, geram um novo tipo de anisotropia pelo fato de afetar os eixos do cristal. O efeito magnetoestictivo consiste justamente na deforma¸c˜ao de um material ferromagn´etico na presen¸ca de campo magn´etico externo. A magnetostric¸c˜ao ´e quantificada pelo alogamento

λ = ∆l

l , onde o termo ∆l representa a varia¸c˜ao de comprimento em alguma dire¸c˜ao da

amostra e l representa seu comprimento inicial[12].

As deforma¸c˜oes que um dado material pode ser submetido al´em de serem produzidos pela intera¸c˜ao dos ´atomos em sua estrutura interna, tamb´em podem ser criadas por uma tens˜ao mecˆanica externa, que no fim ir´a fazer surgir dire¸c˜oes privilegiadas de magnetiza¸c˜ao, ou seja, eixos que s˜ao favor´aveis do ponto de vista energ´etico. Resumindo, a energia magnetoel´astica expressa a intera¸c˜ao entre a magnetiza¸c˜ao do material ferromagnetico e sua deforma¸c˜ao na rede cristalina. A express˜ao geral que define a energia magnetoel´astica ´e dada por [7][12]

Eme =

Z X

αβγδ

λαβγδσαβMγdV, Mδ (1.56)

onde os termos σαβ, e λαβγδ representam respectivamente o tensor de tens˜ao mecˆanica e

(43)

Para o caso de um material cuja estrutura cristalina ´e representada por uma rede c´ubica, a densidade de energia magnetoel´astica ´e dada por

eme =−

3 2λ100σ

α112+α22β22+α23β32 1

3

(1.57)

−3λ111σ(α1α2β1β2+α2α3β2β3+α3α1β3β1),

onde σ ´e o m´odulo da tens˜ao mecˆanica, αi s˜ao os cossenos diretores da magnetiza¸c˜ao, βi

representam os cossenos diretores da tens˜ao e os termosλ100 e λ111 s˜ao os valores da magne-tostric¸c˜ao quando a magnetiza¸c˜ao est´a saturada nas dire¸c˜oes (100) e (111) respectivamente. Considerando um caso bem particular onde a magnetostric¸c˜ao ´e isotr´opica, ou seja, sua de-forma¸c˜ao n˜ao possui um dire¸c˜ao privilegiada, o que siginifica que λ100 =λ111 =λS, onde λS

´e o valor da magnetostric¸c˜ao no estado saturado. Com estas considera¸c˜oes pode-se escrever a densidade de energia magnetoel´astica da seguinte forma

eme =−

3

2λSσ( ˆm·uˆe)

2, (1.58)

onde ˆuerepresenta o vetor na dire¸c˜ao da tens˜ao aplicada e ˆm´e o vetor que indica a dire¸c˜ao da

magnetiza¸c˜ao. Na Tabela 3.4 apresentam-se alguns valores da magnetostric¸c˜ao de satura¸c˜ao de alguns materiais.

Figura 1.20: Valores da magnetostric¸c˜ao de satura¸c˜ao de alguns materiais [7].

(44)

de tens˜ao. Por exemplo, se o produto λσ > 0, a equa¸c˜ao possui um m´ınimo quando o produto escalar entre ˆue e ˆmassume seu valor m´aximo, ou seja, h´a o surgimento de um eixo

f´acil de magnetiza¸c˜ao paralelo ao eixo da tens˜ao. Caso o produtoλσ <0, a Equa¸c˜ao 1.58 se torna positiva, e o m´ınimo agora s´o acontece quando o produto escalar ˆue ˆm´e zero, ou seja, h´a o surgimento de um eixo f´acil de magnetiza¸c˜ao na dire¸c˜ao ortogonal ao eixo de tens˜ao.

Para o caso de filmes nanom´etricos ferromagn´eticos, a medida da magnetostric¸c˜ao ´e extre-mamente complicada de ser obtida, devido ao fato do filme se aderir ao substrato impendido que seu comprimento varie livremente. No fim a maior parte da energia magnetoel´astica nos filme se dar no momento da produ¸c˜ao da amostra, devido ao surgimento de muitas tens˜oes internas. Este fato serve de base para a maioria das explica¸c˜oes na literatura sobre as medidas observadas nos materiais Heusler.

1.7

Dom´ınios e Paredes de Dom´ınios Magn´

eticos

1.7.1

Dom´ınios Magn´

eticos

J´a foi visto no ´ınicio deste cap´ıtulo que devido `a intera¸c˜ao de troca os materais ferro-magn´eticos s˜ao caracterizados por possuirem uma intera¸c˜ao entre os ´ım˜as elementares ou momentos magn´eticos de sua estrutura, ou seja, apresenta uma magnetiza¸c˜ao espontˆanea mesmo sem estar na presen¸ca de um campo magn´etico externo aplicado. Al´em disso, a sua magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao depende da temperatura a qual o material ´e submetido, caindo para zero em um valor de temperatura bem definida para cada material ferromagn´etico, conhecida como temperatura de Curie. Na Figura 2.8 tem-se o gr´afico de MS versus T, a

temperatura de Curie corresponde ao ponto onde um material deixa de ser ferromagn´etico e passa a ser paramagn´etico[2].

J´a foi discutido acima, que embora os momentos magn´eticos devam estar alinhados na escala microsc´opica, ´e poss´ıvel encontrar materiais ferromagn´eticos com uma magnetiza¸c˜ao fraca ou at´e mesmo desmagnetizado. Para solucionar este problema Weiss teve que conside-rar, que atrav´es do processo de minimiza¸c˜ao da energia livre magn´etica, surgia nos materais ferromagn´eticos pequenas regi˜oes, distribu´ıdas no material com uma magnetiza¸c˜ao igual a magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao. Estas pequenas regi˜oes ficaram conhecidas como dom´ınios magn´eticos e assim quando um material est´a desmagnetizado abaixo da temperatura de Cu-rie, era devido a estes dom´ınios estarem dispostos de tal forma que a magnetiza¸c˜ao total ´e nula[12].

(45)

Figura 1.21: Gr´afico da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura, o ponto onde a curva toca o eixo T corresponde a temperatura de Curie.

Figura 1.22: Exemplo de estruturas de dom´ınios magn´eticos cuja resultante ´e uma magne-tiza¸c˜ao nula [2].

(46)

1.7.2

Paredes de Dom´ınio

As paredes de dom´ınio representam a zona de transi¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos. Na regi˜ao da parede, a magnetiza¸c˜ao sai do estado em que se encontra num dado dom´ınio e aproxima-se gradualmente da orienta¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao do dom´ınio adjacente. As paredes de dom´ınio s˜ao primeiramente classificadas pelo ˆangulo formado entre os vetores que representam as magnetiza¸c˜oes dos dom´ınios adjacentes [5]. Os caso mais comuns s˜ao os das paredes de dom´ınio de 180◦, cujas magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes s˜ao

opos-tas e as paredes de 90◦, cujas magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes s˜ao perpendiculares,

representadas respectivamente na Figura 2.3.

Figura 1.23: Classifica¸c˜ao das paredes de dom´ınio com rela¸c˜ao ao ˆangulo de orienta¸c˜ao entre a magnetiza¸c˜ao dos dom´ınios adjacentes. a) Paredes de dom´ınio de 180◦ e b) Paredes de

dom´ınio de 90◦ [12].

As paredes de dom´ınios magn´eticos, al´em de serem classificadas com rela¸c˜ao ao ˆangulo de orienta¸c˜ao das magnetiza¸c˜ao de dom´ınios adjacentes, tamb´em podem ser classificadas com rela¸c˜ao ao padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos dentro da parede de dom´ınio. Dentro deste contexto, temos dois tipos de classifica¸c˜ao: as paredes de Bloch e as paredes de N´eel.

As paredes de Bloch [2][5] correspondem as paredes cujo padr˜ao de rota¸c˜ao dos momentos magn´eticos ocorre fora do plano dos dom´ınios magn´eticos adjacentes. J´a as paredes de N´eel [18] correspondem as paredes cujo padr˜ao de rota¸c˜ao dos momentos magn´eticos ocorre no mesmo plano dos dom´ınios magn´eticos adjacentes. As figuras 1.24 1.25 mostram o compor-tamento destes dois tipos de paredes.

(47)

Figura 1.24: Representa¸c˜ao da estrutura interna da parede de Bloch, onde o padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos ocorre para fora do plano dos dom´ınios adjacentes [19].

Figura 1.25: Representa¸c˜ao da estrutura interna da parede de N´eel, onde o padr˜ao de rota¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos ocorre dentro do plano dos dom´ınios adjacentes [19].

(48)

Cap´ıtulo 2

Modelo Te´

orico para a Magnetiza¸c˜

ao

e o Processo de Minimiza¸

ao da

Energia

A partir de agora ser´a analisado como se d´a o processo de magnetiza¸c˜ao atrav´es da mi-nimiza¸c˜ao da energia livre magn´etica. Para isto, ser´a usado m´etodos anal´ıtico e num´erico de minimaza¸c˜ao de energia afim de construir as curvas de histerese para materiais que pos-suam anisotropias magnetocristalinas c´ubicas do tipo (100), (110) e uniaxial, no intuito de se testar o m´etodo.

2.1

Processo de Magnetiza¸c˜

ao

Antes de descrever o m´etodo de calcular as curvas de histerese, se faz necess´ario entender o processo de magnetiza¸c˜ao, para poder construir um m´etodo que solucione o problema.

O processo de magnetiza¸c˜ao de um material ferromagn´etico consiste na evolu¸c˜ao da mag-netiza¸c˜ao quando este ´e submetido a presen¸ca de um campo magn´etico externo. Os dom´ınios magn´eticos e as paredes de dom´ınios se rearranjam `a medida que o campo tem seu valor mu-dado gradualmente. A cada novo valor, o sistema tende a estar em um estado de equil´ıbrio, que ´e identificado justamente quando se obt´em a minimiza¸c˜ao da energia [24][9].

(49)

o campo magn´etico ´e nulo, os dom´ınios ainda est˜ao parcialmente alinhados de tal forma que h´a uma magnetiza¸c˜ao, mesmo n˜ao havendo valor de campo. O ponto que em que a curva toca o eixo das ordenadas ´e conhecido como magnetiza¸c˜ao remanente. Quando se passa a inverter o sentido do campo, a magnetiza¸c˜ao de cada dom´ınio se desalinham at´e um ponto em que a magnetiza¸c˜ao total se torna nula mesmo na presen¸ca de um campo externo. A este ponto onde a curva toca o eixo das abscissas, o campo ´e chamado de campo coercivo. Ent˜ao a coercividade de um material representa a situa¸c˜ao em que um campo aplicado anula a magnetiza¸c˜ao deste, mesmo depois de magnetizado. `A medida que o campo tem seu valor aumentado no sentido oposto, os dom´ınios iram se alinhado at´e a magnetiza¸c˜ao do material saturar no sentido em que o campo se encontra. Quando o valor do campo ´e diminu´ıdo at´e inverter seu sentido, a magnetiza¸c˜ao segue por outro caminho, mas sim´etrico `a curva anterior at´e saturar novamente. A esta curva se d´a o nome de histerese e ela representa um fenˆomeno termodinˆamico irrevers´ıvel [9][11][21][24]. A Figura 2.1 representa a curva de histerese de um material ferromagn´etico na presen¸ca de campo e com estrutura de dom´ınios esquematizandos para representar os respectivos estados dos pontos acima descritos.

Figura 2.1: O esquema acima mostra como a magnetiza¸c˜ao de um material magn´etico varia em fun¸c˜ao da intensidade do campo ferromagn´etico aplicado sobre ele [20].

(50)

A largura da curva de histerese na Figura 2.2 representa a coercividade do material. ela pode ser larga, o que caracteriza um material duro, ou seja, ´e necess´ario valores alto de campo magn´etico para poder saturar o material, j´a quando essa abertura ´e mais estreita, o material ´e dito macio, devido a sua satura¸c˜ao ser atingida para valores bem menores de campo, ou seja, um material dito duro tem um campo coercivo relativamente alto, j´a um material ´e dito macio se este tem um campo coercivo relativamente baixo [24].

Figura 2.2: Curvas de histereses magn´eticas t´ıpicas: a) de um material magn´etico duro e b) de um material magn´etico macio.

2.2

etodo de Minimiza¸c˜

ao

Existem v´arios m´etodos anal´ıticos e num´ericos para o c´alculo das curvas de magnetiza¸c˜ao. A maioria consiste no c´alculo do estado de equil´ıbrio do sistema e se baseiam na teoria de campo m´edio, ou seja, a primeira aproxima¸c˜ao que se pode fazer ´e substituir todas as flutua¸c˜oes existentes no sistema pelo valor m´edio. No geral, est´a formula¸c˜ao apresenta uma solu¸c˜ao, pelo menos, em princ´ıpio [22]. A Figura 2.3 d´a uma ideia da teoria de campo m´edio.

Imagem

Figura 1.2: Gr´afico da magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao para o ferro, n´ıquel e o cobalto em fun¸c˜ao da temperatura [7].
Figura 1.5: Representa¸c˜ao dos vetores magnetiza¸c˜ao e campo magn´etico em coordenadas esf´ericas.
Figura 1.9: Dependˆencia da magnetiza¸c˜ao com o campo externo aplicado ~ H ao longo de diferentes eixos dos cristais de Fe(figura a)) e Ni(figura b)) [15].
Figura 1.12: Esquema mostrando o crescimento de um filme de um material com simetria c´ ubica na dire¸c˜ao [111].
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Referências

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