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Participantes da pesquisa: nosso público

Capítulo 3 A interdisciplinaridade nos documentos oficiais

4.1 Participantes da pesquisa: nosso público

O público da nossa pesquisa se constitui de oito professores universitários que trabalham tanto na formação inicial e contínua de professores, como atuam na pesquisa em Ensino de Ciências. Desses professores analisados, quatro foram consultores dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNEM e PCN+)12 e dois foram consultores dos

documentos Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM de 2004 e 2006). Entrevistamos, também, quatro professores do Ensino Médio da Diretoria de Ensino da Região de Tupã-SP, os quais trabalharam nos anos de 2003 e 2004 com a proposta de projetos de trabalhos interdisciplinares e o supervisor de ensino dessa Diretoria, responsável pela implementação da proposta. Ouvimos ainda, três alunos da pós-graduação no Ensino de Ciências - Modalidade Química da Universidade de São Paulo sobre essa proposta de currículo integrado, visto que alguns deles atuam diretamente no Ensino Médio e futuramente atuarão na formação de professores.

Professores/pesquisadores e formadores

P1 e P2 atuam como professores de química no ensino superior. O primeiro mantém

interesse de pesquisa focado em conteúdos curriculares de química, ensino-aprendizagem de química, formação contínua de professores. O segundo trabalha com pesquisa no ensino de química, especificamente com a formação contínua de professores de ciências naturais, no desenvolvimento de currículo na área de ciências e suas tecnologias.

P3, P4 e P6 são professores de física no nível superior. P3 se dedica à formação de

professores e à orientação curricular para a educação básica. Dirige, também, atividades de

12

A fim de manter a privacidade dos nossos entrevistados, usamos siglas: P1; P2... P16, e nomes fictícios

relacionados às suas metodologias de trabalho quando à elas nos referirmos. Esses nomes estão entre aspas e sublinhados. Esse procedimento foi adotado em todas entervistas.

49 extensão universitária e de pesquisas sobre ensino superior. P4 tem interesse de pesquisa

voltado para o ensino de física, ciência cognitiva, história da ciência e interdisciplinaridade. P6 desenvolve pesquisa na área de educação, com ênfase em ensino de física.

P5 é professor universitário, atuando na área de educação, com ênfase em

fundamentos da educação.

P7 exerce atividades de docência no Ensino de Ciências, com interesse de pesquisa

em currículo voltado para a concepção de disciplina sócio-histórica.

P8 atua no desenvolvimento de currículo escolar em ciências naturais, na formação

inicial e contínua de professores de ciências.

Alunos da pós-graduação no Ensino de Ciências-modalidade Química

Com relação aos alunos da pós-graduação13 procuramos ouvir os que já tinham certa

vivência neste nível de ensino, procurando evidenciar o como e o quanto as disciplinas do mestrado e o convívio acadêmico exerceram de mudança nas suas concepções de currículo integrado. Assim, optamos por alunos que haviam qualificado (P10) ou próximo da

qualificação (P9), ou que já haviam terminado as disciplinas obrigatórias (P11).

P9 tem lecionado na escola pública há dez anos e lecionou na particular por três

anos. Possui formação em licenciatura em química pela Fundação Instituto de Ensino de Osasco-FIEO, atualmente UNIFIEO. Atualmente faz pós-graduação, nível mestrado no Ensino de Ciências - modalidade Química na Universidade de São Paulo-USP, desde 2004.

P10 atua na rede particular há oito anos. É bacharel em química pela Universidade

Mackenzie, com pedagogia em administração escolar pela Universidade de São Paulo. Fez mestrado em Ensino de Ciências-modalidade Química pela Universidade de São Paulo- USP, tendo defendido sua dissertação em 2007.

P11 lecionou por dois anos na escola pública e um ano na particular. É licenciado em

química pela Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF. Atualmente cursa mestrado no Ensino de Ciências-modalidade Química, com início em 2005.

Professores do Ensino Médio da Diretoria de Ensino-Região de Tupã-SP

50 A Diretoria de Ensino–Região de Tupã-SP foi constituída inicialmente com a denominação de DESN14 (Delegacia de Ensino Secundária e Normal), atendendo aos cursos: ginásio, científico, clássico e normal. Essa delegacia passou a coexistir com a DEB (Delegacia de Educação Básica-antigo primário). Em janeiro de 1976 ocorreu a sua fusão num único órgão, denominado D.E. (Delegacia de Ensino), sendo jurisdicionada à DRE de Marília (Delegacia Regional de Ensino). A partir de 23 de março de 1994, passou a denominar-se “Prof. Katsumi Nakayama”15.

Na gestão do governo Mário Covas, houve uma reestruturação da rede de ensino, havendo o fechamento das DREs. Nessa nova organização, a D.E. de Tupã passou a ser denominada Diretoria de Ensino–Região de Tupã16, tornando-se a instância de representação da SEE (Secretara de Estado de Educação), abrangendo os municípios de Tupã, Bastos, Iacri, Herculândia, Quintana, Arco Íris, João Ramalho, Parapuã, Quatá, Queirós, Rancharia, Ajicê e Rinópolis, denominando-se então, Diretoria de Ensino-Região de Tupã.

Para as nossas entrevistas, selecionamos alguns professores das escolas jurisdicionadas a essa Diretoria.

O professor P12 leciona química na escola pública EE de Parapuã, na cidade de

Parapuã-SP17, exercendo atividade no magistério há trinta anos e trabalhou na escola particular por um período de três anos. Formado em ciências com complementação no ensino de química na Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente - APEC, atualmente conhecida como Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, que se situa a cento e trinta quilômetros da cidade Tupã-SP.

14 DECRETO N. 52.707, de 11 de março de 1971. Cria a Delegacia de Ensino Secundário e Normal e das

Providências correlatas. Roberto Costa de Abreu Sodré, governador de São Paulo, no uso de suas atribuições, e considerando a expansão da rede de ensino médio decorrente de criação e instalação de ginásio e colégios. Considerando a necessidade de se propiciar aos novos estabelecimentos a imprescindível assistência técnica e administrativa, decreta: Artigo 1º - Ficam criadas 03 (três) Delegacias de Ensino Secundário e Normal, localizadas nas cidades de Mogi das Cruzes, Lorena e Tupã, respectivamente nas DRE de Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Bauru.

15 LEI Nº 8.632, de 23 de março de 1994 (Projeto de lei nº 796/93, do deputado Dalla Pria). Confere a

denominação à Delegacia de Ensino de Tupã.

16 DECRETO Nº 43.948 de 09 de abril de 1999. Artigo 1º - As delegacias de Ensino da Secretaria de

Educação, criadas pelo Decreto nº 7.510, de 09 de janeiro de 1976, que integram os anexos I e II do Decreto nº 39.902 de 1º de janeiro de 1995, com alterações posteriores, passam a denominar-se diretoria de ensino.

51 P13 atua como professor de geografia e coordenador na EE Tsuya Ohno Kimura, na

cidade de Bastos-SP18. É bacharel e licenciado em geografia pela Universidade Estadual de Londrina-UEL, lecionando no ensino público há dezessete anos e há oito anos em escola particular.

P14 leciona química na escola pública EE Aristides Rodrigues Simões há vinte e

quatro anos, na cidade de Herculândia-SP19. Possui licenciatura no Ensino de Ciências e complementação no ensino de química, na mesma instituição de P12.

P15 leciona na mesma unidade escolar de P14, atuando no ensino público desde 1981,

sendo formado em licenciatura e bacharelado em Química pela Faculdade Auxiliadora de Lins-FAL.

P16 é supervisor de ensino da Diretoria de Ensino-Região de Tupã-SP, formado em

Letras, com trinta e quatro anos de atuação como professor de Ensino Médio e Superior e vinte anos de supervisão, sendo responsável pela proposta de trabalhos por projetos interdisciplinares no Ensino Médio na D.E.- Região de Tupã, nos anos de 2003 e 2004.

A justificativa para a escolha dos entrevistados refere-se ao fato de que esses professores estavam exercendo suas atividades, nos anos de 2003 e 2004, quando da implantação da proposta de trabalho com projetos interdisciplinares, que deveriam ser implantados em todas as três séries do Ensino Médio da Diretoria de Ensino de Tupã. Essa proposta começou gradativamente com as primeiras séries, no ano de 2003, estendendo-se para as segundas e terceiras séries, no ano de 2004. Consideramos, também, o tempo de atuação desses professores no ensino da rede pública e qual o efeito desses anos de atuação com uma prática consolidada pudesse exercer nessa proposta de trabalho interdisciplinar.

4.2 Análise dos dados