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particulares dos seus estilos motivacionais.

Krug (1978:58), falando acerca do trabalho com comunidade, nos diz que, para o início de um trabalho de motivação da comunidade, faz-se mister

“precisarmos a motivação ou motivações” que justificam um trabalho participativo, ou

seja, encontrar “um motivo suficientemente forte para justificá-lo”. Trata-se, pois, de levar a reflexão que dê conta de apresentar a realidade com suas necessidades de mudanças, despertando a comunidade para tanto e tornando-a capaz de decidir sobre sua intenção de participação ou não.

Portanto, para o referido autor, o essencial é instigar a vontade de mudar. Para tanto, torna-se necessário, de acordo com Krug (1978: 60), a interpretação, ou seja, o “aciareamento dos o b je t iv o s Equivale ao esclarecimento à população quanto à posição do técnico e quanto ao que se está fazendo, o que se pretende, com quais objetivos e quais os interessados. Com base nessas informações, a população tem maior poder de decisão e autodeterminação, facilitando, também, a mobilização.

Para o autor (1978:60), a interpretação e a motivação estão associadas, uma vez que, destas, resulta o “descobrimento de lideranças”, descobrimento este importante devido à necessidade de continuidade do trabalho e também pelo risco de centrar o trabalho em velhas lideranças.

Destaca ainda Krug (1978: 64) a importância do conhecimento da realidade , isto é, um “diagnóstico” capaz de oferecer aos participantes uma visão global da comunidade. Para Krug (1980), o processo acima descrito refere-se á mobilização comunitária.

Dalmás (1994:43), analisando a participação no processo de planejamento participativo escolar, refere-se à motivação como indispensável a sua consecução. Nas palavras do autor:

Se o objetivo é assumir um processo, pelo qual se visa organizar a ação, em vista de um ideal que se busca, há necessidade de que os que se envolverem estejam suficientemente incentivados, a fim de que se sintam motivados para a participação. Na tarefa de despertá-los para a participação e o planejamento, é imprescindível que tenham consciência

de que, como participantes do processo, são sujeitos e, por isso mesmo, em condições de comprometer-se e assumir. Embora o planejamento participativo seja, na realidade, um movimento de

‘dentro para fora', jj

acredita-se que um impulso externo seja necessário. A motivação é um N

- dos elementos favorecedores do envolvimento dos participantes no

processo. Cabe à equipe coordenadora, por seu entusiasmo e crença, estabelecer um clima que conduza o gnjpo a se decidir por assumir a tarefa.

Percebe-se que o autor estabelece um caráter de indissociabilidade entre motivação, mobilização e participação, como sendo ações que encarnam um mesmo movimento e ocorrem de forma concomitante. Também Cornely (1978:24) acredita que “decorrente da motivação surge a tendência a mobilização”. Dalmás (1994:97)

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ao interpretar as palavras de Lima (“motivarnão é senão mobilizaras forças físicas e

psicológicas e levar os participantes ao pleno engajamento”), o faz de forma

contundente, afirmando que: “motivar é mobilizar, isto é, desafiar a pessoa como um

todo, com o objetivo de que se comprometa e assuma plenamente o processo” do

qual seja participante.

Reafirmando esta posição, Dalmás (1994:58), citando Souza, entende que não há dúvida de que cabe aos responsáveis propiciar o clima de envolvimento e

"{...) oportunizar a participação de modo que as pessoas se sintam motivadas, envolvidas e co-responsáveis no desenvolvimento da tarefa ou decisão e maior comprometimento nos resultados a serem obtidos.”

Portanto, a motivação refere-se à identificação e, à sensibilização em torno de uma razão, de uma causa, de algo que provoque nas pessoas a vontade de se envolver, atribuindo, assim, um sentido à sua participação. É a atitude de despertar a | vontade de participar, isto é, é provocar a ação que poderá levar a população à satisfação de suas necessidades e interesses, pela possibilidade que ela tem de interferência no processo decisório municipal.

Importa, pois, para efeito de PEP, encontrar-se o fator motivacional correspondente aos diversos grupos de interesses e/ou entidades organizadas

existentes no município, tendo em vista a motivação que os levará a mobilizar-se para a participação, envolvimento e engajamento no processo de planejamento .

A finalidade da motivação, no presente contexto, é a mobilização para a participação no PEP.

Esta categoria, não prevista inicialmente na pesquisa, foi incluída em seu decurso, devido à associação entre motivação e mobilização, teoricamente apontada e comprovada na opinião dos entrevistados, conforme pode ser observado no Capítulo III desta dissertação.

3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Considerando-se que os PEP’s realizados nos Municípios de Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz constituem-se em objeto de estudo da presente pesquisa, torna-se necessário tecer algumas considerações acerca da operacionalização dos

PEP’s nesses Municípios.28

3.1 O PEP em Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz

A idéia de realização do PEP no Município de Palhoça surgiu de um contato do Núcleo de Assessoria e Pesquisa em Políticas Públicas (POLISUL) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a Prefeitura do referido município, com o objetivo de oferecer a execução de um Planejamento Estratégico e Participativo para o Município, conforme pode ser observado, a seguir, pelo ENTREVISTADO n.° 06, de Palhoça:

Na época em que nós instalamos esse tipo de estudo em Palhoça, todo mundo ficou um pouco apreensivo, até porque nunca tinha sido feito. Muito embora a gente já tivesse conhecimento que em outros municípios já havia sido aplicado. O professor Joel chegou, se dirigiu à Prefeitura, e pediu para que fosse implantado lá, através do Prefeito, e o Prefeito nos mobilizou ...

A proposta foi inicialmente apresentada pelo Professor Joel Souto-Maior, então Coordenador do POLISUL/UFSC, em reunião realizada na Prefeitura Municipal de Palhoça, com a presença do então Prefeito Reinaldo Weigartner e de seus assessores e secretários municipais.

Assumida a proposta, o PEP foi desenvolvido no Município de 03 de abril a 12 de maio de 1993.

28 Um estudo detalhado das condições históricas, culturais, ambientais, econômicas e sociais destes municípios,