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PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO E ARQUEOLÓGICO

No documento ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL (páginas 130-134)

Agrostis commista Cytisus multiflorus Agrostis x fouilladei Plantago major

MAMÍFEROS

4.11. PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO E ARQUEOLÓGICO

O Descritor do Património do EIA em apreço corresponde à avaliação do património arqueológico, arquitetónico e etnográfico da área onde se implanta a presente pedreira.

A intervenção arqueológica iniciou-se com a identificação dos sítios arqueológicos ou imóveis de valor patrimonial reconhecidos na zona, recorrendo-se às bases de dados dos ex-institutos da tutela, nomeadamente o Instituto Português de Arqueologia (IPA), Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) e Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), atualmente englobados no Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR, I.P). A maior relevância foi conferida à freguesia de implantação da indústria extrativa, e em particular à zona envolvente da área de incidência.

Após o reconhecimento documental e bibliográfico, foi então realizado o trabalho de campo que consistiu na prospeção sistemática da zona afetada, tendo-se atribuído uma margem de avaliação de cerca de 500 metros sobre o perímetro do projeto.

4. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

Relatório Técnico – Ampliação da Pedreira n.º 6314 “Lastra do Traugal”

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4.11.1. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA

Localizada perto das arribas do Douro e a cerca de 15 quilómetros a Sul da sede do concelho, Bruçó faz parte do Parque Internacional do Douro Litoral, fazendo a divisão entre Portugal e Espanha através das suas abruptas penedias e grandes profundidades de vale. Se numa das suas margens a presença física do Homem é impossibilitada pelas condições geomorfológicas do território, no resto da área as arribas tornaram-se produtivas, sendo adaptadas para o cultivo da azeitona.

Desconhece-se, atualmente, a origem do nome Bruçó, sendo que segundo algumas opiniões este topónimo deverá ser degeneração de um topónimo original que poderia ser Braçó, algo relativo a uma ferramenta utilizada no corte da vegetação.

A primeira referência escrita que se conhece a Bruçó data de 1512 e surge no foral da Bemposta. Antes desse foral, o “villar” de Bruçó terá nascido com a dominação cristã de Mogadouro, daí que a primeira fundação tenha sido, provavelmente, a igreja de Nossa Senhora da Assunção, situada nas proximidades da ermida de Santa Bárbara.

Após o final da donataria dos Távoras, em 1759, Bruçó passa a ser governado por um juiz de vara e quatro homens de governança, quadro quadrilheiros, dois alcaides e um procurador, que se encontravam dependentes da justiça de Mogadouro.

Contudo, a origem de Bruçó deverá remontar a uma antiguidade mais tardia, sendo que nas suas imediações se conhecem alguns sítios arqueológicos que indiciam a presença do ser Humano nestas terras desde há muitos séculos. É disto exemplo o Castelo Velho de Bruçó, ou Castelo dos Mouros. Trata-se de um pequeno povoado fortificado da Idade do Ferro, situado no relevo terminal do planalto mirandês, na margem direita do rio Douro.

O sítio tem boas condições de defesa natural, sendo que uma das suas vertentes corresponde a uma arriba abrupta que se desenvolve sobre o leito do rio Douro, criando um declive quase vertical. Aliado a este sistema de defesa natural, o povoado possui também uma linha de muralha que a Norte se encontra com um potente torreão, um campo de pedras fincadas e um fosso.

A ocupação antiga desta região terá ficado também na memória do povo, transformada em lendas, contos populares e festividades, que deixaram preservar algumas tradições que poderão ter uma origem pagã. É então o caso do ritual da “festa dos velhos”, que celebra o solstício de Inverno.

4. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

Relatório Técnico – Ampliação da Pedreira n.º 6314 “Lastra do Traugal”

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4.11.2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o estudo da área em causa foi essencialmente dividida em duas partes. Por um lado, a pesquisa documental e bibliográfica de forma a identificarem-se as ocorrências de interesse patrimonial localizadas na envolvente da unidade do projeto – “área de estudo” – correspondente à área da pedreira, bem como a sensivelmente 500 metros em torno desta.

A esta fase segue-se o trabalho de campo, sendo levada a cabo uma campanha de prospeção sistemática sobre a área de incidência do projeto, com o objetivo de identificar as ocorrências assinaladas na primeira fase estudo, complementando com novos registos que possam surgir. Os achados são alvo de registo fotográfico, bem como preenchimento de uma ficha de campo de onde constam diversos dados que contribuem para a sua caracterização.

Numa primeira fase do estudo procedeu-se à identificação de ocorrências patrimoniais na área do projeto e sua envolvente. Essencialmente a pesquisa baseou-se nas seguintes fontes de informação:

- Bibliografia especializada;

- Base de dados do IGESPAR, IP.;

- Listagem de imóveis classificados do IGESPAR, IP.;

- Carta de Condicionantes de Mogadouro;

- Carta Militar de Portugal;

- Carta Geológica de Portugal.

Relativamente ao património arqueológico e edificado que possa existir na área de incidência do projeto bem como na sua envolvente imediata, não existem referências a ocorrências que estejam próximas e que possam vir a ser afetadas pela execução da obra. Abre-se apenas uma exceção para a linha de caminho-de-ferro do Sabor, atualmente desativada. Fazia a ligação entre o Pocinho (Linha do Douro) e a estação de Duas Igrejas (Miranda do Douro). De facto, um troço desta antiga via confronta com o atual terreno da pedreira, encontrando-se bastante próximo da área de extração.

Este troço de linha ferroviária foi inaugurado no dia 10 de Janeiro de 1887 e o objetivo principal do projeto desta linha seria fornecer uma ligação ferroviária ao Planalto de Miranda bem como a outros importantes locais de recursos naturais na região como as minas de ferro de Torre de Moncorvo ou os depósitos de alabastro de Santo Adrião.

4. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

Relatório Técnico – Ampliação da Pedreira n.º 6314 “Lastra do Traugal”

122 Devido à construção de auto-estradas e melhoramento de estadas já existentes a linha foi perdendo a sua importância até que, em Agosto de 1988, se dita o seu encerramento, justificado segundo a CP pela falta de afluência de passageiros. Atualmente um troço desta linha de caminho-de-ferro foi transformada em ciclopista e o restante encontra-se ao abandono.

O troço que confronta com o atual terreno da pedreira não possui carris, sendo que se observa apenas o seu traçado, por vezes escavado na rocha, mas ainda bem delimitado em grande parte do percurso. Ressalva-se a sua importância histórica como contributo para o conhecimento do caminho-de-ferro em Portugal e a sua evolução.

O trabalho de campo consistiu numa prospeção arqueológica sistemática da “área de incidência” do projeto, correspondente à área total a licenciar para a exploração da pedreira, bem como numa faixa de terreno de cerca de 500 metros sobre a envolvente dos terrenos da pedreira.

Esta observação do solo foi por vezes condicionada devido à intensa vegetação rasteira e arbustiva existente na zona, mas também por áreas de acumulação de detritos resultantes da própria atividade de exploração que, concentrados em grandes escombros, cobram grande parte da área a prospetar e dificultam a progressão no terreno.

4.11.3.

INVENTÁRIO PATRIMONIAL

Após a conjugação das duas fases de trabalho descritas nos parâmetros anteriores (pesquisa documental e prospeção arqueológica) foram identificadas algumas ocorrências de valor patrimonial, que incidem sobretudo em materiais ocorrências de valor etnográfico, mais concretamente muros de divisão de propriedade.

4. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

Relatório Técnico – Ampliação da Pedreira n.º 6314 “Lastra do Traugal”

123 Quadro 30: Identificação das ocorrências patrimoniais

Área N. Designação Tipo de sítio Período cronológico Tipo de interesse patrimonial Classificação/proteção 1 Muro 1 da Lastra do Traugal Muro Moderno/

Contemporâneo Etnográfico Sem Proteção 2 Muro 2 da Lastra do

Traugal Muro

Moderno/

Contemporâneo Etnográfico Sem Proteção

No documento ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL (páginas 130-134)