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4 CONFIGURAÇÕES DA PROPOSTA DE UMA AVALIAÇÃO EM

4.3 O PEC-G como via de inserção de estudantes estrangeiros nas instituições-

4.3.2 O PEC-G nos circuitos virtuais oficiais: Os sites do DCE/MRE e da

Uma pesquisa em sites de busca nos fornece em primeiro lugar, quando - ites governamentais do Ministério das Relações Exteriores(MRE), mais especificamente da Divisão de Temas educacionais, e do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Em seguida, mais abaixo nas pesquisas, nos fornece páginas de algumas embaixadas e das universidades que ofertam vagas por este programa.

Perseguindo o fluxo de informações fornecidos por esta pesquisa, chega-se à ter referências mais gerais sobre o programa a partir do que é produzido e divulgado como texto institucional por parte dos Ministérios da Educação (MEC) e das Relações Exteriores (MRE). Os objetivos, linguagem e informações mínima a serem fornecidas à população são disciplinadas pela Portaria Ministerial Nº 140 de 16 de março de 2006, devendo-se pautar pelo princípio da transparência, requerendo assim uma linguagem acessível ao cidadão. Nestes sites, correspondendo em parte as exigências da referida portaria, temos traduções das informações para as línguas inglesa e francesa, além do português básico. Não se percebe traduções para línguas como o Criolo.

Iniciamos a exposição por uma descrição das informações constantes nesses sites, para então apresentar um histórico das legislações que dão subsídio ao programa e os Manuais produzidos para orientar e direcionar o estudante-convênio em seu percurso formativo.

Apresentar textos produzidos para divulgação em páginas da rede mundial de computadores a respeito do Programa PEC-G se justifica por entendermos ser esta uma primeira fonte de informações que o cidadão pode consultar a respeito do referido programa.

Na estrutura organizacional do MRE, o Departamento de Temas Educacionais cuida dos processos de cooperação educacional entre o Brasil e outros países. O site do referido departamento evidencia uma preocupação crescente com as cooperações educacionais, marcando uma modificação nas prioridades do ministério, o qual tradicionalmente se voltava mais à segurança das fronteiras, ao diálogo político e à defesa de setores do comercio exterior.

O benefício mútuo é pontuado como finalidade das relações internacionais, requerendo uma aproximação entre cooperação internacional promoção da convivência cultural das sociedades e o desenvolvimento econômico e social dessas culturas que se aproximam através das relações bilaterais.

Estes benefícios, segundo se pretende, são de ordem econômica, política e cultural, delineando os âmbitos de atuação do Departamento em pauta. O benefício econômico se dá pela formação da mão de obra e sua interferência no desenvolvimento econômico dos países com os quais se faz parceria. O benefício político se dá com a aproximação entre os Estados, com vista à solidariedade e respeito especialmente nas relações com países em desenvolvimento. Os benefícios culturais, por sua vez, se referem ao aprendizado do idioma e a troca de experiências enquanto contributos ao estreitamento de laços culturais, conhecimento da realidade de outros países e compreensão mútua entre indivíduos.

Outros órgãos governamentais são citados, como o CNPq e a CAPES, os quais possuem atuação específica nas relações internacionais de cunho educacional. Conforme levantamento inicial, estudantes do PEC-G/IFCE estão vinculados às pesquisas, recebendo bolças e se engajando na produção científica e tecnológica (PEDROSA, 2014).

A Divisão de Temas Educacionais trata especificamente dos assuntos relativos à cooperação educacional por meio de respostas à consultas relacionadas aos temas. Além disso, coordena em conjunto com o MEC o PEC-G bem como o PEC-PG (no qual se envolve também o Mistérios de Ciência e Tecnologia). Negocia acordos e programas executivos internacionais e outros atos do executivo referentes à cooperação, divulgando oportunidades de emprego e bolsas de estudo oferecidas à brasileiros. Percebe-se que em seus objetivos a gestão do PEC-G, em detrimento á outros programas, aparece em destaque, sugerindo certa relevância no programa.

No Ministério da Educação, a SESu, através de sua Coordenação-Geral de Relações Estudantis e por uma coordenação específica, responsabiliza-se pela gestão do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G).

Na página do MEC para o PEC-G, este é referido como uma oportunidade de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil montem acordos educacionais e culturais. Faz menção a idade dos estrangeiros a serem preferencialmente selecionados (de 18 a 23 anos) e o requisito de formação (o ensino

programas de desenvolvimento socioeconômico, acordados entre o Brasil e seus países de

A seleção para o programa ocorre em duas etapas. A primeira é uma pré- seleção feita pelas missões diplomáticas brasileiras em outros países signatários do Protocolo do PEC-G. Daí envia-se uma relação de candidatos para o DCE/DCT/MRE. Na pré-seleção é necessário a apresentação dos seguintes documentos: 1) declaração de compromisso; 2) histórico escolar do ensino médio; 3) comprovante de capacidade econômica dos pais e responsáveis, acompanhado da declaração de conclusão. Todos estes documentos devem vir, a exceção do primeiro, com a devida autenticação do consulado brasileiro.

Também é necessária a aprovação no Celpe-Bras para os candidatos lusófonos. Para a seleção final, conforme a Portaria SESu/MEC Nº 510, de 21 de agosto de 2006, é composta uma comissão específica.

Os sites do MRE e do MEC possuem o mesmo texto referente às perguntas mais frequentes. Estas podem nos dar indicações sobre as informações requeridas e as respostas dadas institucionalmente a respeito do PEC-G.

Sobre a forma de adesão, indica-se que cabe às instituições assinar um Termo de Adesão assinado pelo dirigente máximo da instituição ou seu substituto. Com esse termo, a instituição se responsabiliza por cumprir as normas do programa, explicitando na sua inteireza as cláusulas da legislação em vigor.

A segunda pergunta mais frequente é a respeito da possibilidade de o estudante- convenio trabalhar no brasil. Em resposta, é informado que o visto temporário IV (VITEM IV) não admite o exercício de atividade remunerada que configure vínculo empregatício ou caracterize pagamento de salário ou honorários por serviços prestados. Contudo, o estudante pode participar em estágio curricular, atividades de pesquisa, extensão e de monitoria.

As perguntas seguintes dizem respeito à vida acadêmica, a troca de curso e de instituição, bem como o trancamento de matrícula e à participação em outros programas de mobilidade. Após o primeiro ano de estudos, indica-se que o estudante do PEC-G pode sim mudar de curso e/ou de instituição. Por outro lado, o trancamento de matricula só pode se dar caso ocorra problemas de saúde própria ou de parente em primeiro grau (pai, mãe, filho(a), irmã(o), cônjuge), inclusive por afinidade, cuja comprovação deve ocorrer diretamente junto à Instituição de Ensino Superior.

No entanto, alguém que visite esses sites poderia se perguntar: como o programa chegou a essa estrutura? Quando começou e por que motivos? É um programa recente? Tem sido importante para o país? Todos os estudantes africanos vêm por intermédio do programa?

A seguir, se irá resgatar a história das relações políticos-educacionais entre Brasil e África através das legislações anteriores do PEC-G, buscando entender como as características do programa se delinearam. Nesse sentido, a trajetória do programa nos remete as interfaces possíveis entre a elaboração das leis e protocolos de cooperação e o decurso histórico das relações internacionais na quais o país foi se inserindo.

Decidiu-se por não abordar somente um período no qual aparentemente o programa foi fomentado, a saber, nos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula

da Silva e Dilma Roussef. Essa decisão se justifica pela necessidade de não encarar tal fomento de modo unilateral e positivo, pois evidências diversas nos farão questionar se esses governos não efetivam um determinado momento no ciclo de aproximações e afastamentos históricos entre o Brasil e um de seus continentes parentais. A trajetória do PEC-G, assim, será tomada a partir da trajetória ambígua entre as relações internacionais entre América Latina e a África.

4.3.3 Os manuais do PEC-G: de 2000 a 2013 uma trajetória de reconstrução de