4. Eficiência Energética no Sector Industrial Português
4.2 Sistema de Gestão de Consumos Intensivos de Energia SGCIE
4.2.4 Penalidades e Incentivos
Para além do incentivo económico associado à eficiência energética e consequente redução da demanda de energia, o operador que explore uma instalação CIE abrangida pelo SGCIE, tem como incentivo a isenção do imposto sobre o petróleo (ISP) por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Esta entidade é notificada pela DGEG sobre a identificação do operador que explore uma instalação abrangida por um ARCE. A AT procede então ao reconhecimento da isenção do ISP e notifica os operadores exploradores das instalações CIE da data a partir da qual a mesma produz efeitos ou da revogação da mesma, caso o operador explorador das instalações CIE deixe de cumprir o ARCE. Para além da isenção do ISP, existe ainda os seguintes incentivos:
No caso das instalações com consumos inferiores a 1.000tep/ano, a compensação de 50% do custo das auditorias energéticas obrigatórias, até ao limite de 750€ e na medida das disponibilidades do fundo de eficiência energética existentes para o efeito, recuperáveis a partir do REP que verifique pelo menos 50% das medidas previstas no ARCE;
A compensação de 25% dos investimentos realizados em Equipamentos e Sistemas de Gestão e Monitorização dos Consumos de Energia (ESGMCE) até ao limite de 10.000€ e na medida das disponibilidades do fundo de eficiência energética para o efeito.
No caso das instalações que consumam apenas gás natural e ou renováveis, os limites anteriores são majorados em 25% no caso das energias renováveis e 15% no caso de gás natural.
No que diz respeito a penalidades, o não cumprimento das metas ou não implementação das medidas definidas no ARCE, e nos casos em que no ano seguinte ao REP final, o operador não recupere os desvios, implica o pagamento das seguintes coimas:
Quando o desvio a apurar no final do período de vigência do ARCE for igual superior a 25% mas menor que 50%, 50€ por tep não evitado, o qual é agravado em 100% no caso de reincidência;
Quando o desvio a apurar no final do período de vigência do ARCE for superior a 50%, para além das coimas anteriores, ainda deve ser pago o valor recebido dos incentivos.
Gestão de Consumos de Energia na Indústria – análise crítica e contributos para a reformulação do SGCIE
Mário Silva 77
Tabela 16 - Resumo esquemático do SGCIE.
Tipo de Medidas ≥500tep/ano e <1.000tep/ano ≥1.000tep/ano Observações
Prescritivas/ Obrigatórias
Auditorias Periodicidade de 8 anos, a primeira destas deve ser realizada no ano seguinte ao do registo.
Periodicidade de 6 anos, sendo que a primeira destas auditorias deve ser realizada no prazo de 4 meses após o registo.
Devem ser abordadas as condições de utilização da energia, concepção e o estado da instalação e conter elementos necessários à elaboração do PREn.
PREn/ARCE
Devem prever a implementação de medidas com PRI ≤3 anos;
Melhoria mínima dos indicadores IE e CEE de 4 % em 8 anos;
No mínimo, a manutenção dos valores históricos do indicador IC.
Devem prever a implementação de medidas com PRI ≤ 5 anos;
Melhoria mínima dos indicadores IE e CEE de 6 % em 6 anos;
No mínimo, a manutenção dos valores históricos do indicador IC.
Devem ser elaborados com base nos relatórios das auditorias energéticas obrigatórias, visando o aumento global da eficiência energética, e apresentados à ADENE.
REP
O operador deve apresentar à ADENE os REPs a cada dois anos de vigência do ARCE e até 30 de Abril do ano subsequente ao termo daquele período;
O relatório relativo ao último período de vigência do ARCE deve incluir o balanço final da execução da totalidade do mesmo, considerando -se como relatório final.
Deve referir as metas e objectivos alcançados, desvios verificados e medidas tomadas ou a tomar para a sua correcção.
Incentivos
Isenção do ISP
Para efeitos de reconhecimento da isenção do ISP por parte da AT, esta entidade é notificada pela DGEG sobre a identificação do operador que explore uma instalação abrangida por um ARCE. A AT procede ao reconhecimento da isenção do ISP e notifica os operadores exploradores das instalações.
A AT dá a saber a data a partir da qual a isenção produz efeitos ou da revogação da mesma, caso o operador explorador deixe de cumprir o acordo.
Comparticipação em auditorias e em
ESGMCE
Ressarcimento de 50 % do custo das auditorias energéticas obrigatórias, até ao limite de € 750 e na medida das disponibilidades do FEE existentes para o efeito.
Ao ressarcimento de 25 % dos investimentos realizados em ESGMCE até ao limite de € 10.000 e na medida das disponibilidades do FEE existentes para o efeito.
No caso das instalações que consumam apenas gás natural e/ou renováveis, os limites previstos são majorados em 25 % no caso das renováveis e 15 % no caso do gás natural.
Fiscalização
Solicitar informações e dados relativos à instalação e seu funcionamento;
Aceder aos serviços e instalações e nesse âmbito realizar vistoria e recolher os registos relativos ao funcionamento da mesma.
Responsabilidade da DGEG. Os técnicos incumbidos da fiscalização estão obrigados a assegurar a
confidencialidade dos dados, análises e informações obtidas neste âmbito.
Penalidades
O não cumprimento das metas ou a não implementação das medidas definidas no ARCE, e nos casos em que no ano seguinte ao relatório final de execução o operador não recupere os desvios, implica:
Se o desvio a apurar no final do ARCE for ≥ 25 %, o pagamento pelo operador do montante de € 50 por tep/ano não evitado, o qual é agravado em 100 % em caso de reincidência;
Se o desvio a apurar no final do ARCE for ≥ 50 %, para além do pagamento previsto anteriormente, o pagamento do valor recebido dos Incentivos decorrentes do facto da instalação se encontrar abrangida pelo ARCE.
Mediante despacho do director-geral da DGEG, as penalidades são reembolsáveis em 75 %, se o operador recuperar no ano seguinte à aplicação da penalidade, os desvios ao cumprimento do ARCE que determinaram a aplicação da penalidade.
Responsabilidade da DGEG;
O valor da penalidade prevista do pagamento pelo operador do montante de € 50 por tep/ano não evitado deve ser actualizado anualmente, com base na evolução do índice médio de preços no consumidor do continente, sem habitação, verificado no ano anterior e publicado pelo INE.