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b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.

§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

Agora que você já leu o artigo 33 do CP, é muito importante que você saiba que a pena de reclusão, por ser mais grave, terá execução prioritária, conforme o artigo 76 do CP:

Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave

Com base no teor dos dois artigos que acabamos de estudar juntos, quero que você memorize essa tabela em formato de resumo que vou lhe mostrar:

FECHADO SEMIABERTO ABERTO

LOCAL DE CUMPRIMENTO

Estabelecimento de segurança máxima

ou média –

penitenciária.

Colônia penal agrícola ou industrial (ou estabelecimento similar)

Casa do albergado ou similar.

TRABALHO Está regulamentado na Lei de Execuções Penais.

LEP – na prática, admite-se o trabalho

externo em

instituições privadas.

Pressuposto (regras comuns).

REMIÇÃO Trabalho e/ou estudo Trabalho e/ou estudo Estudo.

AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA – ART.

120 A 125

P.S – permissão de saída (pronto socorro)

P.S ou S.T (saída temporária)

Idem ao semiaberto (analogia in bonam partem).

REGRAS DE FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL: os critérios se encontram nos artigos 33 a 59 do Código Penal. Porém, meu amigo(a), há algumas leis especiais com regras específicas, como, p.ex.

a lei dos crimes hediondos (8.072/90) e a lei de tortura (9.455/97). Ambas estipulam que a pena será cumprida obrigatoriamente em regime inicial fechado, porém, no que tange a Lei dos hediondos, o STF, no julgamento do ARE 1.052.700 (agravo em recurso extraordinário) já reconheceu a inconstitucionalidade desta regra.

VETORES QUE INFLUENCIAM NA DETERMINAÇÃO DO REGIME INICIAL:

a) reclusão ou detenção;

b) reincidência;

c) quantidade de pena (o CPP determina que o magistrado leve em conta o tempo de prisão provisória cumprida durante o processo – art. 387);

d) circunstâncias judiciais (CP, art. 59).

Para que fique mais fácil a sua memorização, veja essa tabela que preparei para você!

* É possível, em tese, que o juiz aplique um regime mais severo do que o previsto em lei.

O art. 387, do Código de Processo Penal, determina que eventual tempo de prisão provisória deverá ser levado em consideração no cálculo do regime inicial. Então imagine a seguinte situação, concurseiro(a): réu primário condenado a 8 anos e 3 meses de reclusão. Entretanto, durante a tramitação do processo, o acusado permaneceu preso preventivamente por 6 meses. Dessa modo, conforme o artigo 387 do CPP, o juiz deverá realizar uma subtração com o valor da pena total e esse 6 meses, ou seja, meu amigo(a), 8a3m – 6m = 7anos 9 meses. Essa deverá ser a pena aplicado para o agente na sentença condenatória. Não se trata de uma detração, pois está é matéria de competência privativa do juízo da execução penal.

A detração encontra-se previstas no artigo 42, do CP:

Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.

Em resumo, moçada, a detração consiste no cômputo na PPL ou na M.S. do tempo de prisão ou internação provisória. Compreendido?! Vamos adiante!

Para fecharmos nosso tópico sobre o estudo das penas, quero que você dê uma atenção especial para o limite de cumprimento de pena privativa de liberdade. Digo isso, pois houve alteração dos limites de cumprimento de pena por conta da Lei Anticrime. Você já sabe né? Inovação legislativa é a cara de qualquer banca examinadora!

Vejamos um antes e depois do artigo 75 do CP:

Reclusão Detenção

Não reincidente

Reincidente Não reincidente

Reincidência

Pena maior que 8 anos Fechado Fechado Semiaberto Semiaberto Pena menor que 8 e

maior que 4

Semiaberto* Fechado Semiaberto Semiaberto

Pena até 4 anos Aberto* Semiaberto* Aberto* Aberto

REDAÇÃO ANTES DA LEI ANTICRIME REDAÇÃO APÓS A LEI ANTICRIME Art. 75. O tempo de cumprimento das penas

privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.

§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.

§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

Desse modo, a limitação de cumprimento da pena privativa de liberdade, se funda na proibição constitucional das penas de caráter perpétuo. Porém, quero que você fique atento ao fato de eu o novo limite só se aplica para os atos ocorridos a partir de 23/01/2020 (novatio legis in pejus) – data de entrada em vigor da Lei Anticrime.

Penas alternativas

As penas alternativas, meu amigo(a) é, também, um gênero, que se divide em penas restritivas de direito (PRD – arts. 43 a 48) e multa (art. 49 a 52). A principal diferença entre ambas as penas alternativas se dá pelo fato de que, em caso de descumprimento, a PRD pode ser convertida em PPL, já a pena de multa não.

Elas foram inseridas no CP com a reforma de 1984 e em 1998 foram ampliadas.

As penas alternativas possuem como características:

Autonomia: indica que as PRDs não são penas acessórias;

Substitutividade: na sentença condenatória, o juiz poderá, preenchidos os requisitos, substituir a PPL por PRD.

Conversibilidade em prisão: em caso de descumprimento injustificado das PRDs impostas, esta poderá ser convertida em PPL. Nos casos em que houver descumprimento injustificado da PRD imposta a conversão em PPL será obrigatória, havendo detração com saldo mínimo de 30 dias.

Os requisitos para substituição nós vamos encontrar no artigo 44 do CP:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;

II – o réu não for reincidente em crime doloso;

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

§ 1o(VETADO)

§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.

§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.

§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

A substituição, nos crimes culposos, ocorrerá desde que o réu apresente circunstâncias judiciais favoráveis (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e circunstâncias do crime), independentemente de qual tenha sido a quantidade de pena aplicada.

Já nos crimes dolosos, o crime não poderá envolver violência ou grave ameaça contra a pessoa e o réu deverá ter suas circunstâncias judiciais favoráveis, e a pena aplicada não poderá ser superior a 4 anos. Porém, aqui nós encontramos uma exceção, que são as infrações penais de menor potencial ofensivo (estas admitirão a substituição de PPL por PRD, ainda que cometidas com violência o grave ameaça contra pessoa, p.ex. art. 129, caput, do CP e art. 147 – fundamento para isso é o princípio da especialidade).

Fique atento, meu amigo(a), ao fato de que, nos crimes envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, conforme a súmula 588 do STJ, é vedada a substituição de PPL por PRD.

Havendo concurso de crimes, o parâmetro para substituição é o total da pena aplicada na sentença.

É importante que você saiba que o juiz, considerando a medida socialmente adequada, em casos de crimes dolosos, poderá substituir a PPL por PRD, desde que o réu não seja reincidente específico (reincidente no mesmo crime, p.ex. furto + furto). Isso quem nos diz é o art. 44, §3º, do CP.

Tratando-se de PPL inferior a um ano, o juiz poderá substituí-la por 1 PRD ou 1 multa. Porém, caso a PPL aplicada na sentença seja maior que 1 ano, o juiz poderá substituí-la por 2 PRDs ou 1 PRD e 1 Multa.

O STF recentemente decidiu que as condenações a penas restritivas de direitos geram a suspensão dos direitos políticos, conforme o art. 15, III, da CF.

Penas restritivas de direito em espécie:

Veja o que o artigo 43 do CP nos diz a respeito do tema:

Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I - prestação pecuniária;

II - perda de bens e valores;

III - limitação de fim de semana.

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

V - interdição temporária de direitos;

VI - limitação de fim de semana.

Prestação pecuniária: art. 45, §1º - consiste no pagamento de quantia em dinheiro, à vítima, ou seu representante legal ou dependentes ou a entidade (pública ou privada com destinação social).

Valor: de 1 a 360 salários mínimos. (Parâmetro de fixação: prejuízo da vítima). Obs.: o art. 45, §2º, diz que essa prestação pode ser cumprida através de outra natureza, que não pecuniária, desde que haja concordância do beneficiário (é a chamada “prestação inominada”);

Perda de bens e valores: art. 45, §3º - decretação do perdimento de bens ou valores pertencentes ao sentenciado. Origem dos bens ou valores perdidos decorrerá do patrimônio lícito do condenado, tendo como destinatário o FUNPEN (fundo penitenciário nacional).

Prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas: art. 46 – consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao sentenciado perante entidades (apontadas pelo juízo da execução penal).

Entidade destinatária: privada (com destinação social) ou pública. Duração: mesmo tempo da PPL substituída (quando a PPL substituída for superior a um ano, o CP permite que ela seja cumprida em menor tempo, respeitado o prazo mínimo de 6 meses). Carga horária: uma hora de tarefa para cada dia de condenação.

Interdições temporárias de direitos: I e II – proibição do exercício de atividade privada (que dependa de licença ou autorização do poder público) ou atividade pública – somente em delitos cometidos com violação os deveres funcionais. III – suspensão da autorização para conduzir veículos automotores (só cabem nos crimes culposos de trânsito – CTB, 302 e 303). Autorização é apenas para ciclomotor. IV – proibição de frequentar determinados lugares (PRD genérica). V – proibição de se inscrever em certames de interesse público (aplicável em condenações pelo crime do art. 311-A do CP – fraude em certames de interesse público);

Limitação de final de semana: art. 48. Consiste na obrigação ao sentenciado de permanecer aos finais de semana, por cinco horas a cada dia, na casa do albergado.

E, para encerramos o nosso tópico sobre penas alternativas, é necessário analisarmos o instituto da pena de multa.

Vamos adiante!

Multa

A pena de multa possui duas espécies:

I – A multa prevista no tipo penal, juntamente com a sanção criminal, p.ex. a pena do crime de furto – reclusão, de 1 a 4 anos e multa.

II – A multa vicariante ou substitutiva – art. 44, §2º, do CP.

Dada essas informações, o sistema de aplicação da multa encontra-se previsto no artigo 49 do CP. Veja só:

Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.

Desse modo, o número de dias-multa será fixado entre 10 e 360, levando-se em conta para a fixação, as circunstâncias judiciais do condenado (art. 59, do CP)7. Logo em seguida, o juiz deverá fixar o valor do dia multa em um patamar entre 1/30 até 5(x3) o salário mínimo ao tempo do fato, mediante análise da situação econômica do réu.

A execução da pena de multa se dará em 2 etapas, conforme os artigos 50 e 51 do CP:

Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.

§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando:

a) aplicada isoladamente;

b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;

c) concedida a suspensão condicional da pena.

§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.

Conversão da Multa e revogação

7 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Após o trânsito em julgado, o sentenciado será intimado a pagar a multa em 10 dias.

Se a multa não for paga, será movida execução, baseada nas normas (procedimentais) da dívida ativa da Fazenda Pública (CTN e LEF), inclusive no tocante às causas suspensivas e interruptivas da prescrição. Desse modo, concurseiro(a), a multa será cobrada na mesma sistemática dos tributos.

A legitimidade para a execução da penal de multa é exclusiva do MP, no juízo da execução penal (art. 51).

Por fim, havendo morte do executado, ocorrerá a extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, I, do CP cumulado com o art. 5º, LXV da CF.

Assim, encerramos mais um tópico no nosso estudo sobre direito penal.

Beba uma água, respire fundo e venha comigo!

Aguardo você!