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§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.

Prorrogação do período de prova

§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.

§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.

Cumprimento das condições

Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.

Para que o nosso estudo fique mais fácil, meu amigo(a), farei um sistema de numerações e sus subdivisões para que você entenda melhor o instituto da suspensão condicional da pena.

1. Sistemas de suspensão da pena:

a) Belgo-francês: o réu é formalmente condenado, aplicando-se uma pena de prisão, mas o juiz, na sentença condenatória, suspende seu cumprimento mediante a observância de condições;

b) Anglo-americano: ao final da instrução, o juiz constata que há provas para condenar o réu, porém, deixa de condenar, sujeitando o acusado ao cumprimento de condições.

2. Contextualização do “sursis” na aplicação da pena: a tarefa de aplicação da pena possui várias etapas, assim divididas:

1ª) Pré-dosimetria: é o momento na aplicação da pena em que o juiz fixa o mínimo e o máximo (isto é, determina qual o preceito secundário aplicável).

2ª) Dosimetria: trata-se da fase da aplicação concreta da pena (sistema trifásico).

3ª) Pós-dosimetria: consiste nas tarefas que devem ser realizadas logo após a obtenção da pena concreta:

a) fixar o regime inicial; b) verificar o cabimento de pena alternativa (art. 44 do CP); c) verificar o cabimento do “sursis”; d) aplicação da multa.

3. Diferenças entre o “sursis” penal x “sursis” processual.

Sursis penal Sursis processual Fundamento legal Arts. 77 a 82 do CP Art. 89 JECRIm.

Pressuposto Condenação Denúncia recebida

Requisito PPL = ou maior que 2 anos Pena mínima igual ou inferior a um ano.

Revogação Cumprimento da PLL da aplicada

Retoma-se o andamento do processo.

Características Direito subjetivo público do réu

Negócio jurídico processual.

4. Leis especiais:

A) Lei de Contravenções Penais, art. 11: desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender por tempo não inferior a um nem superior a três a execução de pena de prisão simples, bem como conceder o livramento condicional. Qual a diferença do “sursis” no CP e na LCP? A distinção está no período de prova: na LCP, o período de prova dura de 1 a 3 anos, enquanto que no CP, dura 2 a 4 anos.

B) Crime ambiental: art. 16 – a suspensão pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

C) Tráfico de drogas: art. 44. Os crimes previstos na lei de drogas são insuscetíveis de “sursis”.

5. Natureza jurídica do “sursis”:

1ª) Direito subjetivo público do réu X 2ª) Medida despenalizadora. O “sursis” é, sem dúvida um direito subjetivo público do réu, isto é, estando presentes os requisitos o juiz é obrigado a conceder o benefício.

Ocorre que isso não é a natureza jurídica, mas uma característica do instituto.

6. Espécies de “sursis”

a) Simples (regra)

b) Especial (versão mais branda)

c) Etário e humanitário (versões cabíveis para um número maior de crimes).

6.1. Sursis simples 6.1.1. Requisitos:

a) Objetivos: pena não superior a 2 anos; não cabimento de PRD.

b) Subjetivos: serem as circunstâncias judiciais favoráveis; não reincidência em crime doloso (salvo se a primeira condenação foi a pena de multa).

6.1.2. Condições:

a) Legais (diretas): PSC ou limitação a final de semana no primeiro ano. Indiretas: causas de revogação – art. 81, caput, e §1º.

b) Judiciais: estas são as impostas pelo magistrado e devem ser compatíveis com a natureza do crime e com as aptidões pessoais do réu (além disso, devem respeitar a dignidade humana e os direitos

fundamentais não atingidos pela condenação). O “sursis” vigora durante um prazo denominado

“período de prova” que durará de 2 a 4 anos. Este se inicia após o trânsito em julgado e a realização da audiência admonitória. O sentenciado deverá ser pessoalmente intimado a comparecer à audiência admonitória. Caso não seja localizado, intima-se por edital. O que ocorre quando o sentenciado, após intimado, não comparece à audiência admonitória? O “sursis” é declarado sem efeito, ou seja, fica prejudicado e, como consequência, expede-se mandado de prisão.

6.2. Sursis especial (art. 78, §2º, do CP).

Requisitos: (específicos ou requisitos adicionais): ter reparado o dano até a sentença e ter as condições judiciais totalmente favoráveis.

Condições: em vez de prestar serviços comunitários (ou LFS) no 1º ano, o sentenciado cumprirá 3 condições cumulativas: comparecimento mensal em juízo; proibição de se ausentar da Comarca sem autorização judicial; Proibição de frequentar determinados lugares.

6.3. Etário e humanitário (art. 77, §2º, do CP): são cabíveis para condenações de até 4 anos de PPL. O período de prova irá de 4 a 6 anos.

Sursi etário: é aplicado para réus maiores de 70 anos ao tempo da sentença.

Sursi humanitário: é o aplicado para réus com precária condição de saúde.

6.4. Causas de revogação: uma vez decretada pelo juiz da execução penal a revogação do “sursi”, o sentenciado deverá recolher-se à prisão, para cumprir integralmente a PPL imposta na sentença e, além disso, perde o período de prova para efeito de contagem no quinquênio depurador. A revogação do benefício, ainda, assinalará o início da contagem do prazo da PPE (prescrição da pretensão executória).

6.4.1. Revogação obrigatória (art. 81, caput):

a) Superveniência de condenação transitada em julgado por crime doloso.

b) Não cumprimento injustificado da condição legal do “sursis” simples (prestação de serviços/

LFS no 1º ano).

c) Não reparação dos danos, salvo impossibilidade de fazê-lo.

d) Não pagamento da multa cumulativa (tacitamente revogada pela Lei 9.268/96).

6.4.2. Revogação facultativa (art. 81, §1º, do CP): nesses casos, o juiz não é obrigado a revogar, mas deve tomar uma atitude. Se não revogar, deverá advertir o sentenciado, exacerbar as condições ou prorrogar o período de prova até o máximo.

a) Superveniência de condenação transitada em julgado por crime culposo ou contravenção penal a PPL ou PRD.

b) Descumprimento das demais condições.

7. Prorrogação do sursi (art. 81, §2º): se o sentenciado for processado, durante o período de prova, por novo crime ou contravenção, o “sursi” será prorrogado até a conclusão do novo processo. Na vigência da prorrogação, não vigoram as condições.

8. Extinção da pena: concluído o período de prova, o juiz declarará extinto o sursi como se a pena tivesse sido cumprida. (art. 82, do CP). Se terminar o período de prova, mas antes de o juiz declarar extinta a pena, vier aos autos a informação de que o sentenciado responde a um novo processo, prevalece a extinção ou a prorrogação? No STJ, prevalece a tese de que a prorrogação é automática.

9. Recusa. Pode o sentenciado recusar o “sursis”? Não se admite a recusa ao “sursi”, pois não cabe ao réu ou sentenciado escolher como cumprirá a sanção penal. Ocorre, porém, que se o sentenciado, após o trânsito em julgado, não comparecer à audiência admonitória, o benefício será declarado sem efeito e, como consequência, a pena imposta na condenação será executada. Obs.: nesses casos, o juiz da execução deve fixar como condição especial do regime aberto, a PSC.

Assim, meu amigo(a), encerramos o estudo de mais um tópico em nossa aula!

Aguardo você no próximo capítulo!

Até lá!