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CAPÍTULO 3 EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA

3.2 Pensamento Estatístico

Segundo Cazorla (2002), vários autores, Snee (1990); Garfield (1995), Gal e Ginsburg (1994), pesquisaram sobre pensamento estatístico, no entanto, não apresentaram uma definição clara para o termo.

Snee (1990) definiu pensamento estatístico em termos de melhoria de processos gerenciais, visando à melhoria de produtos e serviços na indústria e no comércio. Ele definiu pensamento estatístico como processos de pensamento que reconhecem a onipresença da variação que está presente ao nosso redor e presente em tudo que se faz. Tomando como base

essa definição, Garfield et al. (2002, p.1) entende que essa ideia pode ser estendida aos alunos, em um curso inicial de Estatística, para que eles se “tornem capazes de reconhecer que a variação ocorre em quase tudo e que a capacidade de responder às diversas situações deve ser pelo menos em parte, determinada por esse reconhecimento”.

Para Gal e Ginsburg (1994), um dos objetivos de um curso introdutório de Estatística é gerar nos alunos uma visão positiva, sem apreensão ou sentimentos negativos dos alunos frente, a essa disciplina, e que eles consigam apreciar as possíveis aplicações dos conhecimentos estatísticos e o seu papel nas futuras áreas profissionais e pessoais relevantes para cada aluno. Outro objetivo apontado pelos autores, refere-se à formação do pensamento estatístico por meio do qual os alunos devem reconhecer e compreender a importância da Estatística, em suas vidas cotidianas, assim como ter vontade de pensar estatisticamente (ou probabilisticamente), em situações que sejam relevantes.

A partir das ideias desses autores, Cazorla esclarece o significado dessa competência estatística,

O pensamento estatístico poderia ser definido como a capacidade de utilizar de forma adequada as ferramentas estatísticas na solução de problemas, de entender a essência dos dados e de fazer inferências. Reconhecer e compreender o valor da Estatística e ter a disposição para pensar de maneira probabilística (CAZORLA, 2002, p. 19).

Cordani (2014, p. 32) defende que, o desenvolvimento do pensamento estatístico dos alunos configura-se como um dos principais objetivos na perspectiva da Educação Estatística. Para ela, “a resolução de problemas em Estatística e a tomada de decisão dependem de compreender, explicar e quantificar a variabilidade nos dados”. Indica, ainda, que um dos pontos centrais na Estatística é a existência da variabilidade nos dados.

Para Lopes (2008), pensar estatisticamente, requer uma competência que consiste em ser capaz de compreender, além de simples mensagens lidas em situações do cotidiano, e as que envolvem a necessidade da realização de inferências, para a sua perfeita compreensão. Segundo a autora, no contexto escolar, deve-se trabalhar com os alunos, atividades de coleta, de representação e análise de dados que sejam significativos e inseridos em contextos próximos da realidade dos alunos.

Carvalho (2006) afirma que os conhecimentos estatísticos trabalhados dessa forma, acabam por privilegiar um trabalho motivador para os alunos, uma vez que estão próximo dos

interesses deles. Entretanto, cabe ao professor desenvolver estudos de modelos, regularidades, a verificação de padrões e a presença da variação entre os dados.

Pfannkuch e Wild (2004) relatam que, o fundamento de uma boa investigação estatística se baseia no pressuposto de que muitas situações reais não podem ser julgadas sem a correta coleta e análise dos dados. Portanto, a coleta dos dados é considerada um requisito primordial para a tomada de decisões, em situações reais.

Os autores desenvolveram pesquisas com estatísticos e alunos do ensino superior, para verificar como eles resolviam tarefas estatísticas, e identificaram cinco tipos de pensamentos, que consideraram fundamentais para análises estatísticas, a saber, o “reconhecimento da necessidade dos dados”; a “transnumeração”, que significa mudar as representações para melhorar a compreensão dos dados; a “consideração da variação” para coletar os dados, adequadamente, e para a tomada de decisão em situações de incerteza; “o uso de modelos estatísticos” para a análise dos dados, mesmo que sejam modelos simples, como os gráficos estatísticos, servem para representar e compreender a realidade e a “integração da estatística com o contexto” (PFANNKUCH; WILD, 2004, p. 18).

Nesse sentido, Wild e Pfannkuch (1999) reconhecem que, o desenvolvimento do pensamento estatístico pode ser benéfico, em atividades do cotidiano, especialmente na interpretação de informação, veiculadas nos meios de comunicação, e outros tipos de informação. Compreende-se que, esse desenvolvimento é importante para os alunos jovens e adultos, para que eles se sintam capazes de compreender e analisar, criticamente, essa informação. Dessa forma, pode-se inferir que, para o letramento estatístico dos alunos é fundamental o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio estatísticos.

Silva (2007, p. 32) considera a relação direta entre pensamento e letramento estatísticos, para ela, quanto mais desenvolvido o pensamento estatístico “há maior probabilidade de que os futuros cidadãos apresentem níveis de letramento mais avançados”. Nesse sentido, verifica-se uma interdependência entre as três competências estatísticas, o raciocínio, o pensamento e o letramento estatísticos, que são fundamentais para a aprendizagem da Estatística. Para a autora o pensamento estatístico está relacionado com as estratégias mentais mobilizadas, quando na tomada de decisão em toda etapa de um ciclo investigativo de uma pesquisa. Para ela, o desenvolvimento do pensamento estatístico é de fundamental importância, para que um indivíduo seja considerado estatisticamente letrado, indicando que existe uma relação direta entre o pensamento e o letramento estatísticos. Tomando como base as ideias da autora, essa conexão nos permite inferir que o conceito de variação se configura como elemento chave para

o desenvolvimento do pensamento estatístico e “conteúdo essencial para que um indivíduo seja letrado estatisticamente” (SILVA, 2007, p. 32).

A seguir, apresenta-se o terceiro termo das denominadas competências estatísticas – o letramento estatístico.