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CAPITULO 3 INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO EM ESCOLAS DE ENSINO

3.7 RESULTADO E DISCUSSÃO

3.7.1 Percepção dos gestores

Nos projetos governamentais já citados a intencionalidade presente é a inclusão. Porém a realidade encontrada desmente essa ilusão e coloca a mostra, questões que poderiam ser solucionadas com ideias simples e com boa vontade. A hipótese inicial era que as escolas utilizassem os computadores dos laboratórios de informática como instrumentos no processo de ensino e aprendizagem. Apesar de ter projeto pedagógico elaborado pelo técnico responsável pelo laboratório de informática, o planejado ainda fica somente no papel. É preciso que alguns professores saiam do comodismo e se aventurarem em uma nova forma de fazer o processo ensino aprendizagem tomar uma nova cara.

Os laboratórios instalados na escola segundo o sujeito responsável da escola A não atende a grande demanda das turmas, visto que faltam profissionais habilitados no espaço para dar o suporte aos professores e alunos que procuram se inserir na era da informática.

Tabela 1 - Percepção dos gestores acerca das dificuldades encontradas por professores e alunos e alunas nas escolas A e B. Santarém - 2013

Dificuldades Professores Alunos TOTAIS (%) Escola A Escola B Escola A Escola B

Ausência de softwares educativos - 1 - 3 16 Ambientes inadequados 3 - 2 - 20 Equipamentos precários 1 - 1 - 8 Ausência de conhecimento básico

em informática

2 4 4 4 56

Fonte: Gestores das escolas A e B.

Quanto à dificuldade dos professores, conforme a percepção dos gestores, o primeiro aspecto mais relevante a destacar-se é a ausência e conhecimento básico de informática, que obteve resposta de 4 entre 6 gestores (Tabela 1). E a dificuldade manifestou-se na conversa com os gestores, como se verifica a seguir:

O laboratório de informática é um espaço pedagógico de fundamental importância no contexto da escola e em qualquer escola porque é um instrumento que está a disposição de alunos e professores para auxiliar no processo de busca de conhecimentos. Para permitir que os alunos possam realmente investigar e ter contatos mais próximos das fontes presentes na rede mundial. (Gestor 01 – Escola B)

O segundo aspecto percebido pelos gestores dentre as dificuldade sentidas pelos professores foi o ambiente inadequado (Tabela 1), com 3 respostas dos

gestores, dentre os 6 participantes. Nesse aspecto, o gestor afirma que: apesar de não ser o melhor espaço, o laboratório funciona com certa dificuldade, pois o ambiente que deveria ser só para os computadores acaba tendo outra função como, por exemplo, depósito de livros. Isso foi percebido e registrado no diário de campo na visita feita ao laboratório, onde se observou que o espaço realmente é inadequado e cheio de infiltrações.

Não quer dizer necessariamente que a utilização dos laboratórios de informática nas escolas seja uma redenção de toda a prática educativa, mas com certeza pode ajudar a dinamizar o ensino e torná-lo mais atraente aos olhos ávidos dos jovens tão envolvidos fora dos espaços escolares pela tecnologia.

[...] A resistência ao uso do laboratório de informática nas atividades curriculares se deve a um conjunto de fatores: falta de capacitação adequada da direção e dos professores e monitores, dificuldade de assimilação de uma nova ferramenta pedagógica, medo de os equipamento serem destruídos. (BONILLA; PRETO, 2011, p. 63)

Com base nas referências bibliográficas e na percepção do pesquisador, outro ponto observado foi a má vontade de muitos professores em realmente buscar a auto formação na área tecnológica. Em muitos casos, o que de fato aparece é uma acomodação na zona de conforto e uma metodologia arcaica e repetitiva, não levando em consideração a criatividade dos estudantes que em muitos casos acabam evadindo-se da escola, principalmente no turno noturno onde não existe uma preocupação muito forte com o aprendizado de maneira significativa.

Tabela 2-Percepção dos gestores acerca das contribuições da informática na educação nas escolas A e B. Santarém – 2013

Contribuições Escola A Escola B Totais (%) Aprimoramento na escrita e coerência nas atividades

escolares 1 1 8,3

Compreensão e construção do conhecimento 4 4 33,3 Aprimoramento das habilidades cognitivas e motoras

dos usuários 3 1 16,7

Relaciona conteúdos escolares com ambientes não escolares

3 3 25,0

Outros - 4 16,7

Fonte: Gestores das escolas A e B.

Segundo o gestor da escola B a informática na educação, é facilitadora na aprendizagem dos alunos, pois como armazena diversas informações pode trazer

uma biblioteca bem ampla num simples acesso a internet. Funciona também para aprimorar as habilidades via inclusão digital, facilitando o acesso à informação, exercita a habilidade e necessidade do contato mundo virtual. Atualiza o docente sobre suas técnicas/práticas metodológicas e didáticas; oportuniza os usuários em geral, manipula suas mídias digitais no cotidiano.

O interesse deveria está relacionado ao domínio do equipamento como ferramenta de pesquisa e instrumento pedagógico para o desenvolvimento de suas aulas. No entanto, embora seja sempre lembrado como fundamental, a contribuição da informática na educação, o registro no diário de campo mostra que os professores utilizam o computador pessoal apenas para projetar slides ou para exibir vídeos o que se revela como uma contradição entre o que é dito e o que na prática acontece de fato.

Segundo a percepção do pesquisador as atividades são rotineiras e nem de longe se relacionam com o cotidiano dos estudantes. Existem poucas iniciativas ou projetos para despertar no aluno criticidade sobre a realidade vivenciada.

Na “escola crítica”, existe uma articulação entre o educador e o educando, e o conteúdo programático é construído ao longo do processo, tendo o aluno a função primordial para a sua construção. Que deverá aventar objetos que tenham significado e conforme a realidade de cada um [...] estamos em pleno século XXI e observamos a tecnologia dominar os espaços, impedir o dialogo interface e, consequentemente, a transmissão dos sentimentos. A tecnologia avançada individualiza o ser humano, torna-o um expectador e, provavelmente, um elemento sem coragem para rupturas e interpretações dialéticas com o seu cotidiano, com o social e com e em suas relações com o todo. (LIRA, 2007, p. 36).

Nas duas escolas não foi percebida de forma efetiva essa preocupação com a articulação do conhecimento trabalhado no espaço escolar com o cotidiano que rodeiam a escola.

Tabela 3-Percepção dos Gestores sobre a Instalação do laboratório: mudanças nas escolas A e B Santarém – 2013

Contribuições Escola A Escola B Totais (%) Aprimoramento na escrita e coerência nas atividades

escolares 1 2 23,1

Compreensão e construção do conhecimento 4 1 38,4 Aprimoramento das habilidades cognitivas e motoras

dos usuários

1 2 23,1 Relaciona conteúdos escolares com ambientes não

escolares - 1 7,7

Outros - 1 7,7

A instalação dos laboratórios nas escolas pelo governo Federal foi e continua sendo um importante passo para se trabalhar a inclusão digital e é reconhecido pelos gestores como uma importante ferramenta de trabalho que em tese deveria auxiliar os professores nas práticas educativas segundo o gestor da escola B:

É um instrumento que se bem utilizado vai contribuir decisivamente na formação do aluno (...) lamentavelmente ainda é um espaço pouco utilizado. Eu não saberia te precisar qual o motivo que faz que ele não seja tão utilizado, mas quando falo isso é em relação aos professores por quê? Porque a gente sabe que grandes partes dos professores que estão trabalhando atualmente vieram de uma formação onde a questão da informática educativa não era tão presente.

Na conversa com os gestores ficou claro que há uma disposição para que os professores utilizem cada vez mais os laboratórios, no entanto a boa vontade esbarra na falta de pessoal. Tanto na escola A como na escola B só existe uma pessoa responsável pelo laboratório que só cobre um horário geralmente o matutino deixando os outros horários descobertos.

Tabela 4-contribuições do computador no aprendizado dos alunos. Nas escolas A e B Santarém – 2013

Contribuições Escola A Escola B Totais (%) Aprimoramento na escrita e coerência nas atividades escolares 2 1 15 Compreensão e construção do conhecimento 4 2 30 Aprimoramento das habilidades cognitivas e motoras dos

usuários 2 1 15

Relaciona conteúdos escolares com ambientes não escolares 4 3 35

Outros - 1 5

Fonte: Gestores das escolas A e B

Sem nenhuma sombra de dúvidas, os computadores e a era das novas tecnologias vieram para ficar e já invadiram o espaço escolar e todo o entorno da escola. Ao que parece apenas os responsáveis pelo aprendizado ainda não se deram conta do que está acontecendo, ou estão acomodados em uma zona de conforto. Na tabela acima trinta por cento apostam na compreensão e construção do conhecimento e trinta e cinco por cento dizem que é importante relacionar os conteúdos escolares com ambientes não escolares levando a teoria disciplinar e articulando-as com a realidade, o que pode tornar o ensino significativo e prazeroso. O gestor 02 da escola B enfatiza:

E mesmo assim, alguns talvez tenham se acomodado. Eu sei que essa realidade não é só da daqui, mas alguns talvez tenham se acomodado no sentido de buscar realmente conhecer melhor essa máquina, essa ferramenta pra poder usar com os alunos. Talvez essa pouca utilização tem haver com uma certa insegurança do professor em relação a utilizar esse instrumento. Por outro lado, também tem outra situação no nosso caso específico, a gente só tem um servidor no laboratório lotado num turno, então naquele turno o espaço esta disponível lá, com o professor pra auxiliar os outros colegas das disciplinas utilizarem; e nos outros turnos infelizmente a gente não tem. Eu sei que de certo modo isso influencia negativamente o professor a não utilizar, mas não é por isso que não funciona. No nosso caso, aqui quando o professor agenda com a gente no turno que não tem o professor suporte no laboratório, a gente mesmo assim cede pro professor, porque é preferível ter o material lá e tá (sic) sendo utilizado por professores e alunos, do que ter como elefante e não ser utilizado, então tem essa situação e ai, eu não saberia te precisar exatamente qual é o que tem o peso maior, se é realmente a dificuldade do professor em conhecer a ferramenta ou o outro caso que eu citei. (Depoimento colhido em 05/05/2013).

De fato, embora de maneira precária, os laboratórios estão funcionando mesmo que cubra apenas um horário. Na escola B registrei no diário de campo o esforço e por vezes o desanimo do sujeito responsável pelo laboratório de informática. É como lutar contra a correnteza.

Toda essa discussão remete as tendências pedagógicas que poderiam auxiliar em uma análise mais coerente sobre a tendência liberal tradicional segundo a qual papel da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, alguns devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais capazes. Caso não consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante.

Na tendência liberal renovada não diretiva, o papel da escola acentua-se na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a má adequação pessoal.

Num sistema social harmônico, orgânico e funcional, a escola funciona como modeladora do comportamento humano, através de técnicas específicas. À educação escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos se interajam com a máquina no sistema social global.

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