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Sentidos e percepção

Sentidos

O cérebro dedica áreas específicas para o processamento das informações trazidas por cada um dos nossos 5 sentidos: visão audição, olfato, tato e paladar. São os sentidos que fazem a ponte do mundo exterior com o cérebro, possibilitando que a gente compreenda, de forma consciente ou não, e se adapte ao meio em que se encontra. Ou seja, nossa principal fonte de conhecimento vem dos sentidos, e a capacidade de juntar as informações provenientes de cada um deles para a construção de nossa percepção sobre o mundo é muito importante para todas as nossas funções cerebrais.

A percepção de um objeto, de uma pessoa ou situação pode acontecer por meio de apenas um sentido, como quando ouvimos uma notícia na rádio ou lemos um livro. No entanto, o conceito construído sobre o elemento percebido se torna mais rico quando temos mais informações sensoriais a respeito dele. O cérebro é mais estimulado quando mais diversificados são os estímulos sensoriais, já que não apenas mais áreas se ativarão para processar as informações de cada sentido como também as conexões entre as áreas cerebrais envolvidas com as sensações para a construção da percepção serão muito mais abundantes. Quando temos informações visuais, táteis, auditivas e olfativas sobre determinado fato, todas essas entradas sensoriais farão parte da memória desse conceito. E se, em algum momento, qualquer um desses sentidos é estimulado de forma semelhante ao momento de absorção da informação, será mais fácil acessá-la, também ampliando muito a sua capacidade de recuperação de memórias armazenadas.

Nesse sentido, quando queremos chamar a atenção e aumentar as chances de memorização das pessoas para determinada situação, quanto mais estímulos sensoriais, melhor. Por exemplo, um professor tem de saber utilizar essa estratégia muito bem. Se a aula for apenas falada, com ele parado na frente da sala de aula, a tendência é que as pessoas tenham mais dificuldade de prestar atenção e, consequentemente, de memorizar o conteúdo passado. Um professor mais comunicativo, que também use o seu corpo para passar a mensagem, que mostre imagens sobre o tema discutido e provoque os alunos para que eles também se coloquem sobre o tema, tende a aumentar, consideravelmente, as chances de aprendizado dos alunos. Quanto mais sentidos envolvermos em um processo de obtenção de novas informações sobre o mundo, melhor será a nossa capacidade de fixar essas informações e de mantermos acesso a elas por diferentes vias.

Quando pensamos nos 5 sentidos básicos, em geral, a visão é aquele que mais nos chama a atenção. Isso não acontece à toa: a parcela do córtex cerebral dedicada ao seu processamento é maior do que as parcelas dedicadas a todos os outros sentidos. Ou seja, o seu processamento demanda energia e esforço. Por isso, é comum que, ao fechar os olhos, a gente passe a prestar mais atenção nos outros sentidos. Sons, cheiros e texturas, que antes passavam despercebidos, passam a chamar a atenção. Por isso também, ao longo de um processo criativo, o simples fato de fechar os olhos

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pode ajudar o cérebro a ter insights, já que ele deixa de gastar energia (oxigênio e glicose) com o processamento da visão e pode dedicar a energia remanescente para outras tarefas.

Os demais sentidos básicos também desempenham papel muito importante para nossa compreensão de mundo. A audição, por exemplo, é o sentido que consegue captar informações que estão mais distantes do corpo. Alguns sons podem ser ouvidos a quilômetros de distância. Não é à toa que as cidades medievais contavam com tantas igrejas espalhadas pelo seu território. Os sinos eram um importante elemento de comunicação tanto para marcar as horas como para avisar a população quando aconteciam eventos importantes, tais como algum perigo ou a morte de alguém importante.

O tato, por sua vez, é um dos primeiros sentidos desenvolvido, quando o feto ainda se encontra no ventre da mãe. Além disso, ele conta com o maior órgão sensorial do corpo humano:

a pele. O tato está diretamente ligado às relações sociais já que, no geral, nós tocamos mais (abraço, carinho, beijo) aqueles que conhecemos e confiamos. Estudos comprovam a importância do tato para o desenvolvimento saudável de bebês e crianças (Ardiel e Rankin, 2010), e como, quando pessoas internadas em hospitais são mais tocadas pelos enfermeiros de forma carinhosa, os níveis de estresse tendem a baixar (Fishman et al., 1995). Vale destacar que o contato físico com alguém só é positivo se existe alguma relação de confiança se estabelecendo. Forçar o contato físico quando não há confiança é algo bastante invasivo e pode aumentar os níveis de estresse.

O olfato também merece ser mencionado aqui. As informações trazidas pelo olfato são processadas em áreas como as amígdalas cerebrais – responsáveis pelo processamento das emoções – e o hipocampo – responsável pelo processamento de memórias de longo prazo. Por isso, é comum que determinados cheiros que sentimos ativem, de forma rápida e involuntária, memórias antigas, como as de eventos da nossa infância.

Vale destacar que os cientistas consideram a existência de outros sentidos além dos 5 básicos.

O equilíbrio, a capacidade de se orientar e navegar pelo espaço (wayfinding), a percepção de estímulos internos (interocepção), das temperaturas e da posição de partes do corpo e contração muscular (propriocepção) fazem parte de um conjunto de sentidos também estudados em neurociência.

Propriocepção

A propricocepção é uma expressão usada, primeiramente, por Sherrington, em 1900, para definir toda a referência posicional ou postural levada ao sistema nervoso central por meio dos receptores localizados nos ligamentos, tendões, músculos, pele ou articulações (Evarts, 1991).

Ela é a percepção de movimentos e posturas.

A partir da compreensão da propriocepção, é possível concluir que a conexão cérebro-corpo é uma via de mão dupla. Ou seja, assim como o cérebro envia informações para o corpo, o corpo também manda informações para o cérebro.

Esse é um dos temas estudados pela psicóloga Amy Cuddy, que defende que as posturas físicas que adotamos ao longo do dia podem alterar nossas emoções e níveis hormonais, impactando, diretamente, como nos sentimos e nos comportamos.

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Atenção seletiva

A não ser que a gente bloqueie, fisicamente, nossos órgãos sensoriais, como ao fechar os olhos ou tampar o nariz, eles estão constantemente captando informações, quer a gente queira, quer não.

Ou seja, a captação de informações por meio dos sentidos é involuntária e permanente. Como consequência, a quantidade de informação absorvida pelos sentidos é imensa, e o cérebro não tem capacidade de processar tudo isso conscientemente. Por isso, nossa atenção é seletiva: apenas informações mais relevantes serão processadas de forma consciente. Desse modo, quando estamos dirigindo, um farol vermelho tende a chamar a nossa atenção e a nos fazer parar no semáforo, mesmo quando estamos distraídos conversando com alguém que esteja no carro com a gente.

Segundo o neurocientista Eric Kandel, prestar atenção em algo significa dar foco a determinados aspectos e, ao mesmo, eliminar (ou ignorar) vários outros que estão ao redor. Kandel afirma que “a atenção é como um filtro”, a partir do qual alguns itens ganham maior destaque em detrimento de outros: a todo momento, os animais são inundados por um vasto número de estímulos sensoriais e, apesar disso, eles prestam atenção a apenas um estímulo ou a um número muito reduzido dele, ignorando ou suprimindo os demais. A capacidade do cérebro de processar a informação sensorial é mais limitada do que a capacidade dos seus receptores para mensurar o ambiente. Desse modo, a atenção funciona como um filtro, selecionando alguns objetos para processamento adicional. Em nossa experiência momentânea, concentramo-nos em informações sensoriais específicas e excluímos (mais ou menos) as demais (Kandel, 2007).

Interpretação da realidade

Como já discutimos, quanto mais diversificadas forem as informações sensoriais, maior é a chance de memorização da situação exterior que está sendo percebida. No entanto, não apenas a memória se beneficia com a variedade de estímulos. A nossa capacidade de compreensão da situação aumenta quanto mais informações recebemos. Isso ocorre porque o cérebro integra todas as informações recebidas pelos sentidos para criar o seu próprio entendimento da realidade. Durante o processo de percepção, a mente cria uma experiência completa. Nesse sentido, a percepção não é uma impressão passiva e uma combinação de elementos sensoriais, mas uma organização ativa dos elementos, de modo a formar uma experiência coerente.

Imagens como a famosa ilustração do cartunista William Ely Hill, a seguir, exemplificam bem como a percepção da realidade é uma criação do cérebro a partir da sua interpretação das informações trazidas pelos sentidos. Olhe bem para elas e preste atenção no que você vê.

33 Figura 7 – A dama e a velha

Fonte: http://temlogica.blogspot.com/2009/01/dama-e-velha.html Acesso em: out. 2019.

O que você viu? Uma moça de perfil ou uma senhora idosa na segunda? Nessa ilustração, as duas interpretações são possíveis. A mesma imagem mostrada para pessoas diferentes pode ser percebida de formas distintas. Esse é um exemplo de como o cérebro cria as suas interpretações da realidade.

Em um estudo realizado no Instituto de Psicologia da Johannes Gutenberg University, em Mainz, na Alemanha, cerca de 500 pessoas participaram de um experimento no qual elas tinham de provar um vinho, dar a opinião delas e falar o quando pagariam por ele (Oberfeld et al., 2009).

O que chama a atenção é que, ao experimentar o mesmo vinho em salas com iluminação verde, azul, branca ou vermelha, a percepção sobre ele mudava. A maioria gostou mais e ofereceu um valor mais alto quando tomou o vinho na sala vermelha e na sala azul. Além disso, as pessoas percebiam o mesmo vinho como mais frutoso quando este era provado na sala vermelha. Ou seja, ao integrar as informações sensoriais, informações trazidas por um sentido podem alterar a percepção dos demais sentidos.

Essas interpretações são diretamente influenciadas pelas nossas memórias, sejam elas primitivas ou adquiridas. Por isso, entender quem é o nosso público-alvo – na hora de vender um produto, liderar uma equipe ou projetar um edifício, por exemplo – é fundamental para garantir que haja um alinhamento entre o que a gente quer que os outros percebam e a percepção que cada um ou cada grupo vai criar a partir das suas memórias e da sua experiência.

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Heurísticas

Pensar cansa

Nosso cérebro é responsável por pouco menos de 5% de nossa massa corporal. E, ainda assim, consome cerca de 20% de nossa glicose e de nosso oxigênio diariamente. Ele é o órgão energeticamente mais caro do corpo humano. Em segundo lugar, está o sistema digestivo, responsável por pouco menos do que o consumo cerebral. Já o coração, apesar do seu funcionamento contínuo e o trabalho mecânico, responde por “apenas” 10% do consumo diário de energia no ser humano.

O motivo de o cérebro ser tão “caro” pode ser explicado pelo seu funcionamento contínuo.

Mesmo em repouso, ou até mesmo dormindo, esse órgão permanece ativo. A rigor, ele começa a trabalhar durante a gestação e, se deixar de funcionar, pode-se afirmar que houve morte, ao menos morte cerebral.

Infelizmente, não é possível emagrecer apenas pensando. Nossos neurônios gastam, em média, de 7 a 10 miligramas de glicose por minuto para cada 100 gramas de massa cerebral, e o cérebro pesa, em média, 1400 gramas. Isso equivale a 0,028 e 0,040 quilocalorias por minuto ou cerca de 16 quilocalorias a cada oito horas, o equivalente à energia contida em apenas uma bala (ver Attwell e Laughlin, 2001).

Por conta dessa característica, ao longo da evolução, surgiram vários padrões de funcionamento do cérebro e mesmo de comportamento que visam minimizar esse gasto de energia.

No campo comportamental, é possível citar o comportamento de bando ou efeito manada. Dessa forma, sobretudo entre os mamíferos, quando um integrante do bando sai em disparada, o comportamento padrão é observar todos os demais membros do bando fazendo o mesmo. Não é preciso que cada um veja o predador ou outro perigo iminente: basta correr também.

É claro que essa disparada pode começar por conta de uma percepção errada, um membro do bando que se assustou com algo que parecia ser um perigo real. O mesmo acontece com os seres humanos quando se comportam segundo padrões heurísticos. Avaliamos uma situação ou mesmo dada informação a partir de um conjunto mínimo de evidências, mas que consideramos crítico ou relevantes o suficiente para levar a determinado comportamento ou avaliação. Esses verdadeiros “atalhos mentais” reduzem o consumo de energia pelo cérebro e agilizam análises e tomadas de decisão. No entanto, estão igualmente sujeitos a erros de avaliação. E, quando tais erros se tornam recorrentes, podem se tornar vieses, isto é, avaliações seguidamente erradas das evidências disponíveis.

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Eureka!

Etimologicamente, a palavra heurística tem origem no grego heurísko, isto é, eu encontro.

Tem parentesco com o termo eureca que significa, literalmente, achei ou encontrei a resposta. Isso significa que heurísticas são formas rápidas de busca por respostas. Daí, poderem ser definidas como atalhos mentais. Se, do ponto de vista neuroevolucionário, as heurísticas são formas de reduzir o consumo já tão elevado de energia pelo cérebro, do ponto de vista comportamental, elas servem para tornar nossas escolhas e decisões mais ágeis e mais rápidas. Nesse processo, atribuímos um significado crítico e crível a um conjunto de evidências, cognitivas ou sensoriais, de modo a confiar na evidência que nos é passada e, em seguida, fazemos escolhas ou tomamos decisões.

Nosso comportamento diário é cheio de escolhas ou avaliações heurísticas. O simples ato de procurar uma peça de roupa em uma gaveta cheia e meio desorganizada é um bom exemplo.

Procuramos por algum tempo e reviramos algumas das peças que estão na gaveta até que algo nos diz: “O que estamos procurando não está aqui”. Consideramos que a evidência analisada é suficiente e decidimos procurar em outro lugar. Infelizmente, acontece de estarmos errados muitas vezes.

Um aspecto contraditório das análises heurísticas é que elas são baseadas em experiências anteriores bem-sucedidas. Dessa forma, quanto mais tenhamos obtido sucesso ao agir de determinada forma, mais tendemos a repeti-la de forma mais ou menos automática e, portanto, menos cognitiva.

A relação entre heurística e percepção pode ser encontrada em alguns experimentos da Gestalt – também chamada de Teoria da Forma ou Psicologia da Forma. Nesse sentido, observe a figura, a seguir, chamada de triângulo de Kanizsa, e conte quantos triângulos você vê.

Figura 8 – Triângulo de Kanizsa

Fonte: http://blogdopg.blogspot.com/2009/03/o-triangulo-de-kanizsa.html Acesso em: out. 2019.

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Se a resposta foi qualquer coisa diferente de zero, você errou. Deve ter utilizado um atalho mental e se esqueceu que um triângulo é uma figura fechada e, rigorosamente, não há nada assim na figura. A informação visual foi avaliada a partir da sua “biblioteca de experiências autobiográficas”, fazendo você projetar várias figuras fechadas sobre a imagem, sem que elas existam de fato. O mesmo acontece com a Ilusão de Jastrow (figura 8 a seguir). Por estamos acostumados a linhas verticais ou horizontais, interpretamos erradamente o tamanho de cada elemento do lado esquerdo da figura e temos a impressão de que B é maior do que A, quando, na verdade, ambos têm as mesmas dimensões.

Figura 9 – Ilusão de Jastrow

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jastrow_illusion.svg Acesso em: out. 2019.

O alerta sobre as vantagens e desvantagens da interpretação heurística do mundo é evidente.

De um lado, rapidez e menor consumo de energia. De outro, a repetição das mesmas respostas e dos mesmos padrões de análise, muitas vezes de forma inconsciente e, não raro, com erros de avaliação.

Tipos de heurística

Interpretar o mundo por meio de atalhos mentais é um padrão de comportamento que interessa a várias áreas do Neurobusiness. Para que essas aplicações fiquem mais claras nos módulos adiante, vale a pena mostrar uma tipologia de heurísticas. Todos os tipos mostrados revelam julgamentos rápidos e baseados em evidências escassas ou, às vezes, inexistentes. No entanto, as diferenças entre eles mostram como esses padrões de avaliação e decisão podem ser variados e comuns ao mesmo tempo. Vejamos:

a) Heurística da representatividade – É a mais simples das heurísticas. Baseia-se em escolher entre alternativas com base em nossas memórias. Consideramos mais representativo aquilo de que lembramos mais ou melhor. Essa heurística se aplica muito ao comportamento do consumidor. Um produto que tenha uma embalagem tradicional ou seja líder de mercado (ver figura a seguir) nos induz a não reconhecer um produto similar caso a sua embalagem seja muito diferente, tanto em termos de cor ou de formato.

37 Figura 10 – Embalagens de amido de milho

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/fotos/maizena?phrase=maizena&sort=mostpopular

b) Heurística take-the-best – Essa é uma forma de tomada de decisão baseada em apenas uma evidência. Desse modo, um investidor por escolher entre vários fundos de renda fixa, observando apenas a rentabilidade dos últimos meses, e não prestar atenção, por exemplo, na taxa de administração ou em um histórico mais longo. Do mesmo modo, um consumidor pode observar apenas o tamanho da embalagem em vez de procurar pelo peso ou volume do produto.

c) Heurística de julgamento – Decisões baseadas em similaridade e enquadramento. Uma pessoa de terno e gravata tende a ser considerada, mais provavelmente, um advogado em comparação com outra que esteja trajando uma camisa polo e tênis. Um produto alimentício com um rótulo vermelho pode ser avaliado como sendo apimentado na comparação com outro que não tenha essa cor no rótulo.

d) Heurística de disponibilidade – Processo de julgar a frequência de dados segundo a facilidade com que similaridades vêm à mente. É comum em pessoas que desejam comprar um modelo de automóvel e acreditam que estão vendo um maior número de carros semelhantes circulando apenas pelo fato de que estão mais atentos àquele modelo.

e) Heurística de ancoragem – A heurística da ancoragem ou de ajustamento baseia-se na dificuldade de se modificar um julgamento ou avaliação inicial de forma que este se ajuste a novas informações. É comum em consumidores que escolhem marcas tradicionais, ainda que estejam diante de novos lançamentos, ou a alguém que muda de residência várias vezes, mas escolhe sempre o mesmo bairro apenas por não avaliar com mais critério as vantagens de viver em outra parte da cidade.

Vieses cognitivos

Os aspectos negativos das análises e comportamentos heurísticos podem resultar em erros sistemáticos de avaliação e de tomada de decisão. Quando isso ocorre, estamos no campo dos chamados vieses cognitivos. A ocorrência desses vieses está relacionada aos limites da racionalidade como elemento para a tomada de decisão.

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É preciso estar atento para o fato de que diversos vieses cognitivos estão associados a algumas heurísticas, mas também decorrem de outros fatores, como pressões sociais, influência excessiva de emoções ou mesmo motivações puramente individuais. Também decorrem, às vezes, de nossa incapacidade de processar informações necessárias para que uma decisão coerente seja tomada.

Como no caso das heurísticas, vale a pena ilustrar os vieses cognitivos listando os exemplos mais comuns:

a) Viés de excesso de confiança – Esse viés se caracteriza por uma valorização excessiva da própria opinião ou do próprio conhecimento. Erros eventuais são sempre atribuídos a fatores externos ou à ação de terceiros. Em geral, isso decorre do excessivo valor que damos às informações que temos, negligenciando a opinião de outros. Esse viés é um dos elementos mais críticos na relação médico-paciente, sobretudo quando o paciente busca informações na internet e acredita ser capaz de fazer um diagnóstico melhor do que o profissional de medicina.

b) Viés de status quo – Ocorre devido a uma insistência em manter as coisas como estão, ainda que haja alternativas supostamente melhores disponíveis. Muitas vezes, leva ao imobilismo ou à insistência em manter uma decisão já tomada. Esse viés revela uma aversão irracional à mudança. É comum quando adiamos a atualização de um software ou de um sistema operacional, ainda que outros usuários afirmem que a nova versão é superior. Também ocorre com aplicadores em cadernetas de poupança.

c) Viés da ilusão de controle – Ocorre quando alguém garante ter o controle de uma situação, mas isso não está ocorrendo. Isso faz as pessoas mais otimistas quanto aos

c) Viés da ilusão de controle – Ocorre quando alguém garante ter o controle de uma situação, mas isso não está ocorrendo. Isso faz as pessoas mais otimistas quanto aos

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