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I. INTRODUÇÃO

III.2. Percurso amostral e participantes

III.2.2. Percurso amostral

Conforme explanado anteriormente, com o objetivo de compor a amostra pretendida para o estudo, os registros pertencentes ao Setor Técnico do Fórum Estadual de Ribeirão Preto (SP) foram consultados, a fim de selecionar pretendentes à adoção e mães adotivas que pudessem colaborar com a pesquisa. Essas consultas foram realizadas durante os anos de 2012 e 2013.

Para se alcançar o total de 20 participantes em G1 foi preciso analisar o perfil sociodemográfico das 86 primeiras pretendentes à adoção inscritas e com cadastro ativo na comarca de Ribeirão Preto (em fevereiro/março de 2013). Desse total a pesquisadora selecionou 71 possíveis voluntárias que preenchiam os critérios de idade, nível de escolaridade e relacionamento conjugal. Destas, foram analisados dados referentes à presença ou não de histórico de infertilidade a partir dos relatórios técnicos contidos nos processos judiciais, sendo selecionadas 55 mulheres, excluindo-se aquelas com filhos biológicos, ou que já estavam exercendo a maternidade adotiva em relação a algum sobrinho ou enteado, ou cujos maridos é que vivenciavam dificuldades relativas à infertilidade. Desse conjunto inicial de eventuais participantes, a pesquisadora conseguiu efetivar o contato com 52 mulheres.

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Apenas em três casos os dados de contato estavam desatualizados, não possibilitando o convite da pesquisadora.

Dentre estas 52 candidatas à adoção contatadas e convidadas pela pesquisadora (por telefone) para o estudo, 40 verbalizaram o aceite para a participação. Houve12 casos em que a pessoa preferiu não participar, apresentando como razões a falta de tempo, ou aparentando algum temor de que a pesquisa pudesse interferir em seu processo de adoção, ou mesmo não apresentando qualquer motivo específico. Cumpre-nos reiterar que, no momento do convite, a pesquisadora tomou os devidos cuidados éticos em garantir liberdade para as mulheres emitirem ou não seu aceite ao estudo, sem qualquer tipo de constrangimento em caso negativo. Enfatizou-se claramente, no convite por telefone, a garantia de inexistência de relação entre sua participação ou não na pesquisa e o andamento de seu processo jurídico de pedido de adoção.

Do grupo de 40 mulheres que aceitaram participar do estudo, foi possível realizar o agendamento da coleta de dados com 32 voluntárias, sendo que as demais não mais atenderam as ligações telefônicas da pesquisadora e/ou não ofereceram o retorno combinado. Das 32 candidatas à adoção que efetivamente agendaram sua participação na pesquisa, em 12 casos houve desistência posterior e/ou impossibilidade de participação. Em cinco desses casos houve contato telefônico da possível participante com a pesquisadora justificando sua desistência, apesar do agendamento inicial. Nos outros sete casos, não houve qualquer comunicação da voluntária, registrando-se apenas sua ausência no momento agendado de coleta de dados. A partir deste percurso, foi possível completar o número de 20 mulheres candidatas à adoção avaliadas para esta pesquisa, compondo G1.

Para a composição de G2 foram analisados os dados referentes ao perfil sociodemográfico de 105 mães adotivas cujos dados de cadastro estavam arquivados nos registros do Setor Técnico do Fórum, partindo-se das que haviam recebido crianças mais recentemente, para os casos mais antigos. Desse conjunto inicial foram selecionadas (pelo perfil sociodemográfico) 90 possíveis participantes, em relação às quais foram pesquisados dados referentes ao histórico ou não de infertilidade nos relatórios técnicos contidos nos autos judiciais. Entretanto, essa investigação foi possível em apenas 67 casos, estando os demais já arquivados em outra comarca, sem cópia disponível do relatório para verificação destas variáveis individuais.

Priorizou-se, então, contatar as mulheres que, com base nos relatórios técnicos acessados, preenchiam os critérios de inclusão no estudo, o que totalizou 51 possíveis voluntárias. A pesquisadora conseguiu efetivamente realizar contato telefônico com 35 desses

casos, uma vez que os dados de contato das demais estavam desatualizados (adoções já concluídas há anos).

Após convite à pesquisa com essas 35 mães adotivas, 24 casos aderiram à proposta. Dentre as razões apresentadas pelas 11 mulheres que recusaram a pesquisa foram relatados: falta de tempo (dois casos) e temor diante da possibilidade de quebra de sigilo relativo à origem de seu filho adotivo (nove casos). Foi possível observar que, apesar do cuidado da pesquisadora em se identificar e explanar as razões do estudo, a autorização prévia do Juiz para contato com as mesmas, bem como a garantia dos cuidados com o sigilo das informações, houve relevante apreensão por parte destas mães adotivas, culminando em maiores dificuldades para efetivar a coleta com este grupo de mulheres.

Das 24 mulheres que inicialmente aceitaram participar da pesquisa, foi possível efetivar o agendamento da coleta de dados com apenas 17 casos. Como ocorreu em G1, as demais passaram a não atender as ligações telefônicas e nem retornaram as ligações como combinado. Do conjunto de 17 voluntárias agendadas foi possível concluir a coleta de dados com 15 casos, com duas desistências.

Faltavam, então, cinco casos para completar G2 desse estudo, razão pela qual buscamos contato telefônico com outras nove mães adotivas cujos relatórios técnicos não estavam disponíveis, e, portanto, não houve confirmação prévia de suas condições de inclusão ou não no estudo. A checagem dos dados necessários para incluir a possível voluntária na pesquisa foi realizada via telefone, mediante perguntas da pesquisadora visando confirmar idade, escolaridade, estado civil, status atual de relacionamento conjugal, além de histórico ou não de infertilidade. Dessas mulheres sete preenchiam os critérios de seleção no estudo, sendo que cinco concordaram em participar. Desta vez, não houve desistências, sendo possível concluir a coleta de dados. Foi possível observar que, dentre os casos de adoção mais antigos, houve maior receptividade por parte das mães e menor sensação de ameaça do sigilo em torno da adoção realizada. A partir deste percurso, foi possível realizar a avaliação psicológica de 20 mães adotivas, alcançando-se a composição pretendida para G2 no presente estudo.

Para a composição de G3 (mães biológicas), obtivemos indicações de 27 mulheres a partir das ex-clientes de uma profissional (psicóloga) que atuava como “doula” e consultora em amamentação em Ribeirão Preto (SP). A pesquisadora fez um primeiro contato com essas eventuais voluntárias por meio de telefonema, onde foi apresentada a proposta da pesquisa. Nesse momento também foram buscadas informações relativas a idade, escolaridade, estado civil e idade dos filhos, de modo a checar se eram compatíveis com os critérios de inclusão na amostra. Dessas 27 indicações apenas 16 mulheres preenchiam os critérios de seleção de

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participantes do estudo, sendo que todas aceitaram participar da pesquisa, concluindo integralmente o processo de coleta de dados, sem desistências.

Para concluir a composição de G3, a pesquisadora solicitou indicações de pessoas de sua rede social de contatos, mas sem proximidade afetiva que pudesse prejudicar a qualidade da avaliação psicológica a ser realizada. Foram convidadas quatro mulheres nessa condição, sendo que todas preenchiam os critérios de inclusão e concordaram em participar do estudo. Desse modo, foi possível totalizar as 20 mães biológicas pretendidas para G3.

A partir das estratégias descritas foi possível concluir com êxito a avaliação psicológica do conjunto de 60 mulheres, amostra pretendida para a presente investigação. Em termos sintéticos o percurso amostral dos três grupos do estudo pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1. Percurso amostral do presente estudo (n = 60) em função dos grupos de mulheres.