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Perfil de letramento dos entrevistados

4. METODOLOGIA DE PESQUISA

4.1 O INGRESSO NA ESCOLA

4.1.3 Perfil de letramento dos entrevistados

O perfil de letramento de cada aluno entrevistado será apresentado na ordem cronológica da realização das entrevistas.

O primeiro aluno entrevistado foi G, sexo masculino, 9 anos. Seus pais tem nível de escolaridade superior, a mãe é professora primária42. G gosta de ler

para aprender. Prefere revistas sobre animais a livros de história. A mãe incentivava sua leitura desde antes de ser alfabetizado, pois a mãe lia histórias. Quando aprendeu a ler, a mãe incentivou a leitura de livros de ciências e literários. Possui diversos suportes de texto em casa, como calendários, álbum de fotografias, Bíblia, dicionário, agenda, livros didáticos, romances e livros infantis, lista telefônica, enciclopédia e jornal.

Relata que lê para o irmão mais novo, mas que prefere livros didáticos com figuras explicativas ou livros paradidáticos de literatura. Tem hábito de freqüentar a biblioteca da escola diariamente, mas não conhece outra biblioteca a não ser esta. Confundiu biblioteca com uma livraria do centro da cidade.

Os pais costumam ajudá-lo nos deveres de casa habitualmente, mas não têm mais o hábito de ler em voz alta pra ele. Na escola, a leitura em voz alta geralmente se faz do livro didático pela professora e, em casa, o pai costuma ler jornal e a mãe pouco lê, pois está ocupada com os serviços domésticos.

O segundo aluno entrevistado é L, sexo masculino, 8 anos. Seus pais têm baixa escolaridade: a mãe estudou até a terceira série do Ensino Fundamental e sobre o pai o aluno não soube responder. Segundo L, a mãe lê mais ou menos e não sabe se o pai sabe ler. Os materiais escritos que possui em sua casa circulam mais na esfera cotidiana/religiosa, como manual de celular, foto de familiares e Bíblia, e na esfera escolar, como dicionário, livros didáticos e infantis. L relata que ninguém o levou a gostar de ler; aprendeu a gostar sozinho. A mãe não lia quando ele era menor.

Nos deveres escolares, quem ajuda eventualmente é o irmão mais velho. Os pais costumam ler em casa a Bíblia, jornal e cartas.

A única biblioteca que conhece é a da escola, a qual freqüenta somente a pedido da professora e onde ouve/ lê histórias que ele mesmo escolhe.

Conhece textos da literatura oral como adivinhas, cantigas, contos, parlendas, presentes nos livros didáticos e na convivência com amigos.

A terceira entrevista foi com P, sexo feminino, 9 anos. Seus pais têm grau de escolaridade variado: a mãe cursou até a sexta série do Ensino Fundamental e é empregada doméstica e o pai cursou o Ensino Médio e trabalha como segurança. Afirma que ambos lêem bem. P relata que gosta muito de ler, principalmente os livros do Monteiro Lobato e contos de fadas. Tem uma história de leitura diária em voz alta desses gêneros pela mãe e, posteriormente, o incentivo da mesma quando P aprendeu a ler, para poder ter uma profissão melhor reconhecida – arquitetura – na idade adulta. Possui diferentes suportes de texto em casa, desde os gêneros que circulam na esfera cotidiana/religiosa, como calendário e folhinhas, álbum de família, Bíblia, agenda de telefone, livro de receitas, lista telefônica, manual de equipamentos, e outros que circulam na esfera escolar, como dicionário, livros didáticos e infantis e enciclopédia. Não há romances para adultos em sua casa.

O pai ajuda eventualmente nos deveres escolares, mas não lê para ela. Prefere que ela mesma leia. Então, P lê/conta histórias para o seu irmão mais novo. A leitura dos pais está centrada em jornais, revistas e nos livros didáticos que chegam a cada ano para ela.

Costumava freqüentar biblioteca da cidade em que morava anteriormente, pegando os livros de contos de fadas clássicos. Dos textos de tradição oral, P conhece parlendas, adivinhas, cantigas, contos de terror, trava- línguas, todos ouvidos ou lidos pelas professoras da série atual e das séries anteriores também.

A última aluna entrevistada é N, sexo feminino, 9 anos. Também tem pais com grau de escolaridade variado: a mãe tem nível superior, arquiteta, e o pai cursou o Ensino Médio completo e é motorista. Ambos lêem bem, na opinião dela.

N gosta de ler principalmente livros autorais, além dos contos de fadas.

Ela atribui o gosto pela leitura a uma amiga, à escola e também a sua mãe. Existe o chamado “clube do travesseiro”, nome que N e mais duas amigas que não freqüentam a mesma escola que ela inventaram para as reuniões que fazem na casa de uma das meninas, onde contam histórias de terror e lêem poesia. O “clube” acontece todos os finais de semana, antes do jantar, e termina com uma guerra de travesseiros entre elas. A escola está relacionada com o gosto pela leitura de N na figura da professora que lê em sala de aula e leva os alunos à biblioteca da escola, já que, em sua experiência numa escola anterior, a professora não fazia isso. E, finalmente, no que toca à família, a figura materna, que lê histórias da Bíblia para ela, e o pai que ajuda nos deveres escolares e lê livros de literatura infantil com ela. Costuma freqüentar a biblioteca da escola três vezes na semana, retirando livros de Ziraldo, Tatiana Belinky, Ruth Rocha, sendo Ziraldo seu autor preferido.

Na sua casa estão presentes vários portadores das esferas cotidiana, religiosa, escolar a saber: calendário, folhinhas, álbum de família, bíblia, bíblia infantil, agenda de telefone, dicionário, livro de receitas, livros didáticos, de romance que o irmão mais velho lê para o vestibular, e infantis, lista telefônica, enciclopédia que o tio traz da casa dela para ela ler e manuais.

Os pais costumam ajudá-la sempre nos deveres escolares, além de lerem em voz alta livros infantis e a bíblia. Costuma ir a livrarias também junto com a mãe e com uma amiga que mora próximo a sua casa. Os pais costumam ler jornal, a bíblia, receitas e literatura ficcional.

Sobre a literatura oral, as fontes são os amigos da escola, do bairro, os primos e os livros didáticos.