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2 UM NOVO CENÁRIO, NOVAS DEMANDAS EDUCACIONAIS E A VALORIZAÇÃO

4.3 O perfil do aluno evadido do polo de Mossoró

Na primeira parte do questionário, procuramos construir um perfil dos alunos que evadiram do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do polo de Mossoró, identificando aspectos como: idade, sexo, estado civil, renda, exercício de atividade remunerada, nível de escolaridade, tempo dedicado aos estudos etc.

32 Alguns alunos evadidos residem em outras cidades e até mesmo em outro país, outros mudaram de residência,

de modo que o endereço fornecido pelo IFRN não é mais o endereço em que o ex-aluno reside.

Procurarmos traçar um perfil do aluno evadido do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, por consideramos que o conhecimento das suas condições sociais, econômicas e culturais é fundamental para uma compreensão mais adequada das suas motivações para a evasão.

É importante ressaltar que, quando solicitamos aos alunos evadidos que respondessem a esses questionamentos, levassem em consideração o período em que ainda frequentavam o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental.

Essa solicitação objetiva conhecer as características dos alunos quando ainda frequentavam o curso, para que possamos entender melhor os motivos que influenciaram na sua decisão pela evasão do curso no momento em que decidiram abandoná-lo.

De um total de 22 alunos evadidos, foram aplicados questionários com 15 alunos (68,18%), dos quais 13 alunos (86,67%) residiam na cidade de Mossoró, um aluno (6,67%) residia em Apodi e um aluno (6,67%) residia em Angicos quando participavam do curso. Esses alunos chegaram ao final do primeiro semestre do curso inseridos em uma faixa etária de 18 a 45 anos, com uma maior concentração na faixa etária de 18 a 31 anos (80,0%).

Por se tratar de um grupo de adultos, torna-se compreensível o fato de que 11 alunos (73,33%) exerciam atividade remunerada no período em que frequentavam o curso. Esses 11 alunos tinham o trabalho como principal fonte de sustento, enquanto que os outros quatro alunos (26,67%) ainda eram sustentados pelos pais.

A tabela abaixo apresenta a relação entre o exercício de atividade remunerada e o estado civil dos alunos evadidos que participaram desta etapa da pesquisa.

TABELA 7 – RELAÇÃO ENTRE GÊNERO, ESTADO CIVIL E EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA DOS ALUNOS EVADIDOS DO POLO DE MOSSORÓ

Gênero e Trabalho Casado (a) Solteiro (a) Total Homens que trabalham 04 03 07 Homens que não trabalham 00 02 02 Mulheres que trabalham 01 03 04 Mulheres que não trabalham 00 02 02

Total 05 10 15

Apesar de 11 alunos evadidos exercerem atividade remunerada e considerarem essa atividade a sua principal fonte de sustento, apenas oito alunos (53,33%) consideravam o trabalho a sua principal atividade. Seis alunos (40,0%) afirmaram que os estudos eram a sua

principal atividade, enquanto que um aluno (6,67%) considerava tanto o trabalho quanto os estudos como sua atividade principal.

O que se percebe é que os alunos que não trabalhavam ou ainda aqueles que exerciam alguma atividade com baixa remuneração apresentavam os estudos como sua principal atividade.

A constatação de que a maioria dos alunos evadidos exercia alguma atividade remunerada evidencia a busca por novas qualificações profissionais, seja para a manutenção da empregabilidade, ou ainda objetivando atuar em uma nova atividade profissional com maior possibilidade de ascensão econômica, dentro de uma perspectiva da necessidade de educação ao longo da vida.

Outro aspecto que merece destaque diz respeito ao fato de que a maioria dos alunos evadidos era oriunda de instituições de ensino públicas, conforme mostra a tabela abaixo.

TABELA 8 – INSTITUIÇÃO DE ORIGEM DOS ALUNOS EVADIDOS DO POLO DE MOSSORÓ POR DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA

Dependência administrativa Aluno evadido

Escola pública 09

Escola privada 06

Total 15

Sete alunos evadidos (46,67%) já estavam estudando quando passaram a frequentar o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, três alunos (20,0%) estavam a, no máximo, um ano sem frequentar uma instituição de ensino, quatro alunos (26,67%) estavam afastados das atividades educativas por um período entre dois e três anos, enquanto que apenas um aluno (6,67%) estava há sete anos sem estudar.

Esses dados evidenciam que a maioria dos alunos evadidos não estava distanciada do ambiente acadêmico quando optaram pela EaD.

Além disso, ao conhecermos o nível de escolaridade desses alunos, pudemos constatar que alguns alunos já possuíam formação em nível superior e que outros alunos frequentavam outro curso superior paralelamente ao curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, existindo ainda aqueles que frequentaram e não concluíram outro curso superior antes de iniciar as atividades do curso analisado.

TABELA 9 – NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS ALUNOS EVADIDOS DO POLO DE MOSSORÓ QUANDO INICIARAM O CURSO

Nível de escolaridade Aluno evadido Curso superior completo 04 Curso superior incompleto 05

Ensino Médio 05

Ensino técnico integrado ao ensino médio 01

Total 15

É importante ressaltar o fato de que, entre os alunos evadidos do polo de Mossoró, apenas cinco alunos (33,33%) eram oriundos do ensino médio. Outro dado que merece destaque diz respeito ao percentual de alunos que possuíam um curso superior incompleto (33,33%) e que estavam buscando na EaD uma oportunidade de retomar sua formação em um curso superior.

As várias possibilidades de estudar em um curso superior oferecidas pela cidade de Mossoró ficam evidentes quando se observa o significativo número de alunos evadidos que frequentavam outro curso superior paralelamente ao curso analisado (20,0%).

O reduzido número de alunos oriundos do ensino médio, aliado ao elevado número de alunos que possuem um curso superior, completo ou incompleto, em conjunto com os alunos que frequentam outro curso superior paralelamente ao curso analisado demonstram a vivência desses alunos no ambiente acadêmico e a familiaridade com o ensino superior.

Entre os 15 alunos que participaram da pesquisa, 13 alunos (86,67%) preferiam estudar individualmente, enquanto que apenas dois alunos (13,33%) preferiam estudar em grupo. No grupo analisado, 13 alunos evadidos (86,67%) nunca haviam participado de um curso através da modalidade da EaD.

A preferência pelo estudo individualizado contraria a ideia apresentada pelo projeto do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, onde se afirma que:

O presente projeto pedagógico pressupõe um curso de graduação a distância, utilizando prioritariamente Internet e materiais impressos, suportado por um sistema pedagógico e de tutoria que articule, organize e estimule o trabalho grupal, cooperativo, mais do que o individual (CEFET-RN, 2006, p. 20)

O fato de a maioria dos alunos exercer alguma atividade profissional, aliada a existência de alunos que frequentavam outro curso paralelamente ao curso analisado, dificulta a realização de estudos em grupo e ajuda a entender porque esses alunos optam pelo estudo individual, bem como a opção pelo turno noturno para a realização das atividades do curso, como pode ser constatado na tabela abaixo.

TABELA 10 – HORÁRIO EM QUE OS ALUNOS EVADIDOS DO POLO DE MOSSORÓ ESTUDAVAM COM MAIOR FREQUÊNCIA

Turno Alunos evadidos % Manhã 02 13,33 Tarde 04 26,67 Noite 07 46,67 Madrugada 02 13,33

Qualquer horário disponível 00 0,0

Total 15 100,0

A realização de estudos à noite ou durante a madrugada é um reflexo da realidade de um grupo onde a maioria dos alunos exerce alguma atividade remunerada, disponibilizando apenas desses horários para realizar as atividades do curso.

Além disso, o fato de seis alunos evadidos (40,0%) estudarem, preferencialmente, durante a manhã ou a tarde, reflete a realidade de alguns alunos que não exercem atividade remunerada, ou ainda, daqueles alunos que consideram os estudos como sua principal atividade, dos quais muitos ainda têm os pais como principal fonte de sustento.