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6 EM BUSCA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: A DOCÊNCIA NA

6.4 O PERFIL DOS PARTICIPANTES DO TALP

O tópico se inicia com a caracterização dos participantes. Revela-se como aspecto interessante traçar o perfil a fim de estabelecer relações entre as representações sociais dos participantes, e o contexto em que estão inseridos. A figura abaixo traz o quantitativo de docentes que responderam aos questionários.

Figura 14- Caracterização dos participantes

FONTE: Produção da pesquisadora

Percebe-se que a maioria dos docentes se concentra no setor público, divididas entre as zonas urbana e rural. Apenas um professor do sexo masculino foi encontrado nesse grupo, sendo a maioria de professoras do sexo feminino. Nota-se que durante a aplicação do piloto que foi realizada apenas na zona urbana, não foi encontrado nenhum professor do sexo masculino atuando.

Diante da caracterização dos participantes é possível afirmar que o contexto é entendido aqui como aspecto relevante a se pensar na conformação das representações dos docentes. A denominação professor para identificar os profissionais que atuam com as crianças de 0 a 3 anos, nem sempre é utilizada, aparece também nas falas dos profissionais outras denominações para se identificarem, como: monitor, regente de ensino etc.

Educação Infantil 0 a 3 anos (Creche) Pública e Zona urbana 41 Pública e Zona rural 00 Privado 01 Educação Infantil 4 e 5 anos (Pré-escola) Pública e Zona urbana 20 Pública e Zona rural 20 Privado 00 Não declararam a etapa da E.I em que atua 04

No âmbito da creche, encontra-se diversas denominações para os profissionais que ali atuam. Trata-se de um universo composto por diversas especificidades e nomenclaturas. Alguns estão atuando enquanto docentes, outros se denominam de monitores ou auxiliares de sala, porém foi percebido serem estes, os responsáveis pela turma, portanto também docentes, apesar de nem sempre se reconhecerem como tal.

Foram encontrados profissionais da creche que atendem pela denominação de regente de ensino, função anteriormente destinada a quem ocupava os espaços de docente com apenas formação no Ensino médio. O cargo já foi extinto nos planos de carreira docente dos municípios visitados, mas os profissionais ainda se identificam como tal. Também se observou a existência daqueles que se denominam de professores, e nesses casos, foi percebido que estes ou estavam cursando Licenciatura em nível superior, ou já tinham concluído.

Devido a esta "salada terminológica16", empregada por alguns autores como ainda não resolvida pela legislação e orientações curriculares, e que classifica os que atuam com crianças de 0 a 3 anos, optou-se por denominá-los de acordo com o que está descrito nas determinações legais de forma generalizada, ou seja, professores17 da Educação Infantil.

Durante a escrita, foram utilizados os termos, participantes da pesquisa, professores ou docentes, para se referir aos professores e professoras que participaram da primeira etapa do estudo; na segunda etapa da pesquisa, preferiu-se a utilização do termo professoras ou participantes para indicar a participação das oito (8) participantes, já que foram todas do sexo feminino.

Para os que atuam com crianças de 4 e 5 anos, na prática, a denominação professor da Educação Infantil é a mais utilizada, e os que estão atuando como auxiliares de sala, são chamados de monitores ou auxiliares mesmo. Portanto, as funções neste espaço são mais bem definidas, e não há muita contradição entre o que está posto na legislação e o que se visualiza na prática, quanto à formação do profissional que ali atua.

Prosseguindo a discussão do perfil dos participantes do TALP, tem-se a caracterização da faixa etária dos professores. Como se pode observar no gráfico:

16 O termo foi empregado para enfatizar a confusão hoje vivenciada na Educação infantil, em especial a creche

com relação aos tipos de profissionais presentes neste ambiente.

17 No caso desta pesquisa, conforme já explicitado, foi utilizado o termo participantes ou docentes também para

Figura 15- Percentual de idade dos participantes

FONTE: Produção da pesquisadora

Do total dos oitenta e seis (86) questionários aplicados, observa-se que a maioria dos entrevistados se concentra na faixa etária de 41 a 65 anos que indica um total de 52 % dos participantes. Ao comparar o percentual de idade nesta faixa, entre quem atua em creche (54,8%) e na pré-escola (45,2%), indica-se que a taxa de concentração é mais elevada na creche, como pode-se ver nos índices comparativos entre as faixas, em que a diferença chega a quase 10%.

Com relação ao percentual entre 31 e 40 anos também é bastante elevado, tendo como base o total de participantes, porém nessa faixa, vê-se uma equiparação maior entre os participantes. Ao comparar os índices dos docentes da creche (48%) e pré-escola (52%), sendo de apenas 4% a diferença. Importante ressaltar também que a participação na faixa etária 1, de 19 a 30 anos, mesmo não sendo muito expressiva; indica uma diferença de menos de 1% entre a creche e pré-escola.

Ao cruzar os dados de tempo de atuação e idade dos participantes percebe-se a característica de terminalidade na profissão dos docentes que atuam com a Educação Infantil. Em todas as respostas, as professoras indicaram tempo de atuação igual ou maior para a Educação em geral e menor na Educação Infantil, o que leva a inferir a ideia presente de terminalidade da profissão nesta etapa.

12%

30%

52%

6%

Figura 16- Tempo de atuação dos participantes na Educação Infantil

FONTE: Produção da pesquisadora

Os dados indicam que o percentual de profissionais que atuam em creches, estão se aposentando ou bem próximas de se aposentar na profissão, sugerindo assim que o lócus em que atuam, está sendo entendido como um espaço designado para quem está próximo da aposentadoria como docente.

Das participantes, maior percentual das que atuam na pré-escola se concentra na faixa de tempo de 0 a 5 anos de atuação, enquanto que na creche o percentual maior está na faixa de 11 a 20 anos. Os dados demonstram uma permanência maior das professoras da creche atuando na Educação Infantil, enquanto que na pré-escola há maior rotatividade.

Observa-se ser característica entre as professoras desta etapa, os profissionais não permanecerem muito tempo, o que ocasiona uma rotatividade considerável tendo em vista que do percentual que se concentra na primeira e segunda faixa temporal, a maioria não chega a completar 5 anos de atuação, sendo mais perceptível esta característica na pré-escola do que na creche.

Em se tratando da formação das participantes, há uma diferença bem clara entre os participantes da creche e da pré-escola. Observa-se que na creche a concentração dos participantes está no magistério nível médio, tendo a pós-graduação um percentual próximo do que apresenta o magistério, porém menor. Quando se observa a formação docente na pré-escola, percebe-se que a maioria dos participantes se concentra na linha de pós-graduação, que

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 0 A 5 A N O S 6 A 1 0 A N O S 1 1 A 2 0 A N O S 2 1 A 2 5 A N O S 2 6 A 3 1 A N O S

TEMPO DE ATUAÇÃO

claramente se apresenta no gráfico como o maior percentual em detrimento dos demais. A graduação aparece discretamente, e o magistério se mostra em número bem reduzido.

Figura 17- Nível de formação dos participantes

FONTE: Produção da pesquisadora

Apresenta-se também, um número de professores que se encontram com a qualificação em andamento e não informaram se possuíam alguma formação em nível médio anterior. Esse percentual é maior na creche.

Com relação aos cursos de formação, foi apreendido uma preponderância de cursos de formação em caráter de horário especial, ou que funciona aos finais de semana, especialmente para os que atuam em cidades do interior mais afastadas. Em geral as instituições de formação a nível de graduação, são cursos de finais de semana em instituições privadas.

A presença de cursos que funcionam em horários especiais é muito expressiva ao analisar a formação dos docentes que atuam no interior paraibano. Kramer (2008, p.220) expressa que, "Cursos esporádicos e emergenciais não resultam em mudanças significativas nem do ponto de vista pedagógico nem do ponto de vista da carreira".

Tal expressividade nestes tipos de cursos, inserem nesse contexto a preocupação de que tais cursos, estejam limitando a formação docente, em especial os que atuam na Educação Infantil, para apenas o foco na certificação de professores.

Não informou a etapa Pré escola Creche

Nível de formação

Não informou Cursando graduação Ensino médio

Em caráter mais curto, sendo mais rápido que a formação regular, ou seja, enfoque em uma formação aligeirada, estaria apenas atendendo então a exigência do aumento da escolaridade docente, mas significativamente, apresentando poucas mudanças reais nas práticas das instituições.

Das docentes que possuem especialização, boa parte possui especialidade em Educação Infantil, o que demonstra uma preocupação com a formação mais específica para atuar com as crianças, que surge da necessidade dos próprios professores em buscar formação complementar. Ao relacionar os dados de formação com o tempo de atuação dos docentes da Educação Infantil, observa-se que estes, chegam a esta etapa com nível de formação superior. Já são professores que atuavam no ensino fundamental e foram transferidos para atuar com crianças de 0 a 5 anos, os professores com este perfil, estão próximos de se aposentar de suas atividades, o que indicou o caráter de terminalidade de sua atuação, como mencionado anteriormente.

Também se evidenciou um perfil docente, de quem chega para atuar apenas com ensino médio, alguns com o magistério a nível médio especialmente nas creches, são esses que permanecem mais tempo atuando. Quando já se encontram trabalhando, alguns buscam se qualificar mais e por isso foram encontrados índices de participantes que ainda estão cursando graduação.

Ao cruzar os dados referentes a faixa etária, nível de formação e tempo de atuação pode- se ver mais detidamente essas relações entre os dados do perfil dos participantes. Os dados foram separados em dois gráficos referentes aos docentes da creche e da pré-escola para também estabelecer uma relação entre essas duas etapas.

O primeiro eixo de linhas indica o nível de formação dos participantes, em sequência abaixo, apresenta-se o tempo de atuação em média de cada grupo. Todas essas informações, relacionadas a faixa etária na qual os participantes se integram.

Dessa forma, a relação entre o nível de formação para cada idade bem como a média do tempo que estão atuando na Educação Infantil é percebida mais claramente.

Figura 18– Relações entre nível de formação, tempo de atuação e faixa etária dos participantes da creche

FONTE: Produção da pesquisadora

Ao observar os docentes da creche, nota-se a maior concentração na faixa etária de 41 a 65 anos, sendo estes em sua maioria, formados em nível de magistério médio e permanecendo nesta etapa entre 11 a 20 anos, o que representa o tempo médio de atuação na Educação Infantil para a creche.

Próximo a esse índice está o percentual da faixa etária 2, ou seja, composto de professores e professoras que possuem de 31 a 40 anos de idade. Estes docentes, possuem em média a Pós- Graduação, e permanecem atuando entre 11 a 20 anos.

Interessante observar que os profissionais com maior percentual de idade, são também aqueles que mais tempo estão na instituição, o que indica uma caracterização da creche por integrar profissionais mais velhos. Mesmo quando se compara o tempo de atuação, essa faixa etária se encontra em maioria em todos os índices que indicam o tempo, sugerindo assim que não apenas os mais novos entram na creche e permanecem mais tempo, mas também, que há uma tendência na inserção de docentes com mais idade na etapa da creche.

1 1 2 1 1 2 1 6 8 4 4 1 1 3 12 4 2 5 4 2 1 1 2 7 4 2 1 1

Formação/ Tempo / Idade

Creche

Esses dados corroboram com a afirmação feita anteriormente, que a creche tem sido interpretada como etapa de finalização da carreira docente.

Passa-se então para os dados da pré-escola.

Figura 19– Relações entre nível de formação, tempo de atuação e faixa etária dos participantes da pré-escola

FONTE: Produção da pesquisadora

Ao analisar o gráfico acima, atenta-se que, para os profissionais que atuam na pré-escola, a faixa etária de 41 a 65 anos também está mais fortemente presente, porém, ao observar o nível de formação em que esses docentes se concentram, surge a pós-graduação como marcante, mas o tempo de permanência na etapa é menor que o que se verificou na creche. A média de atuação desses docentes é de 5 anos sendo percebida também ao passar para o segundo índice de tempo, a faixa etária que se destaca é a de 31 a 40 anos de idade.

Mais uma vez os dados reforçam a tendência no entendimento da etapa enquanto finalização da profissão e muitas vezes não uma escolha dos docentes.

1 1 3 1 3 5 10 1 1 3 14 4 5 4 1 1 1 1 9 6 1 2 3

Formação/ Tempo / Idade

Pré-escola

6.5. O SIGNIFICADO DE EDUCAÇÃO INFANTIL PARA AS PROFESSORAS DA