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De acordo com os Indicadores e Dados Básicos para a Saúde - IDB/2001 lançados pelo M.S. com apoio da OPAS, define-se como indicadores sócio-econômicos: a taxa de analfabetismo, escolaridade inferior a 4 anos de estudo; renda familiar e taxa de desemprego. As condições de moradia também representam um forte indicador para classificação de classe social. Analisemos o quadro seguinte:

Quadro 01: Caracterização sócio-econômica e cultural dos entrevistados .Fortaleza-CE, 2002

*Hoje, clia 22/06, o valor de 01 salário mítttmo correspnde a RS 200,00 e a Ü.f „„dólares americanos **1-18 - Hídro-Sanjtárias Entrevista do(a) S Id Escolaridade Estado Civil Tipo de família Renda familiar A Moradia N°. FiOi 08 Ociapação 01. M.S.C F 60 10 grau incomp

Viúva Monoparental -F2 SM 3 cômodos -Tijolos

s/ reboque, s/ instalações HS**

6 Costureira

02. N.S.C F 22 .1° grau

incomp

Casada Nuclear -4 S.M 4 cômodos - tijolos

rebocada, s/ instalações HS

4 Auxiliar de

Laboratório

03.F.P.G F 23 1° grau comp Casada Nuclear 3 SM 4 cômodos - tijolos

s/ reboque, c/ instalações HS 2 Dona de casa 04, I, AS. F 29 1° grau incomp

Casada Reconstituída 2 SM 2 cômodos - tijolos

s/ reboque, s/ instalações FIS

2 Dona de

casa

05. F.M.T. F 51 Analfabeta Casada Nuclear 3 SM 3 cômodos - tijolos

rebocada, s/ instalações HS

5 Dona de

casa

06. M.J.S F 62 Analfabeta Casada Nuclear -3 SM 3 cômodos ~ tijolos

s/reboque, s/ instalações HS

.12 Dona de

casa

07, AF.T. F 34 1° grau comp Solteira Monoparental 4 SM 2 cômodos - tijolos

rebocada, c/ instalações FIS

2 Vendedora

01. F. A M 58 1° grau

incomp.

Casado Reconstituída 3 SM 2 cômodos - tijolos.

s/ instalações FIS

5 aposentado

02. B.C. M 38 1° grau comp Divorc. Monoparental ~3 SM 2 cômodos fijolos,

s/ instalações FIS 2 Desempreg ado 03. M. C.MS F 29 1° grau incomp.

Casada Reconstituída - 3 SM 3 cômodos - tijolos

s/ instalações FIS

2 Manicure

01. F.OS. p 26 Io grau

incomp.

Casada Reconstituída 3 SM 3 cômodos - tijolos ,

s/ instalações HS

4 Doméstica

02. M.E.C. F 32 1° grau comp Casada Nuclear 2 SM 2 cômodos ~ tijolos ,

s/ instalações HS

4 Doméstica

Foram entrevistadas 12 pessoas, distribuídas pelos grupos de pais. Destas 10 ou eram do sexo feminino e 02 do masculino, com idades variando de 22 a 62 anos. Realidade esta que está de acordo com a literatura consultada em que demonstra que a niãe tende a bater com maior frequência, e o pai utiliza maior intensidade de força para castigar seu filho.

Em relação aos estudos, 02 afirmaram que nunca haviam estudado, nem sabiam ler ou escrever e os que haviam estudado, somente 04 afirmaram ter Io grau completo, mostrando o baixo grau de escolaridade destas famílias. Um outro fator agravante é que 06 não exercem atividade remunerada, ou seja, são domésticas, donas- de-casa, e 01 está desempregada. A renda familiar variou de 02 a 04 salários mínimos (SM'), o que representa uma renda baixa para prover toda uma família.

A grande maioria era casada. Quatro eram formadas por famílias reconstituídas, com os cônjuges vindo de outros casamentos. Consideramos casados aqueles que viviam mais de 02 anos juntos, com oficialização ou não do casamento. Três famílias monoparentais, duas eram maternas, ou seja constituídas por mãe e filhos e uma paterna (pai e filhos) . As cinco famílias restantes eram do tipo nuclear (pai, mãe e filhos)

Os componentes familiares variou de 03 a 14 pessoas numa mesma casa, com número de filhos entre 02 a 12. As condições de moradia revelaram a péssima qualidade de vida das pessoas, com casas pequenas, apertadas, sem instalações hidro sanitárias (HS) (10) com deficientes condições de higiene e limpeza.

Na literatura consultada, percebemos que o fenômeno da violência física de pais/mães contra seus filhos permeia todas as classes sociais. Entretanto, ela pode ser mais visível, observada e denunciada nas famílias que pertencem a extrâtos sociais economicamente inferiores.

Neste contexto, encontram-se pessoas desempregadas ou com trabalhos essencialmente manuais com baixa remuneração. Na sociedade capitalista em que

estanios inseridos, o trabalho é condição vital para a sobrevivência familiar, tendo os :■ pais como principais provedores.

Dessa forma,

o desemprego, pelas consequências que acarreta, pode engendrar atividades violentas do pai quanto aos filhos, uma vez que ele se vê despossuído da característica fundamental que o qualifica como responsável pela manutenção do lar: a função econômica. (Guerra, 1998, p. 142).

É válido ressaltar que dos dois pais do grupo H, um está desempregado, é alcoólatra e, o outro é aposentado.

Outro ponto importante a ser considerado é a habitação. As precárias condições de moradia, com aglomerado de pessoas em poucos cômodos reflete a realidade das famílias aqui estudadas. O que encontramos foram verdadeiros aglomerados familiares formados pela sobreposição de casas e aproveitamento de espaços mínimos que não foram planejados. E o que isto interfere nas relações pais e filhos?

Segundo Mello (2000, p.58) é preciso ampliar os horizontes e perceber que fatores como desemprego e moradia são desencadeantes de conflitos. Basta tomar as habitações como ponto de referência do nosso olhar e reflexão.

Lado a lado com a conquista diária do alimento, sempre escasso, conquisla~se um espaço no interior das casas pequeníssimas, um lugar nas camas e colchões compartilhados com muitos irmãos. Nas casas, eles estão, literalmente, jogados uns sobre os outros e, o que é importante, jogando seus sentimentos, sejam os fortes sentimentos de afeto ou, os igualmente fortes, de raiva e frustração.

As diferenças entre classes sociais é um fato. Vários estudos afirmam que a educação da palmatória é uma realidade que permeia todas as classes sociais. Wadeson citado por Htll (1996) argumentou que muitas pesquisas realizadas demonstraram uma relação existente entre a pobreza dos pais, o alto nível de stress e o largo uso de uma disciplina mais caiei. Enquanto que o rico se preocupa com o excesso de atividades que

possui, o pobre se estressa com a ausência do alimento diário, com a luta pela sua sobrevivência e de sua família. O que muda, então, são os fatores desencadeiam os conflitos, a freqüência e a intensidade da força empregada contra a criança.

Tomando por base este perfil sócio-econômico dos sujeitos, apresentamos, no próximo tópico, os resultados obtidos a partir dos modelos teóricos construídos resgatando tanto elementos da literatura estudada como também das práticas discursivas dos sujeitos entrevistados.