• Nenhum resultado encontrado

4 – PERFORMANCES FEMININAS EM CONTEXTOS POLÍTICOS LOCAIS: NEGOCIAÇÃO ABERTA

Nesse capítulo me proponho a descrever os contextos políticos locais das cidades onde as campanhas eleitorais foram acompanhadas imbricadas aos processos de busca de legitimidade por parte das mulheres primeiras-damas em disputa em cada campo. Para tanto, acredito ser importante nesse momento do texto refletir sobre a diferenciação proposta por Sônia Alvarez (1998) entre o campo da política e o campo do político. Para a autora o campo da política circunscreve a esfera da política clássica, ou seja, das instituições políticas, dos partidos, dos campos de representação política e dos espaços de atuação. O campo do político teria um sentido mais amplo, pois esse remete ao cultural, ao simbólico e às relações de poder/gênero que aí se constituem e se reconfiguram mutuamente e continuamente. Para Barreira (1998), enfatizar o campo do político é uma tentativa de trazer à tona um “conjunto de significados simbólicos, visões de mundo, divisões que se explicitam em linguagens, crenças e rituais”.

Desse modo, trazemos como proposta desse capítulo tensionar performances femininas em disputa no contexto do campo do político no Cariri cearense. Para tanto, acompanhamos mulheres em campanhas não só enquanto postulantes a cargos eletivos do executivo, mas sobretudo enquanto postulantes à primeiras-damas, por entender, que esse lugar específico dado às mulheres tem significado quase estruturante para compreensão do campo do político e por conseguinte da política. Não podemos esquecer que desde Scott (1995) a disputa por poder se traduz numa espécie de contenção das possibilidades metafóricas, dos símbolos representativos das diferenças percebidas que define, legitima e dota de sentido o conjunto social. Essa é uma das ideias que nos permite afirmar que o campo da política é um espaço eminentemente masculino, já que os valores e atributos que o compõem são associados ao masculino.

Sobre isso, Butler (1998), ao discutir as condições de possibilidade de um “sujeito da política do feminismo”, apresenta a constituição atual do sujeito autorizado e legítimo da política, que ela denomina “sujeito ocidental masculinizado”. Para Butler, esse sujeito, entendido como a representação do sujeito da política, é aquele que

institui as regras do jogo político através do uso da força, um dos seus atributos principais de gênero. Por questões como essas, nosso trabalho de pesquisa de campo buscava observar, sobretudo, duas relações que tento apresentar nos capítulos que seguem. A primeira, diz respeito ao modo como essas mulheres se apresentam no campo do político, o que reitera suas performances e como elas negociam suas imagens em cada contexto cultural específico. E a segunda relação a que me detenho diz respeito a como suas performances trabalham no processo de legitimação de sujeitos femininos em um campo já marcado pela presença do “sujeito ocidental masculinizado”.

Como dito na metodologia desse trabalho, a partir das convenções observadas escolhi relações e contextos político/culturais que acredito evidenciar a necessidade de negociação entre sujeitos e gêneros, pois mesmo estando na mesma região, cada uma das cidades do Cariri cearense apresenta peculiaridades históricas, políticas, religiosas, que fazem com que os pretendentes a representantes dessas comunidades manejem suas performances de gênero de acordo com o contexto, fazendo-me crer que diante dos rituais políticos um gênero fixo não resistiria. Assim, optei por acompanhar as mulheres em meio às relações a seguir, porque essas relações me permitem vislumbrar a reiteração de novas possibilidades para os gêneros quando elas acontecem, evidenciando a construção necessária dos gêneros flexíveis, contornáveis e em processo inacabável.

Em cinco cidades do Cariri, acompanhei de forma mais densa as campanhas eleitorais para o executivo e legislativo de 2016. Essas campanhas apresentaram imbricações relevantes para se tensionar as relações de gênero enquanto performances inacabadas, já que cada uma delas criava articulações em seus contextos que apontavam para os limites de um sistema coerente, uniforme e universal para os gêneros.

Mapa do Cariri com cidades onde as campanhas foram acompanhadas em destaque.

Fonte: elaborado pela autora.

Em 2016, as campanhas eleitorais municipais começaram em 16 de agosto e duraram por quarenta e cinco dias por determinação da justiça eleitoral. Nesses quarenta e cinco dias dividi-me nas cinco cidades em destaque no mapa acima. Participei de comícios e reuniões divulgadas pelas mídias sociais, pelas páginas online de candidatos e por convites multiplicados em grupos de WhatsApp que passei a acompanhar, conforme descrito anteriormente. Também me dirigia frequentemente aos comitês de campanhas, onde era possível encontrar candidatas/candidatos e primeiras-damas organizando atividades, distribuindo tarefas e atendendo eleitores. Os comitês foram espaços bem interessantes já que nesses locais demandas de campanha são resolvidas, estratégias e problemas são sabidos e solucionados; e, foram a partir desses lugares que me localizei enquanto pesquisadora para acompanhar os eventos das campanhas em cada cidade.

4.1 – As campanhas em Crato

Crato, é uma das cidades de maior importância econômica e social do Cariri cearense. Com quase cento e trinta mil habitantes, é conhecida como o oásis do Cariri por suas florestas, cachoeiras e clima. A política cratense foi marcada por disputas entre grandes famílias que se revezaram por décadas à frente da prefeitura. Os nomes dessas famílias ainda são presentes nas disputas eleitorais e falam muito de como as coisas acontecem por ali.

Em 2016, a disputa pela prefeitura se deu entre dois candidatos de tradição política na região. Um que buscava a reeleição trazia o sobrenome de uma das personalidades mais importantes da cidade, o outro candidato, que também descendia de família relevante, já era deputado estadual. Mas o que me chamou atenção nessas campanhas foi o lugar dado as duas esposas desses candidatos. Havia uma disputa entre as duas postulantes a primeira-dama nesse município, talvez fosse mais impulsionada pelos meios de comunicação local, mas que elas tinham que dar retorno devido as demandas por esclarecimento.

A comparação entre mulheres não é novidade nos campos da vida privada e cada vez mais se acentuam comparações entre mulheres que ocupam lugares públicos. Em Crato, essa comparação foi feita durante toda a campanha, entre as ex- primeiras-damas e as que estavam em disputa. Nos sites de notícias locais era possível acompanhar reportagens sensacionalistas como: “Conheça quem pode ser a futura primeira-dama do Crato”. Em outra matéria se lia: “Moda e estilo das futuras primeiras-damas: qual combina mais com o Crato?”13. Nesses textos, é nos

apresentado um perfil dessas mulheres a respeito do tempo de casamento e a vida com os filhos, como conciliar vida privada/pública, se há tempo para elas cuidarem do marido e dos filhos e ainda delas mesmas. Uma dessas mulheres foi descrita (nesses sites) como sempre bem vestida, e ao ser questionada como consegue estar sempre elegante, respondeu: “nós mulheres aprendemos muito cedo a ser multitarefas, e eu não sou diferente das demais donas de casa”14. É interessante falarmos dessa disputa

13 Revista Charm. Edição 96 – ano 8. Trimestre setembro/outubro/novembro. Distribuição gratuita em

todo cariri. 2017.

14 http://www.caririeisso.com.br/2017/11/eterna-primeira-dama-do-crato-dona-selene-bezerra-esta-

mais de perto, porque a forma como essas mulheres se apresentaram e foram percebidas nesse contexto, habilitaria ou não seus maridos para o cargo de prefeitos. Tudo está sob uma linha muito tênue de significados para essa mulher, como por exemplo, se ela está sempre bem vestida, essa mulher pode ser vista como organizada o suficiente para dar conta de todas as suas atividades e ainda se cuidar, o que é mérito do marido por ter sabido escolher bem; ou, ela pode ser muito vaidosa, o que não é uma boa característica se isolada, para uma mulher que está no mundo do político, o que pode acarretar ônus para campanha. Em um comício, ouvi, em meio às pessoas, em tom de ironia que “a primeira dama vem para aqui [sic] como se fosse para Aviões do Forró”; isso quer dizer que ela não estava vestida adequadamente ou que não entendia bem o lugar dela naquela situação. As festas de forró no Crato são grandes eventos. As pessoas vestem suas melhores roupas e se preparam o dia inteiro para essas noites. Aviões do Forró, talvez, seja a banda que mais agregue esses valores aqui; os ingressos têm preços altos e o brilho nas roupas das mulheres chamam atenção. Roberto Marques em seu livro Cariri eletrônico: paisagens sonoras do Nordeste (2015) descreve como as jovens mulheres do Cariri vão a uma noite de Aviões do Forró,

Cabelos escovados e modelados como em um salão de beleza, maquiagem cobrindo todo o rosto, adereços, saltos altos. Eram jovens vestidas como em qualquer revista para o público jovem, seriado ou novela de televisão, que podiam estar prontas para qualquer “balada”, em qualquer lugar do Brasil (MARQUES, 2015, p: 41).

Talvez, essa não seja a forma esperada de uma postulante à primeira- dama, pois espera-se dela que circule entre os eleitores em algum momento, mas se estiver vestida “como se fosse para Aviões do Forró” isso faz com que as pessoas pensem que ela não vai se dispor a estar entre o “povo suado e reclamando das coisas”. Tento explicar isso para entendermos como detalhes simples na apresentação dessas mulheres podem significar muito para esse campo a partir de seu contexto cultural.

Crato traz consigo um contexto permeado de sentidos muito próprios, que faz com que a disputa entre duas mulheres (para que seus maridos se tornassem prefeitos) ganhasse contornos, que, para mim, falam mais sobre os lugares reservados aos gêneros em nossa sociedade do que da política especificamente.

De um lado, encontrei uma ex-primeira-dama que buscava a reeleição de seu companheiro. Durante os primeiros mandatos do marido ela construiu seu nome como forte e relevante para atividades socioculturais do município, de tal maneira que, mesmo sendo condenada pela justiça comum por uso indevido da máquina administrativa e dos recursos da prefeitura, foi cotada com grande apoio dos correligionários para ser candidata a vice-prefeita, mas segundo seu blog, preferiu apoiar novamente o marido nas eleições municipais de 2016. Perguntei há alguns agentes da campanha por que convidaram ela se o marido ia ser candidato. Um dos membros da campanha disse – em tom de fofoca – que o casamento não estava bem e que antes de decidirem os nomes dos candidatos do partido, eles estavam para se divorciar, mas que a campanha levou a relação para outros rumos. Seu nome era tão consistente que durante a campanha ela visitou algumas localidades do interior da cidade apenas com correligionários, sem o marido candidato. Ela apresentava as propostas para o mandato sempre como se fosse uma construção dos dois. Assim, ele não era um candidato só, pois ela deixava claro que os eleitores estariam votando nele e nela. Isso trazia desconfiança para os eleitores acostumados com o papel de primeira-dama, enquanto esposa do prefeito. No Crato, essa mulher se apresentava como fazedora de política, como membro ativo do futuro governo e falava do que já fez pelo município.

Com o desenrolar da campanha, sua performance passou a preocupar partidários e eleitores. Durante as carreatas (que trata-se de um evento de demonstração de força política de um candidato, por aglutinar o maior número possível de apoiadores da campanha em um passeio com veículos – carros, motos, caminhões, vans em alguns casos cavalos –, pela cidade e que sempre acontece nas campanhas eleitorais no nordeste e acredito em todo o país) houve uma que chamou muita atenção, a do dia 23 de setembro. Normalmente o casal vai junto em um carro aberto, cumprimentando as pessoas, mas na última hora, a primeira dama resolveu ir dirigindo um outro carro, enquanto o marido candidato iria com deputados e apoiadores em outro veículo, o que seria importante para demonstrar a unicidade do grupo político. No decorrer da carreata, o carro com o candidato a prefeito seguiu uma rota não combinada e a esposa seguiu outra, o problema é que o carro do candidato foi parar em um bairro onde estava acontecendo uma festa e ele não poderia dar continuidade à carreata, os carros, então, voltaram para a posição em que estavam, e o carro do candidato e seus apoiadores ficou no final da fila.

Eu não segui junto a carreata, o que eu descrevi acima foi relatado depois a mim. Eu estava no local de chegada da carreata, uma praça com palco montado, muitos cartazes e muitos eleitores, a maioria das pessoas que ali estavam não possuíam meios de transporte próprio para participar da carreata, mas iam esperar seus candidatos ao final. Em função desvio no percurso na carreata a “candidata a primeira-dama” chegou primeiro ao local. Na hora, alguns se perguntaram pelo candidato, outros não se importaram, um grupo a levou para o palco e ela disse que o futuro prefeito de Crato estava chegando, mas enquanto ele chegava, era ela que comandava o palco. Nesse dia, não percebi nenhum problema na situação.

Alguns dias depois, ouvi uma fala de um vereador da oposição que dizia da “falta de competência do candidato, que se o povo quer a mulher dele tem que colocar ela como candidata, ou vocês pensam que pode [sic] votar nele para ela governar? ” (Crato-CE. 26 de setembro de 2016). Em comícios da oposição, ouvia-se piadas do tipo que lá quem mandava era a mulher, e que isso não estava certo.

“Do outro lado”, se apresentava, como dito anteriormente, um deputado estadual e sua companheira que se tratava de um câncer. Mesmo em tratamento de saúde, ela se fazia presente em quase todos os eventos da campanha do marido, vestida sobriamente e com lenços na cabeça devido a quimioterapia, aparecia aos eleitores de uma forma bem diferente da postulante antes descrita, essa “candidata a primeira dama” se mostrava mais tímida, sempre acompanhada de outras mulheres – irmãs, sogra, esposas de vereadores – essa ‘primeira dama” não se apresentava como parte do futuro governo, ela não se pronunciou em público em nenhum momento, durante toda a campanha ela se apresentou como esposa e mãe.

Quando se falava dessa possível primeira-dama, na maioria das vezes, ouvíamos um enaltecimento da sua forte ligação religiosa e suas visitas constantes a eventos da igreja. Falavam de seu “jeito” de receber pessoas em casa e da forma como lidava com os eleitores, sempre atenciosa e amável. Um dos agentes da campanha me dizia no final do comício do dia 26 de setembro – realizado dias depois da carreata da chapa adversária – de como “ela era uma boa mulher e sabia o seu lugar, diferente de outras que queriam ser candidatas, no lugar do marido”. Em uma das poucas vezes em que ela não participou da atividade de campanha, esse mesmo agente ao ser indagado sobre a ausência da “primeira-dama”, nos disse que “a obrigação de estar presente era do candidato e não da esposa dele. Algumas eleitoras que aguardavam “essa esposa” não gostaram muito da resposta, e esse apoiador

imediatamente complementou a resposta falando do tratamento pelo qual a primeira- dama passava que as vezes a deixava indisposta. Uma das senhoras que perguntou disse que “ele podia ter respondido só a segunda parte que já estava bom”. Eu saí do comitê com uma das senhoras que perguntou ao apoiador pela primeira-dama e indaguei se ela queria alguma coisa específica com a “primeira-dama”, ao que ela disse que queria que o candidato fizesse uma visita ao sítio dela para ver a situação de lá, mas que era melhor falar com a esposa, pois segundo essa senhora, “é mais fácil chegar no candidato pela mulher do que por esses bestas, que ficam arrudiando o homem e só atrapalham a gente”.

Uma atividade repetida por quase todas as postulantes a primeira-dama que acompanhei foi andar entre as pessoas antes ou depois das reuniões e comícios. Nesse momentos, a “candidata a primeira-dama” tinha a preocupação de se reunir com grupos de mulheres para ouvir suas demandas e fofocas de ambas as campanhas. Foi ali que comecei a perceber uma espécie de “nivelamento entre as mulheres”, pois além de se falar de fatos e acontecimentos da campanha (do mundo da política) também se falava de acontecimentos que estavam nos bastidores da política (no mundo do político), na maioria das vezes relacionados à questões que envolviam performances de gênero ligadas ao feminino, o que podia qualificar e/ou desqualificar as mulheres e seus companheiros.

Falava-se em falta de “nível” entre algumas companheiras de homens públicos, como por exemplo, “ela não tem nenhum nível de estudo”, “o nível de preparo dela para isso é zero” ou ainda “como é possível chegar a esse nível? ” Esse termo foi usado por homens e mulheres para relatarem o comportamento de mulheres durante a campanha. O grau de escolaridade foi usado por uma eleitora próxima à “primeira-dama” para falar da esposa de um vereador que ficava o “tempo todo” junto ao marido e não se aproximava das outras mulheres. Apesar de, o vereador, em questão, ter menos tempo de escolaridade que sua companheira (ele tem o ensino fundamental completo e ela o ensino médio completo) o que se discutia era a capacidade daquela mulher estar naquele espaço, entre aquelas pessoas, e, não se falava da capacidade do companheiro-candidato.

A atribuição de “nível de preparo zero” foi usado por um partidário para falar de uma candidata a vereadora que chorou durante uma reunião ao falar das dificuldades enfrentadas por ela para estar ali. Para ele, (que trabalhava para outro candidato) “chorar na frente dos outros é despreparo ou uma tentativa de comover as

pessoas para ganhar voto”. Sobre isso, Mara Guedes, uma militante dos movimentos de mulheres na região e fundadora do Conselho Municipal da Mulher de Crato (CMDM) que, inclusive, foi vereadora da Câmara de Crato, disse, certa vez, que se for uma mulher que estiver participando do processo eleitoral sempre vai existir julgamentos, e aproveitou para me relatar, há alguns anos, sobre sua experiência

Minha filha, não tem só uma dificuldade não, são várias. Primeira: vencer o preconceito de que lugar de mulher é em outro lugar e não na política. Segunda: você tem que ser três vezes mais competente que os homens, porque se você cometer uma gafe, eles dizem logo “é mulher!”. Aí vem a questão da violência de gênero, a questão de ser julgada só por ser mulher. Por que eu sou mulher e estou aqui não posso cometer nenhuma falha, errar em nada, esquecer nada, não pode nem tremer a voz, como eu tremi de raiva um dia na Rádio Araripe, quando eu denunciei o chefe do DEMUTRAN e ele depois veio dizer que eu estava toda me tremendo na entrevista, eu disse que eu podia até está, mas era de raiva, de indignação e não por medo como ele queria. Então, são muitas dificuldades que enfrentamos. Você me pergunta, é fácil? É não, mas nós estamos indo (Mara Guedes. 65 anos, novembro de 2012. Crato-CE).

A frase, “como é possível chegar a esse nível”, partiu de um grupo de eleitoras que não julgava apropriado o comportamento da companheira de um já vereador que tentava se reeleger. Falavam das roupas “desajeitadas” e de um suposto exagero na ingestão de álcool dessa mulher. Ao final de reuniões e comícios é comum haver uma reunião dos partidários e candidatos com suas famílias a fim de conversarem, comer e beber. Do grupo de mulheres que observam e cometam a conduta da esposa do vereador surgiram frases do tipo: “ela bebe mais que ele”, “será que ele não vê ela nesse estado? ”, “ele é um bom vereador, mas o que atrapalha mesmo ele é essa mulher”, “mas quando chega nesse nível não tem mais jeito não”, “ela nem é mais feminina”. Essa mulher era alvo constante das observações das outras, que asseguravam faltar-lhe um ideal convencional de feminilidade, elemento