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Performances poéticas nas redes sociais digitais

Como pesquisador e performer da comunicação poética, em um primeiro momento, voltei meu olhar para as nuances poéticas envolvidas na divulgação digital. Dentro da minha trajetória no mestrado e, talvez, por ser um dos modos diretos da minha ação poética com o mundo digital, a divulgação cultural apareceu inicialmente como objeto da pesquisa, como o primeiro tema a emergir dentro do quase-método ou metáporo [metodologia proposta], procurando a poética associada não a um tema ou objeto, como o panfleto de divulgação em si, mas, sim, a uma identidade humana que nos iguala em nossas paixões e experiências e que permite uma melhor efetivação da comunicação com a qualidade poética. Em um trabalho de teatro, é preciso pensar a expressão artística não somente no que diz respeito ao momento do espetáculo, mas a todos os elementos que compõem seu processo de comunicação, partindo da imagem estampada na divulgação, das palavras utilizadas, chegando à apresentação em si.

Relacionando o processo de divulgação cultural à performance poética, comunicação midiática é entendida aqui como o espaço poético aberto por uma ação [performance] poética realizada por uma ação corporal, ou uma imagem, um texto, uma poesia, um desabafo, todas as ações na rede social são compreendidas como performance poética. Nessa interação do usuário com a intenção poética no universo digital, a possível experiência estética proporciona uma abertura para a

efetivação da comunicação, conforme proposto por Ciro Marcondes Filho e apresentado na página sete, no início deste trabalho.

A divulgação artística caminha junto com a arte. Téspis, o primeiro nome associado ao teatro na cultura ocidental, viajou pela Grécia em uma carroça no começo do século V a.C., a qual ficaria conhecida mais tarde como “carro de Téspis”. O carro era usado tanto para o transporte como para a representação e, claro, por sua visibilidade quando entrava na cidade, servia, literalmente, como veículo de divulgação. Prática comum também da comédia dell´Arte é utilizada ainda na contemporaneidade por grupos itinerantes de circo em seus desfiles de ruas e cortejos de divulgação. A partir da invenção da prensa por Gutenberg, as

performances de divulgação ganharam a presença do panfleto impresso que passou

a ser utilizado como uma das formas mais comuns de divulgação cultural. Na cultura moderna, ganhou status de arte [como nos cartazes de propaganda da arte gráfica russa e nos cartazes do cinema alemão da primeira metade do século XX] e, antes das mudanças causadas pela internet, era a forma mais utilizada de divulgação artística, além dos serviços gratuitos de divulgação oferecidos por rádios, jornais e emissoras de televisão.

Em nossa nova ordem digital, com uma boa parte de nossa comunicação cotidiana mediada pela tecnologia, como se portaria Téspis? O chefe do coro dionisíaco, antes de entrar na cidade com seu carro, provavelmente já teria enviado mensagens a respeito do seu espetáculo em plataformas diferentes. Em seu e-mail, em alguns parágrafos, poderia escrever uma crônica acerca da história do deus do vinho; em uma frase, comentaria no twitter ou no celular; podendo, ainda, postar imagens ou o vídeo do seu coro trágico no YouTube. Em cada um desses suportes, o meio digital passa a fazer parte da narrativa, interfere na sua construção e carrega características próprias. Como uma ação ligada à arte, a divulgação cultural, atualmente, é um espaço poético aberto por ações principalmente de comunicação visual: flyers digitalizados, um compartilhamento de postagens de espetáculos, um trecho da obra, uma poesia do livro lançado, todas essas ações na rede social podem ser compreendidas como performance poética digital.

Antes das mudanças causadas pela internet, o panfleto impresso era a forma mais comum de divulgação cultural na cidade de Brasília nos anos 90. Não eram raras também, além das mesas cheias de panfletos de todos os tipos de eventos, a

presença de artistas realizando performances para divulgação, com figurinos e, muitas vezes, cenas do espetáculo. A observação do poético na comunicação dentro das redes sociais procura os elementos que produzem novas performances poéticas para a construção de novos sentidos que são decorrentes das novas tecnologias e de suas múltiplas possibilidades.

As mídias sociais já se tornaram ferramentas fundamentais na divulgação e na promoção de qualquer tipo de evento, de um grande show a um aniversário ou um evento entre amigos no final de semana. No caso do facebook, as ferramentas possibilitam colocar as características do evento em um texto de apresentação em um calendário, convidar pessoas e confirmar a presença delas. Na janela “Criar eventos” [imagem 3], realizamos a divulgação cultural do projeto Sarau do Infinito Galáxial Autoral, SIGA [imagem 4], evento que apresenta criadores em diversas áreas artísticas [teatro, vídeo, dança, música, artes visuais e poesia espontânea], os quais, além de apresentarem trabalhos, falam a respeito do processo de criação.

A administração da página criada para o SIGA foi realizada diariamente e, de acordo com as possibilidades que a ferramenta proporcionava, realizamos algumas postagens [como a da logomarca do patrocinador do espaço onde se realizaria o evento] e convidamos os amigos até que se completasse toda a lista. Embora funcione como uma instrumento de massa, o facebook parece evitar as grandes divulgações [ou melhor, quer cobrar por elas], o ícone “Convidar amigos” [imagem 5], por exemplo, apresenta uma marcação individual, o que dificulta a seleção; em certo sentido, a própria divulgação de um evento cultural que saia dos espaços de mídia paga funciona como subversão da ferramenta.

Imagem 3

Imagem 5

Em uma primeira análise dessas divulgações, observo que o tipo de amigo importa mais que o seu número total. Na primeira série de postagens, para a divulgação do projeto SIGA, observamos que, embora realizássemos as postagens em horários e dias diferentes, os seguidores se mantinham, ou seja, estavam interessados no evento. Nesse sentido, temos, dentro da comunidade virtual, diversos amigos e alguns “seguidores” que identificam e reconhecem afinidades e interesses, por isso é importante prestar atenção às perguntas de quem acessou o conteúdo, respondê-las e prosseguir com o diálogo, mantendo essa rede de seguidores, embora existam outras possibilidades, como páginas criadas apenas para serem “curtidas”, sem “seguidores”.

A partir da disponibilização da informação, as chances de que um conteúdo tenha o devido “reconhecimento” [visibilidade] são muito pequenas, por causa da forma como o facebook está organizado, algumas informações são pouco acessadas, justamente porque outros usuários estão criando conteúdos, alguns

publicando constantemente, o que gera velocidade na alteração das informações. Uma ideia comum dentro das comunidades é que um maior volume de conteúdos [ou repetição destes] possui mais chances de os assuntos estarem mais bem indexados, meramente pelo volume de postagens. Uma das formas de indexar conteúdos utilizados pelo próprio facebook é a geolocalização. Esse aplicativo possibilita “dizer” de onde são enviadas as informações; além da localização em tempo presente, o aplicativo pode funcionar também como um mapa de onde o usuário disse que esteve. O próprio Facebook criou a janela “Eventos Sugeridos”: sugestões de programas que acontecerão em lugares os quais o Facebook “sabe” que o usuário frequenta ou onde seus amigos são frequentes ou, ainda, que são promovidos por páginas curtidas pelo usuário.

Muitas comunidades digitais frente à competitividade e à própria natureza da Cultura de Massa, se veem na obrigação de possibilitarem sempre o “novo”, por isso esses sites são criados para proporcionarem um constante fluxo de atualizações. Por mais que hoje, em alguns momentos, a quantidade de postagens garanta uma visibilidade momentânea, a qualidade é uma garantia de longo prazo, porque, independente do que acontecer com a rede social utilizada, a qualidade de um conteúdo se mantém. Para isso ocorrer, é preciso um trabalho de acompanhamento das informações do usuário e de outras do seu interesse, reconhecendo outros participantes da mesma rede, participando, mostrando-se “presente”.

Utilizamos como estratégia para essa primeira divulgação [o evento é mensal] um teaser27 [vídeo com cerca de 1 minuto] com informações relativas ao espetáculo.

Pensando na melhor forma de divulgar o evento na internet, o vídeo pareceu ser a melhor ferramenta, por ser dinâmico e eficiente na apresentação do conteúdo cultural; além de possuir espaço para muitas informações, apresenta um usuário [consumidor] já acostumado a vídeos publicitários de 30s a 1 minuto, ou seja, jogamos na “regra do jogo”, dentro do modelo apresentado pela indústria cultural.

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A criação do teaser de divulgação envolveu a participação de cinco profissionais, os artistas plásticos André Santangelo e Cirilo Quartin; o músico Wladimir Alfione Lopes; o programador de vídeos Felipe Silwerwood e eu. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=vMuU8s_Y4bo>. Acesso em: 02\06\2012.

Com as possibilidades ampliadas pelo espaço digital [multimeio], as ações e as linguagens envolvidas na comunicação podem alcançar uma performance integral em relação ao uso do corpo de sons e imagens. Por meio de equipamentos tecnológicos, hoje, de fácil acesso, diversos artistas apropriam-se de novas ferramentas de expressão e criam novas estéticas digitais. Essa qualidade de arte integrada [integral] aproxima o espaço digital ao conceito de obra de arte total28 formulado por Richard Wagner, o qual buscava uma experiência artística ideal que pudesse ser a manifestação de todas as artes em sintonia, elevando o meio digital a um espaço, como queria o compositor alemão, capaz de colocar todos os meios artísticos à disposição, a serviço de um espírito. O vídeo postado nas redes sociais possibilitaria que a performance integral alcançasse também um grande número de usuários. Por todas as possibilidades de linguagem envolvidas na produção de pequenos vídeos caseiros de divulgação, esperávamos um grande número de compartilhamentos.

Nas avaliações finais, feitas em função da quantidade de compartilhamentos e comentários e acessos ao ícone “Curtir”, o vídeo se mostrou pouco efetivo, as fotos, por exemplo, tiveram maior visibilidade e retornos em comentários [imagem 6]. Parece que nem sempre o usuário dispõe de tempo para avaliar vídeos ou, às vezes, tem medo de vírus que podem estar escondidos além dos cliques básicos; pode ser também que esse recurso de divulgação, de tão utilizado, já esteja se esgotando em relação à sua aplicação na web e seu formado precise ser revisto. O novo desafio proposto para a sequência da divulgação do SIGA foi apostar na sabedoria popular que diz “Uma imagem vale mais do que mil palavras”.

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Gesamtkunstwerk ou obra de arte total, conceito criado por Richard Wagner na segunda metade do Séc. XIX,

Wagner se referiu à ópera e à tragédia gregas que trabalham a unidade do espetáculo na conjugação de teatro, da música, da dança e das artes plásticas. O conceito é utilizado de forma ampla na Alemanha, para descrever qualquer integração de múltiplas expressões artísticas diferentes.

Imagem 6

A força de uma imagem, sua visibilidade, está relacionada aos diversos significados que emergem de sua capacidade aberta de discurso, ela relaciona diversos processos imaginativos. O grupo coletivo Transverso [imagem 7] realiza esse trabalho de criação de imagens poéticas registradas e divulgadas na internet, mas que nascem no relacionamento de diversos espaços diferentes [a palavra, a imagem, a rua, a internet]. Não é de hoje que a poesia de Brasília invade o espaço urbano e realiza seu diálogo com a arquitetura e paisagem da cidade, os poetas se misturam ao espaço da cidade desde os primeiros movimentos da poesia realizados por poetas como Luís Turiba, Luiz Martins, Nicolas Behr entre outros. Em plena ditadura militar a poesia [editada e impressa pelos próprios poetas] ocupava também os muros da cidade com a força da contracultura e seu caráter contestador. O Coletivo Transverso, com ações performáticas na cidade, segue essa poética associada ao espaço cotidiano e acrescenta o espaço digital como local de registro e divulgação das intervenções realizadas nos espaços públicos da cidade.

Imagem 7

Formado em 2011, o Coletivo Transverso [imagem 7] agrega em seu núcleo artistas de áreas diversas [teatro, música, artes visuais, poetas], com o propósito de pesquisar, desenvolver e realizar intervenções urbanas utilizando técnicas de estêncil29, grafite, sticker30 e performance. Além das intervenções urbanas, o

Coletivo Transverso utiliza o espaço digital [redes sociais e Blogs] como forma de potencializar o alcance de público compartilhando toda a pesquisa e ações realizadas pelo grupo. Os registros fotográficos utilizados na web incluem o mapeamento dos trabalhos incentivando a visitação ao espaço público. Com o registro de suas intervenções na web, o grupo garante a memória do processo tanto na rede social como na digitalização que amplia as possibilidades de armazenagem como de compartilhamento, explicita a pesquisa sobre suas técnicas [quando realiza cursos e posta fotos do processo] e forma um conteúdo que pode ser multiplicado e seguir como uma ação poética fruto de suas diversas interfaces com as artes

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Estêncilé uma técnica usada para aplicar um texto ou uma ilustração (qualquer outra forma de imagem figurativa ou abstrata), através da aplicação de tinta, aerossol ou não, por meio do corte ou da perfuração em uma prancha (normalmente de papel) com o preenchimento do desenho vazado por onde passará a tinta. O estêncil é usado para imprimir imagens sobre inúmeras superfícies, do cimento ao tecido de uma roupa.

visuais, a literatura, a fotografia, a internet, a performance, os quadrinhos etc. O convite é para que todos participem do processo.

Encontre o seu lugar. Particularize.

Faça parte. Deixe Efêmeras. Seja solidário.

Transcreva, transmute.

Abra espaço para que as borboletas possam voar sobre o concreto.31

A Performance poética desenvolvida pelo grupo é um convite a uma ação coletiva, tanto em relação a uma ação direta, como as oficinas por exemplo [imagem 8] como de forma indireta no dia a dia da cidade. Esse tipo de linguagem visual, que se apresenta às vezes com o texto em balões [como um texto da fala ou pensamento de um personagem] acrescenta sentido na composição do texto ampliando o campo de significação para os diferentes corpos que se posicionam em relação à interferência poética, indicando, por exemplo, que a pessoa assume o texto [imagem 9], ou simplesmente está lá como mais um elemento da paisagem e da arte do olhar do fotógrafo [imagens 10, 11 e 12]. No caso do coletivo transverso, em sua elaboração e performance poética, alguns espaços se misturam, partindo da criação da poesia ou da imagem, na posterior elaboração do estêncil [que pode nascer de uma oficina32, multiplicando os multiplicadores da ação poética urbana], na escolha do local e posterior registro de fotos de onde brotam novas poéticas que vão [inicialmente como registro do ato performático ancorado no espaço digital] possibilitar novas navegações e usos poéticos, que podem influenciar indiretamente no comportamento das pessoas que os leem, já que carregam certas ideologias e conceitos de arte que partem de poéticas através da linguagem verbal e não-verbal presentes no conjunto de peças criadas pelo coletivo de artistas.

31 Disponível em: <http://coletivotransverso.blogspot.com.br/>. Acesso em: 18\10\2012. 32

Com o objetivo de compartilhar a pesquisa realizada, o Coletivo Transverso desenvolveu uma oficina de criação e aplicação de estêncil. Esse espaço é utilizado para trabalhar as técnicas usadas pelo coletivo para a realização de suas intervenções urbanas. A oficina aborda todas as etapas necessárias para fazer um estêncil: da ideia à pintura, discute também a importância das intervenções urbanas na contemporaneidade.

Imagem 8

Imagem 10

Outro grupo com a preocupação de integrar o espaço digital a ações performáticas na região do Distrito Federal é o grupo Coletivo Palavra [imagem 13], o grupo é constituído por artistas, produtores e técnicos que há alguns anos investigam poéticas de forma colaborativa. Constituído como uma associação civil sem fins lucrativos, o grupo tem atualmente, aproximadamente, 25 colaboradores diretos que articulam suas produções culturais abrindo para a participação de outros artistas e não artistas. A performance poética do grupo é realizada em ações coletivas na rua e na Interface digital, realizada a partir da convergência e integração de diversas mídias e estilos de arte, em cada situação a relação com o espectador pode sofrer sua interferência, pode ser parte de uma nova visão poética.

Imagem 13

O grupo lançou uma ação poética na internet, o Calendário do Fim do Mundo [imagens 14, 15 e 16], assumindo a perspectiva do fim do mundo, o calendário propõe uma perspectiva de mudança de ação para cada dia do ano. O Calendário produzido pelo Coletivo Palavra surgiu como performance poética no espaço digital no dia primeiro de janeiro de 2012 e seu lançamento oficial avançou até a realização de intervenções urbanas e oficinas realizadas pelos artistas do grupo ao longo do mês, a ação foi coroada com a realização do “Último Carnaval do Mundo” um espetáculo realizado na Centro Histórico de Planaltina [DF], no dia 11 de fevereiro. O evento reuniu artes plásticas, teatro, música, intervenções e performances num

espetáculo multimídia com colaborações de artistas pela internet, o próprio evento foi transmitido ao vivo pela rede.

Além de decretar o fim de vários dias padronizados e estereotipados pela sociedade de consumo, o calendário propõem dias para se viver experiências pela última vez, como último o dia para assistir televisão ou o último dia de sentir raiva no trânsito, há também datas lúdicas como o Dia do Abraço no Amigo, o Dia da Careta. Cada dia do calendário é ilustrado de forma colaborativa [por artistas plásticos, poetas e não artistas] pela internet. O trabalho está no ar desde o dia 1º de janeiro e no fim deve contar com 366 obras [poemas com imagens] que nascem de forma colaborativa e podem contar com novas ações urbanas.

Imagem 15

Imagem 16

A proposta do grupo Coletivo da Palavra, assim como a proposta do coletivo transverso é a multiplicação de uma ação coletiva, no caso do Calendário do fim do mundo basta sugerir uma data, com um texto ou foto ou vídeo ou ilustração, que possa assim reorientar comportamentos e redefinir um “novo” mundo. Diante de tantas ideias de fim de mundo e profecias Maias, os artistas do grupo refazem o apocalipse de forma poética, como uma proposta de produção colaborativa de arte

em que as datas oficiais e extraoficiais podem ser reescritas, num suposto fim do mundo, um recomeço da história humana.

Um mundo em ebulição traz prenúncios de uma nova Era. Enquanto ainda somos obrigados a seguir um calendário padronizado, com comemorações e datas que não nos cabem, o Coletivo Palavra abre este novo momento de libertação, proclamando com a colaboração aberta de todo o público, o Calendário do Fim do Mundo.); Pois essa pode ser sua última oportunidade para arrumar um sentido para eles. Esse é o Calendário do Fim do Mundo, onde cada leitor pode ser colaborador, sugerindo a construção de um novo sentido para aquele dia. "O último dia para usar sacola plástica" ou quem sabe o "Dia de subir em árvores". 33

A força de uma ação poética na web, sua visibilidade, está relacionada aos diversos aspectos e significados que emergem de sua capacidade de discurso, mesmo assim, em meio a uma intensa produção de imagens dentro das redes sociais, as chances de se obter uma experiência poética [estética] através das imagens produzidas na atualidade parecem, a princípio, bem improvável, entretanto isso já acontecia no universo analógico, da mesma forma a comunicação sensível cotidiana, a que nasce de uma experiência na vida “real”, encontra tanta dificuldade como no universo digital. No artigo “Acompanhar-se da poesia” (2010), o pesquisador Gustavo de Castro, aponta alguns aspectos do que significa “acompanhar-se da poesia no universo midiático”, para além do consumo, “a poesia pode lançar mão de estratégias diversas para construir sua legitimidade e se inserir no circuito institucionalizado da mídia, tanto como pode permanecer na invisibilidade midiática.” (CASTRO in Almeida, 2010, pg.14). Para não ser invisível e possa funcionar no cotidiano e ser transformadora na comunicação, a criação da

performance poética, partindo do comportamento restaurado, procura o hábito

poético, colocando consciência em nossa performance cotidiana, em nossas repetições diárias.

As fragilidades das ações analisadas dizem respeito a um momento inicial dessas ações dentro do espaço digital [que é relativamente novo em seu uso] e a pouca visibilidade dessas ações apresentam as comunidades virtuais ainda como