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Periodicamente, a INTERCOM edita o Boletim INTERCOM e a Bibliografia Brasileira de Comunicação (anual), além dos Cadernos da INTERCOM Publicou também vários livros, dentre eles os seguintes títulos:

mundial e o movimento internacional por uma Nova Ordem Informativa e Comunicativa

Capítulo 5- Nos anos noventa, a consolidação institucional do movimento

51 Periodicamente, a INTERCOM edita o Boletim INTERCOM e a Bibliografia Brasileira de Comunicação (anual), além dos Cadernos da INTERCOM Publicou também vários livros, dentre eles os seguintes títulos:

Ideologia e Poder no Ensino da Comunicação, Comunicação e Classes Subalternas, Populismo e Comunicação, Comunicação, Hegemonia e contra-informação, todos em co-edição com a editora Cortez. A INTERCOM possui sua sede nacional em São Paulo- SP.

Nascida a partir do IV Congresso latino-americano de Imprensa Católica, realizado em São Paulo (1969) e consolidada em ocasião do seu primeiro Congresso, realizado no Rio de Janeiro, ao longo dos seus 25 anos a UCBC já realizou 18 congressos. Durante o Regime Militar a UCBC foi um importante espaço de resistência à censura e um importante aliado na luta pela democratização da sociedade e da comunicação. Inspirada nos mesmos princípios cristãos que fizeram surgir as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na América Latina, que teve o Brasil como um dos seus principais berços, a UCBC também foi influenciada pela Teologia da Libertação e tem como doutrina “estimular a presença cristã mais efetiva nos meios de comunicação, promover o estudo, o debate e a difusão das grandes linhas doutrinais que coloquem a comunicação a serviço da comunhão, do progresso e da justiça”. A UCBC poderia ser classificada simplesmente como uma entidade ligada às igrejas progressistas, ou ecumênica, porém resolvemos situá-la como uma entidade ligada à área acadêmica e da pesquisa, pois ela tem dado uma contribuição relevante para o debate da comunidade acadêmica que vai para além das fronteiras das religiões cristãs, campo no qual ela se coloca.

A UCBC através de seus congressos e publicações (livros, boletins), tem articulado e aberto espaço para a comunidade acadêmica, ligada a Universidades Cristãs, Universidades Federais, Organizações Não- Govemamentais, entre outras, colocando em pauta temas sempre atuais para o momento. No XVIII Congresso Brasileiro de Comunicação Social realizado pela UCBC, o tema central do programa foi “Políticas de Comunicação das ONGs: o desafio da Democratização”. As ONGs e o Movimento pela

Democratização da Comunicação foram temas muito discutidos durante o encontro. A riqueza e a diversidade de entidades que párticipam do Movimento pela Democratização da Comunicação estiveram representadas neste congresso.

A UCBC tem presença constante nas articulações e encontros do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. A entidade teve significativa participação no encaminhamento da Segunda Quinzena Nacional da Lei da Informação Democrática (LID), organizada em setembro de 1993 e que apoiada e incentivada pela UCBC, com a participação da Rede de Imprensa Católica (UCBC,1993).

Em alguns casos, como aconteceu por exemplo, no XVIII Congresso da UCBC, podem ocorrer também articulações transversais, pois estavam presentes, discutindo o tema da política de comunicação das ONGs, entidades que trabalham sob diversas óticas: movimento ecológico, movimento de mulheres, movimento sindical, movimento negro, etc. Neste congresso a UCBC se articulou com a ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Govemamentais). Toda essa diversidade de relações, faz com que a comunicação e a articulação em rede tenha que ser uma fina e complexa trama de relações e linguagens que leve em consideração as diferenças e articule as identidades para a criação de projetos comuns e conjuntos.

Outro exemplo interessante é a articulação da UCBC com a Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT). A ABT é uma entidade privada de caráter científico e sem fins lucrativos, que tem por objetivo impulsionar no

país “os esforços comuns e a aproximação mútua para o desenvolvimento qualitativo e quantitativo da tecnologia educacional, em favor da promoção humana e da coletividade” (ABT, 1993). Essa Associação, fundada em 1971, tem caráter nacional e articula professores, educadores e comunicadores preocupados com a temática e com a relação entre a educação e a comunicação. As discussões sobre as tecnologias da comunicação e as relações culturais e educacionais criadas a partir do surgimento das novas tecnologias, são dos principais temas de debate desse importante fórum. A ABT possui sede nacional no Rio de Janeiro e publica a revista Tecnologia Educacional que já está no 22°. ano.

Em 1993 a ABT realizou o XXV Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional, com o Tema “Comunicação e Educação: a Tecnologia Educacional na perspectiva do III milênio”. O Seminário da ABT articula grupos que trabalham com educação formal e não-formal além de comunicadores e técnicos em novas tecnologias em comunicação. A articulação entre educadores preocupados com a democratização e dinamização da educação através dos novos recursos da comunicação, debate temas como: A Educação à Distância; A utilização da Multimídia na Escola; As redes de Comunicação Eletrônica e a Educação; e Os Meios de Comunicação na Escola. Para o ano de 1995 a UCBC e a ABT estão articulando a realização em conjunto do 19°.Congresso da UCBC com o tema: “Comunicação e Educação para a Cidadania”. Essas articulações e redes que estão aglutinando cada vez mais grupos e entidades, atualmente tem tido o mérito de potencializarem suas forças e recursos para discutirem temas de interesse comum. Desta forma, a aproximação tem se dado sempre em tomo de

temas de conteúdo de cunho social e relevante para a democratização da comunicação e da sociedade brasileira.

5.7- As igrejas progressistas: das Comunidades Eclesiais de Base nos anos 80 às redes de Comunicação Católicas nos anos 90

Não se pode falar hoje do trabalho de comunicação popular das entidades dos movimento sociais progressistas, sem citar a influência do trabalho desenvolvido pelos setores progressistas das igrejas católica e protestantes tradicionais52. A rede de relações institucionais e sociais que as igrejas estabeleceram na sociedade latino-americana merece um estudo à parte, pela sua riqueza e complexidade, porém, não podemos deixar de citar alguns destes elementos. Primeiramente, queremos salientar que no Brasil, a Igreja progressista teve importante papel durante a resistência ao regime militar, defendendo e dando acolhida aos perseguidos pela ditadura. Este fato foi reforçado, com o surgimento da Teologia da Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que surgiram e se desenvolveram no final dos anos setenta e durante os anos oitenta. São milhares de pequenos grupos integrados por cristãos “leigos” no linguajar teológico, que com apoio e incentivo de padres, bispos e pastores, se organizam a luz do evangelho para lutar por seus direitos e pela justiça social. Na busca de um mundo mais pluralista e democrático, as CEBs, segundo o sociólogo Luiz Alberto Gomes de SOUZA (1994, p.5), representam, na Igreja Católica, a trilha que setores crescentes da sociedade vêm percorrendo para passar da centralização autoritária do poder

52 Referimo-nos as igrejas protestantes de origem européia (Evangélicos tradicionais, Luteranos, Metodistas, Presbiterianos, etc.), que vieram com os imigrantes para a América Latina e que desenvolvem um trabalho ecumênico de aproximação com a igreja católica progressista.

das organizações burocráticas às redes flexíveis da intercomunicação e da diversidade.

O apoio institucional de parcela considerável da hierarquia eclesial e portanto, da estrutura destas igrejas, principalmente a católica na América Latina e as protestantes na Europa, deu espaço para que surgissem muitos dos chamados novos movimentos sociais. As próprias CEBs, em nível micro, constituíram importante rede de comunicação alternativa nas épocas de maior autoritarismo e limitação da expressão pública. Segundo Frei BETTO (1986, p. 104), há dois tipos de emissores básicos nas CEBs: o agente pastoral (que representa a instituição eclesiástica) e o membro da CEB (integrante das classes populares). Os agentes pastorais se dividem entre os que emitem ou comunicam da instituição eclesiástica para as CEBs, os que comunicam das CEBs para a instituição eclesiástica e os que mantém dialeticamente essa relação.

Fazendo uma analogia com essa relação dialética e contraditória estabelecida e vivida pelos agentes pastorais, podemos dizer que os meios de comunicação de massa, principalmente as rádios de posse das igrejas, viveram nos anos oitenta, esse mesmo dilema. Um estudo organizado pela CAMECO (Catholic Media Council) revelou que em meados dos anos oitenta, as entidades Cristãs de Comunicação Social possuíam no Brasil, 129 emissoras de rádio, sendo 121 pertencentes à Igreja Católica, 16 centros de produção de rádio e TV, 28 centros de comunicação, 46 editoras e 211 periódicos impressos (diários, semanais, mensais, etc.).53 Apesar deste grande potencial

53 Excelente catálogo com dados primários sobre as entidades Cristãs de comunicação social no Brasil:

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