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Sobre sociedade civil e ONGs, ver interessante artigo de lise Scherer-Warren : Organizações Não Govemamentais na América Latina: Seu papel na construção da sociedade c iv il.

mundial e o movimento internacional por uma Nova Ordem Informativa e Comunicativa

Capítulo 5- Nos anos noventa, a consolidação institucional do movimento

64 Sobre sociedade civil e ONGs, ver interessante artigo de lise Scherer-Warren : Organizações Não Govemamentais na América Latina: Seu papel na construção da sociedade c iv il.

65 Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), Federação de Orgãos de Assistência Social e Educacional (FASE), Instituto Social de Estudos da Religião (ISER).

intercâmbio de informação entre pessoas e grupos com interesses comuns e que estão envolvidos em atividades afins. Segundo o documento “a Promoção de tais redes é um objetivo básico do Tratado de Comunicação”(FÓRUM DAS ONGs, 1992,p.56-61). Entre as várias ações de comunicação planejadas para ação imediata, os signatários do documento salientam a importância da articulação em rede através da comunicação eletrônica encurtando distâncias através da comunicação de dados, promovendo o uso adequado de computadores para atividades de informação (idem).

Muitas ONGs de todo o Brasil, se articulam em redes específicas como por exemplo a ABVP (associação de vídeo) ou tem o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, como um espaço de referência para discutir políticas de comunicação. Este fato porém, é ainda muito recente, mas acreditamos que a tendência é de aumento da participação e de referência das ONGs no FNDC. A ABONG, associação que articula uma boa parte das maiores ONGs do País, por exemplo, ainda não é filiada ao FNDC. Várias ONGs nacionais, fóruns ou associações de ONGs, que representam redes específicas, também ainda não participam do FNDC e de sua rede de redes. O FNDC vai ter que desenvolver uma política externa de aglutinação e articulação para que estes vários setores se sensibilizem pela causa da democratização e reconheçam o Fórum como o espaço legítimo para aglutinação e criação de políticas públicas democráticas de comunicação.

5 .//- Outros setores da sociedade civil estão presentes, mas são pouco ativos no Fórum

Além dos atores sociais citados anteriormente, podemos destacar alguns movimentos sociais, comunitários e outras entidades da sociedade civil não vinculadas a comunicação, que possuem representação junto aos comitês regionais. São 34 entidades e movimentos sociais que representam 12,5% do FNDC e 6 entidades nacionais que representam 18% destas entidades. Entre estes atores estão o movimento de direitos humanos (4 entidades), movimento negro (3 entidades) movimento ecológico (3 entidades), movimento de mulheres (3 entidades), associações comunitárias com 13 entidades e Ordem dos Advogados do Brasil (2 seccionais).

Para o Fórum, a importância da participação destas diversas entidades e movimentos é significativa, porém, como podemos notar, pelo número de entidades cadastradas, a presença de outras redes e movimentos sociais no Fórum ainda é tímida e não massiva.

Através dos dados que possuímos, pelas propostas apresentadas (teses) e pelo engajamento e atuação observada nos comitês de base (regionais), podemos dizer que, apesar do movimento tentar ampliar e romper com o corporativismo e com a visão de que “a democratização da comunicação é um tema que só diz respeito à quem trabalha com o assunto”, ainda é muito presente esta concepção corporativa junto à sociedade civil organizada.

As entidades gerais da sociedade civil, de um modo geral, atuam como entidades de apoio e até o momento não se engajaram e priorizaram as lutas do FNDC. A direção e atuação direta no movimento fica por conta das entidades de especialistas em comunicação e telecomunicação. Como vimos, a sociedade civil no FNDC já é bastante rica e diversa, porém este ainda precisa ampliar a inserção junto a esses movimentos sociais e suas redes específicas, para que esta articulação possa criar uma atuação mais eficiente para boa parte da sociedade civil brasileira.

5.12- Os partidos políticos no FNDC: hegemonia da esquerda, mas autonomia do movimento

Esta mesma análise feita em relação às entidades gerais da sociedade civil, pode ser feita em relação aos partidos políticos. Ou seja, os partidos políticos tem deixado para os seus “especialistas” o problema da comumcaçaor Os grupos e partidos políticos representados em nível nacional no último recadastramento do Fórum são apenas três: o diretório Nacional do PT, a Juventude Socialista do PDT e o Instituto Alberto Pasqualini do PDT, significando 9% das entidades nacionais do FNDC. Os núcleos e grupos partidários que participam no FNDC nos comitês regionais são 14 núcleos de base (PT-8, PC do B-2, PPS, PV, PSB, PDT, são citados 1 vez cada), sendo que as representações partidárias são 5% dos comitês do FNDC.

Evidentemente, esse número expressa parcialmente a verdade. Estas entidades estão representadas no Fórum apenas institucionalmente. Muitos militantes de várias organizações são simpatizantes ou militantes de partidos de

esquerda, representando uma influência indireta destes partidos no FNDC, mas dialeticamente, também existe uma influência do Fórum na construção destas entidades partidárias. Apesar disso, o que se constata é que, oficialmente, esses partidos não tem priorizado a luta pela democratização da comunicação em sua prática e não tem discutido e construído um projeto de política de comunicação alternativa para a sociedade brasileira.

Nos partidos políticos de esquerda o discurso crítico contra o monopólio ainda é dominante, sendo que as propostas são quase sempre genéricas e muitas vezes irrealizáveis. Um exemplo disso é o incansável discurso do PDT, que “heroicamente” combate a “Rede Globo”. O discurso do PDT, de um modo geral, reduz o problema dos meios de comunicação “ao monopólio da Rede Globo”. Em seu jornal “Fio da história”, o PDT publicou uma série de reportagens sob o lema: O Brasil encara a Rede Globo. Desde questões morais (sexo, violência) até questões políticas (manipulação de resultados eleitorais, propaganda política, censura, etc.) são denunciados contra a Rede Globo. Mas muito poucas propostas são apresentadas como alternativas ao padrão de televisão estabelecido. A proposta mais concreta apresentada pelo jornal foi um projeto que o Senador Darcy Ribeiro encaminhou ao presidente Itamar Franco para que a Secretaria Extraordinária do Governo do Rio de Janeiro, elaborasse programas educativos que seriam apresentados pela TV Educativa destinados aos CIEPS e CIACS (Centros de Educação Integral) (FIO DA HISTÓRIA, 1993 , p.6).

A Juventude Socialista do PDT, tem uma atuação de destaque em alguns comitês do Fórum e sempre mobiliza seus militantes “contra a Globo”. No Rio

de Janeiro a JS/PDT comemorou seus 12 anos de fundação com um ato em frente a Central Globo de jornalismo. “O ato questionava o monopolio global, a escola de violência em que se transformou a programação da Rede Globo, a manipulação das matérias jornalísticas e a campanha de desmoralização e esvaziamento econômico, político e cultural do Estado do Rio de Janeiro promovida pelas organizações Globo. Manifestamos ainda nosso apoio à Lei da Informação Democrática (LID) e ao presidencialismo” (FIO DA HISTÓRIA, 1993, p.20). O discurso simplista de que a Rede Globo é a culpada de todos os males, tem também uma solução simplista: eleger Leonel Brizóla para presidente. Certamente, o fato de Leonel Brizóla ter sentido diretamente a dura oposição da Rede Globo ao seu Governo no Rio de Janeiro e ter sofrido a tentativa de fraude da Proconsult (RAMOS,1985, p.257)66, na contagem dos votos de sua primeira eleição para o governo do estado carioca em 1982, tem influenciado os brizolistas a reduzirem o seu projeto à simples crítica de Roberto Marinho e da Rede Globo. Por outro lado, o fato de o PDT ter vivenciado bem de perto a força e a manipulação dos meios de comunicação de massa, tem sensibilizado os trabalhistas para que participem, principalmente através da sua juventude, no Movimento pela Democratização da Comunicação e no FNDC.

A Frente Brasil Popular (PT, PSB, PC do B) na campanha presidencial de 1989, apresentou o seu programa de governo “Brasil Urgente” onde depois de fazer uma análise sobre o monopólio das comunicações no Brasil, propunha 4 medidas de governo:

66 Apoiada pela Globo, a Proconsult, empresa contratada para apurar os votos na eleição para o governo do

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