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12 Afecções causadas pelo Coronavirus em gato

PERITONITE INFECCIOSA FELINA

A peritonite infecciosa felina (PIF) é a principal causa infecciosa de morte nos gatos. Ocorre quando o gato reage inadequadamente ao coronavírus (FCOV). Muitos gatos são simplesmente infectados, emitem o FCOV durante um ou dois meses, montam uma resposta imunitária, eliminam o vírus e vivem normalmente. No entanto, por razões que ainda não se entende

totalmente, em vez de se libertarem do FCOV, alguns gatos desenvolvem a pelo coronavírus felino. As lesões de PIF não se restringem ao peritônio e há formas efusiva e não-efusiva da doença. Os macrófagos replicam o vírus e o transportam para os tecidos-alvos, tais como peritônio, pleura, úvea, meninges (SHERDING, 2004).

O agente etiológico foi identificado como um coronavírus, denominado de vírus da peritonite infecciosa felina (FIPV), que é uma mutação do coronavírus entérico felino (OLIVEIRA et al ,2003).

As cepas produtoras de PIF do coronavírus (FIPV) possuem um tropismo por macrófagos e são antigenicamente indistinguíveis dos coronavírus intestinais felinos (FECV), que se replicam somente nas células epiteliais intestinais. O FIPV é aparentemente um mutante do FECV e, na maior parte dos casos, a mutação acomete durante a replicação, dentro do trato intestinal de gatos, que prosseguem para desenvolver a PIF.

Segundo Oliveira et al (2003), esse vírus infecta macrófagos e a infecção é, às vezes, ajudada pelo conceito da intensificação dependente de anticorpo, na qual a presença de imunoglobulinas contra o FECV, aumenta a entrada do vírus em macrófagos, pela ligação do complexo antígeno-anticorpo ao receptor.

O vírus da PIF causa uma infecção sistêmica do sistema macrofágico e induz uma vasculite mediada por imunocomplexos disseminada e severa com necrose e inflamação piogranulomatosa. Os anticorpos contra coronavirus sensibilizam os gatos à PIF, e os anticorpos humorais exercem um papel importante na patogênese da doença (SHERDING,2004).

A PIF distribui-se mundialmente entre os gatos domésticos. Afeta também felidae exóticos, incluindo o leão, a suçuarana, o guepardo, a onça-pintada, o leopardo, entre outros felídeos selvagens (SHERDING,2004).

Segundo Sherding (2004) o FIPV é excretado em secreções orais e respiratórias, nas fezes e, possivelmente, na urina. A infecção ocorre através

de ingestão e, possivelmente, de inalação sob condições de contato íntimo. As evidencias sugerem que o FIPV pode sobreviver no ambiente por até sete semanas na forma seca, conseqüentemente, a transmissão por fomites também constitui uma possibilidade.

A maior parte dos gatinhos se infecta com menos de 4 meses de idade, e a PIF ocorre mais entre os 6 meses e 2 anos de idade, mas pode afetar gatos de qualquer idade (SHERDING, 2004).

Segundo Sherding (2004), é uma infecção viral intercorrente com o vírus da leucemia felina ou o vírus da imunodeficiência felina.

Os gatos com PIF com freqüência se apresentam inicialmente com sinais inespecíficos e não-localizados, tais como febre, anorexia, perda de peso, vômito, diarréia, desidratação e palidez (anemia). À medida que a doença avança, os sinais inespecíficos progridem e os sinais clínicos são dominados por derrames em cavidade corporal na forma ‘úmida’ da doença ou por achados órgãos-específicos na forma sem derrame ou ‘seca’. Alguns gatos manifestam características de ambas às formas da doença.

PIF úmida ou efusiva

Esta é a forma mais grave da doença, em que muitos vasos sanguíneos são gravemente danificados e há acúmulo de líquido no abdômen e no tórax.

Quando os vasos sanguíneos do abdômen são afetados, a barriga do gato incha devido à ascite (FIGURA 31). Quando são afetados os vasos sanguíneos do tórax, observa-se hidrotórax, que impede os pulmões de se expandir e dificultam a respiração do gato (PAIXÃO, 2004).

Na forma efusiva ou úmida da PIF, 85% dos gatos infectados apresentam derrame inflamatório na cavidade abdominal e 35% apresentam derrame na cavidade torácica (SHERDING, 2004).

Sherding (2004) quando ocorre peritonite, há uma distensão progressiva e indolor do abdômen com fluido. Pode ocorrer também inchaço escrotal em machos intactos como uma extensão direta do processo de derrame abdominal no interior das túnicas testiculares.

A extensão da inflamação peritoneal pode envolver o TGI (vômito e diarréia), o sistema hepatobiliar (icterícia) ou o pâncreas (vômito devido à pancreatite). O derrame deve ser detectado por meio de palpação e percussão.

Mas deve ser confirmado por meio de radiografia e abdominocentese e uma análise do fluido geralmente indica PIF.

Quando ocorre derrame torácico (pleurite) existe dispnéia e intolerância a exercícios, pois há expansão pulmonar pela compressão decorrente do fluido no espaço pleural (SHERDING, 2004).

Ainda podem ser encontrados ruídos cardíacos e pulmonares abafados na ausculta. O derrame torácico deve ser confirmado por meio de radiografia ou toracocentese. A análise do fluido geralmente indica PIF.

FIGURA 31 - PRESENÇA DE LÍQUIDO NA CAVIDADE ABDOMINAL

FONTE: ALVES (2004)

PIF seca ou não-efusiva

É a forma mais crônica da doença. O gato normalmente tem sintomas vagos, tais como anorexia, perda de peso, pelagem com pouco brilho. Muitos gatos com PIF seca tornam-se ictéricos. As mucosas encontram-se ictéricas.em muitos casos, aparecem marcas nos olhos, geralmente na íris que muda de cor e algumas partes podem ficar castanhas. Pode haver hifema, ou aparecimento de depósitos brancos na córnea (PAIXÃO et al, 2004).

Cerca de 12% dos gatos com PIF não-efusiva desenvolvem sintomas neurológicos: ataxia (desequilíbrio, incordenação motora), podendo ter também tremores de cabeça, convulsões, o olhar pode deslocar-se em direções diferentes sem focarem um ponto definido (PAIXÃO et al, 2004).

A forma sem-derrame se caracteriza por uma inflamação piogranulomatosa e uma vasculite necrosante em vários órgãos. Os

piogranulomas podem ser observados como massas nodulares branco-acinzentadas e múltiplas de tamanho variável na superfcie e dentro do parênquima dos órgãos afetados. O derrame geralmente é mínimo ou ausente.

Os órgãos específicos afetados e o grau de insuficiência dos órgãos resultante determinam os sinais clínicos. Pode ocorrer nefrite granulomatosa, quando ocorre envolvimento renal extenso podem se desenvolver sinais de insuficiência renal e azotemia. Proteinúria constitui o achado laboratorial mais compatível na PIF renal (SHERDING, 2004).

No caso de envolvimento hepático pode ocorrer hepatite piogranulomatosa (hepatomegalia, icterícia etc.). Anormalidades laboratoriais podem ser bilirrubinenia e hiperbilirrubinemia. Elevações leves a moderadas de enzimas hepáticas séricas (ALT, FA) e ácidos biliares séricos (SHERDING, 2004).

As lesões oculares da PIF são geralmente bilaterais e afetam a túnica ou a úvea (FIGURAS 27 e 28), odendo prejudicar ou não a visão. Além desses sinais podem ocorrer sinais nervosos, pulmonares e reprodutivos (SHERDING, 2004).

Geralmente o diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, exames laboratoriais (hemograma completo, bioquímica sérica, citologia, sorologia), radiografias e biopsia (SHERDING, 2004).

Os sinais clínicos e os resultados das avaliações laboratoriais em gatos com PIF são geralmente inespecíficos para a doença, no entanto, podem proporcionar para um diagnostico (PAIXAO et al, 2004).

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