Perspectiva Contextual da Interdisciplinaridade

Após ter demonstrado todo o interesse que a interdisciplinaridade despertou e desperta nos dias de hoje com muito mais propriedade, segue uma breve descrição de como vem ocupando espaços na educação a fim de se situar o interesse das universidades por esta prática, enveredando-a aos dias atuais e suas proposições. Não obstante, observou-se no transcorrer da ainda jovem existência desta metodologia de ensinar, que sua essência não mudou, sua alma existencial continua com a mesma proposta, o que de fato se observa ser mutável, são suas maneiras e instrumentos, utilizados a cerca de sua funcionalidade, para estes sim, desenharem as características da interdisciplinaridade dia após dia.

Conforme Veiga-Neto (2005, p.10) “é fato notório que, nas últimas décadas, cresceu muito o entendimento de que os currículos escolares tradicionais pareciam ter pouco ou quase nada a ver com as questões práticas da vida cotidiana dos alunos e professores.” E por intermédio destas constatações, têm-se a necessidade de repensar-se a abordagem metodológica dada aos currículos escolares.

Veiga-Neto (2005, p. 10) quando

vários estudos levados a efeito nos campos da História das Disciplinas Escolares e da Análise de Conteúdos demonstram o quanto – o por quanto tempo – boa parte do que se ensinava nas escolas tinha um caráter livresco, retórico, acadêmico, pouco ligado ao mundo da vida. Assim, vários autores se dedicaram a propor novas pedagogias e reformas curriculares que contemplassem abordagens de conteúdos e metodologias em sintonia com os contextos sociais e culturais dos alunos.

A forma como se aprende vem sendo discutida contextualizando-se organização curricular, a formação dos educadores e aprendizado interdisciplinar. Tal contextualização faz-se necessária à medida que a maneira de aprender dos alunos aqui referida pede um resgate temporal de como vem se desenvolvendo as práticas interdisciplinares no Brasil e no mundo.

Fazenda (2001, p. 12) traz então que

todo projeto interdisciplinar competente nasce de um lócus bem delimitado; portanto, é fundamental contextualizar-se para poder conhecer. A contextualização exige que se recupere a memória em suas diferentes potencialidades, resgatando assim o tempo e o espaço no qual se aprende. A interdisciplinaridade começou a ser discutida no Brasil conforme Fazenda (2001), na década de 70 por intermédio das reformas que naqueles tempos interpuseram-se à educação brasileira, mas foi nas décadas de 80 e 90 que o assunto deixa de ser visto a distância das discussões em educação para permear tais questões, ganhando corpo a medida que grupos de pesquisa e estudo começam a ser criados a fim de produzir material de cunho próprio sobre o assunto.

Historicamente os estudos sobre interdisciplinaridade envolvendo a educação segundo Fazenda (2001), despontaram inicialmente no Canadá nos anos 80 e 90, posteriormente na França e subseqüentemente em outros países da Europa e América do Sul, gerando produções científicas disponíveis para toda comunidade interessada no assunto. Estes materiais vêm sendo utilizados potencialmente neste nem tão novo processo de construir o aprendizado, visto que desde a década de 70 o assunto é discutido em debates sobre interdisciplinaridade

cuja preocupação se faz presente inclusive com estudiosos brasileiros. Sobre isso Fazenda (2001, p. 13) referencia que:

alguns dos principais eventos em educação no Brasil e Portugal, ao final dos anos 90 e início desta década, vêm contando com a participação de professores e alunos desse grupo brasileiro em seus simpósios, mesas redondas, painéis, conferências, bem como em sua organização, ou seja, sempre que a interdisciplinaridade na educação é requerida.

Há que se referenciar, em razão da interdisciplinaridade fazer parte da realidade de diversos cursos universitários em inúmeras universidades do Brasil, que também no curso de ciências contábeis esta se faz presente, ainda em passos curtos e iniciais mas com clareza de objetivos. Assim, se estabelece um novo conceito de ensino nesta área de formação profissional, mesmo que dificuldades existam, o importante é a vontade de quebrar o paradigma cartesiano, onde as disciplinas são lecionadas sem nenhuma articulação entre elas, sem a idéia de convergir as partes para a compreensão do todo.

Paiva (1999, p. 93) referencia que

a atual interdisciplinaridade no ensino da contabilidade, com outras áreas do saber é bastante reduzida; não obstante a contabilidade possui características propícias ao desenvolvimento de uma efetiva interdisciplinaridade com várias áreas: administração, economia, direito, informação, matemática, informática, etc; não podendo assim, manter-se solitária, calcada em um paradigma superado.

Cabe então neste ponto do presente trabalho, focalizar-se dentro da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, priorizando a utilização da interdisciplinaridade como um novo modelo processual ou ferramenta aproveitada em favor do Curso de Ciências Contábeis desta universidade.

3 METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos visam facilitar a construção do trabalho científico, norteando a pesquisa a fim de responder as indagações do pesquisador. Assim, devem-se selecionar os procedimentos que serviram como molde para o resultado final do trabalho científico, mantendo um padrão metodológico e técnico dentro do assunto proposto ao estudo. A utilização deste molde ou delineamento, conforme Raupp e Beuren (2004) contribui para que ao final da pesquisa possam surgir novas dúvidas, perceptíveis ao autor desse trabalho científico – teses, dissertações e monografias – em suas conclusões, possibilitando que futuras investigações sejam realizadas sobre o objeto de estudo em questão.

Neste pondo surge então a necessidade de se estabelecer procedimentos para se seguir por intermédio de ações a serem executadas na obtenção dos resultados e respostas para a pesquisa. O caminho a ser trilhado deve possibilitar ao pesquisador, facilidade na construção de seu trabalho, vislumbrando inclusive novos caminhos que poderão ser tomados no decorrer da pesquisa.

Ao remeter-se então o presente estudo para os moldes metodológicos, faz-se necessário estabelecer as tipologias empregadas a fim de esclarecer como contribuirá no sentido da pesquisa e produção de conhecimento científico, mais especificamente o da Ciência Contábil.