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II. Investigação Empírica

3.1. A importância da formação em administração escolar para o exercício das funções de gestor

3.1.1. Perspectivas dos Presidentes dos Conselhos Executivos

Relativamente à formação específica na área da Gestão e Administração Escolar ou afins dos Presidentes dos Conselhos Executivos, constatámos que o E1 possui o

Curso de Pós-Graduação em Administração Escolar, o E2 é mestrado em Administração

Escolar e Educacional, o E3 está a preparar o Doutoramento na Área da Administração

Escolar, o E4 tem um curso de 125 horas promovido pelo Instituto Nacional de

Administração (INA) e fez esta formação partindo da prática para a teoria, o E5 possui

também este curso, mas com a duração 400 horas, e exerce as funções já há 10 anos, o E6 tem a Pós-Graduação em Administração Escolar, promovida pelo igualmente pelo

INA, o E7 também é pós-graduado em Administração Escolar, possuindo um Curso de

Formação de Valorização de Técnicas orientadas para Cursos de Formação em Administração Escolar.

Da questão nº5 “Considera útil a formação desenvolvida? Porquê e a que

níveis?” emergiram as seguintes categorias: Troca de experiências (C1); Interesse e

motivação (C2); Experiência profissional (C3) e Experiência em trabalhos Executivos

(C4), que estão representadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Utilidade da formação desenvolvida, razões e a que níveis

Categorias Frequência Percentagem Sujeitos

C1. Troca de experiências 2 16,66% E1. E3.

C2. Interesse e motivação 2 16,66% E2. E3.

C3. Experiência profissional 6 50% E1. E2.

E3. E4 E5. E6. C4. Experiência em trabalhos Executivos 2 16,66% E5.E7. - Troca de experiências C1.

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Muito útil, sobretudo relativamente à troca de experiências acerca de problemas e experiências em Conselhos Executivos. A partilha da nossa experiência profissional com os outros é essencial. E1

Senti, desde cedo, motivação pela administração e gestão de micro- organizações escolares, desde telescola, jardins-de-infância, 1º. Ciclo em funções de director de escola com diversos contactos com entidades exteriores (ex.: autarquias), educação de adultos (formação de

professores do 2º, Ciclo) e desenvolver formação e supervisionar cursos de formação profissional. Eram diversas responsabilidades que me atraíam e como a escola estava sem ter quem a gerisse, candidatei-me e nunca mais larguei isto. Há sempre um fio condutor. A especialização em DESE em Adm. Escolar revelou-se fundamental. Antes desse curso já tinha estado ligado durante 5 anos ao Centro de Área Educativa de Viseu, na Direcção Geral de Educação de Adultos, no 2º. Ciclo nocturno, formação profissional e formação de base ao nível da escolaridade obrigatória. Perceber as potencialidades e os constrangimentos do que é administrar instituições educativas.E3

- Interesse e motivação (C2)

Após ter concluído o Mestrado nesta área despertou em mim o interesse em experimentar o que pode ser feito e portanto acabei por me candidatar. E2

Gosto e o interesse que teve sempre mesmo. E3

- Experiência profissional (C3)

As pessoas vão treinando e praticando uma nova estrutura e a “grande tarimba” de que conseguimos efectivamente fazer as coisas e desenvolver capacidades, o que se torna fundamental. E1

Posteriormente criei com colegas meus um projecto interessante para implementar na escola e resolvi avançar. E2

Pensava criar cursos alternativos aos alunos justificados pelo grande abandono e insucesso escolar. E3

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Possuía experiência, tinha ajudado a abrir esta escola e a própria motivação dos colegas. E4

Tinha já alguma experiência, assim como a própria motivação dos colegas. E5

A experiência da pessoa leva a um aperfeiçoamento, a formação desenvolvida permite que se possa aplicar melhor na prática os conhecimentos adquiridos. E6

- Experiência em trabalhos executivos (C4)

Muito útil, sobretudo relativamente à troca de experiências acerca de problemas e experiências em Conselhos Executivos. E1

Claro. Dá-nos alguns conhecimentos em termos de Relações Humanas, Contabilidade...é muito abrangente e quem está em, cargos de Administração Escolar tem de dominar uma diversidade alargada de temática. E7

Após a análise das respostas, verificam-se as seguintes categorias emergentes: Troca de experiências (N=2; 16,66%); Interesse e motivação (N=2; 16,66%);

Experiência profissional (N=6; 50%) Experiência em trabalhos Executivos (N=2; 16,66%).

Os entrevistados consideram útil a formação desenvolvida principalmente porque lhes garante uma optimização da sua experiência profissional, partilhando experiências, pois, a gestão escolar deve ser perspectivada com profissionalismo. Por outro lado, houve entrevistados que apontaram o interesse e a motivação pessoal, bem como pelo facto de já possuírem experiência em trabalhos executivos, perspectivando- se no caminho da formação contínua.

No que respeita à questão nº8 “Até que ponto a existência ou não de formação na área da administração escolar ajuda a um melhor desempenho das suas funções. Porquê?“ resultaram cinco categorias: Formação desenvolvida na área (C1); Gestão de

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pessoal (C2); Actividades com os alunos (C3); Dedicação (C4); Complementar à experiência (C5) as quais se encontram no Quadro 2.

Quadro 2 - Formação na área da Administração Escolar: Utilidade do seu desempenho

Categorias Frequência Percentagem Sujeitos

C1. Formação desenvolvida na área 4 36,36% E1 E2 E3 E6 C2. Gestão de pessoal 2 18,18% E1 E6 C3. Actividades com os alunos 1 9,09% E1 C4. Dedicação 2 18,18% E3 E4 C5. Complementar à experiência 2 18,18% E5 E7

- Formação desenvolvida na área (C1)

Conhecimentos no domínio. E1

Existe muita investigação nesta área que devemos conhecer, actualizando-nos. E2

A formação em Administração Escolar ajuda, sem dúvida, a melhorar o desempenho. Temos um suporte de base que nos permite conhecer bases teóricas e justificações para as mesmas (Taylor, Fayol, entre outras) e para percebermos o seu processo de evolução e que as situações podem ser geridas de diferentes formas. E3

Muito importante. Foi a formação desenvolvida no âmbito do Código de Procedimentos Administrativos. E6

- Gestão de pessoal (C2)

Conhecimentos no domínio, facilidade nas relações humanas e gestão de pessoal. E1

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Contribui igualmente para uma boa gestão, se não mais optimizada, dos recursos humanos. E6

- Actividades com os alunos (C3)

Dinamização de actividades com alunos, resolução de problemas disciplinares. E1

- Dedicação (C4)

Revela-se essencial, mas as pessoas devem possuir características facilitadoras da assimilação de todos os cursos do mundo, mas se não for trabalhador, empenhado, assíduo e pontual, as situações não se solucionam. E3

É importante, mas se as pessoas não possuírem um perfil, até podem ter todos os cursos do mundo, mas se não for trabalhador, responsável, assíduo e pontual, as situações não se solucionam. E4

- Complementar à experiência (C5)

É importante, mas complementar à experiência. E5

Existem determinados défices ao nível da nossa experiência

profissional que se não pudessemos recorrer a cursos de formação profissional, seria impossível com a formação que tínhamos de resolver determinados problemas da escola. E7

Das categorias que emergiram da questão de a formação na área da

Administração Escolar ajudar a um melhor desempenho das suas funções, a que mais respostas reuniu foi a formação desenvolvida na área (N=4; 36,36%), como forma de actualização de conhecimentos (E1, E2, E3,E6), seguindo-se a categoria dedicação

(N=2;18%), ou seja, uma das condições sine qua non para se obter sucesso nas tarefas desenvolvidas, como forma de se pragmatizar o aprendido, é a dedicação ao papel

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Como forma de reforçarmos estes pressuposto, transcrevemos o discurso do E2: Sem uma formação em Administração Escolar existiriam muitas mais

lacunas. […] Temos um suporte de base que nos permite conhecer bases teóricas e justificações para as mesmas (Taylor, Fayol, entre outras) e para percebermos o seu processo de evolução e que as situações podem ser geridas de diferentes formas. Sem possuirmos esta formação, o processo de gestão ou direcção de uma escola acaba por ser mecânico e rotinizado. Porque os meus colegas fizeram desta forma, irei fazê-lo também. Uma formação especializada é um valore acrescentado. A responsabilidade de direcção e de gestão de escolas é das mais nobres missões de um professor. E como tal, essa é a nossa missão essencial. Tenho de saber como é que as coisas funcionam, como é que se trabalha lá dentro, como é o clima da escola, qual a sua cultura, como posso implementar o crescimento da cultura de escola e isto adquire-se com formação. E aí existem muitas escolas que ainda não possuem esta formação.

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Da questão nº 10 “Considere até que ponto a formação no domínio é de facto uma mais valia para o bom desempenho das suas funções (?)” apurámos quatro categorias, como se pode observar no quadro nº 3: Facilita (C1); Melhoria no

desempenho (C2); Realidade Educativa (C3); Alternativas de funcionamento do sistema educativo (C4).

Quadro 3 - A formação e o desempenho de funções

Categorias Frequência Percentagem Sujeitos

C1. Facilita 1 10% E1 C2. Melhoria no desempenho 6 60%% E2 E3 E4 E5 E6 E7 C3. Realidade educativa 2 20% E2 E3 C4. Alternativas de funcionamento do sistema educativo 1 10% E5 - Facilita (C1)

Dá o seu contributo mas não é fundamental. E1

- Melhoria no desempenho C2)

Abre-nos novos horizontes, porque nós somos tendencialmente “pessoas de rotina” e quando nos vemos obrigados a confrontarmo- nos com coisas diferentes devemos questionarmo-nos. E2

Sem possuirmos esta formação, o processo de gestão ou direcção de uma escola acaba por ser mecânico e rotinizado. E3

Ajudar a definir soluções e alternativas para a melhoria do funcionamento dos sistemas educativos. E4

Ajudando a definir soluções e alternativas para a melhoria do funcionamento dos sistemas. E5

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Permitiu a aquisição e adopção de estratégias e a retirada de conclusões mais fáceis. E6

Existe uma série de conhecimentos que nós adquirimos que apenas com uma formação conseguimos perceber a sua importância e saber utilizá-los. E7

- Realidade educativa (C3)

Abre-nos novos horizontes, porque nós somos tendencialmente “pessoas de rotina” e quando nos vemos obrigados a confrontarmo- nos com coisas diferentes devemos questionarmo-nos. E2

A responsabilidade de direcção e de gestão de escolas é das mais nobres missões de um professor. E como tal, essa é a nossa missão essencial. Tenho de saber como é que as coisas funcionam, como é que se trabalha lá dentro, como é o clima da escola, qual a sua

cultura, como posso implementar o crescimento da cultura de escola e isto adquire-se com formação. E3

- Alternativas de funcionamento do sistema educativo (C4)

Ajudando a definir soluções e alternativas para a melhoria do funcionamento dos sistemas educativos. E5

No que concerne à opinião dos entrevistados sobre até que ponto a formação no domínio é de facto uma mais valia para o bom desempenho das suas funções,

emergiram 4 categorias, das quais a melhoria no desempenho é a que se destaca (N=6; 60%). Alguns dos entrevistados centraram as suas respostas na Facilita (N=1; 10%) e na Realidade Educativa (N=2; 20%). Apenas um entrevistado (E5) considerou a que a

formação nesta área concede alternativas de funcionamento do sistema educativo (N=1; 10%).

No mundo actual, o fenómeno organizacional e o carácter cada vez mais elaborado e diversificado das organizações, tem vindo a assumir uma importância crescente nas sociedades industrializadas, marcadas pela sua constante mutação e complexidade, e crescente globalização. Tal facto, não será alheio a assumpção de uma

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maior diversidade de responsabilidades a cargo das organizações, em que o homem se insere, na resolução de uma maior variedade de problemas, individuais e colectivos, na vida em sociedade. Com efeito, nas actuais sociedades modernas tem-se assistido a um, cada vez maior, conjunto de problemas ou actividades, que deixam a esfera privada para ser assumido colectivamente, através das organizações. É no seio das organizações que as pessoas nascem, crescem, divertem-se, são educadas e trabalham, e é a elas que recorrem para satisfazer as respectivas necessidades, individuais e colectivas, indispensáveis à vida em sociedade.