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3 O ATENDIMENTO À QUESTÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA

3.5 Respostas da Pesquisa-Base para a Análise do Trabalho realizado, no âmbito da

3.5.2 A pesquisa: achados e análise

O PAEFI, executado pelo CREAS de São João da Boa Vista – SP, atendeu, durante o ano de 2011, a 113 (cento e treze) famílias, com 134 (cento e trinta e quatro) crianças e adolescentes vítimas de violência intra e extrafamiliar.

O serviço aqui tratado não tem como público alvo somente esta problemática, mas reiteramos que este estudo tratará exclusivamente da VDCA.

Podemos perceber que a violência intrafamiliar (VDCA) foi a que concentrou o maior número de notificações no período, o que sinaliza que a família, cuja função seria de cuidar e proteger, não tem conseguido realizar esta tarefa (GUERRA, 2011). Ela tem feito uso da violência em seu relacionamento com a criança e com o adolescente, mas essa maneira de estabelecer vínculo traz consequências biopsicossociais para o desenvolvimento desses seres, que se encontram em condição peculiar de desenvolvimento.

TABELA 5 – Tipo de Violência atendido pelo PAEFI no ano de 2011

Tipo de Violência Criança/adolescente Família

Intrafamiliar

(VDCA) 78 62

Extrafamiliar 56 51

Total 134 113

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quando tratamos das modalidades de violência notificadas (tanto intra quanto extrafamiliar), percebemos que, no âmbito intrafamiliar, o abuso sexual é predominante, seguido da violência física. Estes dados diferem dos nacionais, pois segundo informações do LACRI (Laboratório da Criança, Instituto de Psicológica – USP), a modalidade de VDCA mais notificada é a negligência (65.669 – sessenta e cinco mil, seiscentas e sessenta e nove vítimas), seguida da violência física (49.481 – quarenta e nove mil, quatrocentos e oitenta e uma vítimas).

Acreditamos que esta modalidade é a mais notificada no município, devido ao Programa Sentinela (precursor do PAEFI), que atendia somente à vitimização por violência sexual, tendo feito um grande trabalho de sensibilização da rede socioassistencial quanto a

esta problemática. Outros dois pontos considerados são: a) o PAEFI passou a atender outras modalidades de violência contra criança e adolescente, somente no final de 2010, então, em 2011, não possuía ainda a visibilidade necessária para que a rede socioassistencial encaminhasse outras vitimizações; b) o fluxo de encaminhamento de vítimas de VDCA só foi elaborado com o Conselho Tutelar em 2011, estabelecendo-se, a partir deste, o encaminhamento de todas as modalidades notificadas.

GRÁFICO 1 - Violência Intra e Extrafamiliar atendida pelo PAEFI no ano de 2011 Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quando analisamos, especificamente, os casos de VDCA atendidos por sexo, temos 46 (quarenta e seis) vítimas do sexo feminino e 32 (trinta e duas) do sexo masculino, sendo que o feminino é o mais atingido quando tratamos de abuso sexual e que o masculino predomina na vitimização por violência física. Dados do LACRI (2006) indicam, também, que as meninas são as principais vítimas de abuso sexual: no período de 1996 a 2005, foram notificadas 10.609 (dez mil seiscentos e nove) situações de abuso sexual contra meninas e 2.727 (dois mil setecentos e vinte e sete) contra meninos. A violência física atinge, principalmente, os meninos até a adolescência, quando passam a ter mais força que seus agressores e geralmente a vitimização é cessada (AZEVEDO e GUERRA, 2006).

25 34 14 0 0 1 3 1 1 24 14 2 15 0 0 0 Intrafamiliar Extrafamiliar

GRÁFICO 2 – VDCA por sexo atendida no PAEFI no ano de 2011 Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quanto à faixa etária, temos o maior índice de vitimização dos meninos, na faixa dos 08 (oito) aos 11 (onze) anos.

TABELA 6 - Faixa Etária e Sexo das vítimas de Violência Intrafamiliar atendidas pelo PAEFI no ano de 2011

Sexo Masculino Faixa Etária

Tipo de Violência 0 - 04 anos 05 – 07 anos 08 - 11 anos 12 – 14 anos 15 – 18 anos Total Física 2 3 5 2 1 13 Abuso Sexual 1 2 6 0 2 11

Suspeita Abuso Sexual 0 0 3 1 0 04

Negligência 0 0 0 0 0 00

Psicológica 0 0 1 1 1 03

Presencial 0 0 1 0 0 01

Total 3 5 16 4 4 32

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

12 23 10 0 0 1 0 0 13 11 4 0 0 0 3 1 Feminino Masculino

As meninas são vítimas de VDCA, predominantemente, na faixa etária dos 05 (cinco) aos 07 (sete) anos.

TABELA 7 - Faixa Etária e Sexo das vítimas de Violência Intrafamiliar atendidas pelo PAEFI no ano de 2011

Sexo Feminino Faixa Etária

Tipo de Violência 0 - 04 anos 05 – 07 anos 08 - 11 anos 12 – 14 anos 15 – 18 anos Total Física 1 3 1 3 4 12 Abuso Sexual 1 6 6 6 4 23

Suspeita Abuso Sexual 2 4 2 2 0 10

Negligência 0 1 0 0 0 01

Psicológica 0 0 0 0 0 00

Total 4 14 9 11 8 46

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Dados da ABRAPIA (1999) apud UNICEF (2005), confirmam esta informação, mas não há indicação do sexo da vítimas: 52% (cinquenta e dois) das crianças e adolescentes encontram-se na faixa etária dos 04 (quatro) aos 11 (onze) anos.

Quanto aos autores de VDCA, temos nas famílias atendidas, que as mães (onze) são as principais autoras da vitimização por violência física, seguidas pelos pais (sete). Quanto ao abuso sexual, os pais (oito), são os que mais o perpetram, seguidos pelos padrastos (sete).

Dados da ABRAPIA (1999) apud UNICEF (2005) mostram que as mães são as principais autoras de violência física (38%), seguidas pelos pais (34%). A violência sexual é mais perpetrada pelos pais (54%), seguidos pelos padrastos (33%).

TABELA 8 - Autores de Violência Intrafamiliar atendida pelo PAEFI no ano de 2011 Violência

Intrafamiliar Autores

Tipo de

Violência Mãe Pai Mãe

e Pai Madrasta Padrasto Irmão Irmã Avô Avó Avôdrasto Avódrasta Tio Tia Primo Prima Total

Física 11 7 3 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25 Abuso Sexual 0 8 0 0 7 3 0 0 0 5 0 6 0 5 0 34 Suspeita Abuso Sexual 0 6 0 0 3 0 0 3 0 0 0 2 0 0 0 14 Negligência 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Psicológica 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 Presencial 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Total 12 23 5 1 13 3 0 3 0 5 0 8 0 5 0 78

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Tratando-se de questões específicas do serviço PAEFI, para realização desta análise, foram coletados dados referentes à estrutura, ao processo de trabalho e ao produto das ações, em 04 (quatro) prontuários de famílias atendidas, que praticaram violência física, tendo os acompanhamentos já sido encerrados.

Conforme já foi dito, escolhemos esta modalidade de VDCA por sua aceitação social como “forma de educar” e pela maior facilidade de sua identificação, visto que seus atores a admitem como forma de disciplina, no sentido de colocar regras e limites e exigir respeito a eles.

Quanto à estrutura, analisamos os indicadores:  Recursos Humanos (são suficientes e capacitados?):

O CREAS executou o serviço socioassistencial PAEFI, em São João da Boa Vista – SP, no ano de 2011, com equipe composta de: 01 (uma) assistente social e coordenadora, 01 (uma) assistente social que também é responsável por outro equipamento da Assistência Social (Centros de Convivência do Idoso) e 01 (uma) serviços gerais. Quanto ao técnico de Psicologia, iniciamos o ano com 02 (duas) psicólogas: 01 (uma) servidora pública municipal e 01 (uma) contratada por tempo determinado (20 horas). A contratada pediu demissão em junho e a servidora pública municipal pediu demissão em setembro. Em agosto, foi contratada 01 (uma) nova psicóloga por tempo determinado (40 horas) e reposta 01 (uma) auxiliar administrativa, substituindo 01 (uma) que havia pedido demissão em 2010. Portanto, em

dezembro de 2011, a equipe do PAEFI era formada por: 01 (uma) assistente social e coordenadora, 01 (uma) assistente social que também era responsável por outro equipamento da Assistência Social, 01 (uma) psicóloga contratada por tempo determinado, 01 (uma) auxiliar administrativa e 01 (uma) serviços gerais.

TABELA 9 – Equipe Técnica que executou o PAEFI, durante o ano de 2011, no CREAS

lócus da pesquisa

Equipe Técnica PAEFI 2011 Forma de Contratação

Quantidade Profissão Estatutário

Contratação por Tempo Indeterminado Função Número de horas semanais Acumula com outra função? Pediu demissão do cargo? Quando?

1 Assistente Social x Assistente Social e

Coordenadora 40 Sim Não

1 Assistente Social x Assistente Social e Coordenadora Núcleo de Idosos 40 Sim Não 1 Psicóloga x Psicóloga e Orientadora de Medida 40 Sim Sim, em setembro de 2011.

1 Psicóloga x Psicóloga 20 Não Sim, em junho

de 2011. 1 Psicóloga x Psicóloga e Orientadora de Medida 40 Sim Não 1 Ensino Médio Completo x Auxiliar Administrativo 40 Não Não, entrou em agosto de 2011, substituindo demissão de 2010. 1 Ensino Médio

Completo x Serviços Gerais 40 Não Não

Fonte: Atas de Reuniões Técnicas - PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

De acordo com o previsto pelo Guia Perguntas e Respostas Centro de Referência

Especializado de Assistência Social - CREAS (Brasília, 2011) e considerando que o

TABELA 10 - Equipe de Referência do CREAS, de acordo com o porte do município, segundo o MDS Municípios Capacidade de Atendimento/ Acompanhamento Equipe de Referência

Porte Nível de Gestão

Pequeno Porte I e II e Médio Porte Gestão inicial, básica ou plena 50 casos (famílias/ indivíduos) 1 Coordenador 1 Assistente Social 1 Psicólogo 1 Advogado 2 Profissionais de nível superior ou médio (abordagem dos usuários) 1 Aux. administrativo Fonte: BRASIL (2011, p. 42)

O Guia citado estabelece que as equipes deverão ser redimensionadas, de acordo com o volume de trabalho e aumento da demanda, o que não está ocorrendo.

Considerando que as referências internacionais preveem que cada técnico deverá acompanhar 20 (vinte) famílias com problemática de violência (AZEVEDO e GUERRA, 2006) e que, em 2011, foram encaminhadas 113 (cento e treze) que praticaram violência intra e extrafamiliar, a média de atendimento para cada técnico do PAEFI foi de 37 (trinta e sete) famílias. Sinal claro, portanto, de insuficiência de recursos humanos alocados no serviço, que não possui a equipe de referência prevista pelo MDS e não disponibiliza o número de profissionais condizente com a demanda do serviço.

Quanto à política de educação continuada e capacitação, esta não existe no município. Os técnicos são enviados para cursos, sem periodicidade sistemática, não continuados e que não possibilitam aprofundamento do conhecimento da temática de violação de direitos e VDCA, especificamente. Não existe, também, supervisão externa, procedimento que possibilitaria maior aproximação com a temática trabalhada e maior efetividade no alcance dos resultados esperados para o serviço.

Recursos Físicos:

Segundo o Guia Perguntas e Respostas Centro de Referência Especializado de

Assistência Social - CREAS (Brasília, 2011), para execução do PAEFI, o CREAS deverá

contar com os recursos físicos listados abaixo:

Salas especificas para uso da coordenação, equipe técnica ou administração; Salas de atendimento, individual, familiar e em grupo, em quantitativo condizente com serviços ofertados e capacidade de atendimento da unidade (recomendável: municípios de grande porte, metrópole e DF: pelo menos 4 salas de atendimento; municípios de pequeno porte I e II e médio porte: pelo menos 3 salas de atendimento); No mínimo dois banheiros coletivos, com adaptação para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida; Copa e/ou cozinha (BRASIL, 2011, p. 25-26).

O CREAS de São João da Boa Vista – SP conta com grande parte da estrutura física exigida, mas não possui banheiro adequado para uso da população. Ainda, quanto à adaptação exigida para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, há apenas rampa móvel que possibilita a entrada no equipamento.

Quanto ao material de consumo, mobiliário, computadores, impressoras e acesso à internet, o CREAS possui todos os insumos e meios necessários para seu funcionamento.

Recursos Financeiros:

Em consulta à Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI, no site do

MDS9, constatamos que, para a execução do PAEFI no município, o CREAS recebeu em 2011, através do Piso Fixo de Média Complexidade, o valor de R$ 108.000,00 (cento e oito

mil reais), com capacidade de atendimento prevista para 50 (cinquenta) casos (famílias/indivíduos). Tal valor foi utilizado para pagamento de alimentos e vales-transportes oferecidos aos usuários, material de consumo, terceirização de funcionários e capacitações.

A contrapartida oferecida pelo município, para financiamento do CREAS (todos os serviços), no mesmo período, foi de R$ 1.146.001,70 (um milhão, cento e quarenta e seis mil e um real e setenta centavos), utilizados para pagamento da equipe técnica (servidores públicos municipais) com todos os encargos trabalhistas e das despesas referentes ao imóvel (água, luz, telefone e aluguel).

Segundo informações do Órgão Gestor da Assistência Social do município, os valores cofinanciados pelo Governo Federal, para execução do serviço socioassistencial PAEFI, não são suficientes.

Cabe ressaltar que os técnicos que trabalham neste serviço não têm acesso à execução físico-financeira referente a este equipamento da Assistência Social, por isso não existe a possibilidade de avaliação da suficiência dos recursos financeiros.

Quanto ao processo de trabalho, foram avaliados os indicadores:

Público-alvo: as situações de VDCA são encaminhadas para acompanhamento pelo

PAEFI, mas sabemos que apenas a minoria é notificada. Objetivando visualizar o perfil do público-alvo atendido, somente neste indicador, trabalharemos com as 13 (treze) famílias encaminhadas por vitimização por violência física que aderiram ao acompanhamento, com 10 (dez) vítimas do sexo masculino e 09 (nove) vítimas do sexo feminino. Cabe ressaltar que foram encaminhadas 17 (dezessete) famílias por esta modalidade de VDCA, totalizando 13 (treze) vítimas do sexo masculino e 12 (doze) do sexo feminino, mas 04 (quatro) famílias não aderiram.

TABELA 11 – Famílias e vítimas de Violência Física encaminhadas ao PAEFI no ano de

2011 – adesão e não adesão

Vítimas Violência

Física Famílias Feminino Masculino

Adesão 13 9 10

Não Adesão 4 3 3

Total 17 12 13

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quanto à faixa etária mais atingida, no sexo masculino, foi a dos 09 (nove) aos 11 (onze) anos, seguida dos 05 (cinco) aos 07 (sete) anos. No sexo feminino, dos 12 (doze) aos 14 (catorze) anos, seguida de 0 (zero) aos 04 (quatro) anos.

Em pesquisa realizada por Pascolat et al. (2001), com crianças e adolescentes vítimas de violência física, os dados mostram que 56% (cinquenta e seis) das vítimas, encontravam-se

na faixa etária dos 07 (sete) aos 11 (onze) anos, seguida da dos 12 (doze) aos 14 (catorze), 20% (vinte). O autor não realizou sua pesquisa por sexo, mas os dados comparados, aqui, mostram que as faixas etárias atingidas, embora organizadas de maneira diferente, são semelhantes.

GRÁFICO 3 – VDCA por sexo e faixa etária das vítimas atendidas pelo PAEFI, no ano de 2011

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quanto à escolaridade, temos que 06 (seis) casos encontram-se cursando o ensino fundamental I (de primeiro a quinto ano), seguindo-se de 04 (quatro), no ensino fundamental II (de sexto a nono). Temos, ainda, 01 (um) caso de abandono escolar (evasão), 01 (um) caso de criança frequentando a APAE por deficiência mental e 01 (um) em que a criança é muito pequena, sem idade para ser matriculada.

Os dados colhidos por Pascolat et al (2001), também apontam que a maioria da vítimas (56% - cinquenta e seis) do público alvo de sua pesquisa, estão cursando o ensino fundamental I, seguidos de 20% (vinte) no ensino fundamental II.

0-4 5-7 9-11 12-14 15-18 0 3 4 2 1 2 1 0 4 2 Masculino Feminino

GRÁFICO 4 – Escolaridade das vítimas de VDCA atendidas pelo PAEFI, no ano de 2011 Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quanto ao perfil dos autores da violência, sabemos que 08 (oito) são mulheres, sendo que destas, 07 (sete) eram mães e 01 (uma) madrasta, com predomínio na faixa etária entre 20 (vinte) e vinte e quatro (vinte e quatro) anos.

GRÁFICO 5 – Faixa etária das autoras de VDCA de famílias atendidas pelo PAEFI, no ano de 2011

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

1 2 6 4 1 2 1 1 1

20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos

Feminino

3

1 1 1

Quanto aos agressores do sexo masculino, 05 (cinco) eram pais e 01 (um) era padrasto, sendo que destes, 02 (dois) estavam na faixa entre 35 (trinta e cinco) e 39 (trinta e nove) anos, 02 (dois) entre 40 (quarenta) e 44 (quarenta e quatro) anos e 02 (dois) entre 45 (quarenta e cinco) e 49 (quarenta e nove) anos. Destes, em apenas um 01 (um) caso, a violência foi praticada por ambos os pais.

GRÁFICO 6 – Faixa etária dos autores de VDCA de famílias atendidas pelo PAEFI, no ano de 2011

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

A pesquisa realizada por Pascolat et al. (2001), confirma os dados coletados neste estudo: 43% (quarenta e três) eram mães, 40% (quarenta) pais, 4% (quatro) padrastos e 1% (um) madrasta.

Percebemos que as mulheres são as que mais praticam violência física, pois são responsáveis pelo cuidado e educação das crianças e dos adolescentes que estão sob a guarda da família. Com a sobrecarga de trabalho (dentro e fora do lar) que recebem, por serem, na grande maioria das vezes, as responsáveis por todo o núcleo familiar, têm como justificativas principais para o uso da violência: a educação e a colocação de limites.

Trabalhando com o perfil dos responsáveis pelas crianças e adolescentes, foi considerado responsável o adulto que participava do acompanhamento oferecido pelo PAEFI. Temos, então, que 09 (nove), são do sexo feminino e que 07 (sete) são mães, 01 (uma) é avó e 01 (uma) é tia, enquanto 04 (quatro) são do sexo masculino, sendo 03 (três) pais e 01 (um) irmão. Dos 13 (treze) responsáveis, 09 (nove) possuem ensino fundamental incompleto, 02

35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos

Masculino

(dois) ensino médio completo, 01 (um) ensino fundamental completo e 01 (um) ensino médio incompleto. Quanto às condições de trabalho, 05 (cinco) são do lar, 04 (quatro) possuem vínculo empregatício, 04 (quatro) realizam trabalho informal e 01 (um) recebe benefício previdenciário (aposentadoria por invalidez).

Quando tratamos da renda familiar, percebemos que a violência, conforme visto no Capítulo 2, é um fenômeno intraclasses sociais, pois atinge todas as camadas da população.

Nesta pesquisa, constatamos que 07 (sete) famílias possuem renda familiar de 01 (um) a 02 (dois) salários mínimos, 04 (quatro) de 03 (três) a 04 (quatro), 01 (uma) de 05 (cinco) a 07 (sete) e 01 (uma) com renda familiar inferior a 01 (um) salário mínimo.

GRÁFICO 7 – Renda Familiar das famílias das vítimas de VDCA atendidas pelo PAEFI, no ano de 2011

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Quanto à inserção em programas socioassistenciais municipais (Mutirão Social – Frente de Trabalho), estaduais (Renda Cidadã, Ação Jovem e Viva Leite) e federais (Bolsa Família), temos que 05 (cinco) famílias são beneficiárias do Bolsa Família e 02 (duas) do Ação Jovem.

Cabe ressaltar que, para inserção em programas sociais, a família precisa atender às condicionalidades listadas abaixo:

Menos de 1 salário mínimo 1 a 2 salários mínimos 3 a 4 salários mínimos 5 a 7 salários mínimos Mais de 7 salários mínimos 1 7 4 1

TABELA 12 – Critérios para inclusão das famílias em Programas Socioassistenciais

PROGRAMAS ÂMBITO PUBLICO

ALVO IDADE RENDA OUTROS REQUISITOS

Ação Jovem Estadual Jovens de 15 a 24 anos

Até 1/2 salário mínimo per capita.

Deve estar matriculado e estudando. Bolsa Família Federal Familiar De R$ 0 a R$140,00

per capita.

1 - As crianças devem estar matriculadas e estudando. 2- A partir da seleção, a família assume compromissos nas Áreas

da Educação, Saúde, e Assistência Social. Fonte: Departamento de Assistência Social da Prefeitura Municipal de São João da Boa Vista – SP

GRÁFICO 8 – Inserção das famílias atendidas de vítimas de VDCA atendidas pelo PAEFI, em 2011, em Programas Socioassistenciais

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Cruzando os dados apresentados nos Gráficos 7 e 8 e na Tabela 8, percebemos que a renda per capita familiar de 07 (sete) das famílias atendidas é de até ½ (meio) salário mínimo per capita, apresentando perfil para inserção em Programas Sociais, enquanto que 06 (seis) famílias apresentam esta modalidade de renda superior ao valor estipulado pelos Governos Estadual e Federal. 5 0 2 0 0 6

Quanto à situação familiar, no término do ano de 2011, 03 (três) vítimas foram acolhidas por familiares (avó materna, tia materna e irmão) e 02 (duas) foram encaminhadas para entidade de acolhimento, visto que o acompanhamento realizado não atingiu o objetivo esperado e estas acabaram sendo revitimizadas.

As 15 (quinze) outras vítimas continuaram residindo com os mesmos responsáveis do início do acompanhamento: 05 (cinco) com os pais, 04 (quatro) com a mãe, 03 (três) com a mãe e o padrasto, 02 (dois) com o pai e 01 (uma) com o pai e a madrasta.

Cabe ressaltar que o PAEFI coloca, como um de seus objetivos, o fortalecimento de vínculos, mas, exagerando na importância destes, no caso da família, desconsidera o fato de que, em situações de VDCA, muitas vezes, a permanência da criança e/ou adolescente na família, é que os desprotege, colocando-os em risco de morte. O ECA prevê o afastamento da criança e/ou adolescente da família como medida protetiva, em seu artigo 101.

GRÁFICO 9 – Situação familiar no término do acompanhamento das famílias das vítimas de VDCA atendidas pelo PAEFI, no ano de 2011

Fonte: Prontuários PAEFI/CREAS São João da Boa Vista – SP

Ainda, quanto ao processo de trabalho, consideramos também:

 Dinâmica do atendimento: avaliamos o motivo do encaminhamento, a qualidade dos registros, a elaboração de PAF (Plano de Atendimento Familiar), a média de atendimentos realizados, o período de acompanhamento, a adesão ao

5 3 2 3 1 5 2

acompanhamento, aos encaminhamentos e às orientações, a metodologia do acompanhamento e a integração do serviço com outras redes, objetivando quantificar e qualificar o trabalho realizado com as famílias.

O motivo de encaminhamento das 04 (quatro) situações analisada é condizente com a problemática atendida pelo serviço, mas, cabe ressaltar que 02 (duas) foram encaminhadas pelo Conselho Tutelar, 01 (uma) pela Delegacia e 01 (uma) buscou o serviço espontaneamente. Estes dados mostram que o PAEFI ainda não possui visibilidade no município, visto que não foram recebidas notificações da Saúde, Educação, Assistência Social, Poder Judiciário ou entidades não governamentais. Para que esta visibilidade seja alcançada, fazem-se necessárias ações de articulação da rede intersetorial e do SGD, para que as situações sejam notificadas e as vítimas tenham acesso ao acompanhamento oferecido. Essas ações são de cunho socioeducativo e mobilizador, através da sensibilização, da capacitação e da orientação dos atores das redes supracitadas para a problemática da VDCA. A qualidade dos registros deixou a desejar, visto que metade dos prontuários não possuía todos os instrumentais utilizados para realização do diagnóstico (triagem, estudo social e diagnóstico socioeconômico, anamnese psicológica, relatórios técnicos e anexos) e em apenas 01 (um) constava o Plano de Atendimento Familiar, o que sinaliza que os acompanhamentos estão sendo realizados sem um planejamento prévio. A baixa qualidade dos registros pode indicar, também, a indisponibilidade dos técnicos para a realização de atividades burocráticas, em virtude da alta demanda de atendimentos.

A média de atendimentos realizados por família foi de 26 (vinte e seis) e o período

médio de duração do acompanhamento foi de 23 (vinte e três) meses, o que não está de

acordo com as referências internacionais, que preveem que os casos de VDCA deverão ser acompanhados por, no mínimo, 60 (sessenta) meses após sua revelação (AZEVEDO e GUERRA, 2006). Cabe ressaltar que a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e os Guias de Orientação elaborados pelo MDS para PAEFI/CREAS não preveem o número de atendimentos a serem realizados e o período de duração do acompanhamento, mas é recomendável que estes sejam previstos, considerando o cumprimento das ações estabelecidas no Plano de Atendimento Familiar, que é elaborado objetivando a resolutividade da situação que acarretou o encaminhamento. Este indicador reflete, também, a disponibilidade da família e do serviço para realização de um trabalho conjunto, com um objetivo pré-estabelecido.

A adesão ao acompanhamento, considerando a frequência, o cumprimento dos encaminhamentos e o seguimento das orientações, mostrou-se insatisfatória, visto que a maioria das famílias não apresentava frequência ao acompanhamento oferecido pelo serviço,

metade buscava os encaminhamentos sugeridos, mas não seguia as orientações realizadas, tanto pelo PAEFI quanto pela rede socioassistencial. Cabe ressaltar que, nas situações de não adesão, são realizadas convocações formais, visitas domiciliares e comunicação ao Conselho Tutelar, objetivando o início e/ou a retomada do acompanhamento oferecido.

Ferreira e Souza (2008) colocam que é necessário que os serviços estejam atentos e identifiquem a existência de problemas relativos ao vínculo que estabelecem com as famílias que atendem, para que os mesmos não sejam percebidos apenas quando ocorrer a não adesão, que é frequente nos serviços que atendem vitimização por VDCA. Colocam, ainda, que algumas estratégias para reincorporar as famílias ao atendimento podem ser utilizadas, tais