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Avaliação da coleta massal de Aedes aegypti com armadilhas MosquiTRAP em áreas urbanas de Manaus (AM).

II.3 Material e Métodos 1 Área experimental

II.3.5 Pesquisa de anticorpos

Durante os dois últimos meses da intervenção (maio e junho de 2010), amostras de sangue dos moradores das seis áreas foram coletadas em papel de filtro esterilizado, conforme explicado no Capítulo I.3.5 e em Degener et al. (2014).

As amostras de sangue foram coletados de 340 habitantes (191, nos conglomerados de intervenção e 149, nos conglomerados de controle). Os participantes tiveram uma idade média (± desvio padrão, DP) de 36,8 ± 18,6 e 31,3 ± 20,1 anos, nas áreas de coleta massal e controle, respectivamente.

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II.3.6 Desenho experimental

O desenho experimental foi de conglomerados randomizados controlados com três conglomerados de intervenção (coleta massal com MQTs) e três conglomerados de controle (sem tratamento).

O efeito da coleta massal com MQTs foi avaliado, tendo-se em consideração a quantidade de Ae. aegypti fêmeas capturada com BGSs, durante o monitoramento bissemanal. As taxas de paridade e a frequência de habitantes soropositivos (IgM para DENV) foram paralelamente investigadas. Ademais, os participantes do estudo foram entrevistados para avaliação das atitudes em relação ao uso das MQTs.

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II.3.7 Análise dos dados

O resultado das capturas de Ae. aegypti fêmeas, obtidas pelas BGSs de monitoramento, foi utilizado para a avaliação do efeito de supressão na população de mosquitos, promovido pela coleta massal com MQTs. As capturas de cada conglomerado foram somadas e divididas pelo número de armadilhas utilizadas para o monitoramento, a cada semana. Desta forma, houve um ponto de dados (média de Ae. aegypti fêmeas) para cada um dos seis conglomerados, a cada duas semanas. Para o ajuste dos modelos estatísticos, a média de mosquitos capturados por conglomerado a cada semana foi log10(x+1)-transformado, para

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Em uma das três áreas de coleta massal, as capturas de Ae. aegypti fêmeas aumentaram consideravelmente após o período pré-intervenção, de forma que as capturas médias semanais em todo o período de pós-intervenção nesse conglomerado foram entre 8,3 e 38,9 vezes maiores, em comparação com as médias semanais dos outros cinco conglomerados. Como esse conglomerado foi considerado outlier, as análises dos dados foram realizadas para todos os três pares de conglomerados e para os dois pares de conglomerados, que não incluíram o par com o conglomerado outlier.

As seis séries temporais das capturas quinzenais de todos os três pares de conglomerados foram analisadas, utilizando-se modelos mistos. Em todos os modelos mistos, a variável conglomerado foi incluída como efeito aleatório, considerando o agrupamento dos dados. O primeiro modelo, com objetivo de analisar a tendência média da infestação de mosquitos em áreas de coleta massal e de controle, foi um modelo generalizado aditivo misto (GAMM, Generalized Additive Mixed Model) para o período inteiro do estudo (pré- intervenção e intervenção). Neste modelo, uma função de suavização foi incluída separadamente para cada tipo de área, para captura do efeito não-linear do tempo (variável semana), na abundância dos mosquitos nas áreas de coleta massal e controle.

O modelo adotou a seguinte fórmula:

(1) Yhi = " + fTh(i) + ah + #hi

Onde Yhi é a média de Ae. aegypti fêmeas (log-transformado) por conglomerado h

(h=1,...6), no ponto de tempo i (i=1,...,41); " é o intercepto; fTh(i) é o efeito suavizado não- linear do tempo para cada tipo de tratamento Th (Th = 0 para os conglomerados de controle, Th

= 1 para os conglomerados de coleta massal), ah e #hi são o intercepto aleatório e o erro

residual, com os seguintes distribuições respectivas: ah ~ N(0,$2) e #hi ~N(0, %2).

As diferenças entre conglomerados de coleta massal e controle, durante o monitoramento pré-intervenção, foram testadas com um Modelo Linear de Efeitos Mistos (LME, Linear Mixed Effect model), com o fator fixo tratamento e com conglomerado como aleatório:

(2) Yhi = " + &Th + ah + #hi

Os índices h e i correspondem ao anteriormente explicado na equação (1). Th é uma variável dummy (tratamento), indicando se o conglomerado foi de controle (Th = 0) ou intervenção (Th = 1), & é o efeito fixo da coleta massal.

O efeito da coleta massal, no período de intervenção, foi investigado com o seguinte modelo GAMM:

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Onde Ph, é o número médio de fêmeas capturadas durante o período pré-intervenção em cada conglomerado h, log10(x+1)–transformado e centralizado (Clogpré). Essa variável foi

incluída no modelo para considerar as diferenças de fêmeas capturadas nos seis conglomerados, no período pré-intervenção. Os &’s são os efeitos fixos da intervenção de coleta massal (&1), da densidade de mosquitos no período pré-intervenção (&2) e a interação

das duas (&3).

Como o modelo (1) apontou que a abundância das Ae. aegypti fêmeas variou com o tempo, modelos GAMM adicionais foram ajustados, considerando separadamente os três períodos do estudo: semanas 1 a 22 (primeira estação chuvosa), 23 a 42 (estação de seca) e 43 a 73 (segunda estação chuvosa). Plotagens diagnósticas foram geradas para avaliar a adequação dos modelos.

As quatro séries temporais do banco de dado reduzido (sem o par do conglomerado outlier) foram analisadas com os mesmos três modelos acima mencionados, porém sem inclusão da variável conglomerado como efeito aleatório. Desta forma, modelos generalizados aditivos (GAM, Generalized Additive Models) foram utilizados em vez dos modelos GAMM nas fórmulas (1) e (3) e o modelo LME da fórmula (2) foi substituído por um modelo linear. Os modelos mistos foram também ajustados mas, como nestes a variância estimada entre os conglomerados foi próxima a zero, a inclusão do intercepto aleatório não se justificou.

As diferenças de resultados binários do primeiro questionário entre as áreas de coleta massal e controle foram modeladas, utilizando modelos logísticos mistos (LMM, Logistic Mixed Models) com a variável tratamento (Th), como efeito fixo e a variável conglomerado

(h), como efeito aleatório.

O teste de Fisher foi aplicado para comparação das frequências de pessoas soropositivas (presença de anticorpos IgM para DENV) nas áreas de intervenção e controle, e para comparação das taxas de paridade dos mosquitos, nos quatros períodos do estudo. Esse teste, que não leva em consideração o desenho de conglomerados, foi adotado em função da baixa frequência de soropositividade e de mosquitos nulíparas.

Todas as análises foram efetivadas, utilizando-se o programa R versão R 2.12.1 (R development core team 2010). Os modelos GAMM, GAM, LME e LMM foram implementados, usando as bibliotecas mgcv (Wood 2012), nlme (Pinheiro et al. 2010) e lme4 (Bates 2011).

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