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PESQUISA COM AS EMPRESAS LICENCIADAS PELA AMAJU

PALAVRAS-CHAVE: Galvanoplastia; Lodo Galvânico; Resíduos Sólidos.

PESQUISA COM AS EMPRESAS LICENCIADAS PELA AMAJU

Empresa:

Resíduos Gerados: Setor de Origem: Classificação:

Forma de Acondicionamento: Forma de Tratamento:

Fonte: Simas, 2007 (Adaptado).

b.Análise dos Dados

Todos os dados levantados através do instrumento de pesquisa foram analisados de forma direta e agrupados em gráficos e tabelas. Através da presente análise, identificou-se os principais resíduos gerados, suas respectivas quantidades, seus setor de origem, formas de acondicionamento e tratamento. Vale salientar que a classificação dos resíduos foi realizada de acordo com o setor que os originou e os seus constituintes químicos.

3.RESULTADOS

O levantamento dos dados gerou uma listagem de 17 empresas licenciadas pela AMAJU. O PGRS apresentado por estas, ao setor de licenciamento da AMAJU, deve seguir um roteiro estabelecido no Termo de Referência, fornecido pelo órgão. Um dos itens deste solicita um diagnóstico descritivo de todos os resíduos sólidos gerados nos setores dos respectivos empreendimentos em estudo, bem como, a quantificação, classificação (segundo a NBR 10.004/2004), forma de acondicionamento e tratamento dado a estes, antes da implantação e execução do PGRS.

O tratamento de efluentes das atividades de galvanoplastia tem como finalidade a remoção dos resquícios de metais diluídos nos mesmos. Nas empresas pesquisadas o tratamento dos efluentes líquidos oriundos dos banhos é, predominantemente, do tipo físico-químico. A geração de Resíduos Sólidos Perigosos nos processos de galvanoplastia decorrem principalmente, do tratamento dos efluentes líquidos (MATTOS, 2011). Dessa forma, a presente pesquisa evidenciou a afirmação de outros autores, onde constatou-se que 89,41% dos resíduos gerados pelo universo de empresas em estudo é Lodo Galvânico (Quadro 1), estes são originados no setor de tratamento de efluentes (ETE) e são acondicionados em Bombonas Plásticas (85,8%), em embalagens de sacos plásticos (10,2%) e de outras formas (4%). A norma ABNT NBR 12.235/1992 preconiza que o acondicionamento desse resíduo deve ser feito em bombonas plásticas, vedadas e, posteriormente, armazenadas em local coberto, arejado e isolado. Observa-se assim, que a maior parte dos resíduos das empresas em estudo são acondicionados de forma correta, atendendo assim a normatização.

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Devido a sua origem e constituição, o Lodo Galvãnico é classificado como Classe I, ao mesmo aplica-se diversas formas de tratamento, sendo: 27% destinado à reciclagem, 33% a incineração e 40% armazenado na empresa. Evidencia-se dessa forma que a maior parte do resíduo fica acondicionado dentro da própria empresa, cirando assim um grande passivo ambiental nas dependências dos empreendimentos. De acordo com Simas (2007), para o Lodo Galvânico a reciclagem é considerada tecnicamente viável, pois a partir de processos sofisticados reaproveitam- se alguns materiais contidos no resíduo, porém nem todos os materiais presentes neste podem ser recuperados. Assim, essa forma de tratamento oferece apenas uma solução parcial para o resíduo, não possibilitando de forma definitiva a eliminação do resíduo perigoso. A reciclagem do lodo gerado pelas empresas em estudo é realizada em uma empresa localizada no município de Araucária, estado do Paraná. Esta vem recolher o Lodo Galvânico das empresas para as quais presta serviço no Município de Juazeiro do Norte e os leva para sua sede no município de Araucária, onde realiza a reciclagem. O processo de reciclagem desenvolvido pela Puremetal é realizado em uma usina de reciclagem, onde o Lodo Galvânico é submetido a vários procedimentos industriais os quais objetivam a remoção da maior quantidade possível de metais.

Quadro 1: Resíduos Sólidos Gerados, Setor de Origem, Quantidade e Forma de Acondicionamento

Resíduo Setor de origem Quantidade Gerada Forma de acondicionamento Percentual (%)

Lodo Galvânico ETE 4050 Kg/mês

Bombonas Plásticas 85,8 Sacos Plásticos 10,2 Outras Formas 4 Bombonas Plásticas Produção 391 Kg/mês Abrigo de Resíduos 45 Outras Formas 55

Estopas Produção/Manutenção 44 Kg/mês

Bombonas Plásticas 34

Sacos Plásticos 56

Outras Formas 10

EPI´s Usados Produção/M

anutenção 34,5 Kg/mês Bombonas Plásticas 28 Sacos Plásticos 59 Outras Formas 13 LâmpadasFluore scentes Todos os Setores 10 Kg/mês Bombonas Plásticas 23 Sacos Plásticos 32 Própria Embalagem 37 Outras Formas 8 Fonte: Amaju, 2014.

As Bombonas Plásticas correspondem a 8,63% dos resíduos gerados pelas empresas estudadas (Figura 2), estas são todas originadas no setor de produção, e assim são classificadas como Classe I,

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45% delas são acondicionadas e armazenadas em abrigos de resíduos. O restante (55%) é armazenado de diversas formas, como no estacionamento dos veículos, no almoxarifado, nos corredores e nos jardins das empresas. As Bombonas também estão sendo recicladas, porém de forma incorreta, sendo transformada através da reciclagem em outros objetos, sem passarem por nenhuma forma de tratamento para remover os resquícios de substâncias contidas nas mesmas. A forma de gerenciamento mais adequada para as Bombonas Plásticas, conforme regulamenta a Lei Federal 12.305/2010 no seu Art. 33 é a Logística Reversa, através da qual se busca viabilizar a coleta e a restituição dos RS aos fabricantes, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Figura 2:Percentual de Resíduos Sólidos Gerados.

Fonte: Amaju, 2014.

Em relação às Estopas, estas representam 0,97% dos resíduos gerados pelas empresas (Figura 2), nos setores de produção e manutenção. Destes, 34% são acondicionadas em Bombonas Plásticas, atendendo assim às normas de acondicionamento. O restante é acondicionado em Sacos Plásticos (56%) ou em Caixas de Papelão (10%), que são recipientes inadequados e em desconformidade com as normas. As estopas descartadas pelas empresas de galvanoplastia são resíduos que podem apresentar diversos componentes tóxicos tais como ácidos, óleos e graxas e, portanto, devem ser acondicionados em recipientes rígidos, intactos e fechados. 43% destes resíduos estão sendo incinerados, os 57% restantes não recebem Nenhuma Forma de tratamento.

As Lâmpadas Fluorescentes são os resíduos perigosos gerados em menor quantidade advindos de todos os setores, representando apenas 0,22% de todos os resíduos contabilizados. Contudo, apenas 23% das lâmpadas são acondicionadas de forma correta em Bombonas Plásticas. Do restante, (32%) são acondicionadas em Sacos Plásticos, 37% na Própria Embalagem de comercialização e 8% são acondicionados de Outras Formas. Quanto ao tratamento dado à estas, 24% se dá na forma de reciclagem, 40% são armazenadas na própria empresa e os 36% restantes das Lâmpadas fluorescentes gerados nas respectivas empresas em estudo, não recebem Nenhuma Forma de tratamento.

No caso dos EPI´s Usados, é gerado um percentual de 0,76% nos setores de produção e manutenção. 28% do total levantado é acondicionado de forma correta em Bombonas Plásticas, no

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entanto, o restante (72%) é armazenado de forma incorreta. Sendo 59% acondicionado em Sacos Plásticos e 13% em Caixas de Papelão. No que diz respeito ao tratamento deste resíduo, 36% vão para a incineração e os 64% não recebem Nenhuma Forma de tratamento.

4.CONCLUSÕES

Fica evidenciado através do presente estudo que dentro dos setores das empresas de galvanoplastia, os setores responsáveis pela maior geração de RS são os de Produção e Manutenção. Constatou-se também que os principais RS gerados são: Lodo Galvânico, Bombonas Plásticas, Estopas, EPI´s Usados e Lâmpadas Fluorescentes, todos estes classificados como RS Classe I (perigoso) de acordo com a NBR 10.004/2004. Destaca-se dentre estes o Lodo Galvânico, pois o mesmo é o RS gerado em maior quantidade mensalmente, correspondendo assim a 89,41% dos RS gerados.

O acondicionamento destes não atende totalmente o que preconiza as normas, elevando assim os passivos ambientais dentro das empresas. As formas de tratamento executadas para com estes não são as mais indicadas e viáveis, do ponto de vista econômico e ambiental.

Conforme constatado, a maior parte dos resíduos sólidos gerados não recebem as formas corretas de acondicionamento e tratamento, gerando assim um grande passivo ambiental.

5.REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 71 p. Disponível em: <http://www.aslaa.com.br/legislacoes/NBR%20n%2010004-2004.pdf>. Acesso em: 05 de setembro de 2014.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12235: Armazenamento de resíduos

sólidos perigosos - Procedimento. Rio de Janeiro, 1992.

BRASIL. MINISTÉRIO DE MEIO AMBIENTE, MMA - Lei n. 12.305/2010 que institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, Brasília, agosto de 2010.

CEARÁ, Secretaria do Planejamento e Gestão (SEPLAG), Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) Perfil Básico Municipal - Juazeiro do Norte, Fortaleza - CE, 2010.

GIL, L. G. Uso de resíduos de galvanoplastia como fonte alternativa de zinco para a produção de matéria seca

de girassol (Helianthusannuus L.) e de milho (ZeamaysL.) em latossolo vermelho (RhodicKandiudox).

Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Agronomia), Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2008.

GOMES, E. R. Avaliação da composição do biogás no lixão municipal de Juazeiro do Norte – CE em condições

climáticas distintas. Monografia (Bacharelado em Engenharia Ambiental), Instituto Federal de Ciência,

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IBGE- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 –

PNSB. Rio de Janeiro 2010.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Perfil município de Juazeiro do Norte – CE. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=230730&search=ceara|juazeiro-do- norte>. Acesso em: 06 de setembro de 2014.

LADEIRA, A. C. Q.; PEREIRA, D. B. A. Avaliação do potencial poluidor da indústria galvânica: caracterização,

classificação e destinação de resíduos. Metalurgia e Materiais. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 61(3):385-390.

jul. set. 2008.

MATTOS, C. S. Geração de resíduos sólidos de galvanoplastia em regiões densamente povoadas – Avaliação,

inertização e destinação. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciências, Área de

Tecnologia Nuclear), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – USP, São Paulo, 2011.

PERINI, S. J. B; SOUZA, H. C. M; MOLIN, M. L; PERINI, B. L. B; SELLIN, N. Avaliação dos processos de

precipitação química de efluente galvânico com hidróxido de cálcio e carbonato de sódio. XX Congresso

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SIMAS, R. Levantamento da geração de resíduos galvânicos e minimização de efluentes contendo cianeto. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

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3.2.RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM UMA LAVANDERIA DE

BENEFICIAMENTO DE JEANS EM TORITAMA-PE; DIAGNÓSTICO

E DESTINAÇÃO

RIBEIRO, Maria Cristiane Bezerra

Mestra em Tecnologia Ambiental Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco - ITEP cristianemcbr@gmail.com

ALBUQUERQUE JUNIOR, Eden Cavalcanti de

Doutor em Engenharia Química Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco – ITEP

eden@itep.br

ALENCAR, Bertrand Sampaio de

Doutor em Desenvolvimento Urbano Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco - ITEP bertrand@itep.br

RESUMO

A gestão dos resíduos sólidos gerados no processo de beneficiamento do jeans apresenta-se como um grande desafio para as lavanderias instaladas em Toritama-PE. Neste estudo é apresentado um diagnóstico da geração e destinação de resíduos sólidos de uma lavanderia de jeans, em Toritama-PE, bem como o potencial de reutilização e/ou reciclagem desses resíduos. A partir da identificação, classificação e quantificação realizadas no período de março, maio e junho de 2015, foi possível estimar a geração anual de resíduos da ordem de 478 kg (classe I), 14.740 kg (classe IIA) e 339 kg (classe IIB). 77,8% desses resíduos são descartados no lixão municipal. Oportunidades para minimizar a geração de resíduos, a partir da implantação de técnicas de produção mais limpa, deve ser tomada como meta na empresa. Além disso, a gestão compartilhada desses resíduos pelas lavanderias da região, no formato de cooperativa, pode facilitar a destinação e reutilização desses resíduos.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos, Lavanderia de beneficiamento de jeans, Degradação