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A Pesquisa qualitativa e questionário

Optar pela pesquisa qualitativa não significou rechaçar o uso e a importância da pesquisa quantitativa no campo das ciências sociais, em especial na educação. Mas a minha opção pela pesquisa qualitativa fundamentou-se na necessidade de obter dados que desvelassem as vicissitudes da questão da bonificação por resultado entre os professores.

(...) os métodos quantitativos supõem uma população de objetos de observação comparável entre si e os métodos qualitativos enfatizam as especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de ser. (HAGUETE, 1987, p. 55).

Portanto, em consonância com o propósito desta pesquisa, de dar voz aos professores sobre a questão do bônus, os indicadores qualitativos têm maior relevância.

A utilização da pesquisa qualitativa justifica-se também pelo melhor desempenho que esse tipo de pesquisa apresenta em situações específicas tais como: quando substitui a simples estatística; quando utilizada para captar atitudes, motivos e pressupostos e em “situações em que são usados indicadores do

funcionamento complexo de estruturas e organizações difíceis de submeter à observação direta” (HAGUETE, apud LAZARSFELD, 1987, p 55 -56).

Ao pesquisar os professores da rede estadual paulista acerca de uma questão que afeta a todos, direta e indistintamente. Ouvir pessoalmente os professores representou para mim, a melhor estratégia para captar dos sujeitos entrevistados sobre o que pensam a respeito da questão do bônus, sem que fosse feito algum juízo de valor prévio por parte do pesquisador. Espera-se realmente, que seus resultados possam contribuir para a discussão sobre esta questão.

Foram realizados questionários com perguntas abertas, em que os depoimentos dos sujeitos foram agrupados em categorias, facilitando a sua interpretação.

Os questionários foram divididos em dois grupos: um questionário dirigido às escolas que receberam o bônus no ano de 2010 e outro às escolas que não o receberam no ano de 2010.

Os dois questionários contavam sete questões a ser respondidas pelo docente, sendo cinco dessas questões comuns aos dois grupos (questões de n° 1, 2, 5, 6 e 7), e duas específicas para as escolas que receberam e as que não receberam o bônus (questões n° 3 e 4).

Para as escolas que receberam o bônus, foi aplicado o seguinte questionário: 01) Qual a sua opinião em relação à política de bonificação do Estado? Justifique.

02) O critério para o recebimento do bônus pela escola é o cumprimento das metas do IDESP, que compreende o SARESP e o fluxo escolar. Em relação as estes critérios, o que você tem a comentar?

03a) Sua escola atingiu a meta do IDESP e, consequentemente, recebeu o bônus referente ao ano de 2010. Como você analisa o resultado da sua escola?

04a) A que você atribui o fato de sua escola ter atingido as metas e recebido o bônus?

05) A escola, por meio da equipe escolar, utilizou-se de alguma estratégia para que a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) pudesse ser atingida? Quais?

06) A política de avaliação do Estado trouxe mudanças no cotidiano da sala de aula? Explique.

07) A política de bonificação do Estado trouxe mudanças no cotidiano da gestão escolar? Explique.

Para as escolas que não conseguiram o bônus, foi aplicado basicamente o mesmo questionário, alteradas apenas as questões 3 e 4, ficando com a seguinte redação:

03b) Sua escola não atingiu a meta do IDESP e, consequentemente, não recebeu o bônus referente ao ano de 2010. Como você analisa o resultado da sua escola?

04b) A que você atribui o fato de sua escola não ter atingido as metas e não ter recebido o bônus?

A utilização de questionários justificou-se pela otimização de tempo, além de constituir uma técnica de recolha de dados apropriada para casos como o da presente pesquisa.

O questionário é aplicável, portanto, nas situações em que o investigador já tem um prévio conhecimento sobre o tema, ou que já foi tratado em vários estudos, ou ainda porque se trata de uma situação bastante conhecida na sociedade. (RIZZINI et al, 1999, p. 77).

Questionário aberto representa uma importante fonte de obtenção de dados nas pesquisas em que não há expectativas prévias ou mesmo hipóteses formuladas a ser comprovadas por parte do pesquisador. Estes questionários, oferecendo a oportunidade de descoberta de informações, não facilmente observáveis e detectáveis em questionários estruturados, por exemplo, contribuem para tornar a pesquisa mais confiável.

As técnicas de coleta de dados são instrumentos de conhecimento; contudo, quando não são tomadas as devidas precauções, podem apontar para resultados pouco confiáveis. Nesse sentido, deve-se evitar trabalhar apenas com o que já está dado ou determinado, e, na medida do possível, aproveitar a oportunidade para aprender com a população investigada. (RIZZINI et al, 1999, p. 61).

A aplicação do questionário ocorreu de maneira presencial. Estive pessoalmente nas escolas e apliquei os questionários em sala reservada com a presença apenas dos professores participantes. Era nesse momento que lhes agradecia pela participação voluntária na pesquisa e efetuava a leitura e as explicações de cada item do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) que,

entre outros pontos deixava explícito a garantia do anonimato das pessoas como um dos principais atributos da pesquisa.

Ao transcrever as respostas dos sujeitos participantes da pesquisa deparei- me com algumas respostas com pouca ou nenhuma massa crítica, e outras que pecavam pela falta de coesão em relação às perguntas formuladas.

Muitas respostas, embora verdadeiras, não respondiam às perguntas formuladas. Outras, não respondiam a contento, pelo excesso de concisão e falta de informações. A alternativa encontrada para obter melhores informações sobre o tema da pesquisa foi a realização de entrevistas complementares.

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