• Nenhum resultado encontrado

2.2 Alguns estudos brasileiros do tipo estado da arte em Educação Matemática

2.2.1 Pesquisas em Educação

Considerando a ampliação da pesquisa educacional no país e, particularmente, a expansão da Educação Matemática, pudemos verificar o crescimento das pesquisas do tipo estado da arte, especialmente pela contribuição que podem trazer para as novas investigações nas diferentes áreas de conhecimento. Apesar do crescimento paulatino, as pesquisas dessa natureza ainda são escassas e, dependendo da área de interesse, raras. Após realizarmos inúmeras buscas junto aos sistemas de informação, como Educational Research Information Center (ERIC), portal do Inep, portal da Capes, portal da Pesquisa, programas de busca disponíveis na internet e artigos e dissertações ou teses nacionais, entre outras, encontramos alguns estudos exemplares em educação que assumem explicitamente a modalidade de pesquisa do estado da arte e que são freqüentemente referenciados pela

literatura nacional em educação54. Outros preferem denominar esta modalidade de pesquisa de “estado do conhecimento” ou, então, sem fazer referência a nenhuma dessas denominações — seja no título seja em seu conteúdo do texto —, embora o estudo se aproxime desse tipo de pesquisa. Esses estudos estão relacionados na Tabela 155. Mais adiante apresentaremos uma outra tabela exclusiva da área de Educação Matemática.

54

Alguns portais disponíveis na internet e consultados: Capes <http://www.capes.br>, Fundação Carlos Chagas <http://www.fcc.org.br>, Ibict <www.ibict.br>, Inep <http://www.inep.gov.br>; Portal da Pesquisa <www.portaldapesquisa.com.br>, ProQuest <www.proquest.com>, Scielo <http://www.scielo.br>, < http://www.sciencedirect.com>.

55

Tomamos como fonte para a elaboração da tabela a seguir — Pesquisas brasileiras sobre o estado da arte ou estado do conhecimento, além dos portais citados anteriormente, os estudos de Ferreira (2002); Alves-Mazzotti (2002, p. 42); André (2002); Conrado (2005, p. 17).

Tabela 1 — Publicações nacionais relativas ao estado da arte ou estado do conhecimento em Educação*

Tema Autor/Pesquisa Ano

Ensino de ciências MEGID NETO, Jorge. Tendências da pesquisa acadêmica sobre o ensino de ciências no nível fundamental. Tese (Doutorado em Educação: Metodologia de Ensino) — FE/Unicamp, Campinas (SP)

1999

Psicologia da educação no Brasil

SONZONGO, Maria Cecília. Aspectos da produção científica da psicologia da educação no Brasil no período de 1970-1982. 1988. Tese (Doutorado) — PUC-SP, São Paulo (SP) 1988 Criatividade WESCHSLER, Solange Muglia; NAKANO, Tatiana de Cássia. Produção científica brasileira em

criatividade: o estado da arte. Escritos sobre Educação, Ibirité. v. 2, n. 2, p. 43-50, jul./dez., 2003 2003 Fracasso escolar ANGELUCCI, Carla Biancha et al. O estado da arte da pesquisa sobre o fracasso escolar (1991-

2002): um estudo introdutório. Educação e Pesquisa, São Paulo: FEUSP. v. 30, n. 1, p. 51-72, jan./abr., 2004

2004

Educação infantil ROCHA, Eloísa Acires Candal; SILVA FILHO, João Josué da (Org.). Educação infantil (1983- 1996). Brasília: MEC/Inep/Comped. 2001. 161p

2001 Juventude e

escolarização

SPOSITO, Marília Pontes (Org.). Juventude e escolarização (1980-1998). Brasília: MEC/Inep/Comped. 2002. 221p

2002 Ensino supletivo HADDAD, Sérgio (Org.). Educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Brasília:

MEC/Inep/Comped. 2002. 140p 2002

Educação rural DAMASCENO, Maria Nobre; BESERRA, Bernardete. Estudos sobre educação rural no Brasil: estado da arte e perspectivas. Educação e Pesquisa, São Paulo: FEUSP. v. 30, n. 1, p. 73-89, jan./abr., 2004

2004

Educação superior MOROSINI, Marília Costa (Org.). Educação superior em periódicos nacionais (1968-1995). Brasília: MEC/Inep/Comped. 2001. 194p

2001 Licenciatura no

Brasil

ROMANOWSKI, Joana Paulin. As licenciaturas no Brasil: um balanço das teses e dissertações dos anos 90. 2002. 132p. Tese (Doutorado em Educação) — FE/USP, São Paulo (SP)

2002 Formação de

professores

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de (Org.). Formação de professor no Brasil (1990-1998). Brasília: MEC/Inep/Comped, 2002, 364p

2002 Formação de

professores

SILVA, Rose Neubauer da; DAVIS, Cláudia. Formação de professores das séries iniciais. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, Fundação Carlos Chagas, n.87, 1993

1993 Livros didáticos CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e

Pesquisa, São Paulo: FEUSP. v. 30, n. 3, p. 549-566, set./dez., 2004

2004 Mulher no livro

didático

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; AMADO, Tina. A imagem da mulher no livro didático: estado da arte. Séries, São Paulo, Fundação Carlos Chagas, n.2, 1989

1989 Avaliação GODOY, Arilda Schmidt. Avaliação da aprendizagem superior: estado da arte. Didática, Marília

(SP). v. 30, p. 9-25, 1995

1995 Avaliação na

educação básica

BARRETO, Elba Siqueira de Sá; PINTO, Regina Pahim. (Org.). Avaliação na educação básica (1990-1998). Brasília: MEC/Inep/Comped, 2001. 219p

2001 Política e gestão WITTMANN, Lauro Carlos; GRACINDO, Regina Vinhaes (Org.). Política e gestão da educação.

Brasília: MEC/Inep/Comped. 2001. 149p

2001 Ciclos escolares SOUSA, Sandra Zákia. Ciclos e progressão escolar: indicações bibliográficas. Avaliação e

Políticas Públicas em Educação, Rio Comprido. v. 11, n. 38, p. 99-114, jan./mar., 2003

2003 Pesquisa em leitura FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. Pesquisa em leitura: um estudo dos resumos de

dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas no Brasil, de 1983 a 1995. Tese (Doutorado em Educação) — FE/Unicamp, Campinas (SP)

1999

Representação social RANGEL, Mary. A pesquisa de representação social na área de ensino-aprendizagem: elementos do estado da arte. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília. v. 79, n. 193, p. 72-85, set./dez., 1998

1998

* Nessa tabela apresentamos somente as publicações às quais tivemos acesso ao trabalho completo ou resumo e que nos deram condições de descrevê-los. Encontramos mais de vinte referências que complementam essa lista sobre o tema. Cf. Bibliografia sugerida.

Diante do panorama apresentado na Tabela 1, podemos verificar que, ao longo desses trinta anos a produção sobre o estado da arte ou estado do conhecimento tem tomado como objeto de estudo uma diversidade de temas ou áreas de conhecimento no âmbito do ensino ou da educação em

geral. Tentamos agrupar os trabalhos sob alguns aspectos que tratam de alguma área específica da escolarização, sobretudo da formação de professores. Desse modo, constituímos nossa tabela a partir das seguintes aproximações: (i) Ensino de ciências; (ii) Psicologia; (iii) Escolarização; (iv) Licenciatura e formação de professores; (v) Livros didáticos; (vi) Avaliação e (vii) Diversos temas.

O primeiro trabalho consiste numa tese de doutorado relacionado à área específica de Ciências. Megid Neto (1999), apoiado em teses e dissertações, analisou as tendências da pesquisa na área do ensino de ciências relativa ao ensino fundamental.

Também relacionada a uma área específica, no caso a Psicologia, encontramos a tese de doutorado de Sonzongo (1988) que fez uma análise de parte da produção científica da Psicologia da Educação, em termos de seus conteúdos. A pesquisadora buscou em teses e dissertações (1970- 1982) observar contextos escolares, sujeitos, os procedimentos adotados, problemas investigados. Constatou a grande presença de estudos empíricos, sob a influência de duas abordagens, a comportamental e a psicométrica, evidenciando que essas não são responsáveis pela crise de conhecimento das áreas.

Neste segundo grupo, ainda na área da Psicologia, encontramos dois artigos relacionados à psicologia, os quais desenvolvem estudos sobre criatividade (WESCHSLER, NAKANO, 2003) e fracasso escolar (ANGELUCCI, 2004). Weschsler e Nakano (2003) traçaram um panorama científico sobre as publicações (teses, dissertações e artigos) acerca do tema criatividade. As pesquisadoras recorreram à base de dados da Capes e do Psycho-Index, selecionando todas as publicações com a palavra-chave “criatividade”, considerando um período de 18 anos até 2003. O estudo possibilitou identificar que os métodos mais utilizados nas teses são qualitativos, por meio de questionários e entrevistas, e quantitativos em publicações, com testes e escalas. Angelucci (2004) desenvolveu um estudo introdutório do estado da arte da pesquisa sobre o fracasso escolar na rede pública de ensino fundamental partindo de uma retrospectiva histórica da pesquisa educacional no Brasil. Utilizou teses e dissertações defendidas entre 1991 e 2002 na Faculdade de Educação e no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Identificou algumas vertentes que compreendem o fracasso escolar como problema essencialmente psíquico, problema meramente técnico; como questão institucional, como questão fundamentalmente política.

O terceiro grupo está relacionado com estudos sobre escolarização, ou seja, aqueles trabalhos que abordam a educação infantil, educação de jovens e adultos, educação rural e ensino superior, bem como o sistema da progressão escolar nos níveis de escolarização. Dessas pesquisas, cinco estudos pertencem à série Estado do Conhecimento, elaborada pelo MEC/Inep/Comped, o que denota um extensivo trabalho realizado em equipes.

Um desses volumes da série Estado do Conhecimento tratou sobre educação infantil, no qual Rocha e Silva Filho (2001) realizaram um levantamento da produção do conhecimento no Brasil, apresentando um mapeamento da produção científica na área. Foram selecionados artigos de periódicos, teses e dissertações de programas em educação (1983-1996) dos catálogos e CD-ROM da ANPEd. Com esse material, examinaram a produção da escrita sobre o tema, analisaram títulos, conteúdos e palavras-chave. Além disso, identificaram textos que se referiam diretamente às instituições de educação infantil, creche ou pré-escola, observando as diferentes denominações que essas instituições receberam no período analisado, o que os levou a incluir também estudos que investigam o processo de constituição da infância e educação especial. Como foi um trabalho realizado em equipe, foi desenvolvido um banco de dados (270 dissertações, 19 teses, 143 artigos) no qual constam informações bibliográficas, descritores, resumos, metodologia e área do conhecimento. Esse produto permitiu uma visão geral do conhecimento sobre a educação de crianças de zero a seis anos, identificando aspectos gerais da trajetória da área e aspectos metodológicos.

Outro trabalho da série Estado do Conhecimento foi coordenado por Marília Pontes Sposito (2002), que investigou sobre a juventude e escolarização (1980-1998). Seu material de análise esteve apoiado em teses e dissertações de programas de pós-graduação em educação que continham trabalhos relativos à área de educação e juventude. Essas teses e dissertações foram selecionadas pelos CD-ROM da ANPEd e pela home-page da Ação Educativa, totalizando 296 trabalhos. Com esse material e uso de descritores, tipo “tesauro” foi elaborado, com apoio do Serviço de Identificação e Documentação (SID), um novo resumo para cada trabalho. Sposito observou que, inicialmente, os recortes das teses e dissertações advinham da sociologia e, mais recentemente, da psicologia e das ciências sociais, o que implicou acrescentar periódicos nacionais. Desse modo, denotou-se que as pesquisas dialogam com a psicologia da educação e com as relações dos jovens com os processos formais de ensino (na escola), também a juventude e temas emergentes.

Sérgio Haddad (2002) também esteve interessado na educação de jovens, sobretudo na educação de jovens e adultos no país, e seu estudo resultou noutro volume da série Estado do Conhecimento elaborada pelo MEC/Inep/Comped. O principal objetivo do trabalho foi detectar e discutir os temas emergentes da pesquisa em educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Suas fontes foram teses e dissertações de programas de pós-graduação em educação, provenientes dos catálogos da ANPEd (1985-1994) e também do CD-ROM da ANPEd (1999), 98 coleções de periódicos nacionais e anais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da ANPEd e anais das Conferências Brasileiras de Educação (CBE), atingindo mais de 1300 títulos

produzidos no período. Foram considerados estudos relativos à educação formal ou informal; escolar e extra-escolar e, ainda, trabalhos que abordam concepções metodologias e práticas de educação de jovens e adultos, questões relativas à psicologia da educação, à formação de educadores, ao currículo e ao ensino e aprendizagem das disciplinas que o compõem. A análise permitiu identificar cinco temas: professor, aluno, concepções e práticas pedagógicas, políticas públicas de educação de jovens e adultos e educação popular.

Damasceno e Beserra (2004) realizaram um estudo recente sobre a educação rural no Brasil. As pesquisadoras mapearam o conhecimento produzido na área da educação rural nas décadas de 1980 e 1990, com o objetivo de esboçar o estado da arte neste campo de investigação. Restritas à produção acadêmica na área de educação, realizaram um estudo bibliográfico através da produção discente de mestrado e doutorado do banco de resumos de dissertações e teses da ANPEd, de periódicos acadêmicos nacionais e dos principais livros enfocando a temática da educação rural publicados no período. As pesquisadoras apresentaram as temáticas de estudo mais recorrentes, a organização regional dessa produção e, ao final, as tendências atuais e as temáticas ainda não suficientemente exploradas. Concluíram que é cada vez maior o número de trabalhos que discutem o problema da educação rural e que isso não se dá pela “excessiva sensibilidade dos estudiosos” do tema, mas da organização política do grupo de trabalhadores rurais, tornando-se suficientemente visíveis para chamar sobre si a atenção dos estudiosos.

Com respeito ao ensino superior, Marília Costa Morosini (2001) desenvolveu um amplo estudo sobre esse tema, também divulgado pela série do Estado do Conhecimento, elaborada pelo MEC/Inep/Comped. Esse estudo forneceu visão panorâmica da produção científica da educação superior em periódicos nacionais desde 1968, data da Reforma Universitária, a 1995, com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Esse marco justificou-se pela introdução da concepção de instituição de educação superior fundamentada na indissociabilidade entre ensino e pesquisa e a conseqüente imprescindibilidade da produção científica. A fonte principal de material para análise foi o banco de dados Universitas/BR (amplo, com mais de 4500 documentos, contando com os resumos), razão por que contou com uma equipe e envolveu professores-orientadores e orientandos do grupo de trabalho Política de Educação Superior da ANPEd. Foi realizado um estudo qualitativo e descritivo da trajetória e da distribuição da produção científica sobre educação superior. Desse modo, foi possível identificar alguns momentos, como a implantação da produção científica sistemática nos periódicos nacionais (1968-1977); crescimento e consolidação da produção científica nos periódicos nacionais (1978-1985); desaceleração e retomada do crescimento da produção científica nos periódicos nacionais (1986-1995).

O quarto grupo consiste nas pesquisas relativas à Licenciatura e formação de professores. A tese de doutoramento de Romanowski (2002) abrange dois aspectos, que elencamos: ensino superior e formação de professores. A pesquisadora realizou um balanço das teses e dissertações sobre licenciaturas defendidas nos programas brasileiros de pós-graduação em educação no período de 1990 a 1998, a fim de compreender como se dá a produção do conhecimento sobre formação inicial do professor, em especial nos cursos de licenciatura. Seu material de análise partiu da base de dados da ANPEd (39 teses e dissertações e 107 resumos), na qual buscou os temas abordados nas pesquisas; os referenciais teóricos que subsidiaram as investigações; a relação entre o pesquisador e o curso de licenciatura; a relação entre a pesquisa e a prática pedagógica; as contribuições da pesquisa para mudança e inovações da prática pedagógica e a formação do professor/pesquisador durante a realização da pesquisa. De posse desses elementos, a pesquisadora apresentou algumas inferências quanto às problemáticas detectadas nos cursos de licenciatura e, em contrapartida, algumas inovações nesses cursos. Além disso, destacou que as pesquisas têm origem na prática docente do pesquisador, na expansão de matrículas nas instituições particulares e no número reduzido de licenciandos na área de ciências.

Para mostrar o panorama da formação de professores no país, encontramos o estudo de André (2002) que retratou o estado do conhecimento sobre a produção científica nesse tema, através de um amplo projeto que foi concretizado pela elaboração do volume da série Estado do Conhecimento — Formação de professor no Brasil (1990-1998). A opção de André (2002) por desenvolver um estudo específico somente da década de 1990 sobre formação de professores no Brasil deveu-se ao fato de já terem sido realizados outros estudos anteriores a esse período. Embora esse compêndio tenha sido publicado em 2002, de lá para cá não encontramos nenhum outro trabalho que tenha procurado abarcar tantas espécies de publicação acadêmica e científica em nível nacional.

Outros estudos também se dedicam ao tema da formação de professores. Silva e Davis (1993) produziram uma revisão da produção brasileira e latino-americana sobre formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental, encontrando três eixos de análise: o perfil do professor, quem o forma, como é formado. Indicam a necessidade de revisão das estruturas institucionais que alicercem a formação docente, considerando as políticas públicas no continente latino-americano, e ressaltam o papel do professor como orientador do desenvolvimento cognitivo e social dos alunos, além de agente integrador escola/comunidade.

O quinto grupo abrange o tema livros didáticos. Dois artigos recorreram aos livros didáticos, porém com objetos de investigação diferenciados. De um lado, Choppin (2004)

investigou a história dos livros e das edições didáticas, identificando as principais problemáticas e temas abordados pela pesquisa histórica sobre os livros e edições didáticas, destacando as tendências mais marcantes e as possíveis perspectivas de evolução. De outro, Negrão e Amado (1989) fizeram um estudo temático da mulher por meio de uma análise de livros, pesquisas e dissertações nacionais (1970-1986) que, de alguma forma, se referiam à imagem da mulher e como esta é veiculada pelos livros didáticos. As pesquisadoras utilizam o material que, de alguma maneira, é acompanhado de resenha crítica de artigos de periódicos.

O sexto grupo apresenta dois estudos referem-se à avaliação. Godoy (1995) enfatizou a avaliação no ensino superior, revendo a literatura internacional sobre avaliação da aprendizagem nesse nível de ensino. Identificou na produção acadêmica três pontos, que consistiam na avaliação e aprendizagem, nas práticas correntes e nas novas abordagens de avaliação que têm surgido nos países de língua inglesa. O estudo de Barreto e Pinto (2001) também faz parte da série Estado do Conhecimento, elaborado pelo MEC/Inep/Comped. Nele, as pesquisadoras desenvolveram um levantamento sobre a avaliação na educação básica (1990-1998) nos principais periódicos da área de educação, revistas de natureza acadêmica, os quais foram selecionados por títulos, descritores ou resumos publicados. As categorias abordadas foram os referenciais teóricos e metodológicos da avaliação, a avaliação da/na escola, a avaliação das políticas educacionais e avaliação de monitoramento. Pesquisadoras reconheceram que há um significativo número de artigos que tratam qualitativamente a avaliação, porém muitos não explicitam a metodologia empregada, o que pode indicar a fragilidade teórica e de procedimentos. Encontraram mais artigos relacionados à avaliação no ensino fundamental, poucos do ensino médio e raros da educação infantil.

Os demais estudos indicados na Tabela 1 são referentes aos mais variados temas, como políticas educacionais, ciclos e progressão escolar, leitura e representação social, os quais serão descritos a seguir. O estudo de Wittmann e Gracindo (2001), aborda as políticas educacionais. Esse estudo também faz parte da série Estado do Conhecimento elaborada pelo MEC/Inep/Comped. É um amplo trabalho que teve como principal objetivo proporcionar o avanço do conhecimento na área de administração da educação e consolidar sua base nacional de articulação entre pesquisadores na área. O estudo partiu de um levantamento das pesquisas provenientes do acervo do banco de dados da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), resgatando relatórios de pesquisa, livros, artigos, dissertações e teses sobre o tema. Com esse acervo constituíram-se onze categorias, que envolviam política e gestão da educação.

Em relação aos ciclos e progressão escolar, há um trabalho desenvolvido por Sousa (2003) no qual fez um levantamento e caracterização de produções divulgadas no Brasil, de 1980 até o

primeiro semestre de 2002. Baseou-se em produções divulgadas em livros, capítulos de livros e artigos publicados em revistas da área de educação, privilegiando as de natureza acadêmica, incluindo também dissertações e teses produzidas no período delimitado, bem como textos apresentados em eventos, resultando em 96 títulos.

Há somente uma tese que trata da questão da leitura. Ferreira (1999) analisou resumos de dissertações e teses brasileiras (1983-1995) identificando suas principais problemáticas, tendências e perspectivas na produção científica nessa área.

Por fim, há somente um artigo que desenvolve o tema representação social na área de ensino-aprendizagem (RANGEL, 1998). A pesquisadora, baseada em dissertações e teses contemporâneas da década de 1990, identificou os elementos do estado da arte e crítica a Teoria de Representação Social (TRS), observando sua importância na estrutura das representações.

Em síntese, a Tabela 1 das pesquisas brasileiras sobre o estado da arte ou estado do conhecimento apresenta 20 estudos que se apóiam em diferentes fontes, como teses, dissertações, artigos, periódicos, livros didáticos e anais de congressos. Desse conjunto de publicações nacionais, 65% utilizam teses e dissertações como fonte para estudo, ou seja, a grande maioria busca nesse tipo de produção aprofundar abordagens e tendências de determinada área do conhecimento. Cabe observar que nesse conjunto há quatro teses de doutoramento (SONZONGO, 1988; MEGID NETO, 1999; FERREIRA, 2002; ROMANOWSKI, 2002), as quais tiveram como material de análise teses e dissertações enfocando vários temas. No entanto, embora os estudos do estado da arte tenham abrangência nacional, destacamos que a nossa proposta procura descrever o estado da arte e questões específicas concentradas em apenas uma instituição.