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Segundo o Documento Base do PROEJA (2007) sua proposta é oferecer uma educação emancipatória para a população de jovens e de adultos que vivenciam o processo de marginalização do sistema, principalmente quando devem abandonar seus estudos para complementarem a renda familiar em casa nos primeiros anos da escolarização do ensino fundamental.

Dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 52% da população brasileira não estudaram ou não concluíram o ensino fundamental. Isso significa que metade da população brasileira sofre, ainda, para ingressar e terminar seus estudos nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.

No entanto, apesar dos pontos positivos na proposta, como a promoção social do aluno que terá “acesso ao universo de saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita compreender o mundo e nele atuar” (BRASIL, 2007, p. 13), percebemos que a formação do professor ocupa um lugar de destaque nesse processo de implantação do PROEJA, visto que é o professor, junto à comunidade escolar, que buscará desenvolver um espaço de formação com os jovens e os adultos.

Com isso, as novas configurações que a EJA vem sofrendo em sua proposta pedagógica acabam “desafiando os professores do ponto de vista das metodologias e das intervenções pedagógicas, obrigando-os a refletir sobre os sentidos das juventudes e direitos seus direitos” (BRASIL, 2007, p. 18). Nesse prisma, pela mediação do professor em sala de

aula, jovens e adultos terão a oportunidade de integrar uma formação básica com a educação profissional, sendo capazes de se compreenderem como sujeito e como produtor de uma história.

Sendo assim, perante esse desafio de integrar duas modalidades da educação na prática pedagógica do professor, buscamos, neste tópico, apresentar um dos objetivos da nossa investigação, que é analisar as ideias, as opiniões e as construções teóricas e práticas que permeiam as pesquisas sobre a formação docente para o PROEJA, uma vez que acreditamos que os resultados dessas pesquisas podem nos direcionar para um melhor entendimento acerca da questão em estudo, além de apontarem novos olhares para serem investigados no decorrer da pesquisa.

Conforme Ferreira (2002, p. 259), com essa técnica, o pesquisador pode mapear e discutir estudos realizados sobre a temática em estudo, tentando responder quais aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares. Ou seja, por meio do estudo da arte, o pesquisador tem a oportunidade de realizar uma pesquisa bibliográfica inicial sobre o seu objeto de estudo, permitindo maior compreensão do fenômeno.

Para tanto, realizamos uma análise genérica acerca da política de formação docente para o PROEJA por meio de pesquisas em diversos sites de domínio científico; entre eles, Domínio Público e Biblioteca Brasileira Digital de Teses e Dissertações, bem como o próprio portal do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Brasília7. Nessa direção, realizamos uma pesquisa por meio de palavras-chave que tivessem relação com a temática do nosso trabalho. As palavras-chave utilizadas na consulta foram: “formação de professores e Educação de Jovens e Adultos”, “PROEJA” e “prática pedagógica”.

O segundo momento da pesquisa constituiu-se na organização de todos os trabalhos e na análise dos resumos para identificar subtemas, questões relativas à metodologia e à abordagem teórica, buscando analisar as ideias, as opiniões e as construções teóricas e práticas que permeiam as pesquisas sobre a formação docente no PROEJA e, por fim, a leitura completa do trabalho. Foi possível também uma análise das pesquisas a partir da distribuição por região geográfica do país, conforme classificação do IBGE, apresentada no Quadro 1.

7 Para a definição do recorte temporal que foi realizado no estudo, considerou-se o período definido pelo Edital

PROEJA-CAPES/SETEC nº 03/2006, que visava estimular, no país, a realização de projetos de implantação de redes de cooperação acadêmica, com vistas ao estabelecimento de convênio de fomento no âmbito do Programa de Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Educação Profissional Integrada à Educação de Jovens e Adultos – PROEJACAPES/ SETEC.

Quadro 1 – Pesquisas e a sua distribuição geográfica Norte 1 Nordeste 8 Centro-Oeste 2 Sudeste 1 Sul 1 Total de trabalhos 13

Fonte: Própria do autor/ 2013

Esse quadro indica que a maioria das pesquisas (oito, no total) se concentra na região do Nordeste, demonstrando para nós uma leitura significativa sobre a formação de professores para atuarem na EJA/PROEJA, seguida de outras realidades de concentração de estudos. Apresentamos, a seguir, a lista completa dos trabalhos analisados com seus respectivos títulos, instituições, autores e anos de defesa.

A formação do educador do PROEJA do IFPB / Campus de Cajazeiras / PB (Universidade Federal da Paraíba), de Maria José Marques Silva, no ano de 2011. (Dissertação)

Educação profissional de pessoas jovens e adultas: novo campo da profissionalidade docente (Universidade Federal da Bahia), de Maria de Cássia Passos Brandão Gonçalves, no ano de 2009. (Dissertação)  História de vida de professores de língua portuguesa do PROEJA no

IFPA (Universidade Federal do Ceará), de José Raimundo Carvalho, no ano de 2010. (Dissertação)

O curso de especialização no município de Sousa- PB: desafios e possibilidades na formação de educadores de EJA (Universidade Federal da Paraíba), de Ana Paula Mendes Silva, no ano de 2011. (Dissertação)

A atividade pedagógica do professor de matemática no PROEJA (Universidade Federal de Goiás), de Everton Lacerda Jacinto, no ano de 2011. (Dissertação)

Os desafios da formação continuada de docentes para a atuação na educação profissional articulada à educação de jovens e adultos (Universidade de Brasília), de Cristiane Jorge de Lima Bonfim, no ano de 2011. (Dissertação)

Currículo integrado e a formação continuada de professores: entre desafios e sonhos no PROEJA – IFPA (Universidade Federal do Ceará), de Maria Lusinete da Silva, no ano de 2011. (Dissertação)  Formação continuada de professores para o PROEJA: a realidade do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA (Universidade Federal do Ceará), de Carla Andreza Amaral Lopes Lira, no ano de 2011. (Dissertação)

O processo de formação continuada de profissionais da rede pública do ensino: um estudo de caso da especialização PROEJA do IFTM – Campus Uberaba (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), de Luciana Borges Andrade, no ano de 2012. (Dissertação)

Formação e condições de trabalho dos professores da educação de jovens e adultos – PROEJA: um estudo de caso realizado no IFPA, Campus de Belém (Universidade Federal do Ceará), de Antoinette Francês Brito, no ano de 2012. (Dissertação)

Formação continuada, desenvolvimento profissional e qualidade do ensino dos professores do PROEJA na Escola Tecnológica de Abaetetuba (Universidade do Estado do Pará), de Maria Rosilene Maués Gomes, no ano de 2012. (Dissertação)

Política educacional do PROEJA: implicações na prática pedagógica (Universidade Federal do Pernambuco), de Carla Reis Gouveia, no ano de 2011. (Dissertação)

Os cursos de especialização para formação docente do PROEJA: a tecitura da oferta e dos resultados na região Sul do Brasil (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), de Neura Maria Weber Maron, no ano de 2013. (Tese)

No entanto, antes de apresentarmos as análises acerca dos trabalhos pesquisados, vale ressaltar que o número de trabalhos acerca da política de formação do professor para atuar no PROEJA é ainda limitado, visto que boa parte das pesquisas busca, em seus objetivos, compreender o processo de implantação e de implementação do PROEJA nos Institutos Federais, sem apresentar uma preocupação com a formação dos profissionais envolvidos no processo, nesse caso, os profissionais docentes.

Nesse sentido, apresentamos, particularmente na construção desta dissertação, quatro eixos de análise construídos por meio da leitura das teses e das dissertações: (1) o

processo de implantação e de implementação do PROEJA; (2) formação docente para a EJA/PROEJA; (3) implementação do curso de formação para o PROEJA; (4) formação docente em PROEJA.