6.3 Outros benefícios, incentivos ou regimes aplicáveis
6.3.3 Pessoa jurídica preponderantemente exportadora
O ordenamento jurídico tributário brasileiro prevê uma série de incentivos para as
empresas exportadoras, visando desonerar as suas aquisições no mercado interno com o
intuito principal de proporcionar ao produto nacional competitividade no exterior.
Nos termos da Lei nº 10.637/02, art. 29 e da Instrução Normativa nº 948/09, para fins
da suspensão do IPI, entende-se por preponderante o estabelecimento industrial cuja receita
bruta, no ano-calendário imediatamente anterior ao da aquisição, houver sido superior a 50%
(cinquenta por cento) de sua receita bruta total no mesmo período.
A suspensão do IPI aplica-se às aquisições dentro do país, bem como na importação de
insumos (matéria-prima, produtos intermediários e material de embalagem) pelas pessoas
jurídicas preponderantemente exportadoras.
No caso das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins e PIS/Pasep-Importação e
Cofins-Importação, nos termos do art. 40 caput e § 6º da Lei nº 10.865/04 e da Instrução
Normativa nº 595/05, fica suspensa a exigência incidente sobre as receitas de vendas de
matérias-primas (MP), produtos intermediários (PI) e materiais de embalagem (ME) efetuadas
à pessoa jurídica preponderantemente exportadora.
Tanto para o IPI quanto para as referidas contribuições, entende-se por preponderante
o estabelecimento industrial cuja receita bruta, no ano-calendário imediatamente anterior ao
da aquisição, houver sido superior a 50% (cinquenta por cento) de sua receita bruta total no
mesmo período.
Desta forma, as empresas preponderantemente exportadoras poderão ter situação
tributária conforme a seguir.
6.3.3.1 Compras:
6.3.3.1.1 Importação (insumos)
a) II: incidência normal do imposto, aplicando-se a alíquota conforme a classificação
fiscal. Será considerado custo uma vez que, pela regra do imposto, não se aplica a
não cumulatividade;
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b) IPI: suspensão conforme Lei nº 10.637/02, art. 29;
c) PIS/Pasep-Importação: suspensão conforme art. 40, § 6º da Lei nº 10.865/04;
d) Cofins-Importação: suspensão conforme art. 40, § 6º da Lei nº 10.865/04;
e) ICMS (produto): incidirá normalmente. Serão consideradas as alíquotas internas
gerais do ICMS: 17%, 18% ou 19%, conforme o Estado onde se localiza a empresa
adquirente. Caberá a absorção de crédito. Importante salientar que os Estados
poderão conceder benefícios fiscais internos (desonerações ou postergações de
recolhimento), mas, por não haver previsão em convênio, não será objeto de
análise deste estudo;
f) ICMS (frete): o Convênio ICMS n° 04/04 autoriza os Estados a concederem
isenção na prestação de serviço de transporte intermunicipal de cargas. Em relação
aos Estados considerados no estudo, verificou-se que concedem isenção do ICMS
à prestação de serviço de transporte intermunicipal de cargas: Bahia, Minas Gerais,
Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe e
Tocantins. Para os demais Estados haverá tributação conforme trajeto interno
(entre 12% e 19%) ou interestadual (7% ou 12% - conforme destino). O valor do
ICMS sobre o frete não será considerado custo, pois tanto na aquisição de ativo
quanto na aquisição de insumos o crédito será devido ao contratante; e
g) AFRMM: incidência normal.
Observação: por contemplar mercadoria com fim específico de exportação, não
possui extensão para o ativo imobilizado.
6.3.3.1.2 Compras no mercado interno
a) IPI: suspensão conforme Lei nº 10.637/02, art. 29;
b) PIS/Pasep: suspensão conforme art. 40, da Lei nº 10.865/04;
c) Cofins: suspensão conforme art. 40, da Lei nº 10.865/04;
d) ICMS (produto): incidirá normalmente. Serão consideradas as alíquotas internas
gerais do ICMS: 17%, 18% ou 19%, conforme o Estado onde se localiza a empresa
adquirente. As alíquotas nas operações interestaduais levam em conta o Estado de
origem e destino, podendo ser 7% ou 12%, conforme o caso. Caberá a absorção de
crédito. Importante salientar que os Estados poderão conceder benefícios fiscais
internos (desonerações ou postergações de recolhimento), mas, por não haver
previsão em convênio, não será objeto de análise deste estudo;
e) ICMS (frete): o Convênio ICMS n° 04/04 autoriza os Estados a concederem
isenção na prestação de serviço de transporte intermunicipal de cargas. Em relação
aos Estados considerados no estudo, verificou-se que concedem isenção do ICMS
à prestação de serviço de transporte intermunicipal de cargas: Bahia, Minas Gerais,
Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe e
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Tocantins. Para os demais Estados haverá tributação conforme trajeto interno
(entre 12% e 19%) ou interestadual (7% ou 12% - conforme destino). O valor do
ICMS sobre o frete não será considerado custo, pois tanto na aquisição de ativo
quanto na aquisição de insumos o crédito será devido ao contratante;
f) ICMS Diferencial de Alíquotas: nas aquisições de ativo imobilizado, salvo
dispensa específica por NCM/SH, será normalmente exigido correspondendo à
diferença entre a alíquota interna e a interestadual praticada, podendo variar entre
0% e 10% a depender da origem e destino. O Diferencial de Alíquotas recolhido
poderá ser aproveitado como crédito dentro da mesma sistemática do ativo, ou
seja, ao longo de 48 meses (regra geral). Também poderá ser exigido o Diferencial
de Alíquotas inerente ao serviço de transporte do bem; e
g) IRPJ e CSLL: representarão custos na aquisição, pois incidirão nas vendas do
fornecedor, com a tributação respectiva de 15% e 9% sobre o lucro, no caso de
empresa enquadrada no lucro real (adotada como parâmetro nas memórias de
cálculo). Estes valores representariam, aproximadamente, um custo médio de 2,4%
(levando em consideração o cálculo sobre um lucro de 10%).
Observação 1: para a empresa cujo lucro seja superior a R$ 240.000,00 (duzentos e
quarenta mil reais) ano, haverá aumento de custo pela incidência do adicional que será de
10% sobre os valores que ultrapassarem o limite de R$ 240.000,00, que eleva a carga
tributária e, por consequência, o custo de aquisição. O fato de considerar estes valores como
“custo” propriamente dito é bastante relativo, pois, embora estes tributos não estejam sujeitos
a não cumulatividade, o valor do custo líquido será abatido para fins da formação da base de
cálculo dos tributos na saída.
Observação 2: o benefício fiscal em questão abrange apenas as compras de insumo,
não sendo aplicável às aquisições de ativo imobilizado.
Conclusão: o benefício fiscal alcança um determinado nicho de empresas
(preponderantemente exportadoras – 50% de sua receita para o exterior) e de produtos
(insumos para aplicar no processo industrial), ou seja, apenas as que atuam no ramo de
industrialização de produtos para exportação e, por este motivo, este benefício poderia ser
visto como um grande concorrente dos benefícios de ZPE. Porém, este benefício não se aplica
ao Imposto de Importação, às aquisições de ativo (inclusive Diferencial de Alíquotas de
ICMS), AFRMM, pontos onde a ZPE possui vantagens. Porém, a suspensão do IPI estende-se
para todas as aquisições de insumos, independentes se esses serão vendidos no território
nacional, pois basta a empresa comprovar sua preponderância. O mesmo não ocorre em
relação ao PIS/Cofins, pois, nos termos da Lei nº 10.865/2004, caso ocorra destinação diversa
da exportação, o contribuinte deverá recolher as contribuições não pagas pelo fornecedor,
acrescidas de juros e multa de mora, contados a partir da data de aquisição.
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No documento
2013 Legitimus Relações Governamentais e Institucionais LTDA.
(páginas 47-50)