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TABELA 2.13: OCUPADOS NA ATIVIDADE DE CONFECÇÃO E ACESSÓRIOS POR MUNICÍPIOS - 2009

Municípios Ocupados % 1 São Paulo 81454 12,88 2 Fortaleza 35647 5,64 3 Rio de Janeiro 20246 3,20 4 Natal 15894 2,51 5 Blumenau 11384 1,80 6 Goiânia 10768 1,70 7 Jaraguá do Sul 10593 1,68 8 Nova Friburgo 9999 1,58 9 Apucarana 7833 1,24 10 Belo Horizonte 7416 1,17 11 Caruaru 5949 0,94 12 Londrina 5822 0,92 13 Maringá 5797 0,92 14 Brusque 5722 0,90 15 Cianorte 5113 0,81 16 Petrópolis 5035 0,80 17 Salvador 4900 0,77 18 Divinópolis 4835 0,76 19 Colatina 4701 0,74 20 Criciúma 4126 0,65 21 Juiz de Fora 3998 0,63 22 Gaspar 3940 0,62 23 Indaial 3931 0,62 24 Joinville 3615 0,57 25 Muriae 3574 0,57 26 Teresina 3505 0,55

27 Santa Cruz do Capibaribe 3239 0,51

28 Vila Velha 3045 0,48

29 Recife 2956 0,47

30 Pomerode 2933 0,46

31 Americana 2789 0,44

32 Maracanaú 2767 0,44

33 São Gabriel da Palha 2734 0,43

34 Pacatuba 2646 0,42

35 Guaramirim 2522 0,40

36 Guarulhos 2511 0,40

37 Timbó 2479 0,39

Total 316418 50,00

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MAPA 2.12: PESSOAL OCUPADO NA PRODUÇÃO DE CONFECÇÃO E ACESSÓRIOS - 1994

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O debate sobre a desconcentração industrial regional brasileira é complexo e apresenta muitas dimensões, no entanto, ele não pode se restringir aos números da desconcentração. Como vimos, pelo número de estabelecimentos e pessoal ocupado na produção de confecção e acessórios houve uma redução da participação relativa do município de São Paulo, mas os dados mostram também que São Paulo continua sendo lugar de intensa concentração das atividades do vestuário.

Lencioni (1991)32 mostra que o processo de desconcentração industrial de São Paulo não

pode ser confundido com descentralização do capital. Segundo a autora, apesar da reestruturação urbano-industrial de São Paulo, houve ao mesmo tempo um processo de centralização do capital, um fenômeno que muitas vezes não tem uma correspondência espacial tão visível, pois esse se dá no âmbito das fusões, aquisições, absorções, uso da subcontratação e formação de conglomerados. As sedes destas empresas em geral situam-se nas metrópoles mundiais, no caso brasileiro a cidade de São Paulo segue sendo sede das ordens dos sistemas produtivos, ainda que haja desconcentração das unidades produtivas.

O perfil dos estabelecimentos de produção do vestuário compõe-se por 77% por empresas consideradas micro e pequenas empresas, 22% médias e 3 % grandes (SINDIVEST, 2009). Apesar do predomínio das pequenas empresas no setor de confecções elas têm grande dificuldade de tornarem-se fornecedoras para as grandes redes de varejo em função do controle de qualidade, quantidades e prazos a serem cumpridos, daí o uso de oficinas subcontratadas para auxiliar os fornecedores “oficiais” das grandes empresas. A Riachuelo, por exemplo, contrata fornecedores que produzem, pelo menos, 20 mil peças ao mês, logo uma simples oficina de produção reduzida não consegue ser fornecedora desta varejista. Entretanto, a Riachuelo, apesar de suas regras de fornecimento, consegue acessar essa pequena oficina via oficinas entrepostas.

A moda vem tornando-se assunto para grandes investidores, segundo reportagem da Revista Época (18/02/2008), o Brasil passa por processo semelhante ao ocorrido na Europa na década de 1980, em que as grandes marcas da alta costura como a Gucci, Armani e a Louis Vuitton passaram a ser compradas e controladas por grandes corporações, em geral, conglomerados financeiros. Essas grifes foram compradas por corporações como a francesa

32 Lencioni (1991) pauta suas análises na indústria têxtil, que apresenta semelhanças com a dinâmica da atividade de

produção de vestuário. Grande parte dessas explicações pode ser extrapolada para uma análise geral da indústria, como a questão de desconcentração e centralização do capital, mas novamente ressaltamos que cada ramo possui suas próprias especificidades.

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LVMH, cujo valor de mercado era próximo de US$ 54 bilhões em 2008. O grupo é dono de mais de 50 marcas de luxo, entre elas Dior e Fendi. Seu principal rival no mundo é o grupo PPR, também francês, que cuida de marcas como Gucci e Balenciaga. No Brasil, foi criada a holding Inbrands em 2008, com 50% do UBS Pactual (banco suíço-brasileiro), 42,5% de Alvarenga (sócio fundador da Ellus) e 7,5% (de Breia, sócio da Ellus). Para criar a holding, o banco entrou com uma quantia estimada em R$ 100 milhões, enquanto Alvarenga e o sócio aportaram o patrimônio da empresa, que fatura R$ 200 milhões por ano (REVISTA ÉPOCA, 2008). Esse processo reitera as mudanças de estratégias dos investimentos dos grupos industriais apontadas por Arroyo (2006), ou seja, as empresas industriais vêm colocando seus ativos em aplicações financeiras, corroborando com o movimento de financeirização da riqueza (BRAGA, 1993), sendo o maior problema o caráter rentista desse movimento. Mesmo em uma atividade industrial tradicional como a do vestuário tais processos se implantaram.

Lencioni (1991) afirma que a nova configuração do espaço paulista manifesta uma forma de metrópole ampliada e expandida, conformando a “macro-metrópole” paulista, pois a desconcentração ocorreu no raio de 150 km da capital, seguindo os grandes eixos de transporte rodoviário, via Anhanguera, Dutra, Anchieta, Bandeirantes, Washington Luis, etc. A base da dispersão dos estabelecimentos industriais é o processo de valorização do capital que busca superar condições como o preço da terra, organização sindical dos trabalhadores, restrições ambientais e ao mesmo tempo, necessita das condições de concentração urbanas, daí a necessidade de expandir em torno dos meios transportes, buscando a urbanização já existente. O objetivo da mobilidade do capital é o aumento dos lucros a partir de um custo menor de produção.

As políticas federais, estaduais e municipais de incentivos fiscais e isenções de impostos contribuíram com a desconcentração dos estabelecimentos industriais. Acrescentamos que ganha intensidade as políticas de doações de terrenos e construção de infraestruturas como possibilidades de atração de empresas para o interior de São Paulo e mesmo no Brasil como um todo, aprofundando a guerra dos lugares (SANTOS, 2002).

Mesmo assim as áreas de especialização produtiva na metrópole de São Paulo, formadas historicamente, ganham força na década de 1990, apresentando especificidades: a primeira delas é que há a presença de empresas intermediárias, que têm quase todo o seu circuito presente nos bairros centrais da cidade. Além disso, essas empresas agregaram a possibilidade do período ao

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usar a mão de obra imigrante. É fato que a permanência atual da especialização no circuito espacial de confecções do Brás e Bom Retiro têm como fundamento o uso dos imigrantes bolivianos na etapa da produção e o aumento do consumo, pautado nas lógicas do circuito superior em criar demandas. Corroboraram com essa concentração do circuito espacial de confecção nestes bairros, a divisão territorial do trabalho herdada. Esta condicionou o conteúdo econômico, político e social atual do Brás e Bom Retiro.

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CAPÍTULO 03 - O CIRCUITO SUPERIOR: AS GRANDES REDES DE VAREJO DE