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Planejamento da pesquisa de campo

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1. INTRODUÇÃO

3.6. Planejamento da pesquisa de campo

Para a realização do planejamento da pesquisa de campo foram solicitadas à SMS informações quanto à localização e quantidade de func ionários públicos de carreira dentro de sua estrutura por unidade de saúde, além dos respectivos endereços. Constatou-se que essas pessoas encontravam-se na sede, nas UBS’s dos bairros e em algumas unidades no centro da cidade. Para efeito de administração das UBS’s, a SMS divide o município em quatro distritos sanitários (DS), de acordo com a localização dos bairros. Constatou-se a existência no DS-1 de 33 funcionários públicos de carreira, 42 no DS-2, 68 no DS-3 e 47 no DS-4, totalizando 190 pessoas. Os demais 535 trabalhavam em outros tipos de unidade de serviço em saúde e na própria sede da SMS. Com base nessas informações, foi preparado o roteiro de visitas para aplicação dos questionários.

Devido à vasta extensão da área a ser percorrida, contou-se com a ajuda de seis auxiliares de pesquisa, quantidade esta que somada ao trabalho da própria pesquisadora foi suficiente para realizar a pesquisa de campo no prazo de uma semana. Cada membro da equipe de pesquisa percorreu as unidades definidas em seu roteiro de visitas, o qual informava também a quantidade de funcionários públicos de carreira existentes nos locais, conforme dados informados pela SMS. Os jovens auxiliares de pesquisa foram oriundos do Projeto Jovens pela Paz, conduzido pela Coordenadoria de Promoção Social do município. Trata-se de jovens

a partir de 18 anos, devidamente matriculados e freqüentadores da rede pública de ensino, que realizam atividades com crianças e adolescentes da periferia, tais como oficinas de arte, campanhas de conscientização sobre temas diversos, jogos e brincadeiras. A esses jovens auxiliares de pesquisa foram fornecidos capacitação adequada acerca da pesquisa de campo e certificado de participação, além de recursos como transporte, alimentação e uma gratificação mediante a conclusão das atividades. Além disso, cada um deles assinou um termo de responsabilidade semelhante ao documento assinado pela pesquisadora em atendimento aos requisitos do Conselho de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo.

A capacitação dos auxiliares de pesquisa foi composta dos seguintes tópicos:

- Apresentação da pesquisadora - Apresentação dos participantes

- Vídeo institucional da Universidade Metodista de São Paulo - Apresentação do tema Qualidade de Vida no Trabalho - Escopo da pesquisa (sujeitos, objetivos, local e importância) - Roteiro de visitas e orientações para a aplicação dos questionários - Reuniões matinais para acompanhamento e orientações

- Assinatura do termo de responsabilidade.

Cada auxiliar recebeu um kit de pesquisa composto por uma pasta, lápis, caneta, borracha, régua (material com a logomarca da Universidade), carta de apresentação, questionários, termos de Consentimento Livre e Esclarecido, roteiro de visitas, lista com telefones para contato com os membros da equipe de pesquisa, lista de endereços das unidades de saúde e formulário para anotação de ocorrências e demais aspectos que cada um desejasse anotar.

Todas as manhãs, antes da saída para novas visitas, foi realizada uma reunião entre os membros da equipe, sob a coordenação da pesquisadora, para avaliação do andamento do trabalho e orientações. A maioria dos jovens visitou cada UBS uma única vez, mas, em algumas unidades de menor porte e no Hospital da Mulher, houve necessidade de retorno devido ao horário de trabalho de alguns funcionários e troca da equipe de plantão. O último dia de pesquisa foi encerrado com uma reunião, quando foram entregues os certificados de participação e as gratificações. Foi facultado aos auxiliares de pesquisa conservar consigo os kits, como brinde, bastando devolver à pesquisadora tudo o que estivesse sob a forma de papel.

Quanto às percepções acerca do trabalho de pesquisa, os formulários de anotações por eles preenchidos, aos quais deu-se o nome de ‘Diário de Bordo’, mostram que na maior parte das unidades visitadas a receptividade foi boa e as pessoas se mostraram interessadas em responder o questionário. Houve poucos casos em que elas se mostraram desconfortáveis em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Algumas delas assinaram após explicações adicionais por parte dos auxiliares de pesquisa; outras preferiram não assinar, o que as impossibilitou de participar da pesquisa. Embora as recusas em participar não tenham sido freqüentes, os relatos apontam alguns casos envo lvendo profissionais com nível de escolaridade mais alto, como médicos e dentistas. A justificativa apresentada foi a falta de tempo em razão de ainda terem vários pacientes a serem atendidos. Registraram-se também alguns casos de profissionais que se dispuseram a participar, porém não devolveram os questionários preenchidos. Alguns auxiliares de pesquisa deixaram registrada, ainda, sua satisfação por terem participado da pesquisa e o quanto a experiência lhes proporcionou crescimento pessoal, mesmo quando se depararam com obstáculos ou situações desagradáveis. Há relatos também que demonstram que eles puderam experimentar momentos

de cooperação e solidariedade durante o trabalho. Por conta disso, é pertinente considerar que a pesquisa atuou também na formação da ‘cultura cidadã’ desses novos atores sociais, ao proporcionar-lhes essa experiência de participação, cooperação, solidariedade e sensibilização em relação às questões públicas, o que, segundo Putnam (2002), corrobora para a formação de uma comunidade cívica que se caracteriza, dentre outras coisas, pela virtude cívica, entendida pelo autor como o interesse e a devoção às questões e causas públicas.

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