Capítulo Iii. Enquadramento Metodológico
1.4 Planificação Do Projeto
A PEA é uma patologia global do desenvolvimento, perturbando de forma significativa o desenvolvimento da criança nas diversas áreas: socialização, comunicação, comportamento, motricidade e autonomia. Considerámos estas dimensões para a escolha dos instrumentos a utilizar para a avaliação e, consequentemente, para as estratégias a incluir no plano de intervenção.
Para a planificação deste projeto de intervenção, relembrámos os objetivos gerais que formulámos, levando em consideração os dados da caracterização da situação educativa.
Dadas as características da criança, a intervenção com o G deverá dar prioridade à estimulação nas áreas da Interação Social e Comunicação, dirigindo-se especificamente às lacunas nestas áreas. Estas dificuldades foram identificadas nas observações naturalistas realizadas, bem como dos dados recolhidos das conversas informais com a educadora do G.
Esta intervenção implica uma metodologia com base na estruturação de tarefas e suportes visuais de forma a promover as suas competências e garantir a sua inclusão nas atividades.
Este trabalho deverá ser implementado de forma continuada na sala e, sempre que possível, nos restantes contextos do G, de forma a ser consistente e eficaz.
Dentro das estratégias apresentadas surgem estratégias mais específicas para os objetivos do projeto, ou seja, as relacionadas com o aumento do envolvimento e interação com pares e as estratégias que visam melhorar a qualidade do serviço educativo:
i) Para aumentar a participação do G nas atividades de:
Grande grupo:
- Na hora da Leitura, sentar o G perto do adulto que está a ler, ver um livro com o G e solicitar que aponte; Criar um fantoche (personagem da história) que o G manipule quando este surgir na história, imitando o comportamento da personagem; Apresentar ao grupo um livro que o G conheça de casa (para que este lhe seja familiar) e levar para
casa o livro que ouviu na sala, de modo a que se aproprie do vocabulário e consiga manter a atenção por já lhe ser familiar;
Jogo a pares:
- Sentar o G perto de uma criança “tutor”, que tenha bom comportamento e seja afetuosa, podendo ajudá-lo na realização das tarefas e acompanhá-lo nas brincadeiras, com vista a promover o ensino de regras e comportamentos alternativos, promover a comunicação/ linguagem, possibilitar a escolha e “dar a vez” e permitir aprender a esperar;
- Realizar atividades em pequenos grupos (2 ou 3 crianças) nos recreios ou em brincadeira livre na sala e oferecer-lhe modelos para iniciar e manter relações com os outros (ex: trocar brinquedos), aumentando a troca de interação com os colegas, tomando a sua vez e respeitando a vez dos outros;
- O adulto deverá servir de mediador na interação entre as crianças, na aproximação, no diálogo e na partilha de brinquedos.
ii) Para melhorar a qualidade do serviço educativo
Promover a comunicação através do ambiente é importante para que a criança saiba onde está, o que se espera dela e qual a sua participação. Nesta medida, deverão, ainda, ser realizadas algumas alterações na sala de aula, de modo a recorrer a suportes visuais que sustentem a intervenção com o objetivo de desenvolver na criança sentimentos de confiança, proporcionando um ambiente seguro, caloroso, convidativo e previsível:
- Organizar um horário individual para o G que estruture as suas rotinas diárias e que se repitam diariamente, de modo a que ele possa prever os acontecimentos e a sequência com que ocorrem e possa compreender mais facilmente o passado e o futuro; - Ampliar algumas das imagens do seu caderno de comunicação, expondo-as em lugares convenientes, de modo a torná-los acessíveis a todos os adultos da sala e crianças e facilitar os gestos que devem acompanhar as palavras.
Tabela 2
Plano da Intervenção
Objetivos específicos Estratégias Como avaliar?
- análise reflexiva; - observação direta.
Aumentar a participação e o envolvimento da criança no momento da leitura, mantendo a atenção nas gravuras, apontando para o que é solicitado, realizando jogo simbólico (imitando a personagem e desenvolver a atenção conjunta.
-Sentar o G perto do adulto que está a ler, ver um livro com o G e apontar o que nomeia;
-Criar um fantoche (personagem da história) que o G manipule quando este surgir na história;
-Apresentar ao grupo um livro que o G conheça de casa (para que este lhe seja familiar) e levar para casa o livro que ouviu na sala.
Avaliar se o G consegue manter a atenção e concentração do princípio ao fim da história.
- resultados da escala de envolvimento - aponta para figuras
- faz imitações
Aumentar a participação e o envolvimento da criança no momento da canção, batendo palmas;
- Sentar o G perto de um adulto que utilize algumas técnicas
como alterar a entoação de voz, interagir com ele, fazer mímicas;
- Utilizar canções que sejam familiares ao G;
-Recorrer à ajuda de um fantoche ou adereço relacionado com a canção;
Avaliar se o G bate palmas no momento da canção, se responde ao que é pedido.
- resultados do envolvimento
Participar na hora da brincadeira livre, explorando o brinquedo (de acordo com a sua funcionalidade); interagir com os colegas, partilhando os
- Sentar o G perto de uma criança “tutor”, que tenha bom comportamento e seja afetuosa, podendo ajudá-lo na realização das tarefas e acompanhá-lo nas brincadeiras;
Avaliar se o G explora brinquedos pela sua funcionalidade;
brinquedos, partilhando a atenção na brincadeira, “tomar a vez” e “dar a vez”;
- Realizar atividades em pequenos grupos (2 ou 3 crianças) nos recreios ou em brincadeira livre na sala e oferecer-lhe modelos para iniciar e manter relações com os outros (ex: trocar brinquedos);
- O adulto deverá servir de mediador na interação entre as crianças, na aproximação, no diálogo e na partilha de brinquedos
- registo das interações entre pares
- Aumentar a interação do G com os seus pares promovendo o ensino de regras e comportamentos alternativos, promover a comunicação/ linguagem, possibilitar a escolha e “dar a vez” e permitir aprender a esperar;
- Sentar o G perto de uma criança “tutor”, que tenha bom comportamento e seja afetuosa, podendo ajudá-lo na realização das tarefas e acompanhá-lo nas brincadeiras; - Realizar atividades em pequenos grupos (2 ou 3 crianças) nos recreios ou em brincadeira livre na sala e oferecer-lhe modelos para iniciar e manter relações com os outros (ex: trocar brinquedos);
Avaliar se o G aumenta a interação com os seus colegas.
Promover a comunicação através do ambiente de modo a que a criança saiba onde está, o que se espera dela e qual a sua participação; comunicar à criança o que vai acontecer ao longo do dia (noção de tempo)
- Organizar um horário individual para o G que estruture as suas rotinas diárias e que se repitam diariamente, de modo a que ele possa prever os acontecimentos e a sequência com que ocorrem e possa compreender mais facilmente o passado e o futuro;
Avaliar se o G participa nas rotinas e se utiliza corretamente o seu horário individual.
- Ampliar algumas das imagens do seu caderno de comunicação, expondo-as em lugares convenientes, de modo a torná-los acessíveis a todos os adultos da sala e crianças e facilitar os gestos que devem acompanhar as palavras.