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4. ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.5. PLANO DE ANÁLISE

Os instrumentos de coleta de dados foram estruturados de forma a conjugar questões de natureza qualitativa e quantitativa, que guardavam entre si relações de complementaridade. O conteúdo quantitativo das respostas aferidas foi tabulado com o apoio do software SPSS, e submetido a análise por meio de estatística descritiva.

Em ambas as abordagens, as entrevistas foram gravadas e, em seguida, transcritas. As transcrições foram submetidas à Análise de Conteúdo, que se constitui em um conjunto de técnicas de apreciação das comunicações que visa obter, por

45 À época da coleta de dados, este ator encontrava-se afastado do cargo em razão de ter sido indicado

a ocupar cargo de gestão na UVIGO. No entanto, tendo em vista sua experiência de quase duas décadas na gestão de hospitais públicos de alta complexidade, os coorientadores da pesquisa no exterior decidiram por manter suas contribuições a esta investigação.

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam ao pesquisador inferir conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2010).

Desta forma, esta ferramenta se torna muito útil para a compreensão da construção de significado que os atores sociais exteriorizam no discurso, uma vez que os fatos sociais podem causar uma sensação equivocada de compreensão espontânea. Nesse sentido, só é possível alcançar uma significação além do perceptível em uma leitura simples por meio do emprego de técnicas que viabilizem a descoberta de conteúdos e estruturas que deem um significado mais profundo à mensagem (BARDIN, 2010).

Em concordância com o modelo apresentado por Bardin (2010), esta pesquisa adotou as fases propostas pela autora para a análise de conteúdo, a saber:

1) Pré-análise: etapa cujo objetivo é organizar e planejar as ações iniciais que permitam a operacionalização da pesquisa, com o propósito de disciplinar seu desenvolvimento, sendo também a fase na qual o pesquisador necessita estar atento a novas proposições que poderão ser aproveitadas no andamento da análise. Bardin (2010) sugere também a construção de um corpus, que seria o conjunto de documentos a ser submetido à análise de conteúdo. No caso do presente estudo, o corpus é constituído pelas transcrições das entrevistas com os informantes-chave e sujeitos selecionados, bem como o escopo legal-documental revisado;

2) Exploração do material: compreende as operações de codificação do conteúdo, o que corresponde ao tratamento do material, agrupando as informações coletadas em categorias de análise. O trabalho de categorização é definido por Bardin (2010) como a operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia) de acordo com critérios previamente estabelecidos.

As categorias são definidas pela autora como classes semânticas, que reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse realizado em função de características comuns a esses elementos (BARDIN, 2010).

Segundo Bardin (2010), os critérios para categorização podem ser semânticos, congregando categorias temáticas; sintáticas, agrupando verbos e adjetivos; léxicos, classificando as palavras segundo seu sentido, aproximando os sinônimos e os significados próximos e expressivos, que visam reunir expressões associadas à emoção.

Em concordância com o modelo apresentado pela autora, revela-se mais producente a escolha pela categorização semântica, devido ao caráter qualitativo dedutivo do estudo desenvolvido, já que o que se busca aqui é a compreensão dos fatores humanos, organizacionais e institucionais envolvidos no fenômeno. A codificação pode ser feita por vias distintas, a depender da natureza do documento primário. No caso desta pesquisa, é utilizada a codificação simples, uma vez que se trabalha com documentos estruturados.

Desse modo, alinhados ao objetivo geral e aos objetivos específicos desta pesquisa, os roteiros de entrevista foram concebidos de forma a identificar informações que permitam elucidar a pergunta norteadora e atingir os objetivos propostos, sendo os dados coletados agrupados conforme as categorias de análise ilustradas no Quadro 5.

Quadro 5 — Modelo de Análise I. Estudo Brasil.

(continua) Conceito de

Centralidade Dimensão Subdimensões Categorias de Análise

TIC na Administração Gerencial Brasileira Serviços Hospitalares / Terapia Intensiva Barreiras de Acesso • Geográficas • Econômicas • Culturais • Funcionais Estratégias de Regulação • Governamental Burocrática ou Profissional • Governamental Negociada

Quadro 5 — Modelo de Análise I. Estudo Brasil.

(conclusão) Conceito de

Centralidade Dimensão Subdimensões Categorias de Análise TIC na Administração Gerencial Brasileira Serviços Hospitalares / Terapia Intensiva Estratégias de Regulação • Clientelística • Leiga Transparência • Disponibilidade • Autenticidade • Integridade • Pertinência

Fonte: Elaboração própria (2015).

Conforme propõem Unglert, Rosenburg e Junqueira (1987), as barreiras de acesso foram categorizadas em: geográficas, econômicas, culturais e funcionais. As estratégias de regulação foram categorizadas como: governamental burocrática ou profissional, governamental negociada, clientelística e leiga (CECÍLIO et al., 2014). Os requisitos de transparência adotados são definidos pela Portaria nº 2.073 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011b), que regulamenta os padrões de informação para os SI no âmbito do SUS.

A abordagem de campo na Espanha, em razão da impossibilidade de observação do fenômeno por meio de unidades semelhantes (no caso, a mediação tecnológica na gestão de leitos de UTI), buscou verificar as possibilidades e os limites do uso de TIC nos serviços hospitalares em uma perspectiva ampliada e comparativa entre a teoria e a prática. O propósito estava em confrontar o que está posto pela bibliografia e marco legal junto à realidade operacional dos sistemas de saúde, de forma que fosse possível descrever como a Administração Gerencial espanhola se apropria das TIC nos serviços hospitalares e os reflexos desses usos no fortalecimento dos princípios gerenciais da regulação e da transparência.

Desse modo, construiu-se um segundo modelo de análise com vistas ao cumprimento de tais objetivos, apresentado no Quadro 6, a seguir:

Quadro 6 — Modelo de Análise II. Estudo Espanha

Fonte: Elaboração própria (2017).

As categorias de análise destacadas emergem da pesquisa exploratória, estando amparadas em Aguiar e Mendes (2015, 2016); Chen e Lee (2014), Cook (2016) e Carnicero e Rojas (2012). Desse modo, entende-se que as abordagens aos informantes-chave permitiram um olhar abrangente o bastante para a compreensão do fenômeno em sua amplitude, sem prejuízo em relação aos temas de centralidade desta investigação.