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5. Caso de aplicação: Museu Digital da Universidade do Porto

5.2. Plataforma Tecnológica Existente

A atividade dos Museus da Universidade do Porto, não sendo exceção, têm como base a gestão de coleções31 e, consequentemente, têm necessidade de um sistema

31 Gestão de coleções pode ser definida como "a process of information gathering, communication, coordination, policy formulation, evaluation, and planning" (Johnson, 2009)

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tecnológico que lhes permita gerir todos os aspetos relacionados com as suas coleções, desde a inventariação de peças à gestão de empréstimos e exposições.

Neste sentido, e para responder a esta necessidade, existem Sistemas de Gestão de Coleções (SGC), direcionados a vários contextos e não apenas a “coleções” museologicas. Como a própria designação indica, um sistema de gestão de coleções tem como função auxiliar a atividade de um serviço/instituição em tudo o que for relacionado com as suas coleções. As funcionalidades dos mesmos variam de aplicação para aplicação, mas invariavelmente apresentam soluções para a inventariação, a ação fulcral da gestão de uma coleção.

Quando o SGC é aplicado a coleções associadas ao património cultural, como no caso dos museus, as suas atribuições expandem-se, sendo essencial que estes contribuam também para:

 a disponibilização dos conteúdos para o “exterior”, nomeadamente, para investigadores que procurem os conteúdos pelo seu valor cientifico, e para o público em geral;

 a conservação dos conteúdos, auxiliando na documentação de necessidades de ações de conservação e consequentes ações de conservação;

 a preservação dos conteúdos, garantido o seu acesso continuado ao longo do tempo.

Os Museus da Universidade do Porto, apesar de terem uma grande vertente colaborativa, são dotados de grande autonomia, que herdam da faculdade a que pertencem, no que toca à adoção de sistemas tecnológicos direcionados ao património cultural (bibliotecas, arquivos, museus), o que contribuiu para a heterogeneidade dos sistemas de gestão de coleções usados nos diferentes museus. Algumas destas diferenças foram motivadas por falta de recursos financeiros e humanos, outras pelas diferentes características dos vários museus (a diferença no volume de itens de cada museu é muito significativa) e, também, devido à falta de enfâse atribuída a esta temática.

Face a esta situação, surge o projeto do Museu Virtual, com o objetivo de não só responder às necessidades dos museus, mas também de normalizar a gestão de coleções a nível tecnológico e, acima de tudo, permitir um ponto comum de acesso às coleções e

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informação relacionada através de um portal facilitador da comunicação com o exterior potenciando e de exposição das valências dos museus universitários.

Este projeto resultou de um grupo de trabalho composto pelo:  Museu de História Natural da Faculdade de Ciências

 Museu de Botânica da Faculdade de Ciências  Instituto Geofísico da Faculdade de Ciências  Museu da Faculdade de Belas Artes

 Núcleo Museológico da Faculdade de Farmácia  Museu de Ciência da Faculdade de Ciências

 Observatório Astronómico da Faculdade de Ciências  Museu da Faculdade de Engenharia

 Museu da História da Medicina da Faculdade de Medicina

 Centro de Documentação e Urbanismo e Arquitetura da Faculdade de Arquitetura

 Museu da Faculdade de Desporto.

O portal Museu Virtual32, representado na figura 5, passou a servir de front-end para

o acesso por parte de utilizadores externos aos Museus, o público em geral, bem como porta de acesso ao back-office pois a ferramenta que o sustenta partiu de um interface web – o Index Rerum33 - a partir do qual também os responsáveis acediam às funcionalidades de

registo e administração.

32 Disponível em https://museuvirtual.up.pt/up/jsp/inicio.faces 33 Criado pela FCo (http://www.fco.pt/)

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O uso do IndexRerum por parte dos Museus que integravam o grupo de trabalho acaba por não acontecer (sendo exemplificativa a figura 6), verificando-se a par do pouco uso pelos serviços envolvidos a progressiva desadequação face à rápida evolução tecnológica.

Figura 6 Resultados da pesquisa por todos os itens de mobiliário da FIMS Figura 5 Menu Inicial do Portal Museu Virtual

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Esta experiência e constatação está, pois, na base da reflexão em que se insere a presente dissertação, sendo relevante perceber os motivos que impediram o projeto do Museu Virtual de alcançar os seus objetivos, nomeadamente ao nível da:

a) falta de planeamento eficaz da plataforma tecnológica que suportaria todo este projeto;

b) do insuficiente levantamento de requisitos juntos dos museus que viabilizasse a identificação de especificadades inerentes a cada área científica;

c) não participação de alguns serviços (colaboradores/utilizadores) nos testes de aceitação do software não foi testado pelos vários colaboradores;

d) não consideração de instrumentos normativos, que, à época, estavam a dar os primeiros passos a nível internacional, dificultando a integração e a participação colaborativa dos vários museus.

Em 2015 o Index Rerum não era, pois, uma resposta única, eficiente e ficaz, partilhando a sua existência com o uso de ferramentas Office e da aplicação proprietária In Arte. No Diagnóstico realizado o Index Rerum é usado por 4 museus34,o In Arte por 335, e as

ferramentas office por 236.

No que respeita à preservação da informação digital, existem vários repositórios digitais na Universidade do Porto mas não foi desenvolvido nem implementado qualquer sistema transversal ou específico, refletindo um panorama nacional e internacional em que os sistemas de gestão da preservação (produto) estão a dar os primeiros passos. Existem, pois, ferramentas que cumprem alguns dos requisitos de preservação digital, como é o caso do repositório DSpace (usado, por exemplo, na FEUP) que pode cumprir funções de armazenamento no modelo de referência OAIS, e do software de descrição arquivística AtoM (usado, por exemplo, na Fundação Instituto Marques da Silva) que poderia fazer parte de um sistema de preservação, mais concretamente como portal de disseminação de conteúdos.

34 Nomeadamente, Museu de História da Medicina "Maximiano Lemos" da FMUP, a Casa-Museu Abel Salazar e o Museu de História Natural e Museu de Ciência da Faculdade de Ciência.

35 Nomeadamente, Museu de História da Medicina "Maximiano Lemos" da FMUP, Museu da FEUP e Museu da FBAUP.

36 Nomeadamente, Museu de Anatomia do Departamento de Anatomia da FMUP e Museu da Faculdade de Desporto.

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