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Digitalização, Preservação Digital e Acesso  em Instituições de Memória: Contributos para o Projeto Museu Digital da U.Porto

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MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

DIGITALIZAÇÃO, PRESERVAÇÃO DIGITAL E

ACESSO EM INSTITUIÇÕES DE MEMÓRIA

CONTRIBUTOS PARA O PROJETO MUSEU DIGITAL DA U. PORTO

JOÃO PEDRO ALMEIDA RUA

M

2016

UNIDADES ORGÂNICAS ENVOLVIDAS

FACULDADE DE ENGENHARIA FACULDADE DE LETRAS

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João Pedro Almeida Rua

DIGITALIZAÇÃO, PRESERVAÇÃO DIGITAL E

ACESSO EM INSTITUIÇÕES DE MEMÓRIA:

CONTRIBUTOS PARA O PROJETO MUSEU

DIGITAL DA U. PORTO

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ciência da Informação, orientada pela Professora Doutora Maria Manuela Gomes de Azevedo Pinto.

Faculdade de Engenharia

Universidade do Porto

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DIGITALIZAÇÃO, PRESERVAÇÃO DIGITAL E ACESSO EM

INSTITUIÇÕES DE MEMÓRIA: CONTRIBUTOS PARA O

PROJETO MUSEU DIGITAL DA U. PORTO

João Pedro Almeida Rua

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ciência da Informação, orientada pela Professora Doutora Maria Manuela Gomes de Azevedo Pinto

Membros do Júri

Professora Doutora Maria Cristina de Carvalho Alves Ribeiro Faculdade de Engenharia – Universidade do Porto Professor Doutor Pedro Manuel Rangel Santos Henriques

Escola de Engenharia – Universidade do Minho Professora Doutora Maria Manuela Pinto Faculdade de letras – Universidade do Porto

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i

“I had rather be first in a village than second in Rome.”

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ii

Agradecimentos

E neste culminar de um ciclo não posso não agradecer a todos aqueles que me ajudaram e apoiaram ao longo de cinco anos de ensino superior.

Quero agradecer especialmente:

Aos meus pais, António e Manuela, que me acompanharam e me deram a oportunidade de escolher o meu caminho, de fazer este magnifico trajeto e aos quais estarei sempre grato.

Ao meu irmão, Tino, que sempre me ajudou em tudo o que precisei e com quem posso sempre contar.

Ao meu grande camarada Filipe Ferreira que apesar de não ser comunista, dividiu comigo as felicidades e infelicidades desta caminhada no ensino superior, desde as gargalhadas, às noites de direta na FEUP.

À Mariana e à Rita por me mostrarem a verdadeira cara do pânico académico e serem o motivo de imenso riso.

À minha orientadora, Professora Dr.ª Manuela Pinto, por ser uma força incansável que me apoiou em todos os projetos que participei e me deu a oportunidade de participar no magnifico projeto que acolheu esta dissertação.

À Reitoria da U. Porto por me ter acolhido, e em especial à equipa da sala da GDI, nomeadamente, ao João Pereira pelo que me ensinou e pelo que me fez rir, à Ana Gonçalves (hello), Susana Barros, Dr.ª Eugénia Fernandes, Joaquim Carlos Cruz (e à Ana Malhoa), Sónia Teixeira e Isabel Gerós que tornaram a minha estadia na reitoria um verdadeiro prazer. À Dr.ª Susana Medina, pela ajuda dada na dissertação e pela boa disposição, e ao Eng.º Augusto Ribeiro pela paciência e disponibilidade que sempre teve para me apoiar.

Aos amigos que conheci na Faculdade, aos amigos de Valbom, e a todos os outros, para os quais necessitaria de mais 100 páginas para nomear e agradecer devidamente, obrigado por me impedirem de perder (ainda mais) a sanidade mental durante todos estes meses.

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iii

Resumo

A produção informacional digital – nado-digital ou pela via da digitalização - é indissociável da sociedade contemporânea e reflete o desenvolvimento tecnológico que, ao longo do século XX, passou a fazer parte do quotidiano de instituições, organizações e indivíduos. No entanto, acarreta novas problemáticas relacionadas com a quantidade e qualidade dessa informação, bem como com a acelerada obsolescência tecnológica. Esta é inerente às plataformas que suportam a produção, processamento, armazenamento e difusão de informação para uso atual e futuro, como ativo de gestão e memória coletiva. O emergente âmbito da preservação digital congrega, assim, as iniciativas e os esforços para garantir o acesso continuado e a preservação da informação e respetivos atributos no longo prazo.

Esta dissertação aborda a problemática da preservação da informação em meio digital, na perspetiva da Ciência da Informação e no quadro de uma Gestão da Informação dirigida a sistemas de informação híbridos e frequentemente geridos por diferentes unidades/setores orgânicos. Em foco estão os Museus e mais concretamente o Museu Digital, no contexto da Universidade do Porto. Nas necessidades identificadas surgem como prioritárias uma rede integrada de serviços, a normalização e uniformização de processos e uma infraestrutura tecnológica que permita uma eficiente e eficaz gestão dos museus físicos e respetivas coleções. Visa-se contribuir, por esta via, para a qualidade e sustentabilidade dos conteúdos a disponibilizar através do Museu Digital da U.Porto.

Identificaram-se como objetivos do projeto de dissertação a elaboração de propostas de políticas e diretrizes para a gestão de objetos digitais, designadamente para a sua criação através da digitalização e o seu armazenamento num sistema de preservação a longo prazo.

Como orientação metodológica adotou-se o método quadripolar e a abordagem cíclica das etapas de diagnóstico, planeamento, ação, observação e reflexão aplicadas, através dos seus polos técnico e morfológico, ao trabalho desenvolvido no terreno. Em foco estão três vertentes do projeto do Museu Digital a saber: 1) a validação comparada de requisitos relativos a sistemas de gestão de coleções e processos de gestão museológica; 2) a digitalização de artefactos; e 3) o acesso e a preservação dos objetos digitais produzido no longo prazo.

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iv

Integram os resultados obtidos, uma proposta de política de preservação, uma proposta de guia de digitalização, uma matriz ponderada de requisitos para avaliação de um sistema de gestão e, por fim, uma súmula de ações a realizar e que atendam aos riscos de perda de informação, às necessidade de interoperação, acesso e uso à escala global e, a um nível mais amplo, à promoção do património científico e cultural das universidades.

Palavras-chave

Gestão da Informação; Digitalização; Preservação Digital; Sistema de Preservação Digital; Instituição de Memória; Museu Digital; Universidade do Porto

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v

Abstract

Digital informational production – either native-digital or recurring from digitization – is unalienable from today’s society and reflects the technological development which became, throughout the XX century, part of the daily operations of institutions, organizations and individuals. However, it also raises new questions related to the quantity and quality of that information, as well as the growing technological obsolescence. This ever-looming threat of obsolescence is inherit to platforms which support the production, processing, storage and dissemination of information for current and future use, as an management asset and a collective memory. The emerging subject of digital preservation unites the initiatives and efforts which aim to guarantee the continued access and preservation of information and respective features in the long-run.

This dissertation tackles Information preservation in a digital setting, through the perspective of Information Science and in the context of Information Management directed towards hybrid information systems which are frequently administered by different organic units. Museums and more precisely the Digital Museum, of Universidade do Porto, are the focus of this paper. The needs which were identified as primary are an integrated service network, the normalization e uniformization of processes and a technological infrastructure which allows an efficient and effective management of physical museums and their collections. The plan is to contribute to the quality and sustainability of contents set to be made available through the Digital Museum of U. Porto.

The objectives of this dissertation projects are the elaboration of proposals of politics and guidelines for the management of digital objectives, namely their creation through digitization and their storage in a long-term preservation system.

The methodological compass of this dissertation was the four-pole method whose cyclic approach of diagnosis, investigation, planning, action, observation and reflection was applied throughout the fieldwork. Of the Digital Museum Project three main areas are highlighted: 1) compared validation of collection management systems and museological management processes requirements; 2) artefact digitization: and 3) access and preservation of digital objects produced in the long-term.

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The final results of this dissertation are embodied in a digitalization guide proposal, digital preservation policy proposal, a requirements table for the evaluation of a management system, and lastly, a sum of actions to be carried out in order to appropriately respond to the dangers of information loss, to the needs for interoperation, access and use at a global scale and, in a wider sense, to the promotion of universities’ scientific and cultural patrimony.

Keywords

Information Management; Digitization; Digital Preservation; Digital Preservation System; Heritage Institutions; Digital Museum; University of Porto.

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1

Sumário

Resumo ... iii Abstract ... v Lista de abreviaturas ... 5 índice de Figuras ... 3 Índice de Tabelas ... 4 Introdução ... 5 1. Enquadramento e motivação... 5 2. Problemas e Objetivos ... 9

3. Abordagem teórica e metodológica ... 10

4. Estrutura da Dissertação ... 12

1. Os Museus: Instituições de Memória e serviço orgânico ... 14

1.1. Biblioteca, Arquivo e Museu: institucionalização e perspetivação dos LAM... 15

1.2. O Museu Universitário ... 18

2. O impacto da Ciência da Informação e dos Sistemas de informação ... 19

2.1. O Sistema(s) de informação em instituições de memória ... 21

2.2. Uma nova perspetiva dos serviços de informação e o foco na informação ... 22

2.3. A pluridimensionalidade da unidade de informação digital ... 24

2.4. A dimensão essencial e o papel da meta-informação ... 25

3. A Preservação da Informação ... 27

3.1. Preservação, conservação e curadoria ... 28

3.2. A preservação sob a perspetiva sistémica ... 32

3.3. Estratégias de Preservação em Meio Digital... 34

3.4. Políticas de Preservação em Meio Digital ... 35

4. Uma Digitalização para a preservação ... 37

4.1. Digitalização: produção, preservação e acesso a informação digital ... 38

4.2. De ato a processo alinhado com a estratégia de GI ... 39

4.3. Especificação de requisitos, perfis e modelação de processos ... 40

4.3.1. (re)Produção digital: matrizes e derivadas ... 40

4.3.2. Armazenamento, preservação, disponibilização e uso ... 43

4.3.3. Políticas de Digitalização ... 44

4.3.4. Normas e diretrizes ... 45

4.4. Iniciativas e projetos ... 46

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2

5.1. Museus e Coleções da Universidade do Porto ... 48

5.2. Plataforma Tecnológica Existente ... 54

5.3. O projeto Museu Digital da U.Porto ... 59

6. Plataforma tecnológica de suporte à gestão de coleções e serviços ... 61

6.1. Validação de pesos junto de stakeholders (utilizadores) ... 62

6.2. Metodologia de validação de requisitos de software ... 66

6.3. Teste de alternativas ... 70

6.3.1. Index Rerum ... 70

6.3.2. In Patrimonium ... 72

6.3.3. Resultados ... 74

7. Bases para a criação de um Guia de Digitalização ... 76

7.1. Especificação de requisitos de digitalização e perfis de digitalização ... 77

7.2. (re)Produção digital: testes e implementação ... 80

7.3. Formatos para captura de imagem com máquina fotográfica ... 87

7.4. Proposta de Guia de Digitalização ... 90

8. Bases para a criação de um Documento de Requisitos de Preservação digital E Politica de Preservação Digital ... 93

8.1. Especificação de requisitos de sistema de preservação digital ... 94

8.2. Esquemas para a representação de meta-informação ... 97

8.3. Proposta de Política de Preservação Digital ... 101

Conclusões e perspetivas futuras ... 105

Referências Bibliográficas ... 110

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3

índice de Figuras

Figura 1 Fragilidades e Desafios (Pinto, 2009) ... 23

Figura 2 "Curation Lifecycle Model” (DCC) ... 32

Figura 3 Modelo de G.I. de Pinto (2015) ... 33

Figura 4 Digitalização - Processos e ciclo de produção (Pinto M. M., 2013) ... 39

Figura 5 Menu Inicial do Portal Museu Virtual ... 57

Figura 6 Resultados da pesquisa por todos os itens de mobiliário da FIMS ... 57

Figura 7 Infraestrutura tecnológica do Museu Digital ... 60

Figura 8 Parte Inicial do Inquérito enviado para o grupo de validação (anexo 1) ... 63

Figura 9 Tabela usada na análise aos resultados dos inquéritos e entrevista (anexo 2) ... 65

Figura 10 Tabela de Avaliação ... 68

Figura 11 Tabela de comparação (valores só para efeitos de demonstração) ... 69

Figura 12 Exemplo de recomendações existentes no guia de digitalização (neste caso para documentos impressos com imagens ou anotações) ... 80

Figura 13 POWRR Tool Grid(POWRR) ... 94

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4

Índice de Tabelas

Tabela 1 Modelos empíricos no modelo teórico de Preservação ... 27

Tabela 2 Tabela de resultados da verificação de requisitos ... 75

Tabela 3 Vantagens e Desvantagens do Formato Raw ... 87

Tabela 4 Vantagens e Desvantagens do Formato TIFF 6.0 ... 88

Tabela 5 Vantagens e Desvantagens do formato JPEG ... 89

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Introdução

Lista de abreviaturas

ADMAS - Associação Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar ANSI - American National Standards Institute

CD – Compact Disk

CI – Ciência da Informação DC – Dublin Core

DCC – Digital Curation Centre

DeltCI – Dicionário Eletrónico de Terminologia em Ciência da Informação Dvd - Digital video disc

EDM – Europeana Data Model ESE – Europeana Semantic Elements

FADGI - Federal Agencies Digitization Guidelines Initiative FBAUP – Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto FIMS – Fundação Instituto Marques da Silva

GI – Gestão de Informação

GIF - Graphics Interchange Format ICA – International Council on Archives

ICBAS – Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar ICOM – (International Council of Museums

IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions IMS – Instituto Marques da Silva

ISO - International Organization for Standardization JPEG - Joint Photographic Experts Group

LAM – Libraries, Archives and Museums (Bibliotecas, Arquivos e Museus) NISO - National Information Standards Organization

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6 OAIS – Open Archival Information System

OECD - Organization for Economic Co-operation and Development P&C – Preservação e Conservação

PDF - Portable Document Format/File PNG - Portable Network Graphics

RNOD – Repositório Nacional de Objetos Digitais SAA – Society of American Archivists

SI – Sistema de Informação

SI-AP – Sistema de Informação Activo e Permanente SsI - Sistemas de Informação

STI – Sistema Tecnológico de Informação TIFF - Tagged Image File Format

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization XML – Extensible Markup Language

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1. Enquadramento e motivação

À necessidade de registar e comunicar ideias e emoções o ser humano associa a necessidade de os preservar constituindo, dessa forma, a memória da sua ação, individual ou coletiva, inscrita em diversos suportes e que, mais recentemente, se vem a associar à designação de património que é preciso recolher, salvaguardar, valorizar e difundir.

Com a Era da Informação, o impacto do uso das tecnologias tem, pois, consequências a este nível. O boom da produção informacional que ocorre no pós 2ª Guerra Mundial, envolve novos suportes e técnicas de registo, colocando entre o humano e a informação o mediador tecnológico que vem complexificar os processos de gestão da informação, nomeadamente no que respeita à sua preservação em meio digital.

Este novo ambiente e contextos de produção informacional caracterizam-se por ciclos de obsolescência tecnológica muito curtos e por uma maior volatidade, quer ao nível do hardware, quer de software e dos formatos usados na criação, gestão e disseminação da informação, que estarão na base de iniciativas que, com a preocupação da preservação e acesso no longo prazo, darão origem à chamada Preservação Digital. Esta tem os mesmos objetivos da preservação tradicional, garantir a gestão e acesso à informação no longo prazo, com a particularidade de se aplicar quer à nada-digital, quer à resultante de digitalização.

A evolução ocorrida na útlima década permite que, hoje, já nos possamos referir a soluções e sistemas tecnológicos de preservação digital que controlam o planeamento e a execução de processos de gestão da pesevação em repostórios digitais, que, por sua vez, poderão ser certificados como repositórios de preservação, isto é, confiáveis. É necessário avaliar e controlar a submissão e ingestão da informação digital que se pretende preservar, aplicar um conjunto pré-definido de ações (como normalização de formatos, criação de checksums etc.) e proceder ao seu armazenamento e posterior gestão e disseminação assegurando a autenticidade, integridade, fidedignidade, inteligibilidade, confiabilidade e o acesso continuado à mesma no longo prazo.

Porém, a preservação digital é mais do que um sistema tecnológico, pois depende de determinações organizacionais para ser eficiente e eficaz, nomeadamente de uma política de preservação digital que concretize a visão da organização relativamente à Gestão da

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Informação, alinhando-a com a estratégia e os objetivos organizacionais no curto, médio e longo prazo. Nesta Politica são descritos os princípios que guiam a preservação digital e que regem as decisões relativas à mesma.

Por sua vez, a Digitalização surge associada à Preservação, desde logo considerada em si mesma uma estratégia de preservação (Matusiak & Johnston) do documento original em suportes tradicionais perecíveis e fragilizados, procedendo-se à transferência de suporte que, para além do micro-filme, da fotografia ou mesmo da fotocópia, passa a incluir a digitalização.

Esta ligação não tem transposição direta para o que se entende por preservação digital, na medida em que estamos, de facto, perante um processo de produção de informação digital que terá que ser avaliada e, se for o caso, garantida a sua preservação no longo prazo. Pode-se, pois, afirmar que a digitalização preserva digitalmente conteúdos do espectro físico, mas não é uma estratégia de preservação digital. A digitalização pode, no entanto, ser feita com a preservação digital em mente, pois o processo usado terá impacto na preservação dos resultados, por exemplo, o formato de imagem que se usa para tirar uma fotografia vai ter impacto na informação resultante e, consequentemente, na sua preservação digital, dependendo a escolha do formato e da estratégia de preservação do uso a que se destina.

Neste contexto, as Instituições de Memória estão vocacionadas para a preservação da memória, neste caso da memória registada em artefactos. Se numa primeira fase a sua preocupação era a proteção do original “físico” (papiro, pergaminho ou papel …) e viam na digitalização um acesso mais rápido e amigável, a par da preservação da espécie física, estão hoje cada vez mais envolvidas na problemática e práticas de preservação da informação digital que recolhem e que produzem.

O desafio que se nos coloca é o de perspetivar a digitalização e a preservação dessa informação em meio digital numa perspetiva holística e integrada da Gestão da Informação.

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2. Problemas e Objetivos

A Universidade do Porto possui várias unidades museológicas, treze das quais integraram, em 2007, o então designado Museu Virtual da Universidade do Porto (U.Porto). Este constituía um portal de acesso às coleções dos museus da U.Porto, suportado pela plataforma tecnológica Index Rerum, desenvolvida pela empresa FCo, e que ao longo dos anos foi suscitando reservas acabando por não se impor como solução adequada às necessidades de gestão de coleções e de serviços.

Este impasse e a necessidade de reavaliar o “Museu Virtual” para partir para a criação de um “Museu Digital” estão na origem de um projeto que, em 2015, começa com um diagnóstico aos museus e às plataformas tecnológicas que usam, constituindo-se o

Grupo de Trabalho para a constituição do Museu Digital, em articulação com a Vice-Reitoria

para os Museus, os Diretores das diferentes unidades museológicas, docentes e técnicos da área da Museologia ou ligados aos Museus.

Neste contexto surge a oportunidade de participar na fase de conceção e operacionalização do projeto Museu Digital da U.Porto, contribuindo para a atividade chave de produção de conteúdos digitais através da reprodução digital / digitalização numa perspetiva integrada da Gestão da Informação (GI) que implicava a sua ponderação em termos de acesso continuado no longo prazo.

O plano de ação desenvolvido sob o conceito de Museu Digital (Pinto et al., 2015) visa garantir o acesso online e a interação com os Museus da U.Porto (acervos e serviços) nas suas diferentes valências, isto é como: 1) suporte ao ensino, à investigação e ligação à comunidade/público em geral; 2) memória e evidência da Universidade e da sua missão/ação; 3) memória e evidência da Comunidade U.Porto (Professores, Investigadores…); 4) memória e evidência da(s) Comunidade(s) em que se insere a U.Porto.

Deste plano é selecionada como tema de um projeto de dissertação a ação que se insere no domínio da especificação e produção de representações digitais dos bens das coleções dos Museus da U.Porto e da digitalização de documentação relacionada, com vista à disponibilização através do Museu Digital da U.Porto, numa perspetiva de preservação e acesso continuado no longo prazo.

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Para o efeito identificaram-se e analisaram-se projetos (como o ENUMERATE), modelos (de digitalização, de preservação, de custos de digitalização) e casos de boas práticas relacionados com a reprodução digital do Património Científico e Cultural, focando particularmente os Museus mas situando-os no domínio mais alargado designado na área da Museologia por LAM (Library, Archives and Museums), que adiante serão abordados na perspetiva da Ciência da Informação (CI).

A orientação local do projeto de dissertação envolveu elementos da equipa do projeto Museu Digital da U.Porto e da Universidade Digital, fazendo confluir as áreas da CI e das Tecnologias com a Museologia.

O principal objetivo fixado prende-se com a elaboração de propostas e a definição de políticas e orientações que fomentem a produção de objetos digitais e a criação de meta-informação numa perspetiva de longo prazo, envolvendo, mais concretamente, a especificação de requisitos e perfis, bem como um Guia de Processos de Digitalização e

Preservação para o Museu Digital da Universidade do Porto.

Como objetivos específicos do projeto identificaram-se os seguintes:  avaliar a plataforma tecnológica existente;

 avaliar os registos e as imagens disponibilizados e a disponibilizar via web;

 especificar os requisitos e perfis de digitalização, preservação e acesso/uso que orientarão o processo de produção de representações digitais dos bens das coleções dos Museus da U.Porto a integrar no museu Digital da U.Porto;

 elaborar o Guia de Processos de Digitalização;  elaborar o Guia de Processos de Preservação.

3. Abordagem teórica e metodológica

Este projeto recorre ao Método Quadripolar como guia metodológico que sustenta a investigação através da constante interação entre seus os polos: epistemológico, teórico, técnico, morfológico.

Segundo Ribeiro “o método de investigação quadripolar, concebido por Paul de Bruyne e outros autores, constitui-se, pois, como o dispositivo mais adequado às exigências

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do conhecimento da fenomenalidade informacional, uma vez que não se restringe a uma visão meramente instrumental. Pelo contrário, a dinâmica investigativa resulta de uma interação entre quatro polos o epistemológico, o teórico, o técnico e o morfológico permitindo uma permanente projeção dos paradigmas interpretativos, das teorias e dos modelos na operacionalização da pesquisa e na apresentação dos resultados da mesma” (Ribeiro, 2008).

À semelhança de um projeto investigativo também um projeto de intervenção operacional ganha com uma linha orientadora caracterizada no DeltCI1 da forma que segue.

No polo epistemológico, opera-se a permanente construção do objeto científico e a definição dos limites da problemática de investigação, dando-se uma constante reformulação dos parâmetros discursivos, dos paradigmas e dos critérios de cientificidade que orientam todo o processo de investigação. Este projeto insere-se na área científica da Gestão da Informação, com o foco no processo de transferência de suporte, mas também passando pelo armazenamento, recuperação e preservação da informação, bem como na área disciplinar aplicada da Museologia e dos Sistemas de Informação.

No polo teórico, centra-se a racionalidade do sujeito que conhece e aborda o objeto, bem como a postulação de leis, a formulação de hipóteses, teorias e conceitos operatórios e consequente confirmação ou infirmação do “contexto teórico" elaborado.Tendo este polo em mente, identifica-se o seguinte problema:

“Como garantir a preservação e acesso continuado à informação a disponibilizar através de um Museu Digital, no contexto da gestão de um sistema de informação universitário?”

No polo técnico, consuma-se, por via instrumental, o contacto com a realidade objetivada, aferindo-se a capacidade de validação do dispositivo metodológico, sendo aqui que se desenvolvem operações cruciais como a observação de casos e de variáveis, a

avaliação retrospetiva e prospetiva, a infometria e até a experimentação mitigada ou ajustada ao campo de estudo de fenomenalidades humanas e sociais, sempre tendo em

vista a confirmação ou refutação das leis postuladas, das teorias elaboradas e dos conceitos operatórios formulados.

1 DeltCI - Dicionário Eletrónico de Terminologia em Ciência da Informação. Disponível em: https://paginas.fe.up.pt/~lci/index.php/1738.

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Neste polo será usada uma abordagem inspirada na metodologia da investigação-ação, direcionada à atuação num contexto aplicado. Fica claro o envolvimento no problema e na realidade em estudo e o processo de resolução ativa em cooperação com as diferentes equipas de trabalho, envolvendo diagnóstico, análise, experimentação/aplicação, observação e reflexão.

Socorremo-nos também aqui da Engenharia de Requisitos, na medida em que a conformidade com os requisitos de integridade, autenticidade, fidedignidade, inteligibilidade e acesso continuado a informação no longo prazo começa, desde logo, na especificação de requisitos. Estes suportam a conceção e implementação das plataformas e das ferramentas que sustentam quer a automatização dos processos de gestão de serviços e de coleções, quer a desmaterialização/transferência de suporte, a par da aplicação de técnicas de certificação e autenticação, bem como na criação e captura de meta-informação e produção/agregação de documentos (Pinto 2009).

No polo morfológico, formalizam-se os resultados do estudo levada a cabo, através da representação do objeto em análise e da exposição de todo o processo desenvolvido. Integram os resultados obtidos, uma proposta de política de preservação, uma proposta de guia de digitalização, uma matriz ponderada de requisitos para avaliação de um sistema de gestão e, por fim, uma súmula de ações a desenvolver futuramente.

4. Estrutura da Dissertação

O presente documento é composto por uma introdução, sete capítulos, conclusões e perspetivas futuras.

Na Introdução são definidos o enquadramento e a motivação que justificam o desenvolvimento desta dissertação, o problema e os objetivos do projeto e, ainda, a abordagem teórica e metodológica adotada e a estrutura da dissertação.

O primeiro capítulo aborda o papel do museu como Instituição de Memória e Serviço orgânico. Começa-se por analisar o conceito de Museu, passando pelo movimento LAM e as definições de Biblioteca e Arquivo e, por fim, centra-se a atenção no caso muito particular do Museu Universitário.

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No segundo capítulo explora-se a ligação entre a Ciência da Informação e os Sistemas de Informação. Começa-se por apresentar várias definições deste último, incluindo a definição sob a perspetiva de CI. É, também, feita a distinção entre Sistema de Informação (SI) e Sistema Tecnológico de Informação (STI). Ainda neste capitulo é abordado o papel dos Sistemas de Informação (SsI) em instituições de memória, o perfil pluridimensional da unidade de informação digital, sendo focada, ainda, a sua dimensão essencial e o papel da meta-informação.

Relativamente ao terceiro capítulo, é introduzida a temática da Preservação de Informação, distinguindo conceitos como conservação, preservação e curadoria e apresentando um modelo de preservação sob a perspetiva sistémica. Em mais detalhe, são referenciadas as várias estratégias de preservação digital e efetua-se uma análise de várias políticas de preservação digital, em instituições internacionais.

O quarto capítulo é dedicado à digitalização. Aborda-se a estreita ligação entre preservação, digitalização e preservação digital. Exploram-se questões técnicas como imagens master e derivadas e procede-se a uma análise de políticas de digitalização, com a enumeração de algumas das normas aplicáveis a este contexto e a apresentação de projetos relevantes neste domínio.

No quinto capítulo é descrito o contexto de desenvolviemnto do projeto. Apresenta-se o MuApresenta-seu Digital da U.Porto, bem como os muApresenta-seus e núcleos muApresenta-seológicos da Universidade do Porto e as plataformas tecnológicas utilizadas.

O sexto capítulo inclui a verificação de requisitos de um sistema de gestão de coleções e a análise comparativa das duas soluções proprietárias selecionadas.

No sétimo capítulo, sistematizam-se os contributos para uma proposta de Guia de

Digitalização, apresentam-se os testes de digitalização realizados, bem como alguns dos

resultados obtidos.

No oitavo e último capitulo, sistematizam-se os contributos para a definição de uma

Política de Preservação Digital para a Universidade do Porto.

Por fim, são apresentadas as Conclusões e perspetivas futuras, delineando o que foi feito e o que ainda falta fazer ao nível de digitalização e preservação digital no contexto do projeto Museu Digital da U.Porto.

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1. Os Museus: Instituições de Memória

e serviço orgânico

O ICOM (International Council of Museums) define museu como:

“a non-profit, permanent institution in the service of society and its development, open to the public, which acquires, conserves, researches, communicates and exhibits the tangible and intangible heritage of humanity and its environment for the purposes of education, study and enjoyment.” (ICOM)

Na perspetiva da Ciência da Informação, a análise a realizar foca o Museu como uma instituição multifuncional inserida num paradigma pós-custodial, informacional e cientifico2

onde o objetivo passa pela “intervenção teórico-prática na produção, no fluxo, na difusão e no acesso (comunicação) da INFORMAÇÃO” (DeltCI, 2016) ao invés do tradicional e objetivo de simplesmente custodiar e manter o documento.

É de acrescer, neste contexto, o conceito de Instituições de Memória que abrange para além de Museus, as Bibliotecas e os Arquivos3. Usado por Roland Hjerppe em 1994

engloba as “libraries, archives, museums, heritage (monuments and sites) institutions, and aquaria and arboreta, zoological and botanical gardens”. Por sua vez, Lorcan Dempsey usa-o em 1999 para agrupar apenas as bibliotecas, os arquivos e os museus, não como resultado de uma posição científica, mas por uma questão de concisão devido à falta de um termo globalmente aceite pela comunidade científica para descrever este grupo: “We have no term in routine use which includes libraries, archives and museums. Again, for conciseness, we sometimes use cultural institutions and memory institutions in this inclusive sense” (Dempsey, 2000).

Estamos, assim, perante um conceito que foi evoluindo sem que uma discussão epistemológica fosse feita sobre o mesmo, verificando-se que, no século XXI, começam a surgir trabalhos debatendo não só o conceito de Instituições de Memória mas também o papel dos Museus, Bibliotecas e Arquivos como Instituições de Memória.

2 Paradigma pós-custodial, informacional e científico: https://paginas.fe.up.pt/~lci/index.php/1751

3 Na literatura não existe um consenso claro sobre a totalidade das organizações que são consideradas instituições de memória para além dos Museus, Arquivos e Bibliotecas, até mesmo for falta de consenso sobre as designações das próprias organizações que se perspetivam como instituições de memória.

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Articulando o conceito de Museu do ICOM com o conceito de Memória é fácil perceber a razão da inclusão dos Museus nas Instituições de Memória, visto que estes se assumem como lugares de preservação e manutenção de património memorial, “os arquivos, as bibliotecas e os museus partilham semelhantes configurações organizacionais, funções e metas. Na perspetiva da Memória e do Património, estas instituições têm como uma das suas primordiais funções a preservação da história humana, através dos seus acervos, o usufruto do público e a educação das comunidades que os albergam.” (Ramos, Elisa, & Pinto, 2014)

Apesar de sucinta, a definição do ICOM aborda todas (ou grande parte) das facetas dos Museus, incluindo a sua faceta como serviço orgânico, ao destacar o papel do Museu como um serviço ao dispor da sociedade e que procura comunicar informação e disseminar o conhecimento, respondendo, assim, às necessidades da comunidade. No entanto, é no Museu Universitário que ressalta de forma particular a sua origem orgânica, isto é, surge e desenvolve-se no seio da Universidade e ao seu serviço.

1.1. Biblioteca, Arquivo e Museu: institucionalização e

perspetivação dos LAM

As Bibliotecas, Arquivos e Museus (Libraries, Archives and Museums) são abrangidos sob o conceito de Instituições de Memória pois partilham funções e objetivos relacionados com a preservação da memória coletiva. No entanto, as semelhanças institucionais e funcionais entre estas três áreas não ficam por aí, sobretudo quando se comparam as definições de Biblioteca e Arquivo com a definição de Museu previamente apresentada:

Biblioteca

“Serviço criado organicamente numa determinada entidade e/ou uma instituição cultural (Biblioteca de âmbito nacional, distrital ou municipal, pública ou privada) destinada a incorporar e tornar acessível INFORMAÇÃO editada e posta a circular pelo mercado editorial-livreiro, bem como publicada e distribuída por entidades com objetivos e atividades específicas (Laboratórios científicos e farmacêuticos, Unidades

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Industriais dos mais diversos ramos, Instituições Culturais, Associações Políticas, Cívicas e Humanitárias, etc.) (DeltCI)

Arquivo

“Serviço criado organicamente numa determinada entidade e/ou uma instituição cultural (Arquivo de âmbito nacional, distrital ou municipal, público ou privado) destinada a incorporar e tornar acessível INFORMAÇÃO produzida/recebida por terceiros” (DeltCI)

As três definições (com grande pendor na área da Ciência de Informação4), apontam

para o objetivo comum de disponibilizar informação para uma determinada comunidade, estando aqui patente o já referido paradigma pós-custodial, informacional e científico.

Ramos, Vasconcelos e Pinto, (2014) abordam a questão de uma outra forma, analisando as missões de cada instituição e identificando um outro ponto comum, para além da questão da preservação da memória e património já referida: “estas instituições têm ainda como uma das suas metas a facilitação da educação das suas comunidades através da disponibilização de informação”. Mas o paralelismo não se fica pelos objetivos, alargando-se ao nível processual, nomeadamente através de funções como a catalogação que é desempenhada nas três instituições ainda que não seja feita exatamente da mesma maneira. As semelhanças são tais que permitem a disponibilização conjunta dos conteúdos, ou seja, a forma como a catalogação – criação de meta-informação descritiva ao nível do artefacto - poderá ser é feita nos museus é cada vez mais “compatível” com a que é feita nas bibliotecas e arquivos. Além disso, com a produção e disponibilização de conteúdos (digitais) online é, na verdade, um interesse partilhado que potencia o interesse em normalizar o processo de inventariação/catalogação de forma a otimizar a disponibilização de conteúdos de forma agregada, constituindo assim um fator encorajador para a convergência destes serviços e de uma visão sistémica dos acervos que gerem, muitas vezes no seio de uma mesma entidade.

4 (Apesar de só as duas ultimas terem como base cientifica a Ciência da Informação, a definição de Museu do

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Outro fator potenciador da convergência entre Bibliotecas, Arquivos e Museus relaciona-se com o financiamento. Muitas destas instituições encontram-se na mesma instituição (por exemplo Universidades ou Organismos governamentais) o que resulta inúmeras vezes numa disputa pelos financiamentos que uma atuação convergente permitiria quer a racionalização de recursos, quer uma otimização da sua aplicação.

Perante tantos fatores facilitadores e potenciadores da convergência surge a questão de saber porque é que a mesma se confina a projetos localizados5. Uma das razões

resulta da tradição e da resistência que se verifica no seio das áreas científicas de origem destas instituições, mas como Ramos, Vasconcelos e Pinto afirmam, (2014) “a comunicação e entreajuda entre profissionais com diferentes backgrounds (…) permite a otimização dos recursos humanos e facilita a manutenção dos programas”. Outro fator que afeta negativamente a convergência e causa receio nos profissionais e instituições prende-se com a possível perda de controlo sobre a disseminação de informação sigilosa através de um uso partilhado suportado por plataformas tecnológicas, e, principalmente, por softwares e bases de dados partilhados. De forma a contornar este problema, vários projetos colaborativos optam por permitir que as instituições determinem qual a informação que pretendem disponibilizar de forma coletiva. Por fim, refira-se a variedade de padrões de normalização ao nível da meta-informação6, não só entre áreas mas também no seio de uma mesma área,

motivando, assim, a necessidade de uma convergência normativa.

O balanço entre fatores de incentivo e de resistência à convergência que hoje é exigida às Instituições Culturais/Memória traduz-se numa perspetivação positiva no que toca à convergência e normalização no futuro, também justificada pela crescente enfase atribuída às tecnologias digitais. Este caminho deverá ser pautado não só por uma convergência ao nível do sistema tecnológico de informação7 mas também “em termos

teóricos e conceptuais tendo como referência o objeto de estudo e trabalho, a Informação, e o Sistema de Informação8 que acaba por refletir a atividade e inerente consecução da

Missão da instituição ou organização em causa” (Ramos, Elisa, & Pinto, 2014), seguindo uma

5 Destacam-se os projetos da Universidade de Yale (Yale Collections Collaborative), da Universidade de Edimburgo, Universidade de Princeton, do Instituto Smithsonian e do Museu Victoria and Albert (Zorich, Waibel, & Erway, 2008)

6 Anglo-American Cataloguing Rules (AACR), Machine Readable Cataloguing (MARC), CIDOC e Spectum, Dublin Core (DC) etc.

7 Ver ponto 2 para definição de Sistema tecnológico de informação 8 Ver ponto 2 para definição de Sistema de Informação

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perspetiva há muito assumida pela Ciência da Informação que se caracteriza pela sua trans e interdisciplinariedade.

1.2. O Museu Universitário

O Museu Universitário é um tipo muito particular da Museu. Apesar das características conformes à definição geral de Museu apresentada e da sua integração sob o conceito de Instituições de Memória, o Museu Universitário apresenta características singulares que o destacam dos restantes museus.

A primeira prende-se com a natureza de uma missão que resulta dos contextos em que se inserem. Segundo King os “University museums are increasingly called upon to serve

as a link between the campus and the community and to play an important role in the public service and outreach mission of the university. At the same time, they must be part of the central academic mission of the institution and participate fully in the education of students”

(OECD, 2001).

Esta definição do papel dos Museus Universitários expõe a maior particularidade dos mesmos, o seu papel ativo na educação da comunidade de estudantes que servem. Apesar da definição de Museu do ICOM englobar na sua missão a participação na educação esta é exponencialmente mais importante e central na génese e atividade dos Museus Universitários, sendo um recurso dual, para estudantes e docentes/investigadores. A estes acresce o público extrauniversidade constituindo os Museus Universitários um recurso importantíssimo para compreender e promover o desenvolvimento do conhecimento científico.

Apesar da sua grande importância não só nesta faceta como motor de ensino mas também na sua missão mais clássica de preservação do património cultural e científico, os Museus Universitários enfrentam grandes dificuldades derivadas principalmente da falta de apoios que lhes permitam desempenhar as suas funções de acordo com os padrões exigidos a um centro de conhecimento: “Universty museums are also facing challenges, many of

which are connected with constraints that are affecting most other sectors of higher education. Their staff and leaders therefore feel concerned that they are not prioritised as

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highly as they would have woshed. This particularly regards financial resources and attention of university management to their needs” (OECD, 2001).

Esta falta de apoio impede, ou no mínimo dificulta, que os Museus Universitários concretizem a importante tarefa de dar a conhecer e permitir o manuseamento de artefactos e informação ou mesmo de disponibilizar os conteúdos relativos aos mesmos numa plataforma online. Fica, assim inviabilizado o acompanhamento das tendências da Museologia desvalorizando assim o próprio Museu, o que, por sua vez, leva à diminuição de motivos que justifiquem o necessário investimento por parte da Universidade no seu Museu criando assim ciclo vicioso.

Um importante passo para ajudar na recuperação do Museu Universitário prende-se e reflete-se na normalização e no movimento de convergência desenvolvido em torno dos LAM (Libraries, Archives and Museums). Caso a biblioteca, o museu e o arquivo universitário convergissem seria possível captar e aplicar fundos que potenciassem uma missão que lhes é comum, nomeadamente, apoiar a educação e a produção de conhecimento científico das universidades onde se inserem.

Para além da questão de gestão, esta convergência proporcionaria um serviço informacional integrado, mais rico e com possibilidade de desenvolvimento exponencial caso enveredassem pela adoção das Tecnologias de Informação e Comunicação.

2. O impacto da Ciência da Informação

e dos Sistemas de informação

No ponto 1.1 foi referida a necessidade da convergência dos LAM não só ao nível do Sistema Tecnológico de Informação (STI) mas também ao nível do Sistema de Informação (SI), sendo necessário clarificar estes dois conceitos.

Se usarmos a metodologia aplicada por Silva no seu trabalho de 2015 “Arquivo, biblioteca, museu, sistema de informação: em busca da clarificação possível…”, e examinarmos a definição de Sistema de Informação presente no Wikipédia:

“An information system is any organized system for the collection, organization, storage and communication of information. More specifically, it is the study of complementary networks

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of hardware and software that people and organizations use to collect, filter, process, create and distribute data.” (Wikipédia)

Conclui-se que de um modo geral entende-se Sistema de Informação como um conjunto de recursos humanos e tecnológicos cuja função é gerir informação numa determinada organização. Esta definição apesar de crowdsourced9 vai ao encontro de

definições criadas em contexto de trabalhos científicos10.

De um ponto de vista da Ciência da Informação, um Sistema de Informação é:

“…uma totalidade formada pela interação dinâmica das partes, ou seja, [que] possui uma estrutura duradoura com um fluxo de estados no tempo. Assim sendo, um Sistema da Informação é constituído pelos diferentes tipos de informação registada ou não externamente ao sujeito, não importa qual o suporte, de acordo com uma estrutura prolongada pela ação na linha do tempo” (DeltCI)

Comparando as duas definições é possível tirar algumas ilações. Por um lado a semelhança que existe entre as duas, nomeadamente no que toca ao foco na gestão do ciclo de vida informação e na articulação entre recursos humanos e tecnológicos e por outro na grande diferença relacionada com informação que não se encontra externa ao sujeito. O grande contributo da Ciência da Informação neste conceito passa exatamente pelo englobar no sistema de Informação do conhecimento implícito e inerente aos sujeitos que pertencem ao Sistema.

Relativamente aos Sistema Tecnológicos de Informação, apesar de alguma confusão na literatura acerca da sua definição11, em Ciência da Informação este conceito é definido

como a:

“Mediação tecnológica do sistema de informação, suporta o fenómeno e processo infocomunicacional, permite uma comunicação assíncrona e multidireccionada e potencia o acesso à informação” (DeltCI)

Ou seja, o Sistema Tecnológico de Informação é indissociável do Sistema de Informação. Com esta distinção percebe-se a importância da convergência quer em termos

9 Crowdsourced – processo que envolve a execução de uma tarefa por um grupo de pessoas sem qualquer critério de seleção das mesmas

10 Como por exemplo a definição presente no Web Dictionary of Cybernetics and Systems: http://pespmc1.vub.ac.be/ASC/INFORM_SYSTE.html

11 Por vezes usado como sinónimo de Sistema de Informação abrangendo pessoas e tecnologia e outras, referente somente à componente tecnológica

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da adoção de um Sistema Tecnológico de Informação que proporcione a partilha, quer ao nível do Sistema de Informação, que se quer uno e íntegro.

2.1. O Sistema(s) de informação em instituições de

memória

Partindo da definição de Sistema de Informação de um ponto de vista de CI, parece lógico olhar para as Instituições de Memória como Sistemas de Informação, mas a questão não se prende com o facto de serem, ou não, um Sistema de Informação mas sim se se trata de um Sistema ou de um Supersistema, isto porque pode ser considerada a existência de dois sistemas distintos em cada instituição:

O Arquivo instituição/serviço, a Biblioteca instituição/serviço, o Centro de Documentação instituição/serviço e o Museu instituição/serviço podem ser encarados como sistemas (semi) abertos e tendencialmente dinâmicos. Mas, também podemos olhar para o Arquivo, a Biblioteca e o Museu, mais precisamente para o respetivo «recheio», isto é, os «fundos» e as coleções que foram incorporadas e destinadas a serem geridas por essas instituições/serviços, como uma totalidade documental/informacional – um sistema próprio.

(Silva, 2015)

Esta segunda interpretação de sistema foca-se nas coleções de cada instituição e define este conjunto como um novo sistema “porque esse conjunto de artefatos, articulados

entre si e referenciados através de um produto típico de mediação que se designa de “meta-informação”, podem ser deslocados a qualquer momento daquele contexto institucional e transposto para outro, ou seja, tem uma certa «vida própria»” (Silva, 2015)

Encarando este conjunto de artefactos como um sistema singular integrado num outro sistema então é legítimo definir uma instituição de memória como um supersistema.

Focando no caso particular dos Museus, Isabel da Costa Marques, (2010) apoiada numa fundamentação teórica de C.I., defende uma “visão integradora do museu partindo do conceito de Sistema de Informação”, pois afirma que a informação produzida durante a execução das funções do museu resulta da interação da informação das demais coleções; defende que uma “visão integradora do acervo do museu” coloca o foco nas

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potencialidades informativas no acervo contribuindo assim para que a informação seja devidamente contextualizada, registada, armazenada, interrelacionada, recuperada, reproduzida e acedida; manifesta a convicção de que ao pensar no museu no sentido de um Sistema de Informação supera divisões convencionais existentes como por exemplo a distinção entre coleção museológica, bibliográfica e arquivística; e defende que tal, “Implica ainda uma reavaliação das práticas habituais (gestão, inventariação, incorporação, documentação, exposição, administração, etc.) no sentido de se tornarem mais eficientes, e mais operacionalizáveis num contexto integrador das funções e objetivos do museu enquanto instituição cultural”.

A autora destaca, da definição de CI de Sistema de Informação, a passagem que referencia que este “possui uma estrutura duradoura com um fluxo de estados no tempo” (DeltCI) e identifica o museu como esta estrutura duradoura que serve de base aos “diferentes tipos de informação registada ou não externamente ao sujeito” (DeltCI). Ainda segundo Marques, (2010) (e indo ao encontro do que já foi referido anteriormente), o

“museu torna-se, por esta via, uma realidade concebida como um supersistema, uma teia dinâmica de informações inter-relacionadas, um todo orgânico onde as partes constituem um todo”.

2.2. Uma nova perspetiva dos serviços de informação e

o foco na informação

Entendendo as instituições de memória como sistemas de informação com o objetivo partilhado de disponibilizar informação e inseridas num paradigma pós-custodial, é fundamental não esquecer as origens custodiais das mesmas, pois a necessidade de preservar o património cultural não só se mantém como assume um papel ainda mais relevante.

Segundo Pinto, no pós 2ª Guerra Mundial, com a inovação científica e técnica, a preservação e conservação do património cultural assumiu um papel de relevo no foro da comunidade internacional, tendo o seu desenvolvimento sido promovido por várias instituições supranacionais como a UNESCO e instituições profissionais tal como o IFLA e o

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ICA. É nesta conjuntura que emerge o foco não apenas na Conservação mas também na Preservação, com um sentido mais estratégico, do artefacto cultural escrito. Ao longo do século XX a evolução tecnológica vai evidenciar a sua incapacidade para responder às necessidades da Era da Informação e a necessidade de uma nova forma de ver, pensar e agir no domínio da Preservação da informação.

Esta mudança ocorre, desde logo, ao nível dos paradigmas e da forma como estas instituições olham para o seu objeto de estudo, cuja definição é, por si só, um ponto absolutamente fulcral na resposta às necessidades contemporâneas.

Pinto, apresenta uma comparação entre o paradigma / modelo empírico da Preservação e Conservação do artefacto cultural escrito e um novo paradigma/modelo, sob a forma de uma tabela:

Figura 1 Fragilidades e Desafios (Pinto, 2009)

Nesta tabela, Pinto, referencia o facto do foco da ação das instituições deve ser colocado na informação e não nos documentos, isto porque o meio digital que invade a área abala as conceções clássicas de informação, documento e suporte e “um novo meio que agora associa à dimensão física uma dimensão lógica e que condiciona e envolve os contextos e situações comportamentais relativas à produção, fluxo, gestão, transmissão e

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uso/reprodução de informação em todo o seu ciclo de vida, em qualquer contexto organizacional/humano e sem limitações físicas ou espaciais” (Pinto, 2009).

2.3. A pluridimensionalidade da unidade de informação

digital

A nova vaga tecnológica mais do que acrescentar uma dimensão aos termos existentes, introduz novos termos para designar o documento/informação no meio digital. O termo “objeto digital” afirma-se progressivamente como foco de profissionais e investigadores. No entanto, está-lhe subjacente a unidade de informação digital tendo como definição “qualquer informação que possa ser gerada em, ou convertida para uma sequência de dígitos binários, armazenada e recuperada sob controlo de um computador e que é tratada como uma unidade do ponto de vista da informação” (PINTO, 2009). Este conceito, reflete a relativização do “conceito de documento como o concebemos na realidade analógica e torna-o um entre diversos tipos de informação em meio digital, o que faz colocar, definitivamente, a informação no centro das atenções” (PINTO, 2009).

Dada a natureza complexa do meio digital, a unidade de informação digital é multidimensional e o DLM Fórum identifica-a como sendo constituído por:

 Conteúdo – presente em um ou mais documentos eletrónicos/ e ou tradicionais que veiculam a mensagem;

 Contexto – contexto de produção;

 Estrutura – os documentos são armazenados de forma a permitir aos futuros utilizadores compreendê-los, tal implica que um documento contenha, acrescidas ao conteúdo do seu documento informações relativas à estrutura do documento;

 Apresentação – a apresentação depende de uma combinação dos conteúdos dos documentos, da sua estrutura e (no caso dos documentos eletrónicos) do

software utilizado para a expor/apresentar (PINTO, 2009).

Nesta mesma linha da pluridimensionalidade, a UNESCO (baseada no trabalho de Kenneth Thibodeau) define que os objetos digitais sejam abordados como:

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 Objetos lógicos;  Objetos conceptuais;

 Como aglomerados de elementos essenciais que representam a mensagem, propósito, ou características pelas quais o material for escolhido para preservação.

Em CI reconhece-se esta pluridimensionalidade e complexidade. Relativamente à dimensão física (inscrições físicas num suporte) está-se perante o registo de informação em cd’s, dvd’s, discos rígidos etc. A dimensão lógica refere-se ao formato do ficheiro, ou seja ao código compreensível pelo computador. Segue-se a dimensão conceptual onde o código adquire um significado para o ser humano e ocorre a transformação dos sinais digitais em sinais analógicos. Por fim, a dimensão essencial é constituída pela meta-informação, indissociável da informação propriamente dita, representando o seu contexto e atributos, entre os quais o da inteligibilidade (Pinto, 2009).

2.4. A dimensão essencial e o papel da

meta-informação

A abordagem à pluridimensionalidade da unidade de informação digital desenvolve-se desenvolve-se considerarmos na quarta dimensão supra referenciada, a dimensão esdesenvolve-sencial, uma das características mais importantes na gestão da informação em meio digital, a questão da meta-informação. Esta é comummente definida como informação sobre informação, constituindo um ponto fulcral na manutenção da autenticidade e da fidedignidade dos objetos digitais, sendo, ainda, fundamental para a sua preservação, isto porque a meta-informação contida na dimensão essencial de um objeto digital garante “o acesso de futuros

utilizadores à verdadeira essência do objeto digital, a informação” (Pinto M. M., 2009).

São vários os equacionamentos, mas de uma forma simples podemos decompor a meta-informação em quatro subtipos: a meta-informação descritiva, a meta-informação técnica, a meta-informação administrativa e a meta-informação de preservação.

Fica claro que a passagem do analógico para o digital não deixa de exigir meta-informação que descreva o conteúdo do objeto e que permite a sua recuperação através de

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um serviço de “discovery”, estando esta meta-informação ligada à dimensão conceptual pois relaciona-se com informação sobre o conteúdo passível de ser interpretado pelo ser humano.

A meta-informação técnica está ligada à dimensão lógica do ficheiro, por exemplo, no caso de uma imagem capturada por camara fotográfica a meta-informação técnica inclui a marca da câmara, zoom, lente usada etc. (a meta-informação técnica de imagens será abordada no ponto 4.1. juntamente com algumas das normas aplicáveis).

A meta-informação administrativa refere-se a meta-informação relacionada com questões jurídicas, direitos de uso e reprodução, contactos de possíveis detentores dos direitos comerciais, etc.

Por fim a meta-informação de preservação é uma construção diretamente relacionada com a emergência da Preservação Digital, que procura garantir o acesso continuado aos materiais digitais, e, sob a configuração de sistema de informação, garantir o acesso continuado aos objetos digitais. No dicionário de meta-informação PREMIS12 é

ressaltado que a meta-informação de preservação:

 “Supports the viability, renderability, understandability, authenticity, and identity of

digital objects in a preservation context;

 Represents the information most preservation repositories need to know to preserve

digital materials over the long term;

 Emphasizes “implementable metadata”: rigorously defined, supported by guidelines

for creation, management, and use, and oriented toward automated workflows;

 Embodies technical neutrality: no assumptions made about preservation

technologies, strategies, metadata storage and management” ( PREMIS Editorial

Committee, 2015).

É legítimo afirmar que se são as dimensões lógica e conceptual que permitem, respetivamente, ao ser humano aceder, via computador, à mensagem do objeto digital, é a dimensão essencial que garante que essa mesma mensagem será fiável e autêntica independentemente do local ou altura a que esta seja acedida. Sendo esta dimensão e

12 O PREMIS constitui uma norma para compilação de meta-informação de preservação que será

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consequentemente a meta-informação de preservação um elemento essencial quando se aborda a Preservação Digital.

3. A Preservação da Informação

É impossível refletir sobre o papel das instituições de memória e sobre o seu perfil como sistema de informação sem referir a missão e função da Preservação da Informação, mas é igualmente impossível continuar com esta reflexão sem abordar concretamente esta temática.

A Preservação da Informação acompanha a evolução tecnológica e social humana, em linha com a emergência de novos paradigmas. Este foi o caso da mudança do modelo empírico da P&C do artefacto cultural escrito para um novo modelo focado na informação com uma visão holística das características “virtuais” que a informação assume nos dias de hoje, um modelo de Preservação sistémica que será abordado no ponto 3.2.

Porém, mesmo o modelo da P&C do artefacto cultural escrito foi uma evolução necessária baseada nas necessidades emergentes. No seu estudo Pinto (2009) apresenta um quadro que sintetiza os principais modelos empíricos que identificou, isto é, de formas de ver, pensar e agir em Preservação:

Modelos Período

Proteção do artefacto escrito Da antiguidade ao séc. XVIII Conservação do artefacto cultural escrito Séc. XVIII – Anos 70 séc. XX

Preservação e Conservação do artefacto cultural escrito

Anos 70 séc. XX – Inicio séc. XXI

Preservação Sistémica Em construção na atualidade

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Como fica patente os conceitos usados para denominar os modelos são o reflexo da atividade de serviços que se institucionalizam como instituições culturais/memória.

3.1. Preservação, conservação e curadoria

Arquivos, Bibliotecas e Museus partilham a missão de gerir o património cultural de forma a mantê-lo ao longo do tempo, mas apresentam algumas diferenças.

Preservação

No que respeita à Preservação existem várias visões sobre o conceito de preservação, para a SAA (Society of American Archivists) (n.d.), a preservação é:

“1. The professional discipline of protecting materials by minimizing chemical and physical deterioration and damage to minimize the loss of information and to extend the life of cultural property. - 2. The act of keeping from harm, injury, decay, or destruction, especially through noninvasive treatment. - 3. Law · The obligation to protect records and other materials potentially relevant to litigation and subject to discovery.”

Esta definição é claramente dedicada à preservação de documentos físicos não tendo em consideração o impacto da Era da Informação e da emergência da Preservação Digital.

Já o Dicionário Eletrónico de Terminologia em Ciência da Informação (n.d.) apresenta a seguinte definição para o conceito de Preservação:

“Preservação é a aquisição, organização e distribuição de recursos, a fim de impedir posterior deterioração ou renovar a possibilidade de utilização de um seleto grupo de materiais (CONWAY, 1997:6). Na ótica da CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO preservação implica três planos distintos: a conservação e o restauro do suporte, sendo este plano dominado pelo contributo das Ciências Naturais com suas téncicas e procedimentos testados e padronizados, gerando-se potenciais estratégias interdisciplinares; a adoção de medidas de gestão (políticas públicas) através de legislação e de organismos regulamentadores e fiscalizadores; e a intencionalidade orgânica de preservar para usar face a necessidades e imperativos orgânico-funcionais vários” (DELTCI).

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Conservação

O conceito de conservação é muitas vezes usado como sinónimo de preservação, mas a tendência é para colocar a conservação a um nível mais operacional:

“The repair or stabilization of materials through chemical or physical treatment to ensure that they survive in their original form as long as possible. - 2. The profession devoted to the preservation of cultural property for the future through examination, documentation, treatment, and preventive care, supported by research and education.” (SAA, n.a.)

A diferença prende-se principalmente com o momento das intervenções. A Preservação pensar estrategicamente a prevenção dos danos, a conservação tenta remediá-los.

Curadoria

O conceito de curadoria convoca a ideia de cuidar, tratar de uma coleção e surge muito ligado às instituições de memória, principalmente aos museus onde é associada à administração e gestão de obras artísticas. Este conceito sofre profundas alterações com a afirmação da Era da Informação e a emergência das coleções digitais, emergindo a expressão curadoria digital.

Baseado na perspetiva de J. Gould (1992) de que “the history of life, is a series of

stable states, punctuated at rare intervals by major events that occur with great rapidity and help to establish the next stable era", Castells (2010) escreve que no fim do século XX

vivemos um destes raros intervalos. Um intervalo pautado pela transformação da nossa cultura material através da influência de um novo paradigma tecnológico baseado em tecnologias de informação.

Este intervalo caracterizado por uma revolução tecnológica baseada em tecnologias de informação, propiciou um boom informacional13 e uma alteração profunda no modo

como essa informação é registada e guardada. Estes fatores atraíram um foco de atenção para a informação como já foi abordado nos pontos anteriores.

Imagem

Tabela 1 Modelos empíricos no modelo teórico de Preservação
Figura 4 Digitalização - Processos e ciclo de produção (Pinto M. M., 2013)
Figura 6 Resultados da pesquisa por todos os itens de mobiliário da FIMSFigura 5 Menu Inicial do Portal Museu Virtual
Figura 7 Infraestrutura tecnológica do Museu Digital (Pinto, et al, 2015)
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