programa museológico preliminar / apresentação de conceitos alice semedo
2. os cuidados de saúde, assumindo plenamente a sua vocação de serviço público em termos da educação e qualidade de vida, informando, explicando, explorando e discutindo princípios e práticas
clínicas, participando plenamente na construção quer da cidadania activa quer de estilos de vida mais saudáveis.
Este espaço museológico não é aqui compreendido como um mero lugar-repositório de
instrumentos médicos mas sim um espaço profundamente identitário e educacional, de partilha de um património; é, também, um espaço de memória mas de uma memória necessariamente multivocal que implica os utentes / doentes; assume-se como um espaço de aprendizagem para a vida, que informa, relaciona, interroga e mobiliza saberes e competências que promovam a educação pública em torno dos temas da saúde.
A colecção e as exposições incluirão objectos relacionados com as práticas médicas e de
enfermagem, de investigação, memorabilia e documentos sobre os processos e sobre o significado e importância do desenvolvimento dos cuidados médicos no hospital, módulos interactivos e abordagens tecnológicas inovadoras que privilegiem a experiência e a interacção. O museu explorará com especial atenção desenvolvimentos iniciados neste hospital, promovendo a
missão destas instituições, natureza que se relaciona quer com os cuidados médicos quer com a educação e a investigação, será aqui, certamente, explorada.
Se apresentar o Hospital Geral de Santo António como um lugar-chave da memória, quer da cidade quer da medicina portuense, é uma estratégia fundamental deste projecto, não menos essencial deve ser o papel central da educação pública para a saúde que é, afinal, o cerne da missão que aqui se propõe.
Em anos recentes os museus tornaram-se progressivamente activos enquanto centros de educação informal sendo chamados a participar na construção da cidadania, facilitando o acesso a informação que apoie decisões informadas e endereçando os desafios / oportunidades de uma sociedade crescentemente global.
A consciência de estarmos a viver um tempo marcado por transformações culturais, sociais,
económicas e políticas, diferentes daquelas que caracterizaram a modernidade e seus pressupostos epistemológicos, obriga todos os actores implicados na produção e construção de conhecimento, a cartografar novas possibilidades de actuação ao nível da informação e divulgação científica. É também neste contexto, que se pensam museus que ultrapassam as barreiras da aprendizagem formal / informal, criando espaços que abandonam posições de marginalidade em relação a um grande número de grupos sociais e que promovem a significância do conhecimento e da investigação científica nas sociedades contemporâneas. Para o fazer é necessário desenvolver investigação em relação não só às próprias colecções e natureza sócio-demográfica dos públicos mas também em relação às motivações, necessidades e expectativas das comunidades, às representações e discursos das exposições, às compreensões e percepções sociais da ciência e dos próprios museus e, neste caso específico, dos cuidados médicos e deste hospital em particular. A criação de condições de acessibilidade à investigação na área da saúde e o desenvolvimento de programas que apoiem oportunidades para a integração deste conhecimento na vida das pessoas, conhecimento que assiste a transformações extremamente rápidas que requerem que todos adoptemos comportamentos e atitudes de aprendizagem ao longo da vida, é um eixo fundamental desta proposta.
O desenvolvimento das colecções poderia distribuir-se por três grandes categorias:
1. Colecção permanente: incluindo objectos e outros itens (como fotografias, documentos,
etc.) relacionados com a missão e objectivos do museu e das suas políticas de aquisição e comunicação1.
1 As categorias principais estão, actualmente, a ser definidas criteriosamente e de acordo com normas
adquiridos para serem utilizados e manuseados no âmbito de programas educativos.
3. Arquivos: incluindo qualquer e toda a documentação relacionada com a história do Hospital
Geral de Santo António: correspondência, registos, políticas e procedimentos, etc.
A vantagem de criar um museu virtual ao mesmo tempo que se desenvolve a sua materialização no espaço físico relaciona-se, sobretudo, com a possibilidade de:
disseminar informação sobre o estudo de colecções;
avaliar previamente alguns conceitos, programas e conteúdos (nomeadamente educativos); cativar e fidelizar públicos próprios;
alargar a oferta educacional e cultural da instituição;
participar numa estratégia de marketing que envolva a própria história / memória da instituição;
e dar visibilidade ao trabalho de preservação da memória em que se tem investido recentemente.
Em termos de categorização, as abordagens mais recentes em relação a esta temática sugerem que os museus com colecções deste tipo se enquadram no contexto dos museus de ciências físicas e tecnológicas, revelando a sua natureza híbrida que se torna ainda mais complexa quando
consideramos o primeiro eixo temático relacionado com a memória da instituição e, por isso, mesmo assumindo contornos de museu de história social.
Assim, podemos apontar como valores essenciais: Comprometimento com a missão
Autenticidade (colecções, memória, investigação)
Excelência (salvaguarda, criatividade, inovação, autoavaliação, ética) Educação e inovação
Serviço público e responsabilidade social
E como visão fundadora, a celebração da criatividade e inovação humana (e porque não do serviço público?) de forma a envolver, informar e inspirar públicos diversificados. É pois uma visão
profundamente humanista que aqui se propõe.
em Museologia a apresentar na FLUP. Ver também o seu documento de caracterização temática geral das colecções.
A missão do museu é celebrar a memória da instituição e da medicina e promover a literacia em torno dos temas da saúde
Objectivos programáticos gerais:
Coleccionar, preservar, expor e interpretar objectos e documentos de todo o tipo (incluindo testemunhos orais) relacionados quer com a memória da instituição quer com a sua investigação e práticas médicas e de enfermagem;
Desenvolver políticas de preservação, investigação, gestão e comunicação destas colecções guiadas por princípios deontológicos e relacionadas quer com a missão e objectivos do museu quer com as políticas de investigação, ensino e serviço público da instituição em geral. Para além disso devem ser também desenvolvidos manuais de procedimentos que contemplem as diferentes áreas de intervenção;
Oferecer programas e serviços para a educação e entretenimento dos mais diversificados tipos de públicos, incluindo estudantes e profissionais de saúde;
Utilizar de métodos de exposição inovadores demonstrativos da riqueza das colecções e dos conhecimentos;
Promover programas de comunicação que encorajem a experiência, a descoberta e o desenvolvimento da criatividade e competências de cada um;
Adquirir reconhecimento como leader entre os museus relacionados com o tema da saúde;
Apresentar e interpretar inovações no campo dos cuidados e das ciências médicas; Promover a discussão, compreensão e apreciação das questões relacionadas com a área da saúde, disponibilizando um espaço-fórum para o debate crítico;
Sendo um hospital de excelência e inovador, utilizar criativamente as novas tecnologias; Accionar mecanismos de parcerias criativas com instituições culturais, educativas, empresas e outras;
Públicos potenciais:
Profissionais e estudantes da área da saúde Escolas
Consumidores do corredor cultural
Visitas de doentes / utentes Comunidades vizinhas do hospital
Grupos com interesses especiais (por exemplo associações relacionadas com determinados tipos de doenças)