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Foto 05 – Local das Atividades (corredor de um salão paroquial

4 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O IDOSO

4.2 POLÍTICAS NACIONAIS PARA O IDOSO

4.2.1 Política Nacional do Idoso

família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança, em caso de desemprego, doença,invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora do seu controle. Em 1990, com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) é reafirmado este direito do cidadão, por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. Por meio desse dispositivo legal, assegura-se o acesso universal e equânime a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, garantindo a integralidade da atenção, indo ao encontro das diferentes realidades e necessidades de saúde da população e dos indivíduos. A proposição do SUS considera um modelo de atenção à saúde que prioriza a descentralização, a universalidade, a integralidade da atenção, a equidade e o controle social, ao mesmo tempo em que incorpora, em sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar as demandas populacionais pelo acesso a serviços de saúde.

Cabe aqui destacar o Programa Saúde da Família (PSF) como parte integrante do SUS. Ainda que não tenha sido pensado exclusivamente para o atendimento às pessoas idosas, desenvolve ações para esse grupo etário. Foi criado em 1994 pelo Ministério da Saúde com o objetivo de reorganizar a prática assistencial, imprimindo nova dinâmica aos serviços de saúde e estabelecendo uma relação de vínculo com a comunidade, humanizando esta prática direcionada à vigilância na saúde, na perspectiva da intersetorialidade. Denomina-se então, a partir daí, a Estratégia Saúde da Família (ESF).

As ações desenvolvidas pela Estratégia Saúde da Família introduzem um novo conceito de saúde e doença, priorizando a família em seu ambiente. Prioriza, além de ações de tratamento e recuperação, ações preventivas e de incentivos aos cuidados básicos com a saúde e torna-se um marco importante para o desenvolvimento de ações específicas para os idosos, dentre as quais se destacam algumas políticas a serem apresentadas a seguir.

4.2.1 Política Nacional do Idoso

Promulgada em 1994 pela Lei nº. 8.842/94 e regulamentada em 1996 pelo Decreto nº 1.948/96, a Política Nacional do Idoso (PNI) assegura direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para a promoção de sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS. A PNI destaca que o Estado e a família são os maiores responsáveis por assegurar ao

idoso sua cidadania e participação na comunidade, o que influenciará positivamente o seu bem estar social.

Para tanto, ocupa-se em estabelecer diretrizes que viabilizem, de formas diversas, a participação e convivência dos idosos com diferentes grupos geracionais, bem como a formulação e implementação de planos, programas e projetos a serem desenvolvidos. Destaca ainda, a importância de o idoso permanecer em seu lar ou junto aos seus familiares, em detrimento das Instituições de Longa Permanência para Idosos, com exceção daqueles casos em que o idoso sofra algum tipo de violência ou que não possua condições que garantam a sua sobrevivência.

No intuito de assegurar a sua implementação, a Política Nacional do Idoso entende que várias áreas de conhecimento devem se fazer presentes na elaboração e materialização dessa política, cada uma com elementos específicos, que somadas trarão uma condição menos marginalizada e mais valorizada para a população idosa. Sendo a política pública para o idoso uma ação coordenada multidisciplinar, o Artigo 10º da Lei que institui a PNI define em que cada uma das sete áreas de intervenção pode contribuir para um melhor envelhecimento. Assim, institui como possibilidades de intervenção as seguintes áreas:

I – Área de Promoção e Assistência Social

a) Prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, contando com a participação da família, da sociedade e do governo;

b) Incentivar a criação de centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas de trabalhos e outras que possam manter o idoso em convivência com outros e em atividade;

c) Promover ações acadêmicas e científicas sobre o envelhecimento;

II- Área da Saúde

a) Garantir atendimento de saúde nos diversos níveis (primário, secundário e terciário);

b) Adotar e fiscalizar normas de funcionamentos às instituições geriátricas e similares, de forma que garanta a integridade dos idosos.

d) Desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúdes do Estado, Município e Distrito Federal;

e) Incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos nacionais, estaduais e municipais;

f) Realizar levantamento epidemiológico para fins de prevenção e tratamento das enfermidades que mais acometem os idosos.

g) Criar serviços alternativos de saúde.

III- Área da Educação

a) Adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados aos idosos;

b) Inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis de ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto;

c) Desenvolver programas educativos de informação sobre o envelhecimento; d) Desenvolver programas que adotem modalidades de ensino a distância, adequados às condições dos idosos;

e) Apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso ao saber.

IV- Área de Trabalho e Previdência social

a) Garantir mecanismos que impeçam a discriminação quanto a sua participação no mercado de trabalho;

b) Priorizar o atendimento ao idoso nos benefícios previdenciários; c) Criar e estimular a manutenção de programas para a aposentadoria.

V- Área de Habitação e Urbanismo

a) Incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, cons iderando seu estado físico e sua independência de locomoção;

c) Diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas.

VI- Área da Justiça

a) Promover e defender os direitos da pessoa idosa;

b) Zelar pela aplicação das normas sobre o idoso, determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos.

VII- Área de Cultura, Esporte e Lazer

a) Garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;

b) Propiciar aos idosos o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional;

c) Incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem a participação na comunidade.

Aqui, chamamos atenção para as áreas de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, as quais, além de estarem diretamente ligadas com o nosso objeto de pesquisa, podem tecer contribuições para uma velhice bem sucedida, a partir do momento que se faz apta a esclarecer e a abrir espaço para a inserção das pessoas idosas em seus respectivos programas, contribuindo para a descoberta de novos potenciais advindos da experiência de vida, da maturidade e da forma de ser e estar no mundo.

No que tange à Educação, destacamos o apoio do governo à criação de universidades abertas para a terceira idade, como um meio de universalizar as diferentes formas de saber, bem como “[...] o desenvolvimento de programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequadas às condições do idoso, compatibilizando currículos, metodologias e material didático destinado a essa faixa etária.” (OLIVEIRA, 2007, p. 281).

A Política Nacional do Idoso é mais que um documento oficial que nos faz refletir porque nos leva a atentarsobre a urgência de um cenário que exige mobilização de diversos setores sociais e governamentais, não cabendo mais silenciar sobre essa população e suas demandas. Não atentar para esse chamado é alimentar o preconceito e descaso com o qual a velhice foi tratada em séculos passados, bem como perder a oportunidade de se promover

avanços no desenvolvimento político, econômico e social, tendo em vista que essas pessoas têm muito a contribuir para si e para a sociedade.