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Foto 05 – Local das Atividades (corredor de um salão paroquial

5 CONSTRUÇÃO DO PERCURSO METODOLÓGICO: TRILHAS E

5.4 PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

Compreendemos que a pesquisa científica, numa abordagem qualitativa, requer do pesquisador idas e vindas, num movimento dialético que se consolida com os achados e as reflexões tecidas sobre os mesmos ao longo do processo investigativo. Desta forma, durante a investigação, respeitamos os pressupostos e as fases da pesquisa qualitativa sugeridos por Minayo (2008) que diz ser esta composta por três fases: a) fase exploratória, na qual o pesquisador amadurece o objeto de estudo e delimita o problema de investigação; b) fase de

coleta de dados, em que se recolhem as informações que respondem ao problema e c) a fase de análise de dados, na qual se faz o tratamento por inferências e interpretações, dos dados coletados.

Assim, considerando os pressupostos da pesquisa qualitativa, elegemos a Análise de Conteúdo como uma técnica para o tratamento dos dados coletados a partir das falas dos professores entrevistados, das respostas dos idosos aos questionários aplicados e dos registros das observações de aula realizadas.

Para Bardin (2009, p.33), “a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações” que nos permite analisar as mais variadas formas de comunicação, tendo como objetivo compreender, por meio da inferência, o que está por trás das palavras. Essa mesma autora, anuncia que o ponto de partida para os pesquisadores que elegem a técnica de análise de conteúdo para o tratamento e interpretação dos dados coletados é a mensagem, seja ela, falada, escrita, gestual, simbólica ou até mesmo silenciada.

Em Minayo (2008) encontramos diferentes tipos de análise de conteúdo: de expressão, das relações, de avaliação, de enunciação e categorial temática. Para tanto, ao nos debruçarmos para o tratamento dos dados da presente investigação, nos pautamos pela análise do tipo categorial temática, por compreender que essa técnica de análise permite revelar os núcleos de sentido do corpus resultante de todo o processo de investigação.

Fazer uma análise temática, segundo Minayo (2008, p. 316) “consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico visado.” (grifo nosso). Assim, destacamos ser necessário que o processo de análise tome como referência as seguintes fases da Análise de Conteúdo: pré-análise, exploração do material; tratamento dos resultados, inferência e interpretação (MINAYO, 2008).

Tomando como referência o estudo de Souza Júnior (2010), trazemos o quadro a seguir, como uma possível forma de organização das etapas de análise sugeridas por Minayo (2008). Destacamos que cada investigação tem suas particularidades, não podendo ser esta interpretada de maneira estanque e engessada, e sim como um roteiro didático para nos orientar no momento de tratarmos os dados coletados, permitindo-nos idas e vindas, nas aproximações, distanciamentos e até entrelaçamento desses dados.

Quadro 02 – Etapas da análise de conteúdo

ETAPAS INTENÇÕES AÇÕES

1ª etapa Pré- análise

1- Retomada do objeto e objetivos da pesquisa; 2- Escolha inicial dos

documentos; 3- Construção inicial de indicadores para análise: definição de unidades de registro- palavras-chave ou frases; e de unidade de contexto – delimitação do contexto (se necessário)

1- Leitura flutuante: primeiro contato com os textos,

captando o conteúdo

genericamente, sem

maiores preocupações

técnicas;

2- Constituição do corpus: seguir normas de validade: a) Exaustividade- dar conta do roteiro;

b) Representatividade – dar

conta do universo

pretendido;

c) Homogeneidade –

coerência interna de temas, técnicas e interlocutores; d) Pertinência- adequação ao objeto e objetivos do estudo. 2ª etapa Exploração do material 1- Referenciação dos índices e a elaboração de indicadores – recortes do texto e categorização; 2- Preparação e exploração do material – alinhamento. 1- Desmembramento do texto em unidade categorias- inventário (isolamento dos elementos);

2- Reagrupamento por

categorias para análise posterior – classificação

(organização das

mensagens a partir dos elementos repartidos).

3ª etapa

Tratamento dos dados e interpretação 1- Interpretação dos dados brutos (falados); 2- Estabelecimento de quadros de resultados, pondo em relevo as informações fornecidas pelas análises.

1- Inferências com uma

abordagem

variável/qualitativa,

trabalhando com

significações em lugar de inferências estatísticas.

Fonte: Souza Júnior et all (2010).

Na pré-análise, reunimos os documentos que compuseram o nosso corpus fazendo uma leitura criteriosa dos documentos e das observações de campo e, uma escuta atenta das entrevistas. É nesse momento, que o investigador deve se perguntar sobre a relação existente entre as etapas realizadas e, para isso, Minayo (2008, p. 316) afirma “ser imprescindível a elaboração de indicadores que o orientem na compreensão e na interpretação final.”. No caso

da nossa pesquisa, tivemos como foco as informações referentes à prática pedagógica dos professores de Educação Física em intervenções com idosos. A partir de então, determinamos as unidades de registro (palavras-chave ou frase) e as unidades de contexto39.

Quadro 03 - Indicadores para Análise de Conteúdo

INDICADORES

Elemento central: trato com o conhecimento – prática pedagógica dos professores de Educação Física em intervenções com idosos;

Operacionalização: análise da prática pedagógica dos professores de Educação Física nas intervenções com idosos (organização, sistematização, materialização);

Categorias analíticas: Educação Física, prática pedagógica, envelhecimento, idoso e velhice bem sucedida.

Categorias empíricas: concepções de idoso, saberes da prática pedagógica dos professores de Educação Física nas intervenções com idosos, atividades vivenciadas pelos idosos no programa Academia da Cidade do Recife.

Fonte: Minayo (2008)

Em seguida, na fase exploratória, buscamos alcançar o núcleo de compreensão do texto, selecionando as categorias “[...] que são palavras e expressões, em função das quais o conteúdo de uma fala será organizado.” (MINAYO, 2008, p. 317). A categorização, segundo Bardin (2009, p. 59), “é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação, seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos”. Para essa mesma autora, a criação de categorias é “ponto crucial da análise de conteúdo.” (BARDIN, 2009, p. 59).

Minayo (1998) considera dois grupos de categorias: analíticas e empíricas. Considera as categorias analíticas como aquelas que retêm historicamente as relações sociais fundamentais e podem ser consideradas balizas para o conhecimento do objeto nos seus aspectos gerais. Elas mesmas comportam vários graus de abstração, generalização e de aproximação. Assim, “educação física”, “prática pedagógica”, “envelhecimento”, “idoso” e “velhice bem sucedida”, foram delimitadas como as nossas categorias analíticas, subsidiando a compreensão e amadurecimento do nosso objeto de estudo, bem como orientando e fomentando o corpo teórico e os estudos de campo.

As categorias empíricas são aquelas construídas com finalidade operacional, visando a organização dos dados coletados durante o trabalho de campo (a fase exploratória).

39 “Unidade de contexto (a delimitação do contexto de compreensão da unidade de registro), os recortes, a forma de categorização, a modalidade de codificação e os conceitos teóricos mais gerais (tratados no início ou levantados nessa etapa, por causa da ampliação do quadro de hipóteses ou pressupostos) que orientarão a análise.” (MINAYO, 2008, p. 317).

Elas têm a propriedade de conseguir apreender as determinações e especificidades que se expressam na realidade empírica (MINAYO, 2008, p. 94).

A elaboração de categorias, em análise de conteúdo, exige do pesquisador, um olhar atento ao objeto e problema de pesquisa, sendo um “processo longo, difícil e desafiante” (BARDIN, 2009, p. 59). Foi respeitando as etapas e os critérios de construção de categorias de análise sugeridos por Bardin (2009) e Minayo (2008) que, cuidadosamente, fomos decompondo o conteúdo das falas dos professores advindas das entrevistas, e das respostas dos idosos ao questionário de caracterização e entrevista. Esses dados foram isolados entre si e, em seguida, fizemos uma classificação dos mesmos, delimitando as seguintes categorias de análise: concepções de idoso, os saberes da prática pedagógica dos professores de Educação Física nas intervenções com idosos, atividades vivenciadas pelos idosos no Programa Academia da Cidade do Recife.

Quadro 04 - Categorias de Análise e seu Descritor

CATEGORIA DESCRITOR

Concepções de Idoso

Essa primeira categoria advém tanto do nosso referencial teórico quanto dos discursos dos professores. Leva-nos à compreensão de como o idoso vem sendo percebido pela sociedade, em culturas e tempos distintos, incluindo a atualidade. Para tanto, destacamos o olhar dos professores que realizam intervenções com esses idosos no contexto do Programa Academia da Cidade do Recife.

Saberes da prática pedagógica do professor de Educação Física em intervenções com

idosos.

Da fala dos professores, obtidas por entrevista, e também das respostas dos questionários aplicados aos idosos, buscaremos os saberes que subsidiam essa prática e os saberes que resultam dessa prática, podendo ser esses saberes de natureza: social, cultural, profissional, curricular, disciplinar, experiencial.

Atividades vivenciadas pelos idosos no programa Academia da Cidade do Recife

Essa categoria surge das observações e das respostas dos idosos ao questionário de caracterização. Visa identificar quais as práticas mais frequentes vivenciadas pelos idosos e qual a relação que essas apresentam com os elementos necessários à velhice bem sucedida.

A terceira e última etapa da Análise de Conteúdo sugerida por Minayo (2008) é o tratamento e interpretação dos resultados obtidos. Desta forma, após seleção cuidadosa das categorias de análise, partimos para o tratamento dos dados, momento em que foram realizadas inferências e interpretações, dialogando com o quadro teórico, construindo textos

argumentativos, analíticos e críticos, inserindo, na íntegra, recortes das falas dos professores entrevistados e das respostas dos idosos ao questionário, articulando-os ao nosso referencial teórico e às nossas impressões, procurando atender as solicitações do nosso objeto de estudo.

6 DESVELANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DE