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4. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

4.5 Políticas Públicas e sociedade – Iniciativas

A partir da I Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, organizada pela ONU em 1980, diversos países começaram a tomar atitudes visando à melhoria das condições de vida das pessoas idosas. No Brasil, tendo o início efetivo da ação governamental a partir de 1993 com a lei 8.742 (Lei de Assistência Social; em 1994 com a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842), tendo o ápice com o Estatuto do Idoso (10.751/03), que, juridicamente é a maior ferramenta em defesa dos direitos relativos à terceira idade.

A partir de então, governos de todo o país (em todos os níveis – Federal, Estaduais e Municipais) vêm criando projetos, inserindo as questões da terceira idade em suas agendas.

Seguem dois exemplos de ações voltadas para a terceira idade, que são referências nacionais nas áreas pública e privada: a Universidade da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unati/UERJ) e os trabalhos prestados pelo Serviço Social do Comércio (SESC) - instituição pioneira no Rio de Janeiro a se dedicar ao atendimento não-assistencial de idosos.

França (1992) destaca ainda outras iniciativas tais como a Legião Brasileira de Assistência (LBA) e a Fundação Leão XIII, que possuem cunho assistencialista, além dos “núcleos de convivência e os fundos de solidariedade organizados por algumas administrações municipais e estaduais”. UNATI/UERJ – é um centro de convivência, localizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cujas atividades tiveram início em 1993. Foi idealizada pelo Dr. Américo Piquet Carneiro juntamente com uma equipe multidisciplinar. Setor constituído dentro da universidade com o objetivo de produzir pesquisas de desenvolvimento na área do envelhecimento, abrindo

uma porta para a profissionalização de recursos humanos especializada em idosos. A UNATI traz a formação, a pesquisa e o desenvolvimento de técnicas para o cuidado dos idosos. Constrói uma visão completa da condição social do idoso, não se limitando às questões de saúde clínica (física), mas ao desenvolvimento do indivíduo idoso tanto psicologicamente quanto intelectualmente. Busca sua independência e ressocialização, desenvolvendo sua autoestima. Ainda existe uma carência de estudos sobre o tema do envelhecimento. Porém, outros centros educacionais, inspirados na iniciativa da UERJ têm construído setores voltados ao estudo e desenvolvimento na área do envelhecimento.

SESC – as atividades do SESC voltadas para a terceira idade tiveram início nos anos 1960. Em 1963 foi criado em São Paulo o primeiro Grupo de Idosos. Este foi o primeiro grupo brasileiro de atendimento aos idosos de forma sistematizada. Hoje ele atende em torno de 150 mil pessoas desta faixa etária em todo Brasil. Os centros de convivência do SESC promovem cursos em diversas áreas, como informática, línguas, artes, voltados para atualização e desenvolvimento pessoal. Como na UNATI, um dos objetivos é a promoção da autoestima, da independência, da inclusão social e do estreitamento no relacionamento entre os idosos e as outras gerações (de crianças e jovens), e produção de conhecimento da área da Gerontologia Social.

O final do século XXe início do XXI são marcados por uma mudança radical do comportamento social. O desenvolvimento trouxe mudanças na ciência e na qualidade de vida, refletindo na longevidade do ser humano. As mudanças culturais também influíram no surgimento de uma nova postura das pessoas idosas que desejam participar ativamente da vida em comunidade, independente de quaisquer formas de limitação (física ou intelectual). Esclarece Lima (2001, p.35)

“O aumento da participação social dos idosos e o surgimento de novas

representações sobre a velhice e o envelhecimento não podem ser explicados unicamente pelo envelhecimento da população, pois são reflexos de mudanças que implicam redefinições das formas de periodização da vida, das categorias etárias que recortam a organização da sociedade e a revisão das formas tradicionais de gerir a experiência de

envelhecimento. Um processo de “politização”, com características próprias das

sociedades contemporâneas, está alçando a velhice à dimensão pública, tornando mais evidentes os mecanismos e os agentes de sua construção social, bem como explicando o

papel desempenhado por cada um deles: o Estado – através de políticas sociais -, o saber

científico institucionalizado e as pessoas idosas.”

E ainda, como destaca Dutra (1996)

“(...) as pessoas em geral não têm mais como objetivo de final de vida o ócio.

Pelo contrário, as pessoas estão cada vez mais empenhadas em se tornar úteis e usufruir a vida. Quanto mais as pessoas têm consciência de si próprias, mais este movimento se intensifica.”

O alargamento das liberdades individuais e a ampliação dos direitos sociais, frutos de uma redemocratização, têm trazido a nós uma sociedade mais combativa, que, ainda que limitadamente, se desenvolve, pouco a pouco, no nível da organização coletiva pela luta por seus direitos, pela participação mais efetiva nas decisões políticas, por uma cidadania integral na construção de uma sociedade mais justa e equânime. Este movimento se reflete em todos os níveis sociais e em todas as faixas etárias. Não fica apartada disto a Terceira Idade que tem obtido relevantes conquistas frente às organizações governamentais, e ações solidárias junto à iniciativa privada. Aparte às organizações estruturadas é possível encontrar exemplos em todo o país de idosos que se unem para discutir os temas de seu interesse e buscar soluções em associações, grupos de debates, fóruns, igrejas e diversos sites e comunidades eletrônicas.

Este capítulo tratou dos principais assuntos que permeiam a realidade da terceira idade. Partindo de dados estatísticos que espelham a alteração no perfil populacional, levanta os variados reflexos que geram em diversos setores da sociedade.

O capítulo seguinte volta o foco à organização. Após se perceber que a questão da longevidade atinge a todos os setores da sociedade, este trabalho foca em um determinado setor: a organização pública federal. Identifica como este movimento tem se refletido nas relações de trabalho em uma empresa. Assim, ele trata da organização, no caso o IBGE, de sua estrutura e características.