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7.2. ANÁLISE DO GRUPO FOCAL

7.2.3 Pontos fortes e a melhorar na geração Z

Com relação aos pontos fortes discutidos entre os participantes do grupo focal, conseguiu-se resumir os resultados para constatação a seguir:

Figura 11 – Nuvem de palavras: pontos a fortes na geração Z

O inconformismo foi uma palavra muito dita e discutida entre o grupo, no sentido de que os jovens da geração Z, diferente das demais, não se contentam com fatores sem resposta ou sem justificativa; muito além disso, não se conformam com organizações “quadradas”, enrijecidas e hierárquicas. Esses fatores os tornam extremamente questionadores e complementares às outras gerações:

É inconformado. Nossa geração é inconformada em todos os âmbitos, também sabe sonhar e agir, ser idealista e pragmático. A gente se enxerga como agente de mudança. (P4)

Esse inconformismo leva muito a gente buscar a satisfação, existem temas que chamam nossa atenção e cada vez chamam mais, como por exemplo a felicidade no trabalho, acho que a geração antiga não buscava tanto. (P3)

Ademais, o jovem é inconformado e extremamente ligado as causas motivadoras e propósitos para questionar e resolver problemas das organizações. Aliado a esse quesito, um fator muito importante discutido foi a questão do “sentir”, conforme descrito abaixo:

Acredito que já falaram muita coisa, mas o principal ponto é que essa geração sente muito. Não no sentido de chorar, mas quando ela sente, ela vai tomar como propósito e causa e vai entregar resultados para a organização e pelo contrário, quando ela não sente o processo de saída é muito natural e sem dor. (P2)

Concordo muito com o que P2 falou, o sentir move essa geração. O mais importante pra gente é a facilidade e a capacidade de dizer não que a gente tem. Se você está num canto que não faz mais sentido você somente diz não, com uma segurança que chega a ser assustadora… Nossos chefes nem imaginam. (P6)

Assim como explica Natalina Cinegaglia (2012), coordenadora dos cursos de Tecnólogo em RH e Marketing do Centro Universitário Celso Lisboa, afirma que a nova geração tem uma ideia de que é possível falar com alguém a qualquer hora e chegam a não respeitar a forma hierarquizada das organizações funcionarem, eles se consideram auto confiantes e suficientes, falam diretamente com o diretor com uma leveza enorme, de uma forma que o baby-boomer nunca faria.

Por esses motivos, o jovem encontra um ponto forte na ação e entrega de resultados. No entanto, o pré-requisito para que isso aconteça, na visão dos participantes, é o “sentir” e principalmente ver utilidade e sentido no que faz, sendo reafirmado com a fala dos participantes P7 e P5 com a visão de contribuição, diversidade e humanização:

Nós acreditamos que somos capazes de mudar as coisas, sabe? Nós acreditamos que o micro, mesmo que seja em pequena escala, pode ajudar muito nosso mundo. (P7)

Eu acho interessante que somos muito ambiciosos, lutamos mesmo pelo nosso melhor. A gente não se contenta com o não. O fato que principalmente nós mulheres que conseguimos chegar em lugares que no tempo da minha mãe era impossível (P5)

Nomura (2010) defende que a geração Z desiste fácil: “O lado positivo disso é que são muito velozes na realização de processos e são multitarefa por natureza. Em contrapartida, são muito dispersos e, por isso, tendem a desistir muito facilmente quando o desafio não é mais interessante”. Porém, há controvérsias, visto que, quando ela se vê desafiada por algo e com um propósito muito claro aliado ao trabalho, eles não desistem e ficam totalmente focados e engajados (CINEGAGLIA, 2012).

Todavia, nessa perspectiva, o senso de propósito ainda se faz muito presente e caracteriza o perfil da geração Z (RIFKIN, 2001). Os jovens da nova geração “mutável” sentem-se muito mais à vontade em gerenciar negócios e se engajar em atividades sociais no mundo. Chiavenato (2010) já defendia e dizia que as pessoas que executam trabalhos mais estratégicos e com situações mais desafiadoras estão bem mais satisfeitas com o trabalho; hoje, essa consideração se torna realidade e pode ser compreendida pela fala dos participantes do grupo focal em questão.

Em relação aos pontos a melhorar discutidos entre os participantes do grupo focal, foi possível resumir os resultados para constatação na figura 12.

Figura 12 – Nuvem de palavras: pontos a melhorar na geração Z

Como é possível aferir, a ansiedade, frustrações e aceitação são os principais pontos comentados e discutidos entre os participantes representantes da geração Z. Os comentários abaixo representam estas preocupações:

Com certeza é a ansiedade, a gente é muito ansioso! Isso acarreta várias outras coisas, mas isso atrapalha muito! (P5)

Sem dúvida nenhuma também é a ansiedade e isso acabou me gerando muita compulsão, principalmente na comida. (P1)

Ansiedade com certeza, eu acho que é um ponto muito fraco. Outro é lidar com as frustrações, acho que dizemos não muito fácil, sabe? Se não der certo ou não gostamos de algo que fazemos no trabalho, nós simplesmente dizemos não e não somos persistentes. (P3)

Em decorrência das análises das respostas e discussões do grupo focal em questão, a geração Z é considerada a mais ansiosa de todos os tempos, o que pode prejudicar e muito no desempenho, desenvolvimento de competências e permanência no trabalho. Ainda, como exposto por diversos autores, a ansiedade é fator contribuinte para a diminuição do apego às empresas em que trabalham, assim como aborda Ribas (2017 apud BRANDÃO, 2017, online): “esses jovens passam a se envolver mais com o propósito do trabalho do que com o fato de estar empregado e com a instituição em si’, ou seja jovens que se dedicam e se esforçam, mas não têm uma ligação emocional tão grande como antigamente.

De acordo com Levickaite (2010), esses jovens têm dificuldade em aceitar “não” como resposta e querem conquistar uma excelente carreira sem grandes esforços. Contudo, tais características não podem ser generalizadas para todos os membros dessa geração, tendo em vista que elas podem variar de acordo com o ambiente cultural, regional e social.

Em relação aos porquês dos jovens se mostrarem assim, o grupo focal gerou discussões profundas sobre esta temática:

Com certeza é a ansiedade, por conta desse contexto sabe? Nós não somos assim porque queremos ser, a tecnologia, a rotina de trabalho e a forma como fomos aprendendo a viver nos foi inserindo nesse contexto de ansiedade... (P6)

Complementando o que P3 falou, a depressão é a doença do século. Por que temos tanta necessidade e questões que envolvem o trabalho? Porque de alguma forma isso já foi bloqueado por muito tempo. Acabamos projetando isso na vida profissional, visto que temos muito mais tempo vivendo no trabalho e projetamos todas as realizações lá no trabalho. (P1)

Esses comentários e discussão se tornam relevantes e alarmantes quando se fala sobre saúde mental e as consequências que isso pode trazer aos jovens de hoje em dia, principalmente pois acometem e muito a geração Z em questão. Um relatório realizado pelo Centers for Disease Control and Prevention, segundo Alves (2019, online) aponta que

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre a Geração Z. A taxa de suicídio entre pessoas de 10 a 24 anos aumentou 56% entre 2007 e 2017 e o cenário já é considerado uma epidemia pior do que qualquer coisa que os milennials enfrentaram. (ALVES, 2019, online)

Ainda, o relatório indica que os jovens da geração Z passam por uma crise de saúde mental ainda pior que a geração anterior, fato alarmante e urgente que deve ser abordado em estudos e planos de ação, visto que em breve essa geração estará chegando a cargos de lideranças e isso demandará deles muito equilíbrio mental, por exemplo.

Outro ponto comentado na realização do grupo focal foi em relação ao imediatismo, conforme as falas abaixo:

Então, eu acredito que é uma geração imediatista. Pode ser positivo no sentido de que a gente tá sempre querendo mais, nunca estamos satisfeitos. Mas o lado ruim é que as vezes somos um pouco impacientes, nós chegamos e já queremos ser líderes da empresa em menos de 1 ano, as vezes não temos paciência de viver o tempo que precisamos viver. (P7)

Somos muito imediatistas e ansiosos. Inteligência emocional para saber lidar com alguns baques que mais pra frente vamos perceber que é super natural. A gestão do tempo também, nossa geração tem um certo conhecimento sobre isso, mas aplica muito pouco e acaba se fragilizando nesse sentido. (P2)

Como aborda Mendes (2012), no que se refere aos profissionais dessa geração, essa característica totalmente imediatista faz com que ele corra atrás de resultados também imediatos e a hierarquia naturalmente e comumente vertical, não faz mais sentido para a geração. O exposto justifica como esse ponto fraco, reconhecido como imediatismo, pode influenciar e tocar questões internas de motivação organizacional, fator já abordado nas questões acima, e sobre querer tudo muito rápido. Couto (2009) descreve que essa geração está disposta a pagar um alto preço pela rápida ascensão profissional.

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