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3. Súmula teórica conclusiva

4.4. População-alvo

A população que nos interessa estudar é aquela constituída por profissionais cujas ocupações requerem um nível considerável de conhecimento, que não se definem pelo dis- pêndio de esforço físico mas que se caracterizam pelo desempenho de tarefas mentais, técni- cas e relacionais, e cuja execução ocorre maioritariamente no interior de edifícios (específicos, como um hospital, ou genericamente em ambiente de escritório, como na sede de um empre- sa), e não em fábricas, oficinas, campos ou ruas. A população a estudar inscreve-se no que a literatura classifica usualmente como trabalhos mentais, uma vez que se constituem por exi- gências mentais e requerem preponderantemente esforço mental. Os trabalhos mentais são tipicamente desempenhados por trabalhadores de colarinho branco (white collar workers).

A designação trabalhadores de colarinho branco é de origem norte-americana, sendo uma das duas classificações usadas para distinguir tipos de trabalho e de trabalhadores: os

blue collar workers (trabalhadores de colarinho azul) e os white collar workers. Estas designa-

ções remetem para o vestuário dos dois tipos de trabalhadores: os primeiros identificam-se pelos colarinhos azuis, próprios dos fatos-macacos dos operários fabris, enquanto os segundos se identificam pelos colarinhos brancos das camisas (com ou sem gravata) dos empregados de escritório. Ou seja, partindo da analogia do colarinho, vemos representados dois mundos de trabalho distintos. O trabalho dos operários, que se desenrola em fábricas, na agricultura, na construção, mais centrado na produção, manutenção e ocupações semelhantes, é mais manual e depende mais do esforço físico. As principais capacidades físicas requeridas para este tipo de trabalho são a força (dinâmica, do tronco, estática, e explosiva), a flexibilidade (em extensão, e dinâmica), a coordenação corporal, o equilíbrio e o vigor. Por seu turno, as ocupa- ções que implicam mais trabalho mental e de escritório são menos rotineiras e estruturadas, requerem mais conhecimento e mais processamento de informação, e caracterizam profissio- nais e técnicos especializados, executivos e gerentes, vendedores e empregados de escritório ou administrativos (Herman & Abraham, 1998; Uslegal.com; Businessdictionary.com; Robbins, 1998). Robbins (1998) sintetiza as sete dimensões mais citadas das competências intelectuais usadas neste tipo de trabalhos: aptidão numérica, compreensão verbal, velocidade de perce- ção, raciocínio indutivo, raciocínio dedutivo, visualização espacial e memória.

Os trabalhos mentais, ou de colarinho branco, e os trabalhos manuais, ou de colarinho azul, aproximam-se, em termos conceptuais, do que Freire (1997) designou, respetivamente, por trabalho-saber e trabalho-força. Este autor diferencia três tipos de trabalhos: trabalho-

força, trabalho-saber, e trabalho-máquina. Interessam-nos apenas os dois primeiros, na medi-

da em que o trabalho-máquina se refere a tarefas realizadas por dispositivos técnicos em subs- tituição do trabalho humano, e o objeto do nosso estudo prende-se exclusivamente com o trabalho feito por pessoas.

O trabalho-força refere-se à utilização de energia “física e/ou mental” para a realização de tarefas “para certos fins úteis na organização do trabalho”(…); trata-se de “uma actividade [sic] simples, parcelar, com baixo nível de exigências intelectuais e de habilidades manuais ou corporais” que não requer “preparação, destreza ou aprendizagem especiais” (Freire, 1997, p.81). O trabalho-força sobrepõe-se ao trabalho braçal, no duplo sentido do termo: sobrepõe- se porque é um conceito mais vasto (pode haver trabalho-força sem uso de força física, como por exemplo o do vigilante da portaria de um prédio), e sobrepõe-se na medida em que se justapõe em sinonímia com o trabalho braçal, “naquilo que ele representa de dispêndio de

energia e de realização de trabalho” (Freire, 1997, p.81). Por seu lado, o trabalho-saber “é aquele cujo exercício exige absolutamente um processo prévio e mais ou menos longo de aprendizagem, quer ela tenha um carácter mais prático ou mais teórico, quer seja feita em escola ou no próprio processo de trabalho” (Freire, 1997, p.81). O trabalho-saber tem tendên- cia a ver aumentada a sua “efectividade [sic] (…) com o tempo, através da experiência prática, da reflexão e da experimentação” (p.81). Sendo mais complexo que o trabalho-força, o traba- lho-saber não exclui a actividade [sic] manual, integrando-a amiúde com a actividade [sic] inte- lectual, “embora assegurando sempre um nível razoável desta última” (p.82). Freire (1997, p.82) dá como exemplos de trabalho-saber os do “artesão”, “agricultor tradicional”, “artista plástico”, “escritor”, “professor”, “direcção [sic] e coordenação no seio das organizações de trabalho”, e “a actividade [sic] empresarial ou financeira”.

Em síntese, a população a estudar é a de profissionais de trabalhos-saber, de ocupa- ções mais mentais ou intelectuais que manuais ou braçais, e de colarinho branco (white collar

workers).

Pretendemos dividir a população em dois grupos: (1) profissionais de saúde, o que incluirá médicos, enfermeiros, e restantes técnicos de saúde, física e mental; e (2) não profis-

sionais de saúde, o que excluirá: (i) todos os profissionais de saúde, bem como aqueles que,

não o sendo, trabalhem nessa área; (ii), profissionais de trabalhos físicos (trabalho-força; blue

collar workers), e (iii) pessoas que não trabalhem. Utilizaremos preferencialmente as siglas PS

e NPS para os designar ao longo do texto. Esta utilização será preferencial, em abono da facili- tação da leitura do texto, mas não exclusiva; no caso concreto das titulações usaremos ambas as expressões por extenso.

Ao passo que os pontos (ii) e (iii) são relativamente inequívocos na sua condição de exclusão, o ponto (i) pode revelar-se controverso. Deste modo, é necessário operacionalizar os dois grupos de trabalhadores, mormente no que diz respeito a pessoas que trabalhem na área da saúde. Acrescentamos ainda os critérios de exclusão de sujeitos do presente estudo.

Profissionais de saúde

Para efeitos do nosso estudo, consideramos como PS os sujeitos que cumpram os seguintes dois critérios: (1) possuem formação legalmente exigível para serem profissionais de saúde (seja conferida por Ordens ou Associações profissionais, ou, na ausência desta última, por via académica ou de formação especializada); (2) estabelecem uma relação de ajuda com os doentes (ou utentes, pacientes, clientes).

O critério da relação de ajuda é decisivo. Trata-se de um conceito central no presente estudo, uma vez que a característica diferenciadora entre estes dois tipos de trabalho mental é precisamente a exigência de desempenhar as tarefas do mesmo no contexto de uma relação humana assimétrica porquanto uma das partes se encontra mais vulnerável. Isto não significa que os restantes profissionais não tenham de se envolver também em relações interpessoais em que uma das partes se encontre mais vulnerável; assumimos, porém, que essa vulnerabili- dade (1) se deva a outros fatores que não a saúde (por ex., hierarquia organizacional) e (2) não seja o motivo essencial da relação. Dum ponto de vista teórico, a exigência imposta pela rela- ção de ajuda distingue os PS dos demais trabalhadores de colarinho branco. Testar empirica-

mente esta diferença ao nível dos modos de coping é, justamente, um dos objetivos do nosso estudo. A bem da adequada operacionalização do conceito, entenda-se a relação de ajuda como uma relação humana face a face entre um cuidador (profissional de saúde) e uma pes- soa que necessita de cuidados de saúde (doente), que se encontra limitada, vulnerável ou angustiada, e que espera do cuidador alívio desse mesmo sofrimento e resolução do seu pro- blema. A relação de ajuda é marcada pelo estabelecimento de vínculos entre ambos, pela dis- ponibilização de determinadas características por parte do cuidador (por ex., atitude afetuosa e amigável, empatia, aceitação incondicional, etc.), pela experiência de certos sentimentos pelo doente (por ex., sentir-se compreendido, respeitado, seguro, etc.) e pela negociação de objetivos e tarefas (Ramos, 2008b; Bordin, 1979; Rogers, 1951/1974). Por fim, destacamos ser a relação de ajuda genérica a todas as profissões de saúde, independentemente da duração e da profundidade da mesma (como exemplos extremos, considere-se a relação de um psicote- rapeuta com um cliente, que se pode desenrolar ao longo de meses ou de anos, com grande profundidade, e a de um técnico de análises clínicas, que apenas se relaciona com o doente no tempo diminuto de uma recolha de sangue). Tendo em conta este critério central da relação de ajuda, referir-nos-emos aos PS também como cuidadores.

Neste quadro, excluem-se da categoria de PS os trabalhadores que, embora possuam quer a formação necessária, quer o estatuto para o serem, não estabeleçam uma relação de ajuda com os doentes para a prossecução e concretização das suas tarefas de trabalho. Como exemplo deste critério de exclusão, considere-se um enfermeiro que desempenha as funções de secretário clínico. Em termos de estatuto, trata-se de um profissional de saúde; porém, para o nosso estudo não o é, na medida em que não se envolve em relações de ajuda com os utentes.

Não profissionais de saúde

Para efeitos do nosso estudo, consideramos como NPS (por vezes, referimo-nos a eles também como outros profissionais ou não cuidadores) todos os restantes profissionais com trabalhos mentais (trabalho-saber; white collar workers). Distinguiremos estes profissionais de colarinho branco segundo a sua função, e não segundo a sua formação ou a classificação do seu trabalho. Assim, consideraremos três grupos de base: (1) profissionais com responsabili- dades de direção; (2) profissionais técnicos com responsabilidades executivas (isto é, operati- vas); e (3) profissionais com responsabilidades administrativas.

No fundo, podemos acrescentar que o que diferencia estes dois tipos de profissões mentais é o facto de os profissionais de saúde realizarem – mais do que os outros profissionais de colarinho branco – um trabalho emocional (Hochschild, 2012), ou seja, em que uma parte substancial do trabalho é de natureza emocional.

Critérios de exclusão

Os critérios de exclusão são (1) não desempenhar qualquer trabalho à altura da reali- zação do estudo, o que inclui estudantes, desempregados e reformados, e (2) desempenhar trabalhos físicos, ou trabalho-força, ou blue collar workers e similares (isto é, que não sejam exclusivamente white collar workers).

4.5. Procedimentos de recolha de dados

A recolha de dados fez-se através de meios informáticos (envio de correio eletrónico e recolha de dados em interface informático), de forma a reduzir custos (com impressão em papel, deslocações, etc.), minimizar o tempo de preenchimento do questionário (de forma a aumentar a taxa de resposta) e maximizar o tratamento dos dados (com a inserção automática das respostas dos participantes numa base de dados). Para mais, o uso de meios informáticos é uma das características operacionais do trabalho dos profissionais de colarinho branco, estando largamente (senão mesmo, totalmente) disseminado o uso de correio eletrónico nes- sa população, bem como requerida a priori um nível de literacia informática suficiente para participar no estudo. Dados os objetivos do estudo, a população a estudar e os procedimentos de recolha de informação, seguimos um método de amostragem não probabilística que, por força de harmonização dos acessos às diferentes populações, consideramos dever designar de conveniência. Com efeito, não havendo aleatorização dos sujeitos e permitindo-se a estes a liberdade de participar ou não no estudo, a amostra resulta ser constituída por conveniência. No entanto, como todos os participantes receberam indicação para reencaminhar o acesso ao questionário a pares das populações a estudar, estamos convictos de que, pelo menos em algumas populações (por ex., os nutricionistas), terá havido amostragem por snowball.

Os três questionários foram agrupados num inquérito alojado online, no URL http://questionarios.ua.pt/index.php?sid=37879&lang=pt. A construção desta plataforma foi da responsabilidade dos sTIC, serviços de Tecnologias de Informação e Comunicação da Uni- versidade de Aveiro, e para o efeito foi utilizado o programa Limesurvey. As regras operativas da plataforma definiam como optativa a resposta aos itens da escala COPSOQ, por se ter admi- tido que alguns deles pudessem não se aplicar a determinados sujeitos (por ex., psicoterapeu- tas trabalhando sozinhos ou em casa). Posteriormente, o inquérito em linha foi testado duran- te dois meses (de 27 de setembro a 28 de novembro de 2011), por um grupo de 11 pessoas. Este grupo era constituído pelo candidato, pelos dois orientadores, por quatro investigadores (uma bolseira e três docentes universitários experts em metodologia da investigação, cada um de uma área diferente: Psicologia, Ciências da Saúde e Matemática), uma socióloga, um psicó- logo da área da avaliação psicológica, um responsável pela área da segurança de um grupo económico português de grande dimensão, e um técnico de Tecnologias da Informação e Comunicação, especialista em user experience (experiência do utilizador de interfaces informá- ticos). Procurámos que este grupo cobrisse todo o tipo de questões que o inquérito pudesse originar, desde as teóricas, metodológicas e estatísticas, passando pela funcionalidade do preenchimento do inquérito online, até à sua adequação, no tamanho e na linguagem, à popu- lação a ser estudada.

O período de testes ao inquérito em linha serviu para realizar pequenos ajustes (como a reformulação de partes do texto das instruções iniciais), detetar um item repetido e substi- tuir pelo que estava em falta, fazer alguns arranjos gráficos possíveis, discutir algumas opções do programa passíveis de redundância ou confusão, ainda que incontornáveis (como por

exemplo, sair e limpar questionário), detetar regras operativas em falta, e até questionar a formulação frásica de alguns itens. Um dos elementos que testou o inquérito, por exemplo, questionou a formulação do item 8 da escala COPSOQ (o seu trabalho exige emocionalmente

de si?). Aceitando que uma formulação alternativa – como o seu trabalho é emocionalmente exigente? – se revelasse mais adequada, decidimos manter o item, no sentido de respeitar a

versão portuguesa do instrumento e a bem de uma mais apropriada comparação de resultados entre este estudo e outros. Esperamos para ver se o comportamento estatístico deste item suportará a nossa decisão, ou se aconselhará a fazer esta alteração na construção do item. A título de curiosidade, referimos uma outra questão pertinente levantada, que foi a crise eco- nómica que se vive no país, e em concreto a possibilidade das respostas a alguns itens pode- rem ser condicionadas pela mesma.

Pensamos que a revisão destes especialistas assegura que o inquérito está bem prepa- rado, e nas melhores condições em que podia estar. De uma forma geral, as opiniões foram “está claro para um utilizador”, com uma “linguagem clara”, “não vejo grandes dificuldades em preencher o questionário”, “muito claro e bem organizado”, “agradável de preencher”, “é daqueles questionários bem preparados, bem pensados”.

A versão final e completa do inquérito, com o aspeto gráfico e o modo de preenchi- mento (por cliques com o rato) definidos pelo programa Limesurvey, tal como disponibilizada no URL acima identificado, compunha-se do seguinte:

(1) Uma página com uma breve apresentação do estudo e o espaço para assinalar o consenti- mento informado (sobre o qual nos pronunciaremos de seguida, a propósito da conformidade ética do estudo). Relativamente à apresentação do estudo, optámos por a fazer de uma maneira sucinta, de modo a que a sua leitura fosse rápida. Também para aumentar a probabi- lidade de adesão dos sujeitos ao estudo, oferecemos a possibilidade de, a seu pedido, recebe- rem um resumo dos resultados no fim do mesmo. Para o efeito, teriam de indicar um endere- ço eletrónico para o qual o candidato se comprometia a enviar o resumo dos resultados gerais do estudo. Com esta medida, pretendíamos ainda gratificar a participação das pessoas e obviar a uma queixa recorrente de quem é convidado a responder a inquéritos, e que é não ser informado do resultado dos mesmos;

(2) Uma página para recolha dos dados sociodemográficos.

(3) Os três questionários, pela seguinte ordem: ICT, Brief COPE e COPSOQ II – Versão Média; (4) Na página final, um campo para os participantes indicarem um endereço eletrónico caso desejassem receber o resumo dos resultados do estudo e, por fim, outro campo destinado ao registo facultativo de comentários sobre o estudo, o tema ou o inquérito.

Apresentamos nos Anexos a versão completa do inquérito, tal como foi enviada para tratamento informático no programa Limesurvey pelos sTIC, serviços de Tecnologias de Infor-

4.5.1. Conformidade ética da recolha de dados

Os sujeitos foram convidados a participar no estudo por correio eletrónico, através de uma mensagem que apresentava sucintamente o candidato e o estudo, os reencaminhava para a página em linha com o questionário (bastando para isso clicar na hiperligação disponibi- lizada), e ainda solicitava que, individualmente, reencaminhassem o email para pessoas das suas relações que se enquadrassem na população a estudar. A amostra foi constituída recor- rendo ao apoio de associações profissionais (por ex., Ordem dos Enfermeiros, Associação Por- tuguesa de Fisioterapeutas, etc.) e de organizações (instituições e empresas), aos quais era solicitado o envio ou reencaminhamento aos seus associados ou colaboradores da mensagem de convite para participar no estudo. Adicionalmente, a mensagem eletrónica foi enviada também a contactos pessoais do candidato que se enquadrassem na população a estudar. Procurámos conjugar três imperativos nestes contactos-convites, a saber: (1) abrangência, o que, no caso dos profissionais de saúde, nos levou a contactar as ordens e associações profis- sionais disponíveis, de modo a abarcar todos os profissionais de saúde; (2) boa vontade (e até mesmo amizade), no sentido de assegurarmos a melhor receção possível ao nosso pedido, o que nos levou a contactar, no caso dos outros profissionais, empresas e instituições em que havia conhecimento pessoal do candidato, bem como a solicitar não apenas a participação, mas sobretudo o reencaminhamento do convite por antigos alunos a colegas docentes em institutos politécnicos e universidades que lecionassem cursos de saúde; e (3) respeito pelas limitações legais e princípios éticos que este tipo de estudo implica. Neste sentido, foi investi- gada a necessidade de solicitar um parecer à Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) sobre a conformidade legal da recolha e do tratamento dos dados do presente estudo, uma vez que o mesmo se processa por meios informáticos. Muito embora a finalidade da presente recolha de dados não se inscreva no espírito da Lei N.º 67/98, de 26 de outubro, que regula a proteção das pessoas singulares relativamente ao tratamento e circulação (na União Europeia) dos seus dados pessoais, considerou-se não haver lugar à necessidade de parecer prévio da CNPD porque, tendo em conta o artigo 3.º, alínea a), os sujeitos que participam no estudo não são identificados ou identificáveis por nenhuma das formas, diretas ou indiretas, aí descrita.

Os imperativos éticos decorrentes deste tipo de estudo foram escrupulosamente observados. Assegurámos a (1) liberdade de não participar no estudo e o (2) consentimento dos participantes quanto à utilização dos seus dados, mediante a garantia de (3) confidenciali- dade dos sujeitos e da informação prestada, e da (4) fidelidade, rigor e responsabilidade do estudo, bem como da (5) bondade e benefício dos objetivos do mesmo.

O pequeno texto de apresentação do estudo, na página inicial do questionário, assegu- ra os supracitados pontos (3), (4) e (5). Após esse texto, os participantes são convidados a assi- nalar o seu consentimento informado, através da questão Dá o seu consentimento para a

colaboração nesta investigação?, com resposta de escolha forçada. Se a pessoa não pretender

participar pode, lógica e imediatamente, desligar a página (fechar a janela), mas se responder

Não, surge uma nova questão solicitando a confirmação da resposta e reafirmando a pertinên-

cia do estudo. Julgamos que esta forma de obter o consentimento assegura os supramencio- nados pontos (1) e (2). Excluímos de todo a obtenção de um consentimento informado assina- do/presencial pois tal representaria, em si mesmo, uma limitação à confidencialidade das res- postas, uma vez que poderia facilitar a identificação real dos sujeitos.

Por fim refira-se que o respeito pela conformidade ética do estudo foi validado e con- firmado de forma independente por duas Comissões de Ética distintas, uma do Centro Hospi- talar de São João (Porto) e outra da Escola Superior de Saúde de Viseu. A aprovação destas duas comissões de ética, bem como a aprovação (formal ou informal, colegial ou não) de várias administrações de empresas e instituições, reforça a conformidade ética do estudo.

A recolha de dados decorreu entre os dias 10 de Janeiro e 18 de julho de 2012.

Registaram-se 3925 acessos ao questionário em linha. O programa Limesurvey contabi- lizou automaticamente 2740 questionários totalmente preenchidos e 1185 questionários incompletos. Note-se que o simples acesso à página em linha do questionário foi contabilizado informaticamente como um caso ou participante (recebendo por isso um número identificati- vo), mesmo que os sujeitos não respondessem a qualquer item. Assim, expurgou-se da base de dados todos os casos em que os sujeitos não registaram qualquer resposta no questionário. Estes casos talvez tenham representado recusas à participação no estudo. Ou seja, as pessoas liam a página inicial do questionário, de introdução ao estudo, e onde lhes era solicitado o