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Os Tribunais apresentam divergência jurisprudencial quanto a aplicabilidade da multa prevista no art. 475-J do CPC. O próprio Tribunal Superior do Trabalho apresenta divergências entre as turmas.

Para os que defendem a inaplicabilidade, o argumento é de que a CLT não é omissa no tema, tendo dispositivos expressos disciplinando a matéria.

Este é o entendimento da 6ª Turma do TST, tal como se verifica no seguinte julgado179:

RECURSO DE REVISTA. JUNTADA DE LAUDOS PERICIAIS. INTEMPESTIVIDADE. MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INCOMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO. REGRA PRÓPRIA COM PRAZO REDUZIDO. MEDIDA COERCITIVA NO PROCESSO TRABALHO DIFERENCIADA DO PROCESSO CIVIL . O art. 475-J do CPC determina que o devedor que, no prazo de quinze dias, não tiver efetuado o pagamento da dívida, tenha acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a requerimento do credor, mandado de penhora e avaliação. A aplicação de norma processual extravagante, no processo do trabalho, está subordinada à

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BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. (6ª Turma) Recurso de Revista n° : RR – 164800- 38.2009.5.20.0005 Brasília, DF, 16 de março de 2011 Disponível em:

<http://ext02.tst.jus.br/pls/ap01/ap_red100.resumo?num_int=225143&ano_int=2010&qtd_acesso=289544 9> Acesso em: 04/06/2011

omissão no texto da Consolidação. Nos incidentes da execução o art. 889 da CLT remete à Lei dos Executivos Fiscais como fonte subsidiária. Persistindo a omissão, tem-se o processo civil como fonte subsidiária por excelência, como preceitua o art. 769 da CLT. Não há omissão no art. 880 da CLT a autorizar a aplicação subsidiária do direito processual comum. Nesse sentido firmou-se a jurisprudência da c. SDI no julgamento dos leading cases E-RR - 38300- 47.2005.5.01.0052 (Relator Ministro Brito Pereira) e E-RR - 1568700- 64.2006.5.09.0002 (Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga), julgados em 29/06/2010 . Recurso de revista conhecido e provido.

A esse propósito a Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais, decidiu recentemente ser inaplicável a multa do art. 475-J do CPC no processo do trabalho, é o teor do seguinte julgado180:

MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INCOMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO. REGRA PRÓPRIA COM PRAZO REDUZIDO. MEDIDA COERCITIVA NO PROCESSO TRABALHO DIFERENCIADA DO PROCESSO CIVIL. O art. 475-J do CPC determina que o devedor que, no prazo de quinze dias, não tiver efetuado o pagamento da dívida, tenha acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a requerimento do credor, mandado de penhora e avaliação. A aplicação de norma processual extravagante, no processo do trabalho, está subordinada a omissão no texto da Consolidação. Nos incidentes da execução art. 889 da CLT remete à Lei dos Executivos Fiscais, com fonte subsidiária. Persistindo a omissão o direito processual comum é, como quer o art. 769, o processo civil como fonte subsidiária por excelência. Não há omissão no art. 880 da CLT a autorizar a aplicação subsidiária. Nesse sentido a jurisprudência da c. SDI se firmou, no julgamento dos leading case E-RR- 38300-47.2005.5.01.0052 (Relator Ministro Brito Pereira) e E-RR - 1568700- 64.2006.5.09.0002 (Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga), julgado em 29/06/2010). Recurso de embargos conhecido e provido, no tema, para afastar a multa do art. 475-J do CPC.

Em favor da aplicação supletiva da regra descrita no art. 475-J encontra confirmação na jurisprudência do TST. Assim, a 1ª Turma do TST, manifestou-se pela aplicabilidade da multa no processo do trabalho, por haver omissão legislativa e compatibilidade, tal como se verifica no seguinte julgado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APLICAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO. POSSIBILIDADE. 1. As normas estabelecidas no Código de Processo Civil serão fonte subsidiária ao processo de execução trabalhista

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BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Subseção Especializada em Dissídios Individuais - 1

Embargos em Recurso de Revista nº. 348000-24.2005.5.09.0513. Julgado em: 19 de agosto de 2010. Relator: Min. Aloysio Silva Corrêa da Veiga. Brasília, DF, 17 de dezembro de 2010. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:tribunal.superior.trabalho;subsecao.especializada.dissidios.individu ais.1:acordao;e:2010-08-19;348000-2005-513-9-0>. Acesso em: 26 maio 2011.

quando, naqueles procedimentos compatíveis com o processo do trabalho, não existir disposição específica à respeito da matéria na Consolidação das Leis do Trabalho e nas normas que regem a execução fiscal. 2. A Consolidação das Leis do Trabalho e as normas que disciplinam a execução fiscal são omissas quanto à multa descrita no artigo 475-J do Código de Processo Civil, o que torna possível a sua aplicação ao processo de execução trabalhista. 3. A multa em comento configura ferramenta de incentivo para que o devedor cumpra voluntariamente a ordem judicial, em atenção ao princípio da celeridade insculpido no artigo 5º, LXXVIII, da Constituição da República. 4. Não há falar, assim, em incompatibilidade da multa prevista no artigo 475-J do Código de Processo Civil ao processo do trabalho, porquanto referido comando normativo não tem o condão de alterar o sistema de execução trabalhista, mas apenas complementá-lo, acrescendo um mecanismo que confere efetividade à execução. 5. Ileso, portanto, o artigo 5o, LIV, da Constituição da República. 6. Agravo de instrumento a que se nega provimento.181

A 1ª Turma do TST, também esclarece que não houve silencio eloquente por parte do legislador a respeito da multa, sendo por isso possível a aplicação supletiva da multa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - EXECUÇÃO - MULTA DO ART. 475-J DO CPC - APLICAÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO - OMISSÃO LEGISLATIVA E COMPATIBILIDADE COM AS NORMAS TRABALHISTAS. Aplica-se ao Direito Processual Trabalhista, por força da autorização prevista no art. 769 da CLT, o comando do art. 475-J do CPC, que estabelece multa no percentual de 10% caso o devedor condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação não o efetue espontaneamente. A falta de previsão legal específica de penalidade por descumprimento espontâneo do título executivo judicial autoriza a incidência do art. 475-J do CPC nesta seara, pois não houve silêncio eloquente do legislador ordinário, de modo a concluir pela existência de regulação exaustiva da matéria pela legislação trabalhista e de inaplicabilidade desse preceito legal, nos termos do art. 769 da CLT. A norma prevista no art. 475-J do CPC amolda-se, perfeitamente, ao processo do trabalho. Agravo de instrumento desprovido.182

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BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. 1ª Turma. Agravo de Instrumento n°. AIRR – 39940- 54.2006.5.09.0658. Julgado em: 18 de novembro de 2009. Relator: Min. Lélio Bentes Corrêa. Brasília, DF, 27 de novembro de 2009. Disponível em:

<http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:tribunal.superior.trabalho;turma.1:acordao;airr:2009-11-18;39940- 2006-658-9-40>. Acesso em: 26 maio 2011.

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BRASIL.Tribunal Superior do Trabalho. 1ª Turma. Agravo de Instrumento nº. AIRR – 79641- 33.2004.5.09.0095. Julgado em: 02 de junho de 2010. Relator: Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho. Brasília, DF, 11 de junho de 2010. Disponível em:

<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&highlight=true&num eroFormatado=AIRR%20-%2079641-

33.2004.5.09.0095&base=acordao&numProcInt=714068&anoProcInt=2009&dataPublicacao=11/06/2010 %2007:00:00&query=>. Acesso em: 26 maio 2011.

A 3ª Turma do TST, sustentando a aplicabilidade da multa em questão, explica que não se pode interpretar a literalidade dos dispositivos considerados, mas os postulados axiológicos - ou finalidades sociais por eles tutelados183:

RECURSO DE REVISTA [...] 2 - MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC - APLICAÇÃO SUPLETIVA - POSSIBILIDADE - COMPATIBILIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO INSTRUMENTAL TRABALHISTA (CLT, ART. 769) A aplicação dos preceitos da legislação processual comum ao direito processual do trabalho depende da existência de omissão e de compatibilidade com as demais regras e princípios que informam a atuação da jurisdição especializada (CLT, art. 769). Mas o exame em torno da importação de regra processual, nos parâmetros indicados, deve considerar não a literalidade dos dispositivos considerados, mas os postulados axiológicos - ou finalidades sociais (LICC, art. 5.º) - por eles tutelados. Nesse sentido, considerado o significado contemporâneo da garantia de acesso à Justiça (Constituição Federal, art. 5.º, XXXV e LXXVIII) e a essencialidade do crédito trabalhista para a subsistência do trabalhador, nada obsta a plena aplicação da regra inscrita no art. 475-J do CPC ao rito executivo trabalhista, impondo-se ao devedor a multa de 10% sobre o valor da execução, na hipótese de, regularmente intimado, não promover o depósito ou pagamento da respectiva importância.

Há divergências de entendimento também nos tribunais regionais. A 5ª Câmara do Tribunal Regional da 12ª Região, sustentando a inaplicabilidade, argumenta que a aplicação do procedimento do art. 475-J, retira do executado a prerrogativa de garantir o juízo ou nomear bens à penhora no prazo de 48 horas, segundo previsão do art. 880 da CLT184:

COMINAÇÃO PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC (ACRÉSCIMO DE 10% DO VALOR DA CONDENAÇÃO NA HIPÓTESE DE NÃO-PAGAMENTO DO DÉBITO NO PRAZO ASSINADO PELO JUIZ). DISPOSITIVO LEGAL NÃO APLICÁVEL NO PROCESSO DO TRABALHO. A cominação prevista no art. 475-J do CPC (acréscimo de 10% do valor da condenação na hipótese de não pagamento do débito no prazo assinado pelo juiz) não é aplicável no processo do trabalho, que é regido por disposições próprias (CLT, arts. 876 a 892), possuindo autonomia em relação ao processo comum. A exegese que o preceito legal em tela sugere é a de que na hipótese de inadimplemento do

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BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. 3ª Turma. Recurso de Revista nº.484/2008.002.20.00.6 Julgado em : 24 de junho de 2009. Relator: Des. Douglas Alencar Rodrigues. Brasília, DF, 13 de agosto de 2009. Disponível em:

<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&highlight=true&num eroFormatado=RR%204840081.2008.5.20.0002&base=acordao&numProcInt=660232&anoProcInt=2009 &dataPublicacao=14/08/2009%2007:00:00&query=>.Acesso em: 03 jun. 2011.

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SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. 5ª Câmara. Recurso Ordinário n°. 05827-2008- 037-12-00-6-29. Relatora : Lilia Leonor Abreu. Florianópolis,SC, 16 de setembro de 2010. Disponível em: <http://consultas.trt12.gov.br/SAP2/DocumentoListar.do?pidDoc=160290&plocalConexao=sap2&ptipo=PD F>. Acesso em: 04 jun. 2011.

devedor no prazo de quinze dias a multa é devida, mesmo na hipótese de execução provisória, que culminará na expedição de mandado de penhora e avaliação. No processo do trabalho, a regra é a de que os recursos são recebidos no efeito devolutivo, o que enseja a execução provisória até a penhora (CLT, art. 899), sendo que no processo civil, ao revés, os recursos são recebidos, ordinariamente, no efeito suspensivo (CPC, art. 520), o que afasta a possibilidade da execução ainda que provisória (CPC, art. 475-O, § 3°, inc. II) e, consequentemente, a aplicação da multa prevista no art. 475-J do CPC. Outrossim, a aplicação do procedimento previsto no art. 475-J do CPC retira da executada a prerrogativa de depositar o valor da execução (garantimento do juízo) ou indicar bens à penhora no prazo de 48 horas, prevista no art. 880 da CLT. Assim, tratando-se de penalidade, a interpretação deve ser restritiva, conforme o brocardo poenalia sunt restringenda (interpretam-se estritamente as disposições cominadoras de penas).

De acordo com a jurisprudência, citada, o entendimento da 5ª Câmara é de que a multa não será aplicada na execução provisória e nos casos em que o devedor apresenta Embargos após realizar o depósito ou indicar bens à penhora.

A 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região entende pela aplicação da multa, sob o argumento de que a referida multa além de desestimular o uso de meios e arguições inúteis, contribui para concretizar o princípio da duração razoável do processo e da celeridade185:

MULTA. ARTIGO 475-J DO CPC. APLICABILIDADE. A multa prevista no art. 475-J do CPC, com redação dada pela Lei nº 11.232/05, aplica-se ao processo do trabalho, pois não havendo determinação específica na execução trabalhista a compatibilidade de sua inserção é plena, desestimulando o uso de meios e arguições inúteis e desnecessárias. Ademais, busca concretizar o disposto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal, pelo qual "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados o tempo razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação." O papel social do trabalho e como tal dos créditos trabalhistas, de cunho fundamentalmente alimentar, somente se tornará realidade quando receber, ao menos, o tratamento e as garantias deferidas aos créditos cíveis.

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SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. 1ª Turma. Recurso Ordinário n°. 07519-2007- 036-12-00-8. Relatora: Viviane Colucci. Florianópolis, SC, 16 de outubro de 2009. Disponível em: <http://consultas.trt12.jus.br/SAP2/DocumentoListar.do?pidDoc=106141&plocalConexao=sap2&ptipo=PD F>. Acesso em: 26 maio 2011.

A 9ª Turma do Tribunal Regional da 4ª Região entende que a multa do art. 475-J se ajusta aos princípios da celeridade e da economia processual, também aplicáveis ao processo do trabalho186:

EMENTA: MULTA DO ART. 475-J DO CPC. Vencida a Relatora que considera que, existindo previsão expressa na CLT (arts. 769 e 889) quanto ao procedimento a ser observado na execução, é inaplicável o procedimento constante do CPC, prevalece no Colegiado entendimento no sentido da aplicabilidade do artigo 475-J do CPC no processo do trabalho. [...] prevalece no Colegiado entendimento acerca da compatibilidade da norma processual em questão, com o processo do trabalho, uma vez que as alterações promovidas pela Lei nº 11.232/05, no âmbito do processo civil, ajustam-se aos princípios da celeridade e da economia processual, aplicáveis ao Direito Processual do Trabalho, e que as disposições contidas nos arts. 769 e 889 da CLT devem ser interpretadas à luz da Constituição Federal, de forma a entregar a prestação jurisdicional de forma célere.

O entendimento da 1ª Turma do Tribunal Regional da 4ª Região é de que a multa do art. 475-J é aplicável à execução trabalhista, tendo em vista o princípio da celeridade e efetividade da execução, sendo imperioso, no entanto, analisar caso a caso, para não acabarem retirando do devedor os meios que a lei lhe faculta para defesa, tal como o de opor embargos à execução187:

EMENTA: DA MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC. Diante do princípio da celeridade e da efetividade da execução, não há incompatibilidade entre o artigo 475-J do CPC e as normas celetistas que disciplinam a execução, devendo a sua aplicação ser analisada caso a caso. Hipótese em que a parte atende a intimação judicial, garantindo o montante da execução para discutir a conta de liquidação. Ausência de substrato fático para a aplicação da multa do artigo 475-J, pois a executada está no exercício regular de um direito

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RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional do Trabalho. 9ª Turma. Agravo de Petição: 0135800- 23.1998.5.04.0005 (AP). Porto Alegre, 07 de outubro de 2010. Relatora: Carmen Gonzalez. Disponível em:

<http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:JKt4KKTiK6wJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcord aoRTF%3FpCodAndamento%3D36143913+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-06..2011-06-

06+EMENTA:+MULTA+DO+ART.+475,+J+do+CPC.++&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&pro xystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8>. Acesso em: 05 jun. 2011.

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RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional do Trabalho. 1ª Turma. Agravo de Petição: 0101700- 35.2005.5.04.0122 (AP). Porto Alegre, 18 de novembro de 2010. Relatora: Ione Salin Gonçalves Disponível em:

<http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:cECscWIeCwwJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcor daoRTF%3FpCodAndamento%3D36570316+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-06..2011-06-

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assegurado por lei. [...]. A norma em questão introduziu um mecanismo de cumprimento espontâneo da sentença líquida ou já liquidada, procurando de um lado dar efetividade ao processo e de outro desestimular o uso de medidas protelatórias por parte do executado. Caso no prazo deferido de 15 dias a parte não deposite o montante devido, inicia-se a execução forçada, com citação e penhora de dinheiro ou de bens. No entanto, tal mecanismo não pode ser utilizado como uma forma de solapar o direito da parte de utilizar os meios que a lei lhe faculta, como o de opor embargos à execução para questionar a conta de liquidação ou levantar outras matérias oponíveis por este instrumento processual.

Assim, o cabimento da multa deve ser analisado caso a caso.

Tendo em vista a freqüência com que se é aplicada a multa, e como forma de sedimentar o tema, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região aprovou uma Orientação Jurisprudencial determinando a aplicação da referida multa aos litígios submetidos à competência da Justiça do Trabalho, com o seguinte teor188:

OJ EX SE – 35: MULTA DO ART. 475-J DO CPC. APLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. A multa prevista no artigo 475-J do CPC é aplicável ao Processo do Trabalho, nos termos dos artigos 769 e 889 da CLT, observados os seguintes parâmetros: (ex-OJ EX SE 203) RA/SE/004/2009, DEJT, divulgado em 21.10.2009, publicado em 22.10.2009. a) A multa incidirá no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da intimação do trânsito em julgado da sentença, quando líquida (artigo 852 da CLT), ou da data da intimação da decisão de liquidação, e desde que vigente, nessa fase processual, a Lei n. 11.232/2005;

b) Transcorrido o prazo sem pagamento, proceder-se-á à citação do réu para que, em 48 horas, pague o valor da condenação já acrescido da multa de 10% ou nomeie bens à penhora, nos termos do artigo 880 da CLT; c) O pagamento parcial no prazo fará incidir a multa apenas sobre o restante do valor da condenação;

d) A citação para pagamento ou nomeação de bens prescinde do requerimento do credor, sendo inaplicável a segunda parte do caput do artigo 475-J do CPC; e) Não é necessária a intimação pessoal do devedor para incidência da multa; f) a multa é inaplicável na execução provisória, bem como na hipótese de execução contra a Fazenda Pública.

g) Quando o responsável subsidiário for citado para pagamento, a aplicação da multa de 10%, no caso de inadimplemento, deve constar expressamente no mandado, sob pena de não-incidência;

h) Exige-se delimitação de valores quando o executado se insurge contra a condenação da multa de 10% do artigo 475-J do CPC.

Portanto, conforme o teor das jurisprudências colacionadas verifica-se que a aplicação supletiva da multa contida no art. 475-J vem ao encontro do preceito

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PARANÁ. Tribunal Regional do Trabalho. RA/SE/004/2009. Curitiba, 22 de outubro de 2009. Disponível em:

<http://www.trt9.jus.br/internet_base/orientacaojurisprudencialman.do?evento=Editar&chPlc=1596914>.

constitucional do inciso LXXVIII do art. 5º da CF/88, que assegura “[...] a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”, sendo mais um mecanismo para impor maior efetividade na prestação da tutela jurisdicional.

189

189

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm. Acesso: 23 maio. 2011.

5 CONCLUSÃO

O estudo mostrou que a Lei nº. 11.232/2005 trouxe imenso progresso ao processo civil, dando fim ao processo de execução, ao inserir no processo de conhecimento a fase do cumprimento de sentença. A modificação esculpida pela referida Lei, simplificou o procedimento de execução, trazendo para o processo civil, o chamado sincretismo processual, unificando os processos de conhecimento e de execução. Tal mudança veio com o objetivo de dar efetividade aos princípios constitucionais, da duração razoável do processo e da celeridade.

Um dos artigos introduzidos pela nova lei é o 475–J do CPC, que dispõe acerca da aplicação de uma multa no valor de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, para os devedores condenados ao pagamento de quantia certa que não pagarem a dívida no prazo de quinze dias. A multa de 10% (dez por cento) tem cunho inibitório de protelações desnecessárias e muitas vezes infundadas, vez que servirá de “estimulo” ao executado em cumprir com a obrigação, caso não queira, ao final, acabar pagando mais caro.

Ao processo do Trabalho são aplicados os princípios da efetividade e celeridade processuais, tendo sempre em mente, a natureza eminentemente alimentar dos créditos trabalhistas. Dessa forma, são criados mecanismos, tais como o rito sumaríssimo, o princípio da oralidade e da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, o impulso oficial, entre outros, com o fito de realmente efetivar os objetivos de celeridade da Justiça do Trabalho. Há que se considerar, igualmente, que as mesmas efetividade e celeridade devem continuar, após a fase de conhecimento, adentrando na fase de execução, momento culminante para a tão sonhada efetividade da prestação jurisdicional, onde o trabalhador poderá de fato levar o que é seu por direito para casa. A multa do art. 475-J, vem em hora oportuna para, para enfatizar a proteção do estado para o real hipossuficiente, visto que traz vida ao princípio da celeridade e efetividade ao processo.

O fato de a CLT possuir procedimento próprio para a execução de sentença, não retira a possibilidade da aplicação supletiva da multa do art. 475-J, uma vez a

própria CLT determina a aplicação subsidiaria para os casos em que for constatada a omissão, sendo para tanto, aplicadas as normas da execução fiscal, e as normas processuais comuns. Não há de se olvidar, que as normas a serem aplicadas subsidiariamente, devem ser de igual forma, compatíveis com as normas e princípios da

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