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1 INTRODUÇÃO

2.4 POSICIONAMENTO TEÓRICO E HIPOTESES DE PESQUISA

Creswell (2010) mencionam que a formulação das hipóteses são previsões efetuadas pelo pesquisador acerca das possibilidades de associação entre as variáveis utilizadas na investigação. As hipóteses contribuem para a consistência dos resultados do estudo (MARTINS; THEÓPHILO, 2007). Nesse sentido Ryan, Scapens e Theobald (2002) destacam que a fundamentação teórica dá suporte a um conjunto de hipóteses bem detalhada, as quais sejam possíveis de ser estudadas a partir de testes empíricos.

Diversos estudos (HUGHES, 2000; HASSEL; NILSSON; NYQUIST, 2005; IATRIDIS, 2013; CLARKSON et al., 2013) tem abordado a associação da Responsabilidade Socioambiental com atributos que possivelmente podem explicá-la. Outros autores (DECHOW, SLOAN, SWEENEY, 1995; OHLSON, 1995; HUGHES, 2000; LAMBERT,

2001; LEUZ, NANDA, WYSOCKI, 2003; FRANCIS et al., 2004) fundamentam a associação da qualidade da informação contábil com atributos que possivelmente podem explicá-la.

Nesta dissertação as hipóteses foram relacionadas em dois grupos, um para a Responsabilidade Social Coorporativa e outro para a Qualidade da Informação Contábil (RSC e QIC) com cada métrica (GR e VR). O Grupo da RSC foi dividido em três subgrupos, sendo eles: Value, Balance e Accontability; E o outro em dois subgrupos utilizados para mensurar a qualidade da informação contábil, onde foram testadas as variáveis: Gerencia de Resultados e o Value Relevance.

Neste estudo as hipóteses foram organizadas de modo a testar se a Responsabilidade Social Corporativa, a partir do modelo VBA de Schwartz e Carroll (2007), influência ou não na qualidade da informação contábil reportada aos usuários.

Silva et al. (2014) constatam que além da preservação ambiental e com a sustentabilidade para com as gerações futuras, recorrer as diretrizes de Responsabilidade Social Corporativa corroboram para a transparência, ética e equidade entre as empresas e o mercado. Nesta perspectiva, Yamamoto e Salotti (2006) argumentam que as informações contábeis, são instrumentos para os investidores que os possibilitam definir e conjecturar sobre as melhores ações, aliados ao risco, retorno e preço de mercado.

As empresas podem adotar a RSC como uma forma de blindar a sua reputação diante das atividades no mercado, o que, por consequência, lhes abre uma lacuna para o GR. Isso sugere que as decisões de praticar as ações de RSC dão às partes interessadas a impressão de que a empresa é transparente, quando, na verdade, a empresa evidencia informações divergentes à sua realidade por meio do GR (KIM; PARK; WIER, 2012).

No mesmo sentido, Prior, Surroca e Tribó (2008) destacam os incentivos oportunistas dos gestores decorrentes do interesse próprio ou mesmo para prevalecer sua reputação, resultam em uma relação positiva entre a RSC e o GR, haja vista que os gestores são mais propensos à distorção de informações que são repassadas às partes interessadas. Prior, Surroca e Tribó (2008) defendem essa perspectiva, concentrando-se no comportamento oportunista dos gestores, a partir do arcabouço teórico da Teoria da Agência.

Neste contexto, apesar das divergências nos achados dos estudos anteriores quanto à possível relação positiva ou negativa existente entre a RSC e o GR, neste estudo parte-se do pressuposto teórico de que as ações que RSC contribuem para a redução do comportamento oportunista do gestor, visando uma conduta ética dos negócios (CHIH; SHEN; KANG, 2008; KIM; PARK; WIER, 2012). Diante disso, delimitam-se as seguintes hipóteses no desenvolvimento deste estudo:

H1: Existe relação negativa entre a Responsabilidade Social Corporativa e as práticas de Gerenciamento de Resultados nas informações contábeis reportadas aos usuários.

H1a: Existe relação negativa entre o Value e o Gerenciamento de Resultados das informações reportadas aos usuários.

H1b: Existe relação negativa entre o Balance e o Gerenciamento de Resultados das informações reportadas aos usuários.

H1c: Existe relação negativa entre o Accountability e o Gerenciamento de Resultados das informações reportadas aos usuários.

Kotchen e Moon (2011) salientam que há diversas pesquisas que investigaram a relação entre a RSC e a qualidade da informação contábil. Algumas encontraram evidências de uma relação negativa entre a RSC e a relevância das informações contábeis, tais como as de Grougiou et al. (2014) e Gras-Gil et al. (2016).

No entanto, a maioria das pesquisas sobre o tema encontrou uma relação positiva, como os estudos de Lev et al. (2006), Plumlee et al. (2010), Becchetti et al. (2012), Beisland e Hamberg (2013), Clarkson et al. (2013), Deng et al. (2013), Pyo e Lee (2013), Elliott et al. (2014), Plumlee et al. (2015), Middleton (2015) e Cahan et al. (2016).

Dentre as justificativas para esta relação positiva, destacam-se os argumentos de Lev

et al. (2006), visto que os investimentos em RSC são eficazes para o aumento da receita das

empresas, afetam o valor destas (PLUMLEE et al., 2010, 2015; CAHAN et al., 2016), pois a RSC permite estabelecer uma posição de destaque e liderança no mercado acionário (CAHAN et al., 2016) e contribuem para elevar o retorno das ações (LEV et al., 2006; BECCHETTI et

al., 2012; PLUMLEE et al., 2010, 2015; MIDDLETON, 2015).

Beisland e Hamberg (2013) ressaltam que a relevância da informação contábil é influenciada pela capacidade das empresas destinarem recursos para atividades de RSC, investimentos estes que auxiliam na maximização dos lucros e retorno das ações, o que significa que o desempenho social apoia a visão de maximização de valor às partes interessadas da empresa (DENG et al., 2013), bem como estas são suscetíveis de relatar maior relevância das informações contábeis (PYO, LEE, 2013).

Nota-se, conforme Pyo e Lee (2013) e Elliott et al. (2014), a importância do papel da RSC sobre a qualidade dos lucros das empresas e o retorno aos acionistas. Desta forma, espera-se uma relação negativa entre RSC e VR, pois quanto mais VR as empresas praticarem maior a qualidade da informação divulgada.

Accountability RSC

Gerenciament o de resultados Modelo VBA

Qualidade da informação contabil

Value relevence Value Balance H1a (-) H1b (-) H2a H2b H2c H1c (-) H1(-) H2

H2: Existe relação positiva entre a Responsabilidade Social Corporativa e as práticas de Value relevance das informações reportadas aos usuários.

H2a: Existe relação positiva entre o Value e o Value relevance das informações reportadas aos usuários.

H2b: Existe relação positiva entre o Balance e o Value relevance das informações reportadas aos usuários.

H2c: Existe relação positiva entre o Accountability e o Value relevance das informações reportadas aos usuários.

Deste modo, apresenta-se na Figura 4, a seguir, o modelo teórico adotado para a realização do estudo.

Figura 4 -Modelo teórico adotado

Legenda: Hipótese principal. --- Sub-hipótese

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Nesse sentido, a relação entre as ações de RSC a Qualidade da Informação Contábil é testada neste estudo. Logo, caso H1 e H2 sejam rejeitadas, é possível argumentar que a variável de RSC não é considerada como determinante para a melhoria da divulgação das informações contábeis das empresas investigadas.

Ao se aceitar H1e H2, tendo em vista que espera-se H1 com uma associação negativane entre a RSC e a Qualidade da Informação contábil e H2 se trata de testar a associação positiva da RSC e a Qualidade da Informação Contábil, admite-se que os atributos

de RSC, influenciam a QIC, que é o objeto de estudo. Da mesma forma se for aceito H1a, H1b e H1c, tendo em vista que se trata de testar a associação negativa da RSC e Gerenciamento de Resultados, admite-se que os atributos de RSC, influenciam negativamente a métrica de GR, a partir do modelo utilizado neste estudo. Também se for aceito H2a, H2b e H2c, tendo em vista que se trata de testar a associação positiva da RSC e Value Relevance, admite-se que os atributos de RSC, influenciam positivamente a métrica de VR, a partir do modelo utilizado neste estudo.

Sendo assim para a realização deste estudo, utilizou-se para a construção da variável de RSC o modelo VBA de Schwartz e Carroll (2007) e para as métricas de qualidade da informação contábil foram usadas Kothari, Leone e Wasley (2005) para o Gerenciamento de Resultados e Ohlson (1995), adaptado por Hassel, Nilsson e Nyquist (2005) para o Value