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PATRIQUE ROSA HEDLUND INFLUÊNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS REPORTADAS AOS USUÁRIOS IJUÍ, RS 2020

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LINHA DE PESQUISA: GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES E DINÂMICAS DE MERCADO

PATRIQUE ROSA HEDLUND

INFLUÊNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS REPORTADAS AOS USUÁRIOS

IJUÍ, RS 2020

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INFLUÊNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS REPORTADAS AOS USUÁRIOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, na linha de pesquisa Gestão das organizações e Dinâmicas de Mercado, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Margarete Baccin Brizola

IJUÍ, RS 2020

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dos meus sonhos, sinônimos de base, carinho, dedicação e cuidado.

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A Deus e aos meus guias espirituais, que guiam meus passos, protegem meu caminho, amparam minha fé e me sustentam. A minha família. Pai e mãe, obrigado por compreenderem os momentos em que eu não podia me fazer presente, agradeço imensamente pelos conselhos, conversas e por sempre me incentivarem a seguir meus sonhos, por serem minha base nos momentos difíceis, por serem os maiores exemplos da minha vida. A minha irmã Caciara e ao meu cunhado Péricles Verdi, pelas conversas motivacionais, troca de experiências, pelo apoio e incentivo a sempre seguir em frente.

Ao meu amigo e companheiro Bruno Guilherme Sczmanski Roesler, pela paciência, companheirismo, dedicação e por sempre estar ao meu lado em todas as adversidades que surgiram no meio do caminho dessa aventura maravilhosa. Ao meu amigo, Felipe Cavalheiro Zaluski pelas incontáveis horas de diálogo e ajuda desde antes do ingresso no mestrado e, principalmente, durante a realização desta dissertação. Aos amigos, Ester Tatiane Riske e Renan Luis Coelho pelo amparo espiritual e psicológico durante todo esse processo de mestrado. A Caroline Keidann Soschinski que em meio ao desenvolvimento de sua tese de doutorado contribuiu com inúmeras conversas, apoio teórico e prático para realização desta dissertação.

Aos amigos que fiz na Unijuí (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul). A minha turma, obrigado pela cumplicidade e amizade. Às meninas Ana, Carelisa, Caroline, Luana e Patrícia, obrigado por tornarem meu dia-a-dia mais feliz, por ouvirem meus desabafos e por serem compreensíveis com os momentos de mau humor. Aos demais amigos (as) e colegas, obrigado por terem feito parte dessa trajetória e por torná-la mais leve.

À professora Eusélia Pavéglio Vieira, que desde minha graduação sempre me orientou e incentivou a realização do sonho de seguir na área acadêmica, tornar-me um docente e principalmente na construção do meu perfil profissional. A minha orientadora. Professora Dra. Maria Margarete Baccin Brizolla, obrigado por ter acreditado em mim e por ter me apresentado essa temática tão encantadora e envolvente a qual trabalhei nessa dissertação, obrigado por ter me auxiliado inúmeras vezes, pelo apoio motivacional e por sempre torcer por mim. És um exemplo de profissional e de pessoa, sinto-me honrado de ter construído essa obra com a sua supervisão.

Aos professores e as secretárias do PPGDR, obrigado por terem compartilhado suas vivências e aprendizados, por serem um grupo disposto a ajudar e a contribuir para o

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sentido, agradeço também a CAPES, pelo subsídio financeiro, que proporcionou minha formação como mestre. E por fim, a todos que contribuíram de alguma forma para que essa trajetória fosse concluída.

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Esta pesquisa foi instigada com o objetivo de analisar a relação entre a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e a qualidade das informações contábeis de empresas brasileiras. Assim, este estudo relaciona as práticas de RSC com as de gerenciamento de resultados (GR) e Value Relevance (VR), partindo do pressuposto de que, as empresas tendem a investir mais em RSC e gerenciar menos seus resultados, bem como, quanto maior o investimento em RSC maior a relevância das informações contábeis. Em decorrência disso, este estudo objetivou analisar a relação entre a Responsabilidade Social Corporativa e a qualidade das informações contábeis reportadas aos usuários, em empresas de capital aberto que disponibilizaram seus dados na base de dados Thomson Reuters Eikon (2020). O período de análise compreendeu os anos de 2015 a 2019. A amostra do estudo constituiu-se de 2.880 empresas brasileiras, o que gerou 465 observações. A coleta de dados foi realizada por meio da base de dados da

Thomson Reuters Eikon. Para análise, utilizou-se de métodos estatísticas como: estatística

descritiva, correlação de Pearson, regressão linear múltipla OLS (Ordinary Least Squares). Os resultados demonstraram uma relação negativa entre práticas RSC e GR, o que sugere que empresas divulgam informações não obrigatórias de RSC e gerenciam com menor intensidade os resultados, pois priorizam a transparência e qualidade das informações. No que concerne a relação entre value relevance e a responsabilidade social corporativa, constatou-se que de maneira geral, as informações contábeis são relevantes para o mercado, sobretudo, que o mercado atribui maior importância às informações contábeis de empresas com preocupações ambientais. Deste modo, Tais achados contribuem para a literatura por explicar o leque de resultados divergentes sobre o tema, gerando evidências da importância das empresas investirem em RSC e posteriormente divulgá-la nos relatórios, o que pode melhorar a qualidade da informação contábil e reduzir as despesas das empresas, além de beneficiar a sociedade e o meio ambiente com práticas mais éticas e responsáveis.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Corporativa. Gerenciamento de Resultados. Value

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This research was instigated in order to analyze the relationship between Corporate Social Responsibility (CSR) and the quality of accounting information of Brazilian companies. Thus, this study relates the practices of CSR with those of earnings management (GR) and Value Relevance (VR), assuming that companies tend to invest more in CSR and manage their results less, as well as, the greater the investment in CSR increases the relevance of accounting information. As a result, this study aimed to identify the relationship between Corporate Social Responsibility and the quality of accounting information reported to users, in publicly traded companies that made their data available in the Thomson Reuters Eikon database (2020). The analysis period covered the years 2015 to 2019. The study sample consisted of 2,880 Brazilian companies, which generated 465 observations. Data collection was performed using the Thomson Reuters Eikon database. For analysis, we used statistical methods such as: descriptive statistics, Pearson correlation, multiple linear regression OLS (Ordinary Least Squares). The results showed a negative relationship between CSR and GR practices, which suggests that companies disclose non-mandatory CSR information and manage the results with less intensity, as they prioritize transparency and quality of information. Regarding the relationship between value relevance and corporate social responsibility, it was found that, in general, accounting information is relevant to the market, above all, that the market attaches greater importance to the accounting information of companies with environmental concerns. Thus, such findings contribute to the literature by explaining the range of divergent results on the topic, generating evidence of the importance of companies investing in CSR and later disclosing it in reports, which can improve the quality of accounting information and reduce expenses companies, in addition to benefiting society and the environment with more ethical and responsible practices.

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Figura 1 - Pirâmide da Responsabilidade Social Corporativa...31

Figura 2 - Modelo Bidimensional de RSC...32

Figura 3 - Modelo Tridimensional de RSC...33

Figura 4 -Modelo teórico adotado...55

Quadro 1 – Medidas de qualidade de informações contábeis adotadas 39 Quadro 2– Práticas de Responsabilidade Social Corporativa...59

Quadro 3 – Modelos de mensuração da qualidade da informação contábil por gerenciamento de resultados...62

Quadro 4 – Modelos de mensuração da qualidade da informação contábil por value relevance...64

Quadro 5 – Variáveis utilizadas no estudo e fontes de coleta de dados...65

Quadro 6– Operacionalização da pesquisa...72

Quadro 7 – Resultados da relação entre RSC e GR...89

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Tabela 1 – População e amostra de pesquisa...58

Tabela 2 -Observações conforme os anos analisados no estudo...58

Tabela 3 - A média para as variáveis do modelo proposto por Schwartz e Carrol (2007)...74

Tabela 4 - Estatística descritiva das variáveis...76

Tabela 5 - Matriz de correlação das variáveis de pesquisa...79

Tabela 6 - Resultados da relação entre RSC e GR...81

Tabela 7 – Resultados da relação entre as dimensões de RSC e GR...84

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ADROA Accruals Discricionários pelo modelo ajustado pelo ROA AT Accruals Totais AT Ativo Total BF Big Four BV Valor Contábil C Corporativa CC Cidadania Corporativa CV Crescimento das vendas DI Dividendos

DP Desvio Padrão

DW Durbin Watson

E Equilíbrio EF Efeito Fixo

EN Ética nos Negócios

EUA Estados Unidos da América FCO Fluxo de Caixa Operacional GAF Grau de Alavancagem Financeira GICS Global Industry Classification Standard GR Gerenciamento de Resultados

GRI Global Reporting Initiative

GS Gestão de Stakeholders H Hipótese

MV Market Value NI Lucro Liquido

OLS Ordinary Least Squares PPE Ativo Imobilizado Bruto

PPGDR Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional QIC Qualidade da Informação Contábil

R Responsabilidade R Receitas

REC Contas a Receber

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SOC Social

SUS Sustentabilidade TAM Tamanho

UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul V Valor

V Vendas

VBA Value, Balance and Accountability VIF Variance Inflator Factor

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1 INTRODUÇÃO...13 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA...15 1.2 PROBLEMA...18 1.3 OBJETIVOS...20 1.3.1 Objetivo geral...20 1.3.2 Objetivos específicos...20 1.4 JUSTIFICATIVA...21 2 REFERENCIAL TEÓRICO...25 2.1 TEORIA DA SINALIZAÇÃO...25

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA...27

2.2.1 Modelos de Responsabilidade Social Corporativa...29

2.3 QUALIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL...37

2.3.1 Gerenciamento de Resultados...39

2.3.1.1 Modelos de GR por Accruals...41

2.3.2 Value Relevance...47

2.3.2.1 Modelos de Value Relevance...48

2.4 POSICIONAMENTO TEÓRICO E HIPOTESES DE PESQUISA...52

3 METODOLOGIA...56

3.1 CLASSIFICAÇÃO E DELINEAMENTO DA PESQUISA...56

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA...57

3.3 CONSTRUCTO DA PESQUISA...59

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS...65

3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...66

3.5.1 Procedimentos Preliminares...66

3.5.2 Primeira Etapa da Análise...67

3.5.3 Segunda Etapa da Análise...68

3.5.4 Terceira Etapa da Análise...70

3.6 TRAJETÓRIA DA PESQUISA...71

3.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO...73

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...74

4.1 ANÁLISES PRELIMINARES...74

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4.2.1 Análise da relação entre as dimensões de RSC e Gerenciamento de Resultados.83

4.3 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE RSC E VALUE RELEVANCE...85

4.6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...88

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...93

5.1 CONCLUSÃO...93

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS...96

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1 INTRODUÇÃO

Considerando o panorama global financeiro, a discussão sobre temas como a responsabilidade social tem conquistado espaços, em razão dos níveis de desigualdade social e degradação ambiental, resultados da globalização e da vida moderna, o que indica a necessidade de buscar equilibrar as demandas socioambientais com as financeiras (BRIZOLLA; KLANN, 2019).

Os estudos pautados pela discussão a respeito da responsabilidade social corporativa consistem em auxiliar as organizações que buscam maneiras de frear tais consequências, e poder retribuir à sociedade os ganhos que obtêm através dela. Tal realidade tem sido afetada pela expansão dos negócios, pela constante evolução tecnológica e pelo progresso da produção (LYRA, 2012).

Essa temática a luz da Teoria da Sinalização essas evidências e a necessidade de aprofundamento da discussão quanto aos incentivos e níveis de gerenciamento de resultados nas demonstrações contábeis podem ser uteis aos investidores, analistas, reguladores, auditores, preparadores e usuários em geral (GOMES et al., 2019).

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem sido foco de estudos no campo dos Negócios e Sociedade, motivados pelos conflitos gerados na relação das organizações e o contexto social em que estão inseridas em todo o mundo (FARIA; SAUERBRONN, 2008). Tais estudos, mais fortemente desenvolvidos no exterior, especificamente nos Estados Unidos, apontam para uma nova realidade segundo a qual as organizações possuem outras responsabilidades para com a sociedade, além das oriundas das atividades econômicas, e que precisam ser devidamente observadas pelos seus gestores no decorrer do planejamento e execução de suas atividades (CARROLL, 1979, 1991, 1999).

Conforme Madruga (2014), esse novo cenário trouxe à tona maiores discussões ao âmbito organizacional, ligadas a assuntos como ética, confiança, liderança, quantidade x qualidade, todos relacionados à conjuntura da sustentabilidade. O processo de comunicação acerca de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem sido objeto de inúmeros estudos que estabelecem a relevância desse processo enquanto pré-requisito para a manutenção de uma imagem institucional positiva junto ao mercado (clientes, fornecedores e investidores) e enquanto provável diferencial competitivo (FARIAS, 2008; FERREIRA et al., 2004; LIMA, 2007).

Nesse sentido, as empresas podem contribuir particularmente para a ampliação do

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externos possuem demandas crescentes sobre a valorização dos recursos humanos, distribuição da riqueza, utilização de recursos naturais e impacto ambiental da atuação das entidades no ambiente econômico. Tendo em vista tais considerações, ressalta-se a importância de as empresas investirem em práticas de RSC e divulgar em seus relatórios, o que pode melhorar a qualidade da informação contábil e reduzir o custo de capital das empresas, além de beneficiar a sociedade e o meio ambiente com práticas mais éticas e responsáveis (DEGENHART; MAZZUCO; KLANN, 2017).

Para Cândido (2002) o papel das organizações que possuem práticas de RSC aliadas a qualidade da informação contábil também pode ser observado como uma estratégia de desenvolvimento regional, uma vez que, essas ações corroboram na geração da competitividade empresarial a partir da implementação de um modelo de desenvolvimento que abarque formas de interação e envolvimento entre a empresa, a comunidade, associações, parcerias, afim de ajuda mútua. A partir daí o papel do Estado e a sua participação no sentido de dar o devido suporte para a atividade empresarial e a formação de redes, mostrando que, o Estado deve encorajar a formação de uma estrutura econômica que explore os pilares da RSC, bem como, a qualidade das informações reportadas aos usuários (CÂNDIDO, 2002).

Diante deste viés, a responsabilidade social corporativa passa a integrar o relatório da administração de diversas empresas, nacionais e internacionais, exigindo a presença, no ambiente corporativo, de profissionais capacitados que preparem, analisem e divulguem as respectivas informações. Assim, supondo que a análise e divulgação das informações econômico-financeiras relacionadas às ações e aos projetos sociais corporativos também estarão sob responsabilidade de profissionais relacionados à área contábil (MILANI; HABIB; MILANI, 2010).

Para reagir a esta nova incitação, passa a ser fundamental a procura por novos métodos e práticas objetivando um desenvolvimento econômico sustentável que compreenda os problemas da sociedade, da economia e do meio ambiente. Para as organizações, a responsabilidade social corporativa carece ser encarada como mais uma alternativa para manutenção e ampliação dos seus resultados e potencialização dos seus progressos (LEWIS, 2003). Nesta perspectiva, o presente estudo pode ser utilizado para instrumentalizar órgãos reguladores, auditores e demais interessados na qualidade da informação contábil (KANG; SIVARAMAKRISHNAN, 1995; DECHOW; SLOAN; SWEENEY, 1995; MARTINEZ, 2001), na medida que expõe uma possível utilização da RSC por empresas para mascarar um inflamento de lucros por meio do gerenciamento de accruals (SCHUSTER; KLANN, 2019).

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Seguindo este pensar, o primeiro capítulo deste estudo é composto pela contextualização do estudo, que contempla a apresentação do tema, do problema, dos objetivos, hipóteses e pela justificativa da proposta de realização do estudo. O segundo capítulo refere-se ao referencial teórico, abordando os tópicos teóricos necessários a realização da pesquisa empírica.

A metodologia é explicitada no terceiro capítulo. Nesta etapa elencou-se a classificação e o delineamento da pesquisa, o constructo da pesquisa, os sujeitos da pesquisa, os instrumentos de coleta, análise e interpretação dos dados.

Na sequência foram apresentados os resultados da pesquisa empírica, a conclusão e recomendação para estudos futuros, as referências utilizadas no decorrer da investigação. 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

A contabilidade apresenta considerável relevância no meio corporativo e nos processos de uma organização. Portanto, saber utilizar as informações que a contabilidade dispõe de forma coerente é um passo à frente para instrumentalizar os gestores na tomada de decisões. Neste contexto, as organizações buscam, junto a contabilidade, implementar estratégias como a Responsabilidade Social Corporativa (RSC), a qual está cada vez mais intensificada perante as externalidades provocadas pela atividade empresarial frente ao mercado em que atuam (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2011).

Os estudos e discussões sobre o tema RSC ganharam espaço e importância ao longo dos anos. Carrol (1999) e Pereira et al. (2011) explanam que o conceito de RSC se iniciou na década de 50, sendo associado às obrigações e consequências as ações empresárias, deixando de lado a ideia de apenas obter lucro. Devido às mudanças globais impostas pela globalização e avanços tecnológicos, ocorreram importantes transformações no meio organizacional que foram necessárias para a construção de melhorias em diversos setores das empresas e na sociedade. A ideia preponderante de que apenas o Estado era responsável pelo bem-estar social tornou-se ultrapassada, o que resultou na transferência de ações, antes exclusivas do Estado, para um exercício fundamental das organizações (BUSCH; RIBEIRO, 2009).

Presentemente, a RSC é uma atitude cobrada das empresas, sendo extremamente importante para as organizações e para a sociedade, transformando cada vez mais o pensamento conservador e individualista que as empresas cultivavam. Pois, antes da RSC se tornar uma ação ativa dentro das organizações, elas possuíam características individuais, não

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se importando com valores sociais e ambientais, tampouco com o bem-estar dos seus funcionários e da sociedade em geral (CARVALHO, 2013; ROGLIO et al., 2009).

Portanto, a RSC pode ser entendida como uma relação entre a organização e a sociedade no período de curto e longo prazo, este processo envolve diretamente a ética e transparência na forma de gerir os negócios frente aos impactos que pode causar em seu público, no meio ambiente, ou na continuidade da organização (LICCIARDI; PATRICIO, 2017). Conforme Dias (2012, p. 20) “a RSC é um conjunto de ideias e práticas da organização que fazem parte de sua estratégia e que tem como objetivo evitar prejuízo e/ou gerar benefícios para todas as partes interessadas (stakeholders) na atividade da empresa”. Benefícios esses que podem gerar custos para as empresas, pois para uma companhia adotar as práticas de responsabilidade social, tem que desembolsar valores altos que só se transformará em lucro no longo prazo e é esse um dos motivos para algumas corporações não serem socialmente responsáveis.

Atualmente, os estudos sobre a temática da RSC concentraram-se em esclarecimentos, avaliações e atualizações e Schwartz e Carroll (2007) declaram que, devido à complexidade do assunto, a meta de encontrar um paradigma no campo dos negócios e sociedade não foi ainda adaptada dada a abrangência e competição de temas complementares, tais como a cidadania corporativa, a ética empresarial, a gestão de stakeholders, a responsabilidade social corporativa e sustentabilidade.

Schwartz e Carroll (2007) sugeriram o modelo value, balance and accountability (VBA) de RSC, que representa uma tentativa de alcançar um mecanismo integrador, baseado em três conceitos centrais: valor, equilíbrio e transparência. O valor está relacionado com as obrigações das empresas em oferecer benefícios à sociedade na realização das suas atividades; o equilíbrio diz respeito à harmonia e ao equilíbrio dos interesses dos stakeholders, e a transparência está associada à ideia de prestar contas à sociedade. A respeito da responsabilidade social é importante destacar que:

Hoje, muito executivos já têm a consciência de que só se terá um desenvolvimento sustentável de longo prazo com ações de responsabilidade social, e que a melhoria da qualidade de vida da comunidade em que a organização está inserida também irá levar a uma maior lucratividade, além de imagem projetada pela empresa para seus clientes, concorrentes, parceiros, que pressiona a novas legislações nessa área. É a ideia de conservação ambiental para gerações futuras, limitando o uso de recursos não renováveis, desenvolvendo uma cultura de maior aproveitamento e reciclagem (ALBUQUERQUE, 2009, p. 137).

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Neste viés, muitos empresários adotam a Responsabilidade Social apenas como uma estratégia lucrativa para a empresa. Com referência a isto, ressalta-se que embora se possa considerar a RSC como uma estratégia empresarial rentável, não se pode considerar unicamente este aspecto, nem a considerar como um modismo passageiro ao quais as empresas se aproximam para obterem retornos (DIAS, 2012).

Neste sentido, tendo em vista que os consumidores estão cada vez mais exigentes e buscando produtos que sejam fabricados por empresas dentro das normas socialmente responsáveis, quanto aos fornecedores e as comunidades locais, que aspiram por uma melhor qualidade de vida e de trabalho. Para além da busca pela sustentabilidade e preservação do meio ambiente, as empresas recorrem aos princípios da Responsabilidade Social Corporativa (RSC), que promovem uma influência mútua de ética e solidária entre as organizações e o mercado onde atuam (SILVA et al., 2014).

Neste contexto, a informação contábil propicia mudanças na percepção de seus usuários em relação às atividades da empresa, bem como, pode afetar seu comportamento. A partir das informações contábeis, os investidores são capazes de definir e refletir sobre os melhores títulos, considerando risco, retorno e preço de mercado (YAMAMOTO; SALOTTI, 2006). Por isso, a qualidade da informação contábil é fundamental para auxiliar o usuário a estimar os resultados da empresa (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2011). Porém, se torna mais difícil estabelecer padrões que permitam a qualificação das informações contábeis, uma vez que sua definição se torna relativa, tendo em vista a gama de usuários.

Beyer et al. (2010) citam que a divulgação de informações por parte das empresas ocorre em função da obrigatoriedade exigida pelos órgãos reguladores e também de forma voluntária. Neste último caso a empresa decide divulgar determinada informação que será útil à tomada de decisão dos usuários, oferecendo maior transparência, se isso de alguma forma lhe beneficiar.

Biddle e Hilary (2006) afirmam que demonstrações contábeis com alta qualidade aumentam a eficiência nos investimentos devido a sua capacidade de alterar o comportamento discricionário dos gestores. Os achados de Carvalho (2012) contribuem com essa afirmativa, pois, mostram que má qualidade dos lucros reportados afeta negativamente as decisões de investimentos. Francis et al. (2004), comprovam que melhor qualidade nas financeiras reduz o custo de capital próprio.

Sob a perspectiva da Teoria da Agência, a qualidade das demonstrações contábeis pode reduzir os problemas de agência e a assimetria de informação entre o principal e o agente (PRATT; ZECKHAUSER, 1985). Assim, este estudo discute o comportamento do

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agente frente às decisões, escolhas contábeis e quais informações são obrigatórias ou de interesse da empresa divulgar. Tais decisões podem refletir na qualidade da informação contábil evidenciadas aos diferentes stakeholders das organizações. A qualidade das informações que subsidiam essas decisões pode ser medidas a partir de diferentes métricas e perspectivas (FRANCIS et al., 2004).

Assim, pode-se dizer que não existe apenas uma métrica para medir a qualidade da informação contábil, como também não há uma medida de qualidade dos lucros melhor que outra (ALMEIDA, 2010; DECHOW et al., 2010). Utilizam-se diferentes métricas para medir a qualidade da informação, entre as quais se destacam o gerenciamento de resultados, a tempestividade no reconhecimento de perdas e medidas de value relevance (FRANCIS et al., 2004; DECHOW et al., 2010; ALMEIDA, 2010).

O gerenciamento de resultados contábeis ganhou ênfase com o estudo de Healy (1985) que apresenta uma abordagem utilizando os accruals (ou acumulações advindas do regime de competência adotado pela contabilidade) totais como proxy do poder discricionário dos gestores, sendo aprofundados por Jones (1991), Kang e Sivaramakrishnan, (1995) e Dechow, Sloan e Sweeney (1995). Em pesquisas nacionais, as investigações iniciais surgiram a partir de 2001, quando foi abordado por Martinez (2001) em sua tese de doutoramento, tendo recebida expressiva atenção da comunidade acadêmica.

Os estudos do value relevance estão embasados na teoria positiva da contabilidade, em que os modelos estatísticos buscam mensurar a relação entre as variáveis contábeis e o mercado pela abordagem da informação, a partir de teorias que fundamentem esta associação (WATTS; ZIMMERNAN, 1990). Essa métrica de mensuração da qualidade da informação está relacionada com o conceito de qualidade dos lucros, uma vez que usa a reação do mercado dos ativos transacionados para mensurar a influência das demonstrações contábeis para ajudar a prever o desempenho futuro das firmas (SCOTT, 2009).

1.2 PROBLEMA

A teoria da sinalização da qualidade, ressalta como os agentes envolvidos em uma negociação interagem frente às informações recebidas. Além disso, aprovisiona uma estrutura para a compreensão de como os sinais de qualidade podem ser utilizados pelas organizações como um argumento extrínseco de credibilidade (GUSATTI; BRAMBILLA, 2015). Aliado a assimetria das informações a responsabilidade social trata especificamente do processo

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decisório e da ética, buscando a equidade na relação entre quem toma as decisões e quem é diretamente atingido por elas, transformando valores em práticas (GRAJEW, 2000).

Por conta disso, com base nas argumentações apresentadas, pode-se concretizar que a empresa é uma estrutura funcional movimentada através dos resultados, enquanto o sujeito envolve dimensões que carecerão de ser equilibradas em sua essência. Modelos de gestão aliados à RSC e capazes de ponderar os trabalhadores como individuo, reduzem eventuais alienações e elevam a dignidade humana, desta forma, essa ótica multidimensional contribui as relações sociais e possibilita a sustentabilidade ambiental (KELM, 2008).

No entanto, a relação entre a RSC e a qualidade da informação contábil, conforme Heltzer (2011) evidencia a interferência das despesas de natureza social e ambiental no gerenciamento de resultados, de maneira geral, seu estudo explana que as empresas que possuem respeito com o meio ambiente não abrangem de forma impactante a gerencia de seus resultados comparado às empresas ambientalmente neutras; esse relacionamento não parece comprometer o aumento das forças ambientais. Em contrapartida, empresas que não possuem tal responsabilidade com o meio ambiente tendem a possuírem um envolvimento maior com essa métrica contábil, em relação a outras empresas evidenciadas no estudo; esse relacionamento está aumentando em questões ambientais.

Na perspectiva da divulgação das informações ambientais, Iatridis (2013) corrobora que os debates das questões sociais e ambientais, bem como, estudos que versaram do cooptação entre informações ambientais, indicadores de governança e value relevance. Os resultados angariados nessa indagação cooperam para a contestação atual sobre a analogia entre a evidenciação ambiental e o valor de mercado da organização. Os achados elucidados destacam que a informação ambiental está conexa ao value relevance, ressaltando o impacto direto aos lucros futuros esperados.

Diversos estudos foram desenvolvidos buscando relacionar a RSC com algumas métricas de qualidade das informações contábeis tais como Heltzer (2011), Kim, Park e Wier (2012), Pyo e Lee (2013), Scholtens e Kang (2013), Giuli e Kostovetsky (2014), Gras-Gil et

al. (2016) e Pelucio Grecco et al. (2017) – gerenciamento de resultados; Nossa et al. (2009),

Beisland e Hamberg (2013), Middleton (2015), Martins et al. (2015) e Cahan et al. (2016) -relevância das informações contábeis. No entanto, a partir destes estudos, localizou-se uma lacuna de pesquisa.

A partir do exposto, norteou-se nos estudos de Scholtens e Kang (2013), que pesquisaram a influência das despesas de natureza ambiental com o gerenciamento de resultados; e na pesquisa de Iatridis (2013), que evidenciou a relação entre a evidenciação

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ambiental e o value relevance, identificou–se uma lacuna de pesquisa, que consiste em investigar a influência da Responsabilidade Social Corporativa na qualidade da informação contábil a partir de duas diferentes métricas (gerenciamento de resultados e value relevance), considerando que tais predicados de qualidade podem ser influenciados por ações de incentivos, como o caso da RSC (modelo VBA, SCHWARTZ; CARROLL, 2007).

Diante desta perspectiva, frente ao fato de não encontrar pesquisas brasileiras com essa proposta, considerando o modelo de RSC, proposto nessa investigação, específicos para as métricas de gerenciamento de resultados e value relevance, considera–se proeminente a perspectiva de estudo que norteia esta pesquisa. Assim, busca responder o seguinte problema de pesquisa: Qual a relação entre a Responsabilidade Social Corporativa e a qualidade das informações contábeis reportadas aos usuários em empresas brasileiras de capital aberto?

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos procuram definir quais os resultados que se pretende alcançar com a realização do trabalho A seguir são estabelecidos os objetivos gerais e específicos que norteiam as pesquisas, análises e conclusões obtidas por meio do estudo. Koche (2002) elucida que os objetivos balizam a aspiração do alcance da busca, o que se propõe investigar, que aspectos pretende analisar.

1.3.1 Objetivo geral

Analisar a relação entre a Responsabilidade Social Corporativa e a qualidade das informações contábeis reportadas aos usuários, em empresas brasileiras de capital aberto que disponibilizaram seus dados na base de dados Thomson Reuters Eikon (2020).

1.3.2 Objetivos específicos

a) Identificar o nível de Responsabilidade Social Corporativa das empresas que compõe a amostra;

b) Analisar a relação entre a responsabilidade social corporativa e a qualidade da informação contábil a partir da métrica de gerenciamento de resultados;

c) Analisar a relação entre a responsabilidade social corporativa e a qualidade da informação contábil a partir da métrica de value relevance.

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1.4 JUSTIFICATIVA

A RSC vem sendo uma temática de pesquisa, com interesse acadêmico, das organizações, nos últimos anos. Mueller et al. (2012) destacam que esses interesses têm sido acompanhados por um aumento da prevalência dos programas sociais e relatórios de RSC. Neste contexto, Servaes e Tamayo (2013) elucidam que a RSC se tornou parte integrante da prática empresarial na última década, pois de fato muitas empresas passaram a divulgar em seus relatórios anuais as atividades de RSC para ilustrar a importância que atribuem a estas atividades.

Seguindo esta mesma linha de pensamentos, como os avanços tecnológicos surgem e são cada vez mais exigidos na exploração dos recursos ambientais, é exigida, transparência, eficiência, ética e responsabilidade na divulgação das informações. O aspecto socioambiental vem se tornando cada vez mais importante e necessário no ambiente econômico atual, não somente pelas empresas privadas, mas também os entes públicos e o próprio cidadão (PEREIRA et al., 2017).

Bonsón e Bednarova (2015) são unanimes ao evidenciar que as empresas estão sob pressão constante das partes interessadas para serem socialmente e ambientalmente responsáveis. Este compromisso voluntário frente à RSC pode levar a benefícios de longo prazo, tanto para a empresa, como para seus stakeholders, tornando-se questões relevantes para o ambiente corporativo. Assim, a correta divulgação da contabilidade das empresas é um importante canal para transmissão e análise de sinais de qualidade das empresas (TOMS, 2002). Para tanto, uma tomada de decisões coerente depende da qualidade da informação contábil divulgada e a má qualidade das informações contábeis pode gerar incertezas sobre a condição financeira das empresas para os investidores externos (LEE; MASULIS, 2009).

Complementando a ideia, a qualidade da informação contábil está relacionada com as incertezas dos investidores sobre a saúde financeira, bem como o desempenho passado da organização (LEE; MASULIS, 2009). Assim, as demonstrações contábeis são a principal fonte de informações sobre o desempenho das empresas. Portanto, conforme Lee e Masulis (2009) é necessário que as demonstrações contábeis contenham informações confiáveis, compreensíveis, comparáveis e relevantes, para que possam servir para todas as partes interessadas.

No contexto da qualidade da informação contábil disponibilizada aos usuários, percebe–se que as informações de cunho ambiental têm ganhado destaque nos relatórios

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evidenciados (CLARKSON et al., 2008). A crescente preocupação sobre o efeito das organizações na sociedade e no meio ambiente tem levado o público a exigir das empresas não apenas valor econômico agregado, mas também comportamento social e ambiental responsável, assim como maiores níveis de transparência em relação aos impactos sociais e ambientais nos negócios (LORENZO; SANCHEZ, 2010).

A presente pesquisa visa contribuir na investigação da influência da responsabilidade social corporativa (RSC) na qualidade da informação contábil em empresas de capital aberto, em uma análise a partir dos dados divulgados na base de dados Thomson Reuters Eikon (2020). Sendo para tanto, utilizado duas métricas da qualidade da informação o gerenciamento de resultados – GR (Modelo de Kothari, Leone e Wasley (2005) e o value

relevance – VR (Modelo de Hassel, Nilsson e Nyquist (2005) e para encontrar a varável de

RSC, utilizou-se o constructo teórico proposto por Schwartz e Carroll (2007), que é o Modelo VBA, composto pelas dimensões de Valor – V, Equilíbrio – E e Transparência – T, o que representa um dos pontos primordiais que diferencia este estudo dos demais acerca do tema. Para o estudo proposto são consideradas empresas brasileiras que disponibilizam suas informações nesta base de dados.

Frente ao desenvolvimento regional, o estudo se justifica por a contabilidade se inserir como uma área do conhecimento responsável pelo registro dos eventos econômico/financeiros realizados pelas pessoas físicas e jurídicas que envolvem o capital econômico e seus resultados proporcionando informações relevantes e confiáveis para os diversos atores que compõem o cenário, em especial as empresas que apresentam práticas de RSC (VIEIRA; SANTOS, 2009).

Ainda, se entendermos desenvolvimento regional como uma política para melhorar as condições sociais da população e reduzir as diferenças entre as regiões, pode-se inferir o grau de desenvolvimento de determinada região a partir da avaliação a partiri da qualidade da informação cotábil disponível pelas organizações em determinada região, pelo nível educacional da população e pelos índices sociais e de renda (SIQUEIRA; SIFFERT, 2001).

A contabilidade como instrumento que comunica dados econômicos e financeiros, relativos aos patrimônios das pessoas físicas e jurídicas que compõe o sistema econômico vigente nos dias atuais. Por se tratar, da profissão que acompanha a evolução da humanidade com o objetivo de servir como arquivo base de informações utilizadas por todas as pessoas que fazem gestão de patrimônio, pode-se afirmar que é uma ciência que tem sido suporte que inspira confiança entre os atores promotores do desenvolvimento regional que compõem a estrutura social no cenário atual (CUNHA; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2012)

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Sendo assim, a lacuna de pesquisa está em analisar a relação da RSC por meio do modelo VBA (value, balance, accountability), considerando como variável explicativa a RSC (que utiliza as dimensões conjuntamente) e as dimensões do modelo isoladamente (V, B e A) (SCHWARTZ; CARROLL, 2007) com as métricas da qualidade das informações contábeis:

Value Relevance (BALL; BROWN, 1968; RICHARDSON et al., 2005) e Gerenciamento dos

Resultados (DEMSKI, 1998; KIRSCHENHEITER; MELUMAD, 2002; BAPTISTA, 2008) por meio dos dados contábeis, financeiros e de mercado das companhias abertas disponibilizado na base de dados Thomson Reuters Eikon (2020). Desta forma, este estudo pode servir para instrumentalizar e contribuir na implementação de novas práticas de controle e de gestão para melhorar a qualidade das informações contábeis, a partir da lente de responsabilidade social corporativa, melhorando o relacionamento com os stakeholders (associados, colaboradores, clientes, fornecedores e comunidade em geral) envolvidos. Assim, a relação entre RSC e a qualidade das informações contábeis necessita passa ser um objeto de estudo com elevado grau de pertinência, tanto para o mundo acadêmico, como para os

stakeholders.

A relevância do estudo reside na análise das dinâmicas que podem responder questionamentos, de como alcançar um desempenho elevado, ou conseguir um melhor posicionamento competitivo em cenários altamente incertos. A qualidade da informação contábil pode influenciar a eficácia dos investimentos da empresa, haja vista que uma informação de qualidade possui menos assimetria entre gerentes e fornecedores reduzindo assim os custos e as restrições de financiamento (BEATTY et al., 2010). Ao discorrer sobre QIC, Beatty et al. (2010) destacam a importância da qualidade da informação contábil ao revelar que empresas enfrentam restrições de financiamento, onde problemas de assimetria de informação são susceptíveis de serem maiores. Espera-se que os investidores mais bem informados processem melhor as informações das demonstrações financeiras (DECHOW et

al., 2010).

No contexto do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), o tema se justifica pela importância que as organizações desempenham dentro da nossa sociedade. Elas têm a responsabilidade de gerenciar, manter, operar e adaptar a infraestrutura, movimentar a economia e fornecer emprego e bens e serviços essenciais para a comunidade. Vale salientar que o tema é relevante tanto academicamente como para as empresas dos diversos setores econômicos que precisam ser competitivos para sobreviverem num mercado

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de incertezas. Essas discussões estão em evidência no contexto atual, em razão das dificuldades encontradas em recuperar-se, crescer e antecipar-se as transformações.

Por fim, percebe-se que este estudo é importante para o pesquisador por proporcionar um grau de percepção mais elevado sobre a RSC e a Qualidade da informação contábil, e, com isso, qualificar a sua própria atuação acadêmica. O pesquisador acredita, dessa forma, que este tema lhe permitiu alcançar conhecimentos mais avançados e complexos, tanto teóricos quanto, práticos, demonstrando que ambas as temáticas sustentam um arcabouço teórico inesgotável de assuntos a serem pesquisados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico apresenta diversas considerações de diferentes autores sobre os temas centrais do estudo: Teoria da Sinalização; Responsabilidade Social Corporativa; e Qualidade da informação contábil. A primeira seção consiste na base teórica que suporta a pesquisa, em que se debate aspectos da assimetria de dados. A segunda seção contempla a responsabilidade social corporativa e a sua relação com os diversos stakeholders de uma organização.

Na terceira seção são apresentadas a base conceitual a respeito da qualidade da informação, abordando–se os tipos e modelos de gerenciamento de resultados e de value

relevance. Por fim, a última seção do capítulo evidencia o posicionamento teórico definido para esta dissertação, em que se define e justifica a escolha pela teoria de base, os modelos econométricos para qualidade da informação contábil e o modelo para evidenciar a Responsabilidade Social Corporativa.

2.1 TEORIA DA SINALIZAÇÃO

A Teoria da Sinalização foi primeiramente desenvolvida por Spence (1973) e é adotada para explicar o comportamento dos mercados a partir dos sinais emitidos. Spence (1973) utilizou como exemplo o mercado de trabalho, no qual há assimetria de informações entre o empregador e o funcionário que está sendo contratado. Deste modo, a Teoria da Sinalização tem por objetivo analisar, também, as situações em que as partes de um contrato estão interessadas em sinalizar algumas características antes que ele seja firmado ou assinado (WU, 2004).

O contexto geral da Teoria da Sinalização é objeto de estudo dentro das relações de mercado e na economia da informação, nas quais podem ocorrer situações de assimetria entre partes interessadas em formular negociações (BORGES et al., 2011). Assim, observa-se que as investigações sobre sinalização no meio acadêmico, são precedidas pelo tema assimetria informacional, sendo este inicialmente abordado por Arkelof (1970), que mudou a concepção dos economistas sobre financiamento dos mercados (WU, 2004).

A teoria parte do pressuposto de que, em processos de negociação, os agentes envolvidos possuem acesso a quantias diferentes de informações sobre um determinado produto (ARKELOF, 1970). Ou seja, o vendedor conhece sobre a qualidade do que produziu,

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mas o cliente não tem, em geral, o mesmo entendimento ou acesso a informações que expressem a qualidade do produto ao mesmo nível (BOULDING; KIRMANI, 1993).

Essa situação que se estabelece entre compradores e vendedores, é entendida como cenários de “assimetria de informação” (ARKELOF, 1970, p. 489). As incertezas resultantes dessa assimetria potencializam, aos processos de negociação, um problema reconhecido como “seleção adversa”. Essa adversidade ocorre quando uma das partes (vendedor) não tem as qualidades necessárias para efetuar uma transação, mas produz evidências falsas que sim, levando a outra parte (comprador) a crer que ele está apto a oferecer produtos de alta qualidade (KIRMANI; RAO, 2000).

Como forma de reduzir essa assimetria entre os agentes, é necessário que os gestores das organizações sinalizem informações para os stakeholders, evitando, desta maneira, falhas no mercado (MILGRON; ROBERTS, 1992; DALMÁCIO et al., 2013). Conforme Spence (1973), os sinais representam mecanismos de discriminação, capazes de alterar crenças e transmitir informações aos outros indivíduos, melhorando, desta forma, a qualidade das informações e facilitando a compreensão dos usuários.

Há quatro etapas da teoria de sinalização, são elas: sinalizador, receptor de sinal e

feedback. Dessa forma, o sinalizador envia informações para o receptor. No caso desta

pesquisa os gestores das organizações podem sinalizar o desempenho das organizações sob sua responsabilidade para indicar a qualidade de sua gestão. Já o feedback é a resposta ao sinal recebido retornados pelo receptor para o sinalizador indicando a eficácia do sinal, podendo servir como base para que os sinalizadores possam ajustar ou refinar seus sinais para os investidores. Com isso, a sinalização pode ser vista como um processo por meio do qual são enviados sinais, recebidos, interpretados e respondidos, levando a novos sinais e interpretações (ALSOS; LJUNGGREN, 2016).

Na última década a Teoria da Sinalização vem sendo aplicada em diversos temas de finanças, como na previsão da rentabilidade das empresas (WIGGINS; RUEFLI, 2002) e em sua probabilidade de falência (ALTMAN, 1968; DAMBOLENA et al., 1980). Em suma, esta teoria tem o objetivo de identificar como a sinalização da informação pode diminuir a assimetria informacional. Tal teoria pode explicar o comportamento de duas partes (indivíduos ou organizações) que têm acesso a informações diferentes. Normalmente, o remetente escolhe se quer e como quer sinalizar as informações, e a outra parte, o receptor, escolhe como interpretar o sinal, tal como descrito por Connelly et al. (2011).

Tendo como principal aporte teórico a Teoria da Sinalização, alguns estudos foram desenvolvidos no sentido de analisar os impactos que os sinais transmitidos pelas empresas

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podem causar. Kaveski et al. (2016) utilizaram a Teoria da Sinalização para embasar o estudo sobre os fatores que determinam a decisão de pagar dividendos. Para os autores, a disposição da empresa para distribuição de dividendos sinaliza para o mercado em que a companhia possui capacidade de gerar fluxos de caixa, fazendo frente às promessas de pagamentos decorrentes da decisão.

Ainda, Kaveski et al. (2016) chegaram à conclusão de que, para o caso das empresas brasileiras, a alavancagem, a liquidez e a rentabilidade são fatores determinantes para o pagamento de dividendos. Em uma perspectiva diferente, Klann e Beuren (2011) utilizaram como suporte teórico a Teoria da Sinalização e a Teoria da Agência para analisar se algumas características das empresas influenciam a divulgação de indicadores contábeis de evidenciação voluntária e concluíram que algumas características, como o setor de atividade e a margem operacional, podem influenciar a divulgação voluntária de indicadores contábeis.

Destarte, pode-se afirmar que a Teoria da Sinalização permite a divulgação de sinais para o mercado de capitais, visando a fornecer informações relevantes acerca da empresa, como, por exemplo, aquelas que tendem a induzir os investidores a formularem expectativas sobre o futuro da organização (HOLTHAUSEN; LEFTWICH, 1983). Neste sentido, assume-se que os indicadores financeiros das empresas evidenciam a situação financeira da entidade, sendo interpretados, portanto, como sinais para os investidores.

Convém destacar que, para Klann e Beuren (2011) a divulgação de índices contábeis pode ser considerada uma sinalização, tendo em vista que tais indicadores estão associados a atributos da organização. É salutar destacar, ainda, que a credibilidade das informações sinalizadas é diretamente proporcional à probabilidade de as organizações honrarem com o que é transmitido para os stakeholders (ANTUNES; PROCIANOY, 2003).

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Os estudos sobre Responsabilidade Social Corporativa têm sido ao longo das últimas décadas, um tema constante nos meios acadêmicos. Isso, porém, ainda não conferiu um consenso quanto ao conceito e escopo do assunto. Para McWilliams e Siegel (2011), o termo se refere a ações para o bem social que vão além do cumprimento de leis, assumindo, assim, um caráter de voluntarismo.

Carroll (1979) relata que o conceito de responsabilidade social corporativa vem de longa data e já aparece na literatura acadêmica desde 1930. O autor sinaliza que o trabalho de

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Howard R. Bowen’s, de 1953, intitulado Social Responsibilities of the Businessman, é considerado, por muitos, como o primeiro livro definitivamente dedicado ao assunto.

Portanto, é possível identificar na literatura uma grande variedade de conceitos e premissas sobre o que abrange a responsabilidade social da empresa (CARROLL, 2008). Uma das primeiras tentativas de formalizar o significado de RSC foi feita por Keith Davis, que argumentou que RSC refere-se a “decisões e ações dos homens de negócios baseadas, pelo menos em parte, além dos interesses diretamente econômicos e técnicos da empresa” (FREDERICK, 1960, p.70).

Ainda para Davis (1960) algumas decisões socialmente responsáveis podem, no longo prazo e mediante um processo complexo, trazer ganhos econômicos para a empresa. Na mesma época, Frederick (1960) afirmou que a responsabilidade social corporativa implica em uma postura pública com relação aos recursos econômicos e humanos da sociedade, e uma disposição em ver esses recursos utilizados para fins sociais mais amplos e não somente para interesses de poucos. Nas décadas seguintes, diversos outros autores elaboraram definições para o conceito de RSC (CARROLL, 1979, 1991; JONES, 1980; MICHALOS, 1997).

A RSC tem a desafiadora tarefa de harmonizar interesses privados dos acionistas a interesses coletivos de outros stakeholders, provendo resultados financeiros e socioambientais tanto em curto prazo quanto garantindo a perenidade de recursos da organização no longo prazo (ARTIACH et al., 2010). Ainda hoje, persistem as contradições em relação à RSC quanto a real responsabilidade na contenção de danos e externalidades por parte da empresa, assim como ao objetivo exclusivo de retorno financeiro (DEVINNEY, 2009). De fato, a noção de RSC de que negócios têm responsabilidades para além do lucro continua ambígua e “essencialmente contestada” (OKOYE, 2009).

Porter e Linder (1995) já desafiavam a visão de que RSC representaria um ônus improdutivo para a empresa, afirmando que práticas de responsabilidade socioambiental levariam não apenas a benefícios sociais públicos, como também a benefícios corporativos privados. Assim, a VBA caracteriza alguns caminhos pelos quais a incorporação da RSC pode levar a uma mudança nos ativos corporativos que compatibiliza os ganhos financeiros privados e os interesses socioambientais. O caminho mais evidente é o investimento de recursos financeiros em ativos tecnológicos, físicos e organizacionais, que são conduzidos por meio de ativos humanos e promovem aumento de ecoeficiência produtiva, reduzindo os custos relativos com insumos e disposição de resíduos.

Este caminho virtuoso redundaria em aumento dos retornos financeiros privados e ganhos sociais com redução na exaustão do capital natural (BRANCO; RODRIGUES, 2010;

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HART, 1995; RUSSO; FOUTS, 1997). Evidentemente os ganhos relativos em ecoeficência não garantem a redução absoluta dos insumos consumidos ou da poluição gerada, que é dependente do volume total de produção. Caso os aumentos de produção superem os ganhos com ecoeficiência, os impactos socioambientais negativos totais aumentarão (FARLEY; VOINOV, 2016).

Embora não haja entre os autores uma concordância sobre a RSC repercutir positivamente no valor de uma empresa, a verdade é que ela emerge das escolas de negócio como ferramenta de relações públicas, conforme lembram Newell e Frynas (2007). Ela é utilizada, muitas vezes, para desviar e reduzir as críticas, capitalizando os bons resultados dessas ações, o que também é mencionado por Jackson e Apostolakou (2010), Hart (2005) e Jenkins (2004).

Dentre as motivações para o desenvolvimento de projetos de RSC, há organizações que apenas almejam bons resultados em rankings baseados nos índices de Investimento Socialmente Responsável (ISR), buscando utilizar esse resultado como estratégia de publicidade, até mesmo prejudicando a eficácia dos projetos desenvolvidos. Já Adam e Shavit (2008), acreditam que a existência de rankings elaborados pelos índices de RSC acaba não incentivando as empresas excluídas desses índices a desenvolverem projetos socioambientais

Apesar da crise que se faz sentir no mundo empresarial, o atual contexto socioeconómico constitui muitas vezes uma oportunidade para a implementação de novas ideias, novos modelos de negócio ou até mesmo para a melhoria de desempenho por via da otimização de recursos e meios. A RSC pode ser alvo de múltiplas interpretações. Pode representar a ideia da responsabilidade ou das obrigações legais; um comportamento socialmente responsável, em sentido mais ético (CARROLL, 1979); pode ser entendido como o “ser responsável por algo”, no sentido mais casual (HENRIQUES, 2007); alguns argumentos consideram apenas as contribuições quantitativas; e há ainda os argumentos em torno de uma espécie de dever fiduciário que impõe padrões de comportamento mais elevados nos negócios do que nos cidadãos em geral (KEINERT, 2008).

2.2.1 Modelos de Responsabilidade Social Corporativa

A responsabilidade social corporativa (RSC) é entendida como o desenvolvimento do papel empresarial além de seu escopo econômico e de suas obrigações legais. Em face desse pressuposto, nas últimas quatro décadas muitos modelos foram propostos, alguns dos quais se destacaram mais do que os outros, evidenciando diferentes fase.

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Como por exemplo, o modelo de Carroll (1991) apresenta a caracterização da RSC em forma de pirâmide; O modelo Bidimensional desenvolvido por Quazi e O’Brien (2000); o Modelo Tridimensional idealizado por Schwartz e Carroll (2003); o modelo para análise da responsabilidade social das empresas, de Porter e Kramer (2006), e por fim o que será utilizado neste projeto o Modelo VBA (value, balance, accountability) de Schwartz e Carroll (2007). Eles são apresentados a seguir.

a) Pirâmide da Responsabilidade Social Corporativa

Esse modelo é tido até o momento como um modelo explicativo fundamental do tema. Com base nesse modelo piramidal a empresa possui quatro graus com categorias diferentes de responsabilidade social, a saber: (1) responsabilidade econômica – a empresa precisa gerar lucro; (2) responsabilidade legal – a empresa deve obedecer à lei; (3) responsabilidade ética – a empresa deve fazer o que é certo e agir sempre de forma correta e leal; (4) responsabilidade de ação discricionária – a empresa deve contribuir para a melhoria das condições da sociedade em geral, engajando-se em projetos sociais comunitários de cunhos educacional, cultural e esportivo (CARROL, 1991).

Os dois primeiros critérios são exigidos pela sociedade, denominados de ‘responsabilidade de ação’ das empresas. O terceiro aspecto é esperado pela sociedade, e o quarto é desejado pela sociedade (CARROLL, 1991). A esses dois últimos critérios, Carrol (1991) denominou de “ampliação da responsabilidade de ação” das empresas.

Num primeiro momento, esse modelo se apresenta como amplo e praticamente completo. No entanto, para Schneider (2004) o modelo de Carroll negligencia os preceitos básicos da RSC, mais precisamente o ecológico e o social, por ser construído a partir de uma lógica econômica dominante, onde esses aspectos surgem praticamente como preocupação secundária.

Além disso, a ‘expectativa da sociedade’ é um conceito arbitrário, pois a sociedade moderna, por definição, é fragmentada pela diversidade de pontos de vista, de interesses cada vez mais personalizados e divergentes, e, portanto, fica difícil esclarecer o que a expressão ‘expectativa conjunta’ representa. Um outro ponto a destacar é que o quarto critério do modelo piramidal de Carroll (1991) ficou mais conhecido e passou a ser utilizado, praticamente, como sinônimo de RSC.

Em parte, isso se deve ao fato de que deste critério surgiu o conceito de cidadania corporativa (CC), cujo conteúdo é basicamente filantrópico. Em razão disso, as empresas

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utilizam os resultados alcançados pelas ações sociais como forma de “moeda” em momentos de crise (VAN MARREWIJK, 2003) como, por exemplo, quando a empresa é alvo de algum escândalo de corrupção, ou em caso de desastre ecológico, ou ainda quando há caso de demissão em massa. Nesses casos há uma desconfiança de que a empresa esteja apenas agindo em “interesse próprio”, pois utiliza esses projetos como meio de publicidade, o que denominam de “utilização limitada” do conceito de cidadania corporativa.

Figura 1 - Pirâmide da Responsabilidade Social Corporativa

Fonte: Carroll (1991).

b) Modelo Bidimensional desenvolvido por Quazi e O’Brien (2000)

Especificamente sobre modelos explicativos da RSC, os autores Quazi e O’Brien (2000) desenvolveram o modelo bidimensional (Figura 2). Esse modelo da RSC apresenta duas dimensões: (1) a amplitude da responsabilidade, entendida dentro de uma perspectiva que pode se estender entre extremos que vão de restrita a ampla; (2) os efeitos de ações de RSC, enquadrados em um extremo como benéfica para a empresa e do outro, causadoras de custos.

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Figura 2 - Modelo Bidimensional de RSC

Fonte: Quazi e O'Brien (2000)

Os modelos de RSC, representativos da visão mais tradicional, enfatizam o paradigma ortodoxo de que os negócios têm função de maximizar os lucros e dessa forma a RSC dos negócios está associada à obtenção de resultados, bens e serviços para a sociedade, como previu Friedman (CAVALCANTE, FALK; 2007). Sob essa perspectiva, o lucro torna-se o único critério adotado para julgar a eficiência operacional de uma organização, trata-torna-se da responsabilidade estreita.

A “responsabilidade estreita” se desdobra também em duas visões: a visão socioeconômica que considera que a função-objetivo da empresa é a maximização do valor para o acionista, mas que as ações de responsabilidade social podem ajudar nesta geração de valor. A visão clássica, segundo o autor, defende que as ações de responsabilidade social não geram valor para a empresa, e não devem ser desenvolvidas (MACHADO, 2002).

Para Cavalcante e Falk (2007), na perspectiva multidimensional a responsabilidade estreita é finalmente superada e o envolvimento das empresas com a responsabilidade social não é mais visto apenas criando uma rede de custos, mas contribuindo para a geração de vantagens estratégicas em longo prazo, evitando regulações futuras, melhorando o desempenho das empresas em termos de produtividade e inovação.

E, conforme aponta Machado (2002), a “responsabilidade ampla” também vai se subdividir em dois tipos de visão: a moderna e a filantrópica. A visão que o autor denomina moderna, que seria aquela que acredita que no longo prazo as ações de responsabilidade social

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trazem benefícios para a empresa. A outra visão, denominada filantrópica, defende as ações de responsabilidade social mesmo que não tragam retornos para a empresa.

c) Modelo Tridimensional

Um terceiro modelo da RSC é apresentado por Schwartz e Carroll (2003), que se propõe a solucionar alguns problemas dos modelos anteriores. Primeiramente, ao definir como temas centrais da RSC a questão econômica, legal e ética, os autores quebram com a concepção equivocada de que a filantropia possui um lugar de destaque. Esta por sua vez, pode ser observada em ações pontuais tanto dentro da dimensão ética ou econômica.

Em segundo lugar ao representar o modelo em um diagrama os autores eliminam a errônea interpretação de que há uma hierarquia entre os temas centrais da RSC. Finalmente, esse modelo considera as possibilidades de combinações entre os temas centrais da RSC, resultando em sete categorizações das atividades das empresas, portanto, desfaz o modelo do ‘ou’, trazendo consigo a possibilidade do ‘e’. O modelo é apresentado na Figura 3.

Figura 3 - Modelo Tridimensional de RSC

Fonte: Schwartz e Carroll (2003).

No modelo de Três dimensões de Schwartz e Carroll (2003), foram empregadas as quatro categorias da responsabilidade social. Porém, nessa abordagem os autores entenderam que a categoria filantrópica poderia ser incorporada às responsabilidades econômica e ética em função de a filantropia não ser percebida como dever ou responsabilidade por alguns estudiosos sobre o assunto, por exemplo: L’Etang e Stone, citado por Schwartz e Carroll (2003). Outras razões são apontadas para essa modificação, a primeira é que às vezes é muito difícil distinguir ações filantrópicas e éticas, tanto em nível teórico quanto prático e a segunda

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apoia-se na suposição de que as atividades filantrópicas poderiam, simplesmente, estar subjacentes em interesses econômicos, esclarecem Schwartz e Carroll.

Desta forma, o enfoque diferenciador desse modelo é a inter-relação ou intersecção entre as dimensões econômica, ética e legal, formando os seguintes tipos de responsabilidades denominadas: econômico-ética, econômico-legal, legal-ética e econômico-legal-ética. A responsabilidade nomeada como puramente econômica é formada pelas atividades que proporcionam um benefício econômico direto ou indireto, seja ele ilegal, criminalmente ou civilmente, ou legal, subordinado a obedecer à lei. (SCHWARTZ; CARROLL, 2003). Em se tratando da dimensão puramente legal, a compreensão dos autores é que essa categoria inclui ações empresariais que não oferecem nenhum benefício econômico direto ou indireto. A atividade tem que acontecer em função do sistema legal e não apesar dele. A categoria puramente ética refere-se a qualquer ação organizacional que não tenha nenhuma implicação econômica ou legal direta ou indiretamente.

A interseção entre as responsabilidades econômica, legal e ética, segundo os autores representa o segmento em que as empresas deveriam operar sempre que possível, ou então nas dimensões econômica e ética, contando que a empresa obedeça à lei passivamente. As principais características desta abordagem incluem a obtenção do lucro dentro dos limites legais, atuar de maneira responsiva, atender às expectativas, princípios e padrões éticos, buscando o bem comum e ter a ética como força motriz da empresa.

d) Modelo para análise da responsabilidade social das empresas

Porter e Kramer (2006) apresentaram modelo teórico baseado nessa integração, cujas diretrizes dos processos são conduzidas pela: identificação dos pontos de interseção entre empresa e sociedade, e vice-versa; definição das questões sociais a serem abordadas pela empresa; integração das práticas de dentro para fora e de fora para dentro; e inclusão de uma dimensão social condizente com a proposta de valor da empresa.

Inicialmente, a empresa deve detectar os pontos de interseção entre empresa e sociedade, em seus vínculos: de dentro para fora (empresa X sociedade) – influência das atividades da cadeia de valor na sociedade (atividades primárias e de suporte); e de fora para dentro (ambiente competitivo X empresa) – presença das condições sociais externas sobre a empresa (condições de fatores/fator de entrada, indústrias relacionadas e de suporte, condições locais de demanda, e contexto de estratégia, estrutura e rivalidade das empresas).

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No primeiro caso, a interdependência entre empresa e sociedade envolve as atividades da cadeia de valor da empresa que se dividem em atividades primárias e de suporte. Para Porter (1989), as atividades primárias relacionam-se ao conjunto de atividades desenvolvidas para a produção, venda, transferência do produto ao consumidor, bem como a assistência pós-venda, e são categorizadas em: logística interna; operações; logística externa; marketing e vendas; e serviços pós-venda. As atividades de suporte servem de sustento às primárias, fornecendo insumos, tecnologia, recursos humanos, se são divididas em: infraestrutura; gestão de pessoas; desenvolvimento; e aquisição.

No segundo caso, a interdependência entre ambiente competitivo e empresa apresenta os determinantes da vantagem nacional, responsáveis pelo êxito do país em determinada indústria (PORTER, 1993). Para Porter e Kramer (2006), o vínculo de fora para dentro, caracterizado pelo contexto competitivo de uma empresa, exerce influência social sobre sua competitividade e afeta sua habilidade de melhorar a produtividade e capacidade de executar as estratégias. Toda empresa para obter sucesso necessita de uma sociedade “saudável”. Neste sentido, os autores propõem atributos geradores de impacto social objetivando caracterizar o ambiente competitivo, em que as ações de cada competidor afetam e são afetadas pelo mercado, que compreendem: condições de fatores; indústrias relacionadas e de suporte; condições locais de demanda; e contexto da estratégia, estrutura e rivalidade das empresas.

Estas interações compõem o contexto competitivo, influenciando sobremaneira na capacidade de executar a estratégia em função das condições sociais, principalmente em longo prazo, atraindo muito menos atenção do que o impacto da cadeia de valor, podendo ter muito mais relevância para empresa e para a sociedade, e ainda, podendo abrir oportunidades para iniciativas de RSC. Assim, é estratégico para empresa definir questões sociais relevantes para seu core business, e investir naquelas que tragam oportunidade de valor compartilhado, ou seja, um benefício relevante para sociedade e valioso para empresa (PORTER; KRAMER, 2006).

No modelo proposto por Porter e Kramer, em 2006, as questões sociais foram classificadas em três categorias: impactos sociais genéricos, impactos sociais da cadeia de valor, e dimensões sociais do contexto competitivo. Após esta classificação, a empresa deve desenvolver sua pauta de investimento social empresarial de forma explícita e afirmativa, buscando o equilíbrio entre benefícios sociais e econômicos (PORTER; KRAMER, 2006). e) Modelo VBA (value, balance, accountability)

Referências

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