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5.2 E TAPA EXPERIMENTAL

5.2.2 Construção do questionário

5.2.2.3 Pré-teste do questionário

A primeira análise do questionário preliminar foi de cunho qualitativo, sendo consultadas 10 pessoas para verificar se a redação do instrumento era adequada e se as questões estava sendo bem compreendidas. Em termos gerais, as variáveis foram consideradas de fácil compreensão. Entretanto, neste pré-teste verificou-se que havia certa dificuldade em compreender com clareza alguns dos sentimentos da escala PANAS. Por esta razão, decidiu-se elaborar um glossário com o significado de cada uma das 20 emoções (Anexo C). Após a confecção deste glossário, outros 5 entrevistados avaliaram o questionário. Verificou-se que a adoção de um glossário como material de apoio contribuiu sobremaneira para que os entrevistados tivessem maior facilidade em interpretar o significado das emoções da escala PANAS.

Considerando que o questionário preliminar estava sendo bem compreendido pelos respondentes, exceto pela pequena dificuldade com relação à escala de emoções, sanada

com a elaboração de um glossário, partiu-se para o teste quantitativo do questionário. O pré-teste do questionário foi aplicado na saída do Supermercado Nacional de Gramado. Dois motivos em especial contribuíram para a realização do pré-teste neste local. O primeiro diz respeito ao projeto arquitetônico do supermercado, projetado para proporcionar aos clientes uma atmosfera bastante agradável. O segundo está relacionado ao grande fluxo de pessoas que circulam por este estabelecimento, o que facilitou a coleta de dados. Em dois dias foram coletados 98 questionários. O critério adotado para interpelar potenciais respondentes era que estes estivessem saindo do supermercado após terem passado pela experiência de avaliar a atmosfera do supermercado.

A primeira análise realizada junto aos dados coletados para o pré-teste do questionário teve como objetivo identificar possíveis problemas de digitação da base de dados, como valores fora da escala intervalar estipulada. Ao final deste processo, nenhum problema havia sido identificado. A análise de Missing Values revelou que todas as variáveis foram respondidas por todos os entrevistados, com exceção da variável demográfica “renda familiar mensal” (19,4% de missing values). Nenhum padrão de não- resposta foi encontrado, o que caracterizou a aleatoriedade dos valores perdidos. A análise da distribuição de freqüências revelou que, em geral, todas as opções de resposta foram utilizadas. A análise de assimetria e de curtose se mostrou problemática apenas para o item 18 (culpado) da escala PANAS, sendo que para esta emoção os índices estavam acima do recomendado por Kline (2005) (assimetria = 3,774 e curtose = 14,352).

Também foi realizada uma análise do padrão de respostas. Os dados foram analisados para verificar se nenhum respondente estava utilizando apenas os extremos da escala e/ou demonstrava pouca variabilidade nas respostas. Esta análise levou à eliminação de 8 questionários com pouca variabilidade nas respostas e/ou respostas apenas nos extremos da escala. Também foi realizada uma análise univariada de respostas atípicas (outliers), sendo adotado o mesmo padrão utilizado por Gonçalves (2005), que considerou atípicas as respostas distantes mais de três desvios-padrões da média. Nesta análise, foram encontrados 5 respondentes com padrões univariados de resposta atípica. Já a análise multivariada de respostas atípicas tomou como base a estatística de D2 de Mahalanobis. Neste procedimento, não foi encontrado mais nenhum respondente atípico.

As escalas foram avaliadas através de uma Análise Fatorial Exploratória e Alfa de Cronbach. O método de extração foi o Principal Axis Factoring, que é recomendado para

analisar estruturas fatoriais preestabelecidas teoricamente (TABACHNICK; FIDELL, 2001). Para facilitar a interpretação dos resultados, foi utilizada a rotação Varimax.

A escala de intenção de retorno, contendo 5 itens, foi considerada unidimensional, com o fator extraído respondendo por 54,15% da variância extraída. A medida de adequação da amostra KMO foi de 0,853, com χ2 = 165,628, 10 graus de liberdade e

significância inferior a 0,001. O alfa de Cronbach obtido por esta escala ficou em 0,8471. Devido à violação dos requisitos de assimetria e curtose, o item 18 (culpado) das emoções negativas não foi incluído na análise fatorial exploratória das emoções negativas. Por esta razão, apenas 9 dos 10 itens originais da escala PANAS de emoções negativas entraram nesta análise. A solução fatorial resultante foi unidimensional, sendo o fator extraído responsável por 46,51% da variância extraída. A medida de adequação da amostra KMO foi de 0,865, com χ2 = 326,751, 36 graus de liberdade e significância inferior a

0,001. O alfa de Cronbach obtido por esta escala ficou em 0,8779.

A avaliação da escala de emoções positivas envolveu todos os 10 itens originais da escala PANAS. Neste caso, no entanto, a solução fatorial não foi unidimensional, pois foram gerados três fatores. A análise das comunalidades e cargas fatoriais levou à exclusão da variável 08 (forte) do processo. A nova solução gerou novamente três fatores, sendo que a variável 09 (orgulhoso) formou um fator isolado, o que implicou na sua exclusão. Realizando a análise fatorial com 8 variáveis, chegou-se a uma solução fatorial com dois fatores, o primeiro com seis variáveis e o segundo com duas. As matrizes obtidas tanto na rotação Varimax como na rotação Oblimin foram semelhantes, inclusive nas cargas fatoriais e ordem dos itens. Os dois fatores extraídos são capazes de explicar 44,95% da variância extraída. A medida de adequação da amostra KMO foi de 0,781, com χ2 =

176,629, 28 graus de liberdade e significância inferior a 0,001. O alfa de Cronbach obtido pelos dois fatores foi, respectivamente, de 0,7906 e de 0,4724. Em termos práticos, apenas o fator 1 seria adequado como medida multi-item unidimensional confiável das emoções positivas. Considerados isoladamente, estes 6 itens resultaram numa variância extraída de apenas 39,30%. Por outro lado, a medida de adequação da amostra (KMO) aumentou para 0,808, com χ2 = 128,553, 15 graus de liberdade e significância inferior a 0,001.

Embora o pré-teste sugira a exclusão de alguns itens da escala PANAS, optou-se por manter a medida original da escala. Um dos motivos que levou à decisão de não alterar a escala PANAS se deve ao fato do pré-teste ter sido realizado em local distinto daquele

onde os experimentos seriam implementados. Acredita-se que as emoções apresentem forte correlação com a circunstância onde são geradas. Assim, em contexto distinto, os resultados provavelmente seriam distintos. Além disso, a escala original apresentou uma performance satisfatória nos estudos de marketing em que foi utilizada.