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Situa-se no bairro do Morumbi (Subprefeitura Butantã), próximo à Avenida Giovanni Gronchi, eixo viário e comercial importante da região. O entorno possui uso residencial verticalizado, composto por torres construídas para público de alto poder aquisitivo. A região, inicialmente horizontalizada, encontra-se em acelerado processo de verticalização, concentrando alta quantidade de novos empreendimentos imobiliários.

O terreno da praça, com total de 5.600 m2, é deinido pela prefeitura como Área Verde

pública resultante de processo de parcelamento. Ele interliga duas vias locais de tráfego reduzido, possuindo formato alongado e relevo acidentado. A área é conformada por muros de fundo de lote de torres residenciais, sendo atravessada por tubulação hidráulica aparente, de considerável porte. As duas extremidades que conectam a praça às vias locais são conformadas por taludes íngremes, enquanto a parte central é praticamente um platô, com inclinação mais suave.

O processo que posteriormente viabilizaria a praça tem início no ano 2001, quando foi solicitada a aprovação de duas torres residenciais executadas por diferentes construtoras no bairro do Morumbi. A proposição de retirada de algumas árvores do terreno das obras resultou em compensações ambientais que previam o plantio de mudas compensatórias dentro do empreendimento. O excedente seria plantado em seu entorno.

O projeto de compensação ambiental foi direcionado ao Eng. Agr. e Arq. José Manoel Gobbi166. Segundo ele, o DEPAVE estipulou apenas o valor a ser gasto na compensação

e, devido ao porte da praça, redireciou a responsabilidade da escolha do local de plantio à Subprefeitura.

O processo para determinar o local que receberia o benefício demorou cerca de quatro meses. A densidade da arborização do entorno diicultava a identiicação de um local para o plantio de novas mudas. Enquanto isso, o projeto icou parado por falta de deinição do local da compensação. Devido à morosidade do processo, a locação acabou sendo realizada por uma arquiteta da Subprefeitura, embora esta atribuição fosse geralmente de responsabilidade do engenheiro agrônomo da repartição.

166. Todos os depoimentos relacionados ao Eng. Agr. José Manoel Gobbi referem-se à entrevista realizada para este trabalho no dia 06.04.2006.

Vista do miolo da praça, conformada pelos altos e áridos muros dos ediícios de alto padrão do entorno.

Leonar

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Planta de situação da praça em relação aos empreendimentos geradores do TCA

Compensação ambiental: uma alternaiva para a viabilização de espaços livres públicos para convívio e lazer na cidade de São Paulo 106

Devido às diiculdades com a locação de mudas, optou-se pelo custeio de obras e serviços para melhoramento de um espaço livre público. Tal alternativa compensatória foi criada naquela época (ano de 2001) e o processo seria o primeiro do gênero no município. O projeto da praça envolveu a elaboração de um estudo para identiicar o elemento polarizador de atividades no entorno, de modo a estabelecer vínculos com os moradores locais, e facilitar continuidade de sua manutenção. Adotou-se como uso focal uma atividade pouco usual: o adestramento de cães. Tal proposição, segundo o autor, foi feita em função da demanda por espaços do gênero na região, visto que os moradores locais pagavam adestradores para levar seus cães ao jardim do Palácio do Governo, localizado nas imediações. Gobbi cogitou, inclusive, a possibilidade de trazer adestradores da polícia como garantia de segurança para o local, visto que o medo de assaltos era uma das principais preocupações expressas pelos moradores quando estes foram consultados pelo projetista. Também foi proposta a interligação das duas ruas que delimitavam a praça por meio de rampas e um caminho em piso processado, além da instalação de bancos e alguns equipamentos. Finalizado o estudo inicial, este foi apresentado ao DEPAVE, que solicitou o projeto executivo do espaço. Uma subdivisão do DEPAVE exigiu que o projeto fosse elaborado conforme diversas normas (contemplação das condicionantes locais, acessibilidade, etc.), mas estas ainda não tinham sido oicialmente emitidas, pois o uso daquele tipo de compensação era pioneiro. Tal problema gerou novos atrasos na concretização do projeto. Por im, o caso foi levado ao diretor do departamento, que autorizou a construção. O projeto, no entanto, não teria mais espaço especíico para adestramento de cães. Foram previstos apenas um caminho em cimentado, escadarias de acesso, bancos, brinquedos e equipamentos de ginástica.

Novos percalços ocorreriam com a viabilização. Quando foram iniciadas as obras, um promotor público residente em um prédio vizinho embargou a obra por alegar existência de curso d’água no terreno. Mais tarde foi comprovado pelo empreendedor (a próprio ônus) junto ao DEPRN, por meio de um mapa cartográico, que se tratava apenas de um acúmulo de águas pluviais.

Acesso da praça pela Rua Dep. João Sussumu. Caminhos sinuosos em piso cimentado e áreas de estar.

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Em outro momento, a Comissão Permanente de Acessibilidade da prefeitura (CPA) questionou o acesso à praça. De fato, foram previstos locais do projeto onde a rampa seria mais íngreme que o permitido pela legislação. A CPA exigiu o uso de escadas ao invés de rampas, solução que faria com que o Portador de Necessidades Especiais só pudesse acessar alguns poucos trechos, nas extremidades da praça. Próximo ao inal da execução da praça, o DEPAVE passou a exigir instalações elétricas como escopo do projeto compensatório. Tal exigência elevou o preço da compensação acima do patamar previamente estabelecido por meio do documento. O pagamento de valores superiores ao solicitado na compensação não é permitido por lei. Desse modo, a empresa foi obrigada a fornecer o excedente sob forma de doação.

Finalizada a execução da praça, o DEPAVE recusou-se a assinar o termo de recebimento, alegando que a locação de árvores compensatórias dentro do terreno do empreendimento não tinha sido aprovada. Tal fato não procedia, mas como resultado do processo o DEPAVE multou o empreendedor por má execução. Após oito meses de sucessivas reclamações, o valor foi reduzido a um patamar bem menor que o inicial. Segundo Gobbi, o valor só não foi reduzido a zero para evitar o reconhecimento público do erro cometido pelo departamento.

Apesar do pagamento do valor estipulado, o termo de recebimento não foi concedido ao empreendedor. Para diicultar ainda mais a situação, o processo foi perdido nos arquivos do departamento durante a mudança da Gestão Marta Suplicy para a Gestão José Serra. O departamento exigiu que todos os papéis referentes ao processo fossem providenciados novamente. Posteriormente o processo foi encontrado. Em três vias iguais.

Acesso da praça pela Rua Iupeba. Uso de escada, solicitado pela própria prefeitura, inviabiliza acesso para portadores de necessidades especiais.

Leonar

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yolla (2006)

Acesso da praça pela Rua Dep. João Sussumu. Área de estar e playground.

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